PRIMEIRA PARTE O CENÁRIO EM CRISE

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1 PRIMEIRA PARTE O CENÁRIO EM CRISE 31

2 1. O PROCESSO DE MUDANÇA E SEUS VETORES O século XX ocupa, na história humana, um momento crítico. Crítico significando um ponto de inflexão a partir do qual a história, de forma irreversível, toma novos rumos. Na idéia comum de que a crise é ruptura e oportunidade de reconstrução, pode-se também dizer que este final do século XX é um ponto de crise, ou uma oportunidade única de criação, ou de inovação no processo de construção da história dos homens. Esta não é uma figura hiperbólica, ou uma forma de dizer. Nem é uma percepção meramente subjetiva, percepção que pode acontecer em todas as gerações, e que leva as pessoas a considerar seu próprio espaço, ou seu próprio tempo. únicos no mundo, ou na história, transferindo para o tempo histórico suas descobertas e percepções que, na verdade, são projeções do tempo psicológico, ou subjetivo, de cada um. A esta geração é permitido, no entanto, afirmar objetivamente a excepcionalidade deste momento, porque é a análise da evolução da história e do próprio momento em que vivemos, que nos permite assim concluir. Essa objetividade se sustenta principalmente em dois fatores: a aceleração contínua das mudanças transformadas, dessa forma, em processo, e a globalização ou a interdependência global. 1.1 A ACELERAÇÃO DO PROCESSO DE MUDANÇA O primeiro fator refere-se ao que, há 20 anos, no livro Educação e Capacitação para o Trabalho,* 33

3 denominei de psicologização dos processos de mudança. Quis dizer com este nome, para o qual não encontrei substituto mais adequado, que o processo de mudança, antes deste século, ocorria a um ritmo histórico caracteristicamente lento, de tal forma lento que pouco era percebido no decurso da vida das pessoas, ou que, em conseqüência, pouco as afetava. As pessoas nasciam e morriam num mundo basicamente igual e a percepção psicológica que as pessoas tinham dele era de um mundo estável, estratificado, pronto. Do nascimento à morte, as tecnologias, ou modos de fazer as coisas, eram as mesmas; eram as mesmas as ideologias, ou os modos de pensar; os comportamentos, a ética, ou os valores; os gostos e as culturas nada ou pouco se transformavam, no espaço de uma geração. Mudanças maiores atingiam pessoas ou grupos, no decorrer da vida, apenas eventualmente, e por exceção. Os processos de mudança perceptíveis, no espaço ou no tempo de uma geração, como aconteceu por exemplo, em períodos da Renascença ou na Revolução Francesa, eram sumamente raros e localizados. A mudança nos processos acontecia em longos espaços históricos. As mudanças eram descontínuas e sua relação causal nem sempre perceptível. Constituíam, portanto, mais que um fenômeno psicológico, um fenômeno histórico, percebido apenas na história, quando em reflexão sobre o passado. Para as pessoas, a percepção do mundo era a permanência, a estratificação, a estabilidade. * GIUSTINA, Osvaldo Della. Educação e Capacidade para o Trabalho administração e modelos operacionais. Florianópolis: Ed. Lunardelli,

4 A partir do século XX, sobretudo de sua segunda metade, a mudança começou a tornar-se um processo contínuo. A duração das coisas, o estável, passou a ter um espaço cada vez menor, passou a refugiar-se cada vez mais no essencial das coisas, ou dos processos. Mesmo neste essencial, o estável passou a ser afetado profundamente pela mudança. Conseqüência desse fenômeno foi que a percepção das pessoas, cada vez menos passou a referir-se ao estável, à permanência, para referir-se cada vez mais, e apenas, à mudança, ao processo, ou seja, ao contínuo. Sentir-se dentro do processo. Sentir-se processo, mutação. O processo psicológico, portanto, adaptou-se ao processo real, onde a realidade se tornou mudança e transformação. Talvez a realidade esteja fazendo o caminho de Parmênides para Heráclito, ou de Aristóteles para Platão, considerados os fundamentos das respectivas filosofias. É isso que significa a psicologização da mudança, ou seja, o fenômeno pelo qual a mudança, antes um processo histórico, ou apenas percebido historicamente, tornou-se um processo psicológico, inerente à percepção das pessoas, a seu ser e existir cotidiano. Este fenômeno, da psicologização da mudança, pela primeira vez ocorre na história. Coube à nossa geração, percebê-lo, interpretá-lo e oferecer-lhe respostas em termos de vida e de organização da vida em sociedade. Pouco temos conseguido. 35

5 1.2 A GLOBALIZAÇÃO OU A UNIVERSALIZAÇÃO DA INTERDEPENDÊNCIA O segundo fator a caracterizar o século XX como um momento crítico da história, refere-se à universalização dos processos, tornados globalmente interdependentes em suas partes, ou seja, à globalização. Da mesma forma como ocorreu em relação aos processos de mudança, pela primeira vez na história, o homem passou a ter a percepção globalizada e simultânea das coisas e dos processos e ser dessa forma afetado por eles. Na verdade, essa percepção corresponde à própria realidade que se tornou, ela mesma, globalizada, e por isto, interdependente: a economia, a política, a ética, a cultura. Desta forma e nesta geração, começa a se realizar na plenitude e concretamente, o conceito de Mc Luhan, da aldeia global. Mais do que da aldeia global, da tribu global, do homem globalizado, tornado tribal, porque interdependente, patriarcalizado, cumprindo o papel de patriarca os que dominam o processo. O meio do homem, de cada homem, passou a ser o Planeta, a humanidade. Mais ainda, o homem se tornou parte de um todo, e isto dá um significado especial à definição que propôs Ortega e Gasset: o homem é ele mesmo e suas circunstâncias. De certa forma, o homem deixou de ser um indivíduo, ameaçado de ser, como as outras coisas, apenas parte de um todo, que o condiciona, e o torna peça de um sistema que o domina. Mc Luhan citação esparsa. Ortega y Gasset citação esparsa. 36

6 As dimensões do poder global Junto desse fenômeno, ou em conseqüência dele, põem-se algumas reflexões necessárias, sobre o poder desenvolvido pelo homem e suas dimensões, neste novo contexto. Coincidentemente, ou não, pela primeira vez na história, o homem tem nas mãos o poder de afetar a humanidade, sua aldeia, de forma simultânea e global, para destruí-la, ou para salvá-la. A destruição ou salvação da aldeia global não diz respeito apenas à sua destruição ou salvação física, ou material. A destruição ou a salvação abrange os aspectos sociais, econômicos, culturais, éticos e psicológicos. Isto quer dizer que constitui um equívoco considerar a globalização apenas um processo de coisas físicas, materiais ou econômicas. Na verdade, a globalização envolve isto tudo, mas envolve muito mais: envolve a totalidade do homem e dos fenômenos humanos, os instrumentos e as formas de sua convivência. Nessa percepção se fundamenta essa reflexão necessária: A história nos ensina que o homem sempre acabou por destruir sua aldeia, ou sua tribu, ou a dos outros, até o limite de seu poder de destruição. Agora, pela primeira vez na história, o homem tem nas mão o poder de destruição total, global e completa. Esta ameaça, que é sob qualquer perspectiva que se analise, efetiva e real, obriga a que o homem, para sobreviver, adote novos conceitos, novas estratégias e novas posturas, em relação às suas posturas, às estratégias, e aos conceitos que o conduziram no passado. Esta tornou-se uma questão que diz respeito à sobrevivência para ele, individualmente, e para a espécie humana, globalmente, desde que o poder 37

7 global de destruição lhe foi posto nas mãos. Como essa abrangência se refere globalmente aos aspectos físicos ou materiais, e também às dimensões econômicas, sociais, éticas e culturais, elas se torna mais ameaçadoras do que as guerras localizadas, que, mesmo o primeiro mundo, continua cultivando, na Europa Central ou no Oriente Médio, ou em qualquer lugar onde seus interesses sejam ameaçados. É preciso considerar que esse método é uma evidência de que ainda nada, ou muito pouco, do homem e das instituições mudou, pois as guerras dos desenvolvidos em nada diferem das guerras tribais da África, a não ser na ameaça de sua abrangência global, ou nos meios empregados, mas continuam exatamente iguais na sua essência, e nas motivações que as origina. Em contrapartida, o homem tem o poder de sua salvação, no sentido de que, dispondo dos meios de destruição global, tem nas mãos também instrumentos equivalentes, globais, capazes de produzir para todos os homens, condições de bem estar, como jamais teve em sua história; ou seja, a humanidade poderia, afinal, neste mundo em crise transformação, realizar o projeto ou a utopia da nova sociedade, da sociedade globalmente humanizada. A radicalidade das mudanças Em sua história conhecida, o ser humano nunca teve essa chance ou se deparou com essa possibilidade. Por isso também nunca teve que viver a experiência de administrá-la, de criar os instrumentos e as forças necessárias para viabilizar um mundo de bem-estar global, uma perspectiva absolutamente nova, que não 38

8 virá como fruto do acaso. Poderia vir, no entanto, como conseqüência de um novo entendimento e de um esforço dos homens para construí-la. A opção, ou desafio, que se põe para o homem, a partir do século XX, ou deste limiar para o século XXI porta de ingresso para o terceiro milênio, tem esta dimensão, a de transformar a crise em histórica oportunidade. É corolário dessas reflexões, que esta nova fase da história exige o desenvolvimento de uma nova postura do homem, diante de si, do mundo, das coisas e de um novo pensamento, radical-mente novo, tão radical quanto as mudanças ocorridas, para que se possa promover a reorganização da sociedade, e seu processo de mudança possa caminhar pari passu com as mudanças que ocorrem nos outros setores, ou processos específicos, a tecnologia liderando, hoje e de forma absoluta, esses setores e processos. Se isto não ocorrer, os níveis de conflito serão crescentes, e as conseqüentes tensões das próximas etapas do processo, poderão se tornar insustentáveis e explosivas, assumindo uma dimensão universal e repetindo o preço sempre pago na história, em sangue, dor, destruição e morte, multiplicado, esse preço, pela dimensão do poder hoje desenvolvido e pela velocidade do próprio processo. Tem-se o impulso de perguntar: será uma sina da humanidade que a renovação do pensamento, e a reforma da sociedade tenham que ocorrer defasadas dentro do processo de mudanças, de modo que o preço tenha que ser tão grande e tenha que tornar-se cada vez maior? Sobre o tamanho do preço, o que é preciso considerar, no entanto, é que no passado, a limitação 39

9 dos espaços, o isolamento das pessoas e dos grupos humanos e, ainda, a lentidão das mudanças, sempre fizeram com que ele o preço, representado pela desorganização social, a miséria, as guerras e as mortes vindas das mais diversas formas, a exclusão, enfim, fosse pago restrito ao próprio lugar, e diluído ao longo do tempo, ou da história, em seus longos períodos de transição. Desta forma novas culturas, ou outras sociedades, sempre puderam sobreviver, em outros espaços, ou tiveram tempo de se refazer, em cada tempo. As características desse mesmo fenômeno, a partir deste século, em decorrência da aceleração das mudanças e de sua globalização, podem fazer com que este preço seja pago, desta vez, numa dimensão global no espaço, e numa dimensão instantânea, no tempo. Ter-se-á então concentrado num só momento e num mundo feito um só, ou seja, numa só geração e em todo Planeta, o preço que antes era diluído por muitas gerações, na história, por diversos povos, em diferentes espaços e em diferentes tempos. O passado pois, não punha para a humanidade, a questão do day after ou do retorno ao planeta dos macacos, para utilizar a linguagem cinematográfica, como o presente põe, concretamente, hoje. Reforça-se, com essas considerações, que o desafio, posto e a ser considerado, é que o homem, sua capacidade de perceber, formular e inovar, alcance também a ordem social, tanto quanto alcançou a tecnologia. A expectativa é que as novas propostas se antecipem à agudez extrema da defasagem que afeta os elementos do processo. Essas reflexões nos permitem chegar a uma conclusão, à forma de axioma ou princípio, presente no processo que estamos vivendo. Este princípio poderia ser expresso de seguinte forma: 40

10 O preço a ser pago pela superação da crise e pela reconstrução da sociedade, será proporcional à dimensão das distorções embutidas no processo e à demora em corrigi-las. Por isto vale qualquer esforço, no sentido de diminuir o tamanho das distorções, ou apressar a correção dos desvios. Cada mudança obtida, ou cada tempo antecipado, estará descontando o preço. 41

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12 2. AS DISRITMIAS DO PROCESSO 2.1 COMPONENTES DO PROCESSO O fenômeno da disritmia Deste contexto decorre outro axioma, ou princípio inerente ao processo de mudanças e referente à disritmia entre os componentes que constituem o próprio processo. O processo, tornado global e interdependente, não se constitui num fenômeno uno, homogêneo ou que se desenvolva harmonicamente em seus vários componentes. O processo de mudança é constituído por um conjunto de componentes que se desenvolvem como processos específicos, com ritmo próprio, tendo fatores próprios que os impulsionam, como se fossem autônomos cada um deles, apesar de profundamente interdependentes, partes que são do mesmo processo global. A diferença de velocidade com que esses componentes se desenvolvem e interagem no processo global, causa uma desritmia contínua no processo, disritmia que se acentua em aceleração constante. Esta disritmia crescente pode assumir também dimensões explosivas, afetando a humanidade como um todo por causa da interdependência global e da dimensão dos próprios fatores. 43

13 A disritmia do processo de mudança, não constitui um fato novo na história. Porém a dimensão com que está ocorrendo agora, por causa da dimensão e da velocidade dos vetores que impulsionam a mudança, este é um fato absolutamente novo, e disto decorre sua importância. São inúmeros os componentes do processo de mudanças. Embora sejam inúmeros, cada um com seu ritmo e dimensão próprias, esses componentes podem ser aglutinados em três perspectivas principais: a tecnologia, envolvendo o conjunto de modos de fazer ou a disponibilidade de instrumentos para atuar sobre as coisas, os processos ou as relações, transformando-as. As instituições, envolvendo o conjunto das organizações humanas, suas estruturas e comportamentos; ser humano, em suas múltiplas dimensões biológicas, psicológicas, éticas e espirituais, assim como, igualmente, seus comportamentos nesses níveis. O ritmo das mudanças tecnológicas No passado, as invenções ou as inovações capazes de afetar a forma de fazer as coisas, ou modificar as relações entre elas, inovações que, de um modo geral, podem ser denominadas novas tecnologias, ocorriam esporadicamente, durante longos períodos, ao menos aparentemente, dissociadas como causa e efeito. O processo de inovação, em conseqüência, durante séculos, teve caráter linear, sendo muito lenta sua aceleração, imperceptível mesmo ao senso comum, ou no seu modo de afetar a vida das pessoas, numa determinada geração. A inovação 44

14 ocorria lentamente, sendo absorvida na seqüência de várias gerações. A partir deste século especialmente de sua segunda metade, o processo de aceleração da inovação tornou-se cumulativo, global, cada passo acompanhando, ou causando novas mudanças e interagindo cada vez mais com outros processos e acelerando cada vez mais o seu próprio ritmo. O processo global de mudança se tornou, em conseqüência, como uma árvore genealógica de complexidade e velocidade de crescimento cada vez mais rápida e evidente. Para efeito de explicar este raciocínio, imagine-se que a aceleração do ritmo das mudanças tecnológicas venha ocorrendo a um exponencial 10. Deve-se acrescentar a isto que, na era da eletrônica, da informática, da penetração do núcleo da matéria, ou da vida, além da velocidade impressa pelo seu alto exponencial, cada inovação passou a aprofundar, também, a relação causa-efeito, globalizando-a. Nada mais passou a ser isolado, autônomo. Todo o processo tornou-se interdependente. A inovação de um setor, imediatamente se transfere para outros setores, donde decorre sua complexidade crescente. Estas, as características do processo das mudanças tecnológicas e seu ritmo. O ritmo da mudança das instituições O ritmo da mudança, porém, ocorre de forma diferente nas organizações humanas, em seus comportamentos, e em sua complexa tessitura, que se expressam nas instituições sociais. As instituições sociais abarcam uma variedade de processos que ocorrem na sociedade, abrangendo suas estruturas e comportamentos em todas as áreas, e conformando o 45

15 conjunto de fatores que caracterizam a mesma sociedade e sua maneira de ser. Analisando-se as relações entre as instituições e a tecnologia, verifica-se que as instituições se transformam a um ritmo muito mais lento que a tecnologia. Se se pudesse identificar um exponencial para expressar o ritmo da transformação das instituições, como se imaginou para as transformações tecnológicas, poder-se-ia dizer que as instituições sociais se modificam já não em exponencial, mas num simples fator aritmético e muito menor: 5, por hipótese. Comparado este fator com o exponencial que se atribuiu ao ritmo das mudanças da tecnologia, a defasagem crescente que se insere no processo tende a uma dimensão geométrica, distanciando cada vez mais o estágio das instituições em relação ao estágio alcançado pela tecnologia, e fazendo crescer, portanto, a desritmia do processo e a crise decorrente. O ritmo das transformações do ser humano O terceiro elemento a considerar, na disritmia do processo, refere-se à extrema lentidão com que o ser humano absorve as mudanças impostas pela tecnologia e pelas transformações sociais. Ou ele é, simplesmente, vítima passiva dessas transformações ou resiste a elas, incapaz de criar novas formas de ser, viver e conviver no mundo em mudança. Esta dificuldade agrava a disritmia e, embora ocorrendo especialmente com as gerações que nasceram no mundo estável e foram surpreendidas no meio da vida, pelo mundo em contínua transformação, constitui um fato universal. Para as pessoas, no entanto, que nasceram na era da estabilidade, ou da permanência, 46

16 o mundo continua sendo imaginado como estável e consolidado, e a mudança, com sua velocidade e abrangência, torna-se inibidora e traumatizante. 47

17 Gráfico n 01 A disritmia do processo de mudança. É de se admitir que o ritmo de mudança das pessoas, possa ser apressado com mais facilidade pelas novas gerações, à medida em que elas, nascidas no mundo em mudança, já não sofrem significativamente os condicionamentos do mundo estratificado das gerações passadas. De toda forma e, novamente para efeito de analise comparativa, se pode dizer que a tendência das pessoas é de evoluírem num ritmo muito inferior ao do exponencial atribuindo ao ritmo das transformações tecnológicas e inferior também ao fator atribuindo à evolução das instituições. Num fator 3, por exemplo. O que ocorre, então, com o processo, quando seus principais elementos constitutivos se transformam assim dessincronizados? 2.2 GLOBALIDADE DA DISRITMIA A conseqüência dos diferenciais com que se transformam a tecnologia, as instituições e as pessoas, é uma disritmia global ou uma desorganização geral do processo de mudanças. Desse fato, é de se considerar que a essência das crises que afetam a humanidade, como o Brasil, 48

18 neste final de século, sob qualquer aspecto que elas se manifestem o aspecto econômico, social, psicológico ou ético, com seus desdobramentos, decorre dessa disritmia ou constituem a própria disritmia do processo, isto é, a crise é a própria desorganização decorrente da diferença do ritmo, ou da velocidade, com que se transformam seus elementos essenciais: a tecnologia, as instituições e o ser humano. Perceber esta dimensão da crise, este cenário maior ou mais essencial que a gera, ou a constitui, é pressuposto para entendê-la, em suas várias dimensões, e para poder atuar eficazmente sobre suas causas, superando-a no menor tempo e evitando seu agravamento contínuo, ou seja, fazendo com que o preço a ser pago pela re-harmonização do processo ou para construir a sociedade post crise seja menor. Se não houver esta re-harmonização, todas as medidas que se tomarem serão apenas de superfície, e, portanto, apenas paliativas, porque o processo continuará se desestruturando na sua essência. As análises de outras razões da crise, no entanto, como a identificação de medidas paliativas, são indispensáveis e devem ser adotadas. Porém, o pressuposto de sua eficácia é que haja o entendimento de que, por trás delas, há um processo essencial em curso e que esse é o processo que deve ser revertido. Por isso, essas medidas complementares, embora necessárias, são de caráter apenas conjuntural. Se não se reverter a tendência essencial do processo sua disritmia, as medidas conjunturais transformam-se em meras ações de sobrevivência, enquanto, por dentro, o câncer continua a corroer o organismo social, 49

19 inexoravelmente, com o agravante, ainda, de que, freqüentemente, as medidas conjunturais podem resultar no agravamento da disritmia, se não se estiver atento ao processo essencial. Quando, por exemplo, se insiste em aumentar o ritmo das transformações tecnológicas, em prejuízo do ritmo das transformações das instituições, ou do homem, se está, na verdade, ampliando a disritmia. 2.3 A ACELERAÇÃO DA DISRITMIA Identificadas as características de cada componente do processo de mudanças, merecem consideração as seguintes características referentes ao processo globalmente considerado. A aceleração como processo histórico É necessário considerar que o processo de mudanças além de inevitável, por acontecer como um imperativo da história, e da natureza dinâmica da espécie humana vivendo em sociedade, apresenta as mesmas características da lei geral da aceleração das mudanças. Neste contexto cabe perguntar de que condições dispõe o homem, neste momento de sua história, para antecipar-se à tendência natural do processo, formulando propostas e adotando medidas capazes de dirigi-lo ou, ao menos, de imprimir-lhe a sua marca, minimizando sua tendência à desorganização imposta pela disritmia e, portanto, levando ao conflito ou à ruptura? Será o homem capaz de antecipar-se à tendência determinista da história? 50

20 No passado, cada vez que o homem não o fez, pagou um preço correspondente por não tê-lo feito, de acordo, aliás, com o princípio ou axioma proposto, da equivalência entre o preço a pagar e as distorções do processo. No entanto este preço sempre foi limitado pela própria limitação dos cenários da mudança. Estes cenários sempre foram circunscritos, localizados no espaço e limitados no tempo, desde os tempos mais antigos, das mais primitivas sociedades. Assim é que, para consolidar a organização feudal, a qual só chegou a ter sua síntese pelo século XII, o mundo ocidental, restrito à Europa, sofreu durante quase um milênio os sobressaltos de guerras, de mortandades e barbáries de toda espécie, desde o início da derrocada do Império Romano. Imagine-se esse preço compactado, instantaneamente, numa geração e atingindo o planeta de forma global, utilizando não mais os escudos e as espadas, ou suportada a cólera ou a peste, mas empregados os instrumentos da moderna tecnologia, instantâneos e globais: o foguete, a bomba, a guerra química e eletrônica, acrescidos da capacidade de desestruturar a economia, a cultura, os princípios da civilização ou empregado o poder que alguns têm nas mãos de afetar, ou destruir ou desestruturar o mundo em qualquer de seus compo-nentes. Se a consolidação do feudalismo foi um trabalho de parto que durou séculos, deve-se considerar, no entanto, que ele constituiu uma aceleração do processo, em relação à demora para consolidação da civilização greco-romana e uma aceleração maior ainda, se consideradas as mais antigas civilizações, seu nascimento, vida e desaparecimento. 51

21 A aceleração das mudanças constitui, pois, um processo histórico. Após o feudalismo, a chamada era moderna ou industrial, sofreu processo de parto igualmente doloroso, mas em tempo muito menor, se consideradas as guerras e revoluções que devastaram a Europa do fim do século XVIII e durante todo século XIX. Aí devem ser considerados os regimes de escravidão, as condições sub-humanas de trabalho, a miséria das camadas mais pobres, o colonialismo, a implantação dos regimes de ditadura marxista, fascista e nazista, as guerras mundiais, a exploração e a deteriorização do mundo colonizado, transformando aos poucos em 3º mundo, enquanto, do outro lado, o segundo mundo era submetido às ditaduras totais, chamadas do proletariado. Foram dois séculos de doloroso parto até que se sistematizassem as diversas formas de organização da era industrial o capitalismo e o socialismo e algumas variantes ligadas a essas duas vertentes. Essas duas vertentes, na prática, constituem formas de organização siamesas, separadas apenas na medida em que um regime tende a concentrar tudo nas mãos do Estado, eliminando logo qualquer competição interna, enquanto o outro põe tudo nas mãos da iniciativa privada, o que quer dizer, dos grupos dominantes da sociedade, os que forem mais capazes de eliminar seus competidores, portanto os mais fortes. Mais monolítico o socialismo, e por isto mais abertamente concentrador. Mais sutil o capitalismo, concentrando através da competição interna e da mesma forma excluindo os mais fracos, num processo contínuo e irreversível, em benefício de quem for mais forte. 52

22 Apesar de suas identidades, e talvez por causa delas, o confronto entre os dois sistemas era inevitável e sobrou o que era mais forte, ou tinha mais capacidade interna de adaptar-se às novas realidades. A semelhança do preço pago na transição da civilização antiga para a era feudal ou desta para a era industrial, a consolidação da organização social da era industrial durou dois séculos de conflitos duas guerras mundiais e agora, chegada embora a era da abundância, a fome, a doença, a exclusão, a falta de perspectivas de uma parcela crescente da humanidade e a falta de segurança global. Enquanto isto, liquidado o socialismo soviético, o mundo capitalista, no processo da concentração, agrava a exclusão e a sociedade clama, por isto, pelo advento de uma nova era. Como ocorrerá esta passagem e este advento, esta é a questão que se põe. A irreversibilidade do processo A aceleração do processo traz uma marca tão forte, que se pode dizer que o próprio ritmo da história corre paralelo à essa aceleração, ou seja, a disritmia do processo, se transformou numa disritmia da história. Em conseqüência, é a aceleração do processo histórico que chega, neste momento, a seu ponto crítico. Ultrapassado este ponto, nada mais será como antes, e a história humana entrará numa nova era. Nessa nova era, a mudança não mais ocorrerá eventualmente, ou por degraus, mas num fluxo de transformação contínua, e a realidade deverá ser percebida e tratada como um contínuo em mutação. A visão e a organização estática ou estratificada da sociedade, como a entendemos no passado, será substituída por uma visão dinâmica, em contínua mudança. Isto continuará valendo para a 53

23 tecnologia e seus componentes, mas deverá alcançar toda ordem institucional, jurídica, econômica, ética e social, e para as pessoas, igualmente, em todas suas dimensões. No entanto, é preciso diminuir a disritmia, acelerar a transformação do homem e das instituições, para adequá-la ao ritmo da tecnologia e re-harmonizar o processo. Desta forma, tornar-se-á mais evidente, também, a acelera-ção da história, ultrapassado esse ponto crítico, em contraste com o que ocorreu no passado: a civilização antiga, em qualquer lugar onde ela tenha existido, tendo a duração de milênios no Egito, na Mesopotâmia ou na China; durando um pouco menos na Grécia ou em Roma, pouco mais que um milênio; centenas de anos, bem menos que um milênio na era feudal, que predominou no ocidente por apenas alguns séculos. Desta forma, chegou a era industrial, tendo durado apenas décadas ou tendo sido apenas passagem para a mudança continua ou para o desafio da criação de instituições em contínuo fieri ou de seres humanos capazes de agir de forma diferente a cada dia, adaptando-se a novas circunstâncias ou adaptando as circunstâncias a si mesmos, seres continuamente criativos. Para onde irá a humanidade nessa nova e fascinante era, da passagem do fato para o processo, do estável para o dinâmico, do aparentemente pronto para o vir a ser, ou para o ser a fazer? Como preparar-se, ou preparar as instituições com a necessária urgência, para viabilizar essa nova etapa como uma sociedade humanizada, e não uma humanidade feita do determinismo das coisas, ou do poder da tecnologia? 54

24 Não há resposta para esta pergunta, a não ser que os cientistas, as universidades, as lideranças sociais e as instituições se voltem, com prioridade, para criar soluções. Na perspectiva metafísica, caberá a pergunta sobre se, vencido ou ultrapassado o espaço e o tempo, a humanidade terá caminhado mais um passo no rumo do fim dos tempos, no sentido de que o fim dos tempos há de significar o infinito, ou superação de seu condicionamento do espaço e do tempo, beirando, em conseqüência, o absoluto ou a eternidade? Ou quanto terá se aproximado desse fim, ou desse começo? Nesta linha é inevitável a tentação de partir-se da metafísica para a ficção, ou da ficção para a fé. O gráfico nº 2 mostra, através de alguns indicadores, todo esse processo em que a história caminhou, até chegar a este momento crítico, de forma muito lenta; inicialmente a lei da aceleração das mudanças, não era sequer perceptível. Só neste século ocorreu a inflexão irreversível da curva, e as organizações sociais as estruturas, e os comportamentos humanos que dão forma à sociedade, cada vez se tornaram mais curtos, mais compactados no tempo e mais amplos no espaço. Como se desdobrará o processo daqui para o futuro? Gráfico n 02 A aceleração do processo de mudança alguns indicadores. 55

25 É necessário um esforço conjugado, criativo e global para pre-parar as pessoas, as instituições, a sociedade para ingressar nesse processo. Será uma caminhada de mil passos. Mas para dar os mil passos é necessário dar o primeiro.* * Provérbio chinês. 56

26 3. O CENÁRIO EM EXTINÇÃO 3.1 AS PERPLEXIDADES DO FINAL DO MILÊNIO Do exposto, decorre uma primeira conclusão: a chegada do inevitável momento crítico trazido pelo processo histórico, compactando as mudanças num curto espaço de tempo, permite considerar a aceleração das mudanças como uma lei sociológica. As leis sociológicas, embora não tenham o absoluto condicionamento das leis físicas, constituem uma tendência forte do processo. De outra parte, o esgotamento dos fundamentos da organização social, devorados por essa aceleração e, ainda, o estágio a que chegou a humanidade em decorrência das tecnologias pós-industriais e de suas conseqüências, tendo que conviver com instituições e mentes não modificadas, reforça a inevitabilidade, e a urgência, da nova e radical formulação. É desta forma que a crise atual pode se transformar numa oportunidade de criar uma nova ordem social civilizatória, humanizada, ordem que tende a caracte-rizar a mudança contínua e a globalização das formas de convivência e das relações, ou a interdependência. Deste fato, absolutamente novo na história, decorre o desafio desta geração, a quem cabe vencê-lo, criando a nova civilização, com a marca do humano, se sobrepondo ao materialismo da tecnologia como al-ternativa ao determinismo da 57

27 história, que faria o homem viver, se sobreviver, como mero objeto desse determinismo. A resposta ao desafio exige um esforço conjunto dos filósofos, dos cientistas sociais, dos dirigentes políticos e de todos os que têm responsabilidade na gestão do processo, ou que dele participam, de acordo com a participação que cabe a cada um. Igual responsabilidade cabe também às instituições sociais, especialmente aquelas voltadas à investigação, à pesquisa e à reflexão, a iniciar pelas universidades e por todas aquelas que reúnem pessoas em congressos e seminários ou que estejam preocupadas com o futuro; as igrejas, independentemente de credos; enfim, os meios de comunicação social, com todo o seu poder, tantas vezes ignorado pelos que o têm nas mãos, ou até utilizado para diminuir o homem. Só a tecnologia tem concentrado todos os esforços. A humanização não tem concentrado um esforço equivalente, e este é um terrível equívoco dos Governos; das Universidades. O sentido e a abrangência desse esforço global em favor da humanização, deve envolver todos os aspectos desse complexo processo, de forma criativa e inovadora, a única forma de viabilizar esta passagem. O processo não pode ser deixado às cegas, conduzido apenas por suas tendências históricas, ou pelo resultado dos conflitos de interesses, onde prevalecerão, por óbvio, os interesses mais fortes, deixando os resultados dos conflitos para serem reordenados depois. No cenário descrito, a postura de manter o status quo e protelar as mudanças, poderá elevar, hoje, o preço a ser pago depois, a níveis inimagináveis, pela dimensão 58

28 da globalização e pela aceleração das mudanças. Por essas razões, este seria um preço como a humanidade jamais terá pago, no passado. A conjugação desses esforços pressupõe um certo consenso inicial, de que as inovações da tecnologia e o poder, ou as ameaças que elas desencadearam, derrubaram a estrutura organizacional do passado, incluindo seus fundamentos, e, com seus fundamentos, as ideologias que deles decorrem. Em conseqüência, esses fundamentos, as ideologias e as organizações sociais que deles decorrem, e que eles sustentaram, já não são adequados para sustentar as novas perspectivas de ingresso no terceiro milênio e as novas organizações que vão identificar o futuro. Por isto, devem ser superados. Se não o forem pela competência do homem, o serão pela inexorabilidade do processo. 3.2 AS CRISES DO CENÁRIO O advento das tecnologias da era pósindustrial As tecnologias que ordenaram a era industrial foram ultrapassadas pelas novas tecnologias surgidas a partir do século XX, especialmente depois da Segunda Guerra Mundial. Deste ponto de vista, essas inovações tecnológicas tornaram irremediavelmente ultrapassadas as tecnologias que caracterizaram a era industrial e as eras anteriores: a mecânica e a máquina; a física, a química e a biologia tradicionais; os conhecimentos, e seu uso. Portanto, tornaram 59

29 inadequada a organização social que elas inspiraram ou que com elas convivem. A fusão da matéria e o átomo; a nova Física e a Química fina; os avanços da Eletrônica; a Informática, a Tecnotrônica e a capacidade de comunicação; a penetração nos segredos da vida e a Engenharia Genética, esses novos conhecimentos, trouxeram um mundo radicalmente novo. Tão amplos e rápidos foram esses avanços que se pode dizer que o próprio átomo, por si só, já pertence aos conhecimentos do passado e a cibernética ameaça substituir, perigosamente, a inteligência humana; as comunicações já eliminaram o espaço, e a velocidade exponencial da mudança ameaça eliminar o tempo; a manipulação da vida, enfim, põe questões de uma dimensão jamais imaginadas pelo homem, a exigir que, inovadoramente, ele se debruce sobre elas como condição de sobrevivência. A organização da sociedade e de seus comportamentos, deveria ter se transformado junto, e no mesmo ritmo. As pequenas mudanças havidas, no entanto, de forma alguma ocorreram na mesma velocidade e nem de forma sistematizada, isto é, como conseqüência da capacidade humana de ordená-las, ou talvez até de percebê-las e antecipálas. A adaptação da sociedade, de suas estruturas e comportamentos, a essa nova realidade, vem ocorrendo apenas ou quase só, de forma desordenada e pontual, sem suficiente análise crítica, e sem um adequado esforço de sistematização. Ao contrário, o esforço se concentra em impor as proporosições do passado à realidade transformada. Por isso, a organização social não tem avançado. As formas de organização social e os 60

30 comportamentos institucionalizados permanecem estratificados, quando não se opõem à transformação, condicionando-a a seus interesses ou aos parâmetros impostos pelo passado. Ou, simplesmente, a organização social se desestrutura, os comportamentos individuais se tornam caóticos, inseguros ou anti-sociais. Para se perceber a incompatibilidade entre esse processo e a dimensão das mudanças, trazidas pela tecnologia, basta pensar que, quando se consolidou a organização social vigente e as instituições e comportamentos que ela comporta, não existiam a interdependência, a globalização e os fatores que as determinam, nem a velocidade dos transportes e das comunicações, nem a eletrônica e as redes informatizadas, permitindo o império da comunicação e o controle da informação e dos processos; não existiam os sistemas de mídia, nem a engenharia genética, com seu poder de atuar sobre os princípios da vida, revolucionando tudo a biologia, os comportamentos humanos, a ética, os processos; não havia os instrumentos ou sistemas globais, capazes de afetar a economia, os comportamentos e a cultura de todo o planeta, instantaneamente. Entende-se, dessa forma, que as organizações e instituições, embasadas nas realidades e nos instrumentos anteriores a essas mudanças, não queiram, ou não sejam capazes, de promover as transformações impostas por esse mundo transformado. Essas considerações levam à conclusão da importância de ter havido uma revolução na organização social, em seus fundamentos, suas estruturas, e comportamentos institucionalizados. 61

31 Não houve. Por isso tais instituições mantêm apenas uma sobrevida, herdada do passado e, por isso, também, sentem-se, e são incapazes de responder às exigências trazidas pela realidade transformada. A crise decorre disto; ou é isto. A crise das ideologias da era industrial e de seus fundamentos Dois princípios fundamentaram a organização social da era industrial: a competição e a concentração. Esses fundamentos, ou seja, a concentração e a competição, permanecem dando forma a organização social, apesar das transformações trazidas pela tecnologia. As mudanças introduzidas na organização social, de forma alguma tiveram a dimensão ocorrida no campo da tecnologia. Apenas receberam retoques de atualização, para que os referidos fundamentos a competição e a concentração se tornassem mais eficientes, isto é, tornassem as instituições mais competitivas e mais capazes de produzir maior concentração. Portanto, as transformações havidas na organização social tiveram como objetivo fortalecer aqueles fundamentos, ou seja, impedir a mudança. Esta constatação parte da disritmia do processo vale para as duas formas de organização social que ordenaram a era industrial: o capitalismo e as diversas formas de socialismo. No livro A Idade do Homem, e, depois, em Reflexões sobre a Educação, alongo-me em demonstrar como essas duas formas de organização social, embora diferentes na aparência e Do autor Reflexões sobre a Educação Ed. VFSC,

32 na teoria, se identificam pela raiz, como gêmeas siamesas. Na prática, ambas buscaram, na concentração e na competição, as respectivas formas de organização da sociedade, eliminando competidores, fortalecendo-se a si mesmas, e buscando eliminar-se mutuamente, dentro da lógica da competição, a guerra fria. Eliminado o socialismo em sua forma mais expressiva, a soviética, os mesmos fundamentos tendem a se aprofundar nas ideologias que sobreviveram, nos remanescentes do socialismo e no capitalismo. A derrocada do império soviético, ou a sobrevivência do comunismo chinês mais sábio em se adaptar a um mundo comandado pelo capitalismo, mantém a concentração e a competição. Nos livros citados, afirmava que o socialismo, implantado em sua forma comunista, na prática vinha sendo mais concentrador que o próprio capitalismo, sendo o capitalismo menos concentrador, porque diluído em múltiplos grupos. A concentração maior do comunismo acabaria por inviabilizar primeiro este sistema. O esgotamento do capitalismo viria depois, mas seria inevitável, preconizava. A queda do socialismo em seu modelo comunista clássico o da União Soviética e seus satélites, de fato, ocorreu, e de nada valeu a concentração de tudo nas mãos do Estado, concentração que tinha gerado uma formidável capacidade de competição, expressa na guerra fria, ou na corrida espacial. A concentração acabou, porque inviabilizou o funcionamento da sociedade e o monolitismo do sistema ruiu dentro da lógica dos fundamentos que o sustentavam: no contexto da concentração, a competição foi vencida pelos mais forte, e o menos competitivo acabou eliminado. O que ocorrerá no próximo passo, com o competidor que resta, o bloco ou os blocos capitalistas? O que ocorrerá com os remanescentes do socialismo? A verdade é que as questões básicas que afetam o mundo continuam se agravando. A exclusão de povos inteiros e de contingentes populacionais cada vez maiores, se torna, a cada dia, mais forte e os que 63

33 ainda permanecem no processo se articulam para salvar sua capacidade de competição, através de blocos ou alianças de mercado, tentando sobreviver, ou prolongar a sobrevida, como mostra adiante o mapa n 1. Sobreviver por mais algum tempo, porque o antagonismo é inerente à concentração e à competição. Em nível de nações, nesta fase, elas se unem em blocos. Em nível interno, a sobrevivência dos grupos leva a uma concentração cada vez maior, repetindo-se o mesmo processo que ocorre na sociedade global. Enquanto isto, os excluídos aumentam em quantidade. Brevemente, aumentarão em massa resultado da equação quantidade dimensão da exclusão velocidade do processo consciência e aumento dos laços de união, ou solidariedade. A explosão, seja qual for a forma, tende a se tornar inevitável, porque as parcelas excluídas irão rejeitar cada vez mais o assistencialismo e não terão a paciência necessária para cultivar a esperança de que, algum dia, poderão vir a ser, também, beneficiadas com o processo, ou com suas sobras. Mapa nº 01 Etapa atual do processo: a ordenação do mundo em blocos regionais. 64

34 Se os que vierem a dominar o mundo imaginarem poder mantê-lo sob o domínio pelo emprego da força, estarão incidindo em lamentável equívoco e os resultados relativos de pequenas amostras de confronto, como Cuba, Vietnã e, mais recentemente, o Iraque ou a Iugoslávia mostram isto. Na verdade, não se trata de saber de quanto poder dispõem nos desenvolvidos. Trata-se de saber quanto deste poder poderá ser utilizado, sem que se destrua o próprio Planeta e, portanto, aqueles que o empregam. Afora as razões de ordem ética, é este limite do emprego do poder que põe, com armas diferentes, em pé de igualdade, os que concentram e os excluídos. Não há, pois, como imaginar que o mundo do terceiro milênio possa continuar se embasando na competição e na concentração. Esses fundamentos que embasaram a atual ordem mundial, como a que ordena no Brasil, estão entrando em processo de crise, que poderá se tornar rapidamente irreversível. 65

35 3.3 A CRISE DOS FUNDAMENTOS Concentração e competição Na verdade, esta dialética da competição concentração exclusão, está se acelerando. A velocidade desse processo fará chegar a concentração e a exclusão, rapidamente, a dimensões absolutas, pela contínua eliminação dos competidores. Por exemplo, as organizações de Bill Gates na área de informática, estariam concentrando, hoje, mais de 40% da informação codificada disponível no mundo. Daí para a eliminação de qualquer concorrência, e de qualquer concorrente, há um passo só. Aliás apesar dessa tendência, as próprias organizações de Gates podem ser eliminadas por outra qualquer, impulsionada por outra inovação, que a torne mais forte, ou pela própria reação dos que se sentem excluídos do processo. O próprio governo americano, por exemplo que, ameaçado, queira pôr limites à concentração. A pergunta é: conseguirá fazê-lo, nesse, e noutros exemplos que se multiplicam, se ele mesmo pratica a mesma teoria da concentração, em seu próprio favor? O mesmo processo, competição, concentração, exclusão, no entanto, vêm ocorrendo com semelhante velocidade, em outros setores, como mostra a tabela nº 1, concluída a partir dos noticiá-rios de cada dia. No setor automobilístico, a fusão e a absorção das grandes empresas se sucedem. No setor financeiro, dos mega-bancos, o processo é mais rápido desde os primeiros meses de 1999, fusões se verificaram na Europa, no Canadá e nos EEUU, onde a maior delas, unindo o Bank of América e o Nations Bank, somaram um ativo de U$ 524 bilhões, um valor que se inclui entre os 10 maiores PIBs nacionais do mundo. No Japão, anuncia-se; quando este livro circular, o fato deve estar consumado, a fusão dos três maiores bancos, somando um ativo de US$ bilhões. 66

36 Processo semelhante está ocorrendo com as bolsas européias, que começam a se integrar, no mesmo processo de fusão. Enfim no setor da informática, das comunicações e do controle da capacidade de pesquisa e inovação tecnológica, igualmente, tudo se concentra, e a uma velocidade cada vez maior. Segundo dados do Relatório sobre o Desenvolvimento Humano das Nações Unidas*, os dez países mais industrializados detêm 95% das patentes de invenção no mundo como. O que resta aos excluídos? Tabela n 01 O processo de fusão, incorporação e alianças de empresas abarca sobretudo o setor financeiro e se espraia por outros setores em todos os continentes.** ALGUMAS FUSÕES, RAMO INCORPORAÇÕES E PAÍSES ALIANÇAS 1.BOLSAS 1.Londres x Frankfurt Inglaterra e Alemanha 2.União Européia (anunciada) Países da União Européia 2.BANCOS 1.National x Daí Tchu Japão 2.Kangyo x Fuji Bank Japão 3.Bank of América x Nations Bank EEUU 4.Citibank x Travelers Group EEUU 5.CEB x Toronto Domicon Canadá 6.Bank One x First Chicago EEUU 7.Nacional x Unibanco Brasil 8.Econômico x Excel Brasil 9.Bamerindus x HSBC Brasil e Inglaterra 4.SIDERURGIA CSN, COSIPA e USIMINAS Brasil (negociação) 5.TELECOMUNICAÇÃO 1.Telecon x Telefunken 2.MCI e Sprint Alemanha e Itália EEUU 6.COMUNICAÇÃO 1.SBC e Ameritech 2.ADL e Time Warner 3.Teilure e Time Mirror EEUU EEUU EEUU 7.INFORMÁTICA 1.VIACON e CBS 2.AOL e Time Warner EEUU EEUU 8.PETRÓLEO 1.BPL e AMOCO EEUU e Canadá * ONU PNUD Relatório sobre o Desenvolvimento Humano 1998 Lisboa: PNUD/ Trimonia Editora, ** As novas incorporações, fusões e alianças são anunciadas diariamente, e na hora em que esta tabela estiver na rua, já estará desatualizada. 67

37 9.AVIAÇÃO 1.Boing e McDonald Douglas EEUU 10.ALIMENTAÇÃO 1.Kohlberg RR e RGR EEUU Nabisco Brasil 2.Brahma e Antarctica Os Estados Unidos são compeões desse processo. Mas no Brasil, guardadas as proporções, ocorre o mesmo. De um lado, o processo de exclusão torna-se cada vez mais rápido exclusão de grupos, de regiões, exclusão de pessoas, de parcelas cada vez maiores da população que dão ao Brasil economia que se imagina emergente, ou ao menos quantitativamente incluída entre as dez maiores do mundo, o troféu que o inclui entre os países de mais perversa distribuição de renda do mundo. É o resultado da necessidade de concentrar para competir, sem que se considere o crescimento conseqüente da exclusão que desumaniza o processo e poderá produzir a ruptura da sociedade. A tabela seguinte, nº 2, apresenta dois indicadores das desigualdades regionais brasileiras. As desigualdades sociais, entre as diversas classes ou pessoas, é muito maior como se verá adiante. Os indicadores são a renda per capta e o percentual de participação no PIB, por Estado da Federação. Apesar das diferenças nos números que podem ser encontradas em várias tabelas, em função de critérios e datas, métodos e origens, as tendências do fenômeno são sempre as mesmas. Nessa tabela, a renda per capita, se distribui numa escala que vai de R$ 7.089, a R$ 835, como médias nos Estados. A participação no PIB, confirma esta diferença, mostrando que na distribuição interna a concentração é muito maior. Varia de 32,85% do PIB brasileiro em São Paulo para 0,11% em Roraima, não considerada a respectiva concentração populacional. As regiões Sul-Sudeste concentram 74,14% do PIB, contra 9,33 no Norte e 16,53 no Nordeste Ver mapa nº 2. 68

38 Tabela n 02 Indicadores das desigualdades brasileiras*. ESTADO RENDA PER-CAPITA PARTICIPAÇÃO NO PIB (US$) (%) Distrito Federal ,56 São Paulo ,85 Rio de Janeiro ,26 Paraná ,74 Rio Grande do Sul ,37 Santa Catarina ,44 Mato Grosso do Sul ,24 Amazonas ,39 Espírito Santo ,67 Minas Gerais ,81 Goiás ,19 Amapá ,16 Mato Grosso ,08 Acre ,20 Pará ,28 Roraima ,11 Sergipe ,66 Bahia ,86 Rondônia ,49 Rio Grande do Norte ,96 Pernambuco ,50 Alagoas ,77 Ceará ,81 Paraíba ,78 Maranhão ,15 Tocantins 901 0,19 Piauí 835 0,48 BRASIL Fonte: Ipea, não atualizada. * Segundo os últimos estudos a renda per capita brasileira já ultrapassa os US$ 5.000,00 sem que, no entanto, sua distribuição tenha sido modificada para melhor. 69

39 Mapa nº 02 O Brasil redesenhado de acordo com a participação regional no PIB. É o mesmo processo, portanto, o que ocorre no Brasil, e o que ocorre em outros países e no mundo, globalmente. Como se excluem pessoas e regiões, da mesma forma foi excluído o terceiro mundo; riscou-se a potência líder do segundo mundo. Seus antigos satélites buscam sobreviver por caminhos próprios, assistindo à deteriorização do sistema de vida que lhe 70

40 foi imposto, sem ter condições de adotar um novo sistema. O capitalismo, aparentemente vitorioso, vive seu próprio processo autofágico: economias engolem economias; grupos devoram grupos, empresas mais fortes engolem outras empresas e o número de excluídos nesses países alcançam índices proporcionais ao avanço sem limites da concentração. A lista de fusões e incorporações mostradas na tabela nº 1, extraída dos noticiários de cada dia, nos últimos meses, mostra que o fenômeno da fusão e incorporação de empresas e da concentração resultante, acontece no Brasil, nos países em desenvolvimento, no primeiro mundo, e nos mais variados setores, ou ramos da economia. Note-se, ainda, que, acontecendo em vários países e ramos da economia, as grandes fusões atingem sobretudo o setor financeiro. Só a fusão do Bank of América com o Nations Bank gerou um ativo de U$ 524 bilhões, equivalentes a 2/3 do PIB brasileiro, um dos dez maiores PIB do mundo; a fusão dos bancos japoneses supera em 1/3 o PIB brasileiro; a das bolsas de Londres e Frankfurt, as duas principais da Europa, permitirá girar um volume de U$ 5 trilhões, equivalente ao PIB dos EEUU, e este é provavelmente só o começo do processo de fusão ou de unificação dos sistemas financeiros do mundo; e, portanto, do mundo, excluindo-se o homem em favor da economia, das finanças ou da especulação, virtual? Os dados do Relatório sobre o Desenvolvimento Humano da ONU, de 1998, confirmaram que o capital está cada vez mais concentrado no mundo, em conseqüência desse processo, em aceleração constante. 71

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