TRANSPORTE AEROVIÁRIO. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados!
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- Camila Lopes Sacramento
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1 TRANSPORTE AEROVIÁRIO Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados! Dentre os diferentes segmentos de transportes no Brasil, o que recebe menor atenção por parte das autoridades e, conseqüentemente, o menos privilegiado pelas políticas públicas de transportes é, sem sombra de dúvidas, o transporte aeroviário. Considerado como um segmento de atendimento prioritário às classes mais favorecidas, o transporte aeroviário tem merecido pouca ou nenhuma prioridade não só do atual como também dos governos anteriores. É falsa a idéia de que este segmento atende prioritariamente aos ricos. É certo que ele não é um transporte de massas; mas não deixa de ser verdade também que ele cumpre um papel de extrema relevância no atual contexto sócio-econômico do País, especialmente no que concerne à desconcentração empresarial e à exportação de produtos de elevado valor agregado. Não há como imaginar a interiorização de grandes complexos empresariais sem uma adequada infra-estrutura de transporte aeroviário capaz de minimizar o efeito das distâncias em relação aos grandes centros nacionais. Da mesma forma, não há como imaginar a geração de produtos altamente perecíveis mas de elevado valor agregado, nos mais diferentes rincões deste País sem uma adequada estrutura local de transporte aeroviário. Normalmente, quando se fala em transporte aeroviário vem-nos à lembrança grandes aeroportos, grandes aeronaves, sofisticados sistemas de controle e de proteção ao vôo e elevados custos operacionais. Esta imagem corresponde à verdade apenas em parte porque ela esconde as necessidades regionais e locais que podem ser satisfeitas com pequenos aeroportos, com pequenas aeronaves e com custos operacionais absolutamente compatíveis aos resultados auferidos. Para ser eficiente, o transporte aeroviário precisa contar com uma rede categorizada, ou seja, uma rede que contemple uma estrutura mais complexa e sofisticada para atender às grandes necessidades nacionais, incluídos aí até os interesses estratégicos do País; uma estrutura mais simples, para atender às necessidades regionais e uma estrutura ainda mais singela para atender às necessidades locais. Foi a partir de modelos desta natureza que o transporte aeroviário se desenvolveu em todo o mundo e é a partir deste caminho que ele precisa se consolidar também no Brasil. **
2 O meu Estado, Santa Catarina serve de exemplo para os excelentes resultados econômicos e sociais que podem ser alcançados através de uma rede de transporte aeroviário que contemple as necessidades locais e regionais. No contexto nacional, Santa Catarina pode ser considerado como o Estado mais desconcentrado da União. Lá, nenhuma cidade absorve mais que 10% da população total do Estado; as atividades econômicas se desenvolvem, de forma mais ou menos uniforme, pelas oito macro-regiões o que determinou, ao longo do tempo, a necessidade de uma estrutura de transporte aeroviário que alcançasse a totalidade do Estado. Até os anos 60, somente através do transporte aeroviário era possível alcançar todas as regiões do Estado. E foi através desta modalidade de transporte que se consolidaram os grandes frigoríficos catarinenses dos quais SADIA e PERDIGÃO, são os exemplos mais expressivos. Nosso Estado dispõe atualmente de vinte e nove aeroportos dos quais vinte e dois são públicos e sete são privados. Dentre os públicos, dezesseis dispõe de pista pavimentada e destes, oito estão capacitados para pousos e decolagens noturnas e por instrumentos. Mesmo que esta estrutura possa ser considerada de razoável porte se comparada a outros Estados ela ainda não atende plenamente as necessidades de Santa Catarina. Acrescenta-se a estes números, os aeroportos Regional Sul e Planalto Serrano em construção, projetados para operação de aeronaves de grande porte e destinados a atender plenamente o desenvolvimento atual e futuro das duas regiões. Ao tempo em que fui Secretário dos Transportes e Obras daquele Estado, no período , desenvolvemos um vigoroso trabalho voltado à adequação desta estrutura. Nosso trabalho estava direcionado a dois objetivos: no objetivo institucional buscamos, em parceria com os demais Estados que compõem o Conselho de Desenvolvimento do Extremo Sul CODESUL estruturar um sistema de transporte aéreo sub-regional internacional com o objetivo de viabilizar ligações diretas entre cidades do interior daqueles Estados com cidades dos demais países que compõem o MERCOSUL. No segundo objetivo, o operacional, nosso trabalho se voltou à melhoria da infra-estrutura. Com investimentos superiores a quarenta e cinco milhões de reais ampliamos e modernizamos pistas; implantamos novos equipamentos voltados à proteção de vôo; desenvolvemos novos estudos e projetos e promovemos uma substancial melhoria das condições de conforto para os usuários de alguns aeroportos. Mas, mesmo com aqueles investimentos nosso Estado ainda carece de muito trabalho e de muitos investimentos até alcançar **
3 aquela que poderia ser considerada como a rede ideal de transporte aeroviário. No nosso período de governo projetamos e viabilizamos os recursos necessários para a implantação de dois aeroportos regionais: o aeroporto de Jaguaruna (Aeroporto Regional Sul), para atender as necessidades da região Sul e o aeroporto de Correia Pinto (Aeroporto do Planalto Serrano), para atender as necessidades da região do Planalto Serrano. Malgrado termos dado início às obras, elas foram paralisadas por sucessivos períodos, o que determinou que até o momento apenas 70% das obras projetadas estivessem concluídas. Esses sucessivos atrasos na conclusão das obras não são maléficos apenas do ponto de vista do objetivo final, ou seja, a implantação do novo aeroporto. Eles são extremamente prejudiciais porque comprometem os orçamentos tornando a obra pública cada vez mais dispendiosa. É essencial que aqueles dois aeroportos seja concluídos o mais breve possível. Faço portanto um apelo, tanto ao Governo do Estado de Santa Catarina, responsável pela condução das obras, quanto às autoridades ligadas ao Ministério da Defesa, através do DAC (Departamento de Aviação Civil), responsáveis pelo repasse de 70% dos investimentos necessários, no sentido de que desenvolvam o máximo dos seus esforços com vistas à conclusão das obras no menor prazo possível. Para ser eficiente, a rede de transporte aeroviário do Estado precisa contar com aqueles dois aeroportos em perfeitas condições operacionais. Ao lado destas considerações permito-me também abordar a presença da INFRAERO em Santa Catarina que responde pela administração três aeroportos: Florianópolis, Navegantes e Joinville. Não conheço os resultados econômicos e financeiros alcançados pela empresa em função da gestão destes três aeroportos. Mas, me arrisco a dizer que eles devam ser superavitários principalmente em função do aeroporto Hercílio Luz de Florianópolis cuja crescente demanda de passageiros, de cargas e de vôos charter s, especialmente na temporada de verão, se situa dentre as mais expressivas do País. A INFRAERO precisa ampliar a sua atuação em Santa Catarina, assumindo também a gestão dos aeroportos de Chapecó, que atende à demanda da região Oeste do Estado e de Forquilinha, que atende à demanda da região Sul. Estes dois aeroportos, extremamente importantes para o desenvolvimento do transporte aeroviário naquelas regiões encontram-se atualmente sob gestão municipal, por delegação do Estado, que responde pelos mesmos perante o DAC, circunstância que, malgrado os esforços dos respectivos municípios e do Estado, vem sistematicamente impedindo a ampliação das suas atividades. **
4 Não há como imaginar que um município sobrecarregado de responsabilidades com a Saúde, com a Educação, com a Habitação, com o Saneamento Básico e com todos os demais encargos inerentes ao seu papel institucional possa ainda dispor de recursos para o transporte aeroviário. Essa tarefa precisa ser assumida pelo órgão nacional especializado, no caso a INFRAERO. Não posso aceitar a premissa de que a INFRAERO deva atuar tão somente junto aos aeroportos superavitários. Pelo fato de ser uma empresa de atuação nacional ela precisa também assumir aeroportos deficitários, compensando os eventuais prejuízos destes, com os resultados positivos alcançados junto aos grandes aeroportos. É preciso ter presente que a expansão do transporte aeroviário não ocorre apenas pela ampliação da demanda dos grandes centros; ela ocorre também pela expansão da demanda regional que ficará estagnada se não tiver condições de alcançar os grandes centros. Quero portanto neste momento fazer um apelo à INFRAERO no sentido de que ela assuma em definitivo a gestão dos aeroportos de Chapecó e de Forquilinha. Tenho a mais absoluta convicção de que uma parceria desta empresa com os municípios que integram aquelas regiões haverá de concretizar a ampliação do transporte aeroviário nas regiões Oeste e Sul de Santa Catarina o que será benéfico para todos: para a INFRAERO, para as economias locais, para toda a Sociedade Catarinense. Outro aspecto de extrema relevância para o desenvolvimento do transporte aéreo em Santa Catarina é a atuação não contingenciada do PROFAA Programa Federal de Auxílio à Aeroportos através do DAC (Departamento de Aviação Civil), criado para dar apoio financeiro ao desenvolvimento dos aeroportos de interesse regional e municipal. Infelizmente, por força de seguidos contingenciamentos impostos pelas autoridades monetárias da União, o Programa dispõe de mais de 500 milhões de reais represados e que, se liberados e aplicados de acordo com os objetivos definidos na Lei seriam mais que suficientes para a conclusão das obras em andamento, permitindo inclusive a implementação de novos empreendimentos aeroportuários e a instalação de equipamentos de proteção ao vôo. Concluindo, senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados gostaria de mais uma vez expressar a minha convicção de que o transporte aeroviário, longe de representar apenas uma aspiração das classes mais favorecidas, é um poderoso instrumento para a interiorização do desenvolvimento e para a promoção de uma efetiva integração entre as diferentes regiões do País. **
5 ** É por isso que ele precisa contar com a parceria do Governo Federal a qual, na nossa avaliação, pode ser concretizada através de três diferentes ações: em primeiro lugar, a liberação dos recursos ora contingenciados para permitir a conclusão das obras em andamento e o início de novas; em segundo lugar, a exclusão dos recursos do Programa Federal de Auxílio a Aeroportos das hipóteses de contingenciamento e, em terceiro lugar o ajustamento da regulamentação do PROFAA, permitindo que ele também possa aportar recursos para a manutenção dos aeroportos de responsabilidade dos estados e municípios. Estas três ações integrariam os esforços dos três níveis de Governo tornando a ação pública mais concreta e objetiva. Muito Obrigado!
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