Nesse contexto, assevera Maria Helena Diniz: o direito só pode existir em função do homem (2012, p. 19).

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1 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS AO DIREITO CIVIL 1.1. CONCEITO DE DIREITO Conceituar direito, por incrível que pareça, é uma das tarefas mais tormentosas na doutrina, tendo em vista a dificuldade de sua definição de forma universal. Analisando as diversas obras doutrinárias e os seus respectivos conceitos de direito, o ponto em comum encontrado nelas diz respeito a imprescindível existência do homem. Nesse contexto, assevera Maria Helena Diniz: o direito só pode existir em função do homem (2012, p. 19). O homem, em sociedade necessita do direito para estabelecer regras de conduta com a finalidade de garantir a harmonia social, a paz e boa-fé entre os indivíduos. LIMONGI FRANÇA conceitua direito como o conjunto das regras sociais que disciplinam as obrigações e poderes referentes à questão do meu e do seu, sancionadas pela força do Estado e dos grupos intermediários. (FRANÇA apud FARIAS; ROSENVALD, 2015, 04) DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO Direito OBJETIVO, do latim jus est norma agendi (o direito é a norma de agir) é o complexo de normas jurídicas que regem o comportamento humano, de modo obrigatório, prescrevendo uma penalidade no caso de sua violação (DINIZ, 2012, p. 24). Um exemplo claro é respeitar as normas de trânsito é um direito objetivo imposto ao indivíduo (STOLZE; PAMPLONA, 2017, p. 56). É o direito posto, estabelecido, está relacionado às NORMAS de comportamento (regras)!

2 Já o direito SUBJETIVO, do latim jus est facultas agendi (capacidade ou poder de agir), para Goffredo Telles Jr., é a permissão dada por meio de norma jurídica, para fazer ou não fazer alguma coisa, para ter ou não ter algo, ou ainda, a autorização para exigir, por meio dos órgãos competentes do poder público ou por meio de processos legais, em caso de prejuízo causado por violação de norma, o cumprimento de uma norma infringida ou a reparação do mal sofrido. P. ex.: são direitos subjetivos as permissões de casar e constituir família; de adotar pessoa como filho; de ter domicilio inviolável; de vender seus pertences; de alugar uma casa sua; de exigir pagamento do que é devido; de mover ação para reparar as consequências de ato considerado ilícito (TELLES apud DINIZ, 2012, p.24). Está relacionado a uma FACULDADE HUMANA (escolha do homem / um poder de agir), que decorre da NORMA (do direito objetivo)! Exemplo: O art do Código Civil, ao estabelecer que o proprietário tem direito de usar, gozar e dispor de seus bens, assim como de reavê-los de quem de quem injustamente os possua ou detenha, cria para o dono de uma casa de praia, o direito subjetivo de vendê-la, alugá-la ou até emprestá-la, como bem entender. Em resumo, o direito objetivo refere-se ao ordenamento jurídico vigente, enquanto o direito subjetivo diz respeito ao poder que o titular tem de fazer valer os seus direitos individuais DIREITO PÚBLICO E PRIVADO Segundo Silvio de Salvo Venosa (2015, p. 60), na vida prática, a distinção entre direito público e direito privado não tem tamanha importância, pois o direito deve ser entendido como um todo. Porém, para fins didáticos faremos essa distinção. direito privado. O direito objetivo positivado subdivide-se em direito público e

3 O direito público, segundo VENOSA, é o direito que tem por finalidade regular as relações do Estado, dos Estados entre si, do Estado com relação aos seus súditos, quando procede com o seu poder de soberania, isto é, poder de império (2015, p. 62) Pertence ao direito público os seguintes ramos do direito: Direito Internacional Público; Direito Constitucional; Direito Processual; Direito Administrativo; o Direito Tributário; o Direito Penal; dentre outros. O direito privado, segundo o mesmo doutrinador, é o que regula as relações entre particulares naquilo que é de seu peculiar interesse (VENOSA, 2015, p. 62). São ramos do direito privado: o Direito Civil (o principal); o Direito Comercial; o Direito Internacional Privado; Direito do Trabalho*; Direito do Consumidor*. * Quanto a estes dois últimos (Direito do Trabalho e Direito do Consumidor), alguns autores defendem como um terceiro gênero denominado direito social (ou misto ), por possuir, concomitantemente, princípios de direito público e privado CONCEITO DE DIREITO CIVIL O Direito Civil vem do latim civis, que significa cidadão, e serve à regulamentação das relações sociais entre pessoas, desde o nascimento (inclusive antes dele) até a morte (inclusive, depois dela) (FARIAS; ROSENVALD, 2015, p. 29). Assim, segundo Cristiano Chaves Farias e Nelson Rosenvald, desde atos simples e banais, como dar esmola, até situações jurídicas mais complexas, como o casamento ou a compra e venda de um imóvel, o Direito Civil está presente (FARIAS; ROSENVALD, 2015, p. 29). Daí a ponderação de Maria Helena Diniz, no sentido de que toda a vida social está impregnada

4 do Direito Civil, que regula as ocorrências do dia a dia [...] (DINIZ, 2012, p. 61). Assim, segundo Francisco Amaral, o Direito Civil é o conjunto de princípios e normas que disciplinam as relações jurídicas comuns de natureza privada. É o direito privado comum, geral ou ordinário. De modo analítico, é o direito que regula a pessoa, na sua existência e atividade, a família e o patrimônio (AMARAL apud FARIAS; ROSENVALD, 2015, 29). Para Leoni Lopes de Oliveira, é o Direito Civil que estuda e regulamenta as pessoas e os bens, bem como as relações pessoais e patrimoniais entre particulares (OLIVEIRA apud FARIAS; ROSENVALD, 2015, 29). 2. HISTÓRIA DA CODIFICAÇÃO CIVIL BRASILEIRA Após várias tentativas de codificação civil, sem êxito, em 1899 o Presidente da República, Campos Salles, nomeou Clóvis Beviláqua para esta tarefa. No final deste mesmo ano apresentou ele um projeto, que após dezesseis anos de debates deu origem ao Código Civil, promulgado em 1º de janeiro de 1916, e vigente a partir de 1º de janeiro de 1917, com novas alterações introduzidas pela Lei nº 3.725/17, sem modificações de conteúdo. Em 1969, foi criada uma comissão para rever o Código Civil, preferindo elaborar um código novo ao invés de emendar o antigo. A mencionada comissão era formada por juristas de renome e coordenada por MIGUEL REALE, que em 1972 apresentou o seu Anteprojeto de Código Civil. Após longos anos de debates e receber inúmeras emendas, o projeto foi retomado no Senado, tendo retornado à Câmara dos Deputados, onde foi designado como relator o Deputado RICARDO FIUZA, que após fazer uma revisão e atualização submeteu o texto à votação, tendo sido aprovado e levado à sanção presidencial.

5 O projeto aprovado foi sancionado sem vetos, convertendo-se na Lei de 10 de janeiro de 2002 (publicado no DOU de 11/01/2002), o Novo Código Civil brasileiro, que só entrou em vigor após um ano de sua publicação. 3. CONTEÚDO E ESTRUTURA DO CÓDIGO CIVIL (OBJETO E DIVISÃO) O Código Civil é dividido em duas partes, a parte geral e a parte especial, da seguinte forma: Parte Geral. Livro I: Das Pessoas (arts. 1º a 78). Livro II: Dos Bens (arts. 79 a 103). Livro III: Dos Fatos Jurídicos (arts. 104 a 232) Parte Especial. Livro I: Do Direito das Obrigações (arts. 233 a 965). Livro II: Do Direito de Empresa (arts. 966 a 1195). Livro III: Do Direito das Coisas (arts a 1510). Livro IV: Do Direito de Família (arts a 1.783). Livro V: Do Direito das Sucessões (1.784 a 2.027). Livro Complementar: Das Disposições Finais Transitórias (arts a 2046).

6 REFERÊNCIAS DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, v.1. FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e LINDB. São Paulo, v.1. GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. São Paulo: Saraiva, v.1. TARTUCE, Flávio. Direito civil: Lei de introdução e parte geral. São Paulo: Método, v.1. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: parte geral. São Paulo: Atlas, v.1.