Cenário Macro Semanal. O risco agora vem da China
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- Marcela Pinho Lobo
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1 O risco agora vem da China A inquietação dos mercados internacionais com a China tem aumentado. O setor imobiliário tem desacelerado, testando a capacidade do governo de enfrentá-lo sem uma retração mais forte da economia. Enfrentar uma possível bolha de crédito criada por grande pacote de estímulos com outro pacote de incentivos pode ser desastroso. EUA tem o menor déficit orçamentário em 6 anos: O governo americano registrou expressivo superávit fiscal em abril, de US$ 106,9 bilhões, graças à grande entrada de pagamentos de impostos, o que ajudou o país a obter o menor déficit anual em seis anos. Ricardo Tadeu Martins Economista rmartins@planner.com.br Cristiano de Barros Caris ccaris@plannercorretora.com.br Atividade econômica pelo IBC-Br cai em março e fevereiro é revisado em baixa: A economia brasileira em março medida pelo IBC-Br caiu 0,11% ante fevereiro, quando foi registrado crescimento de 0,02% sobre janeiro, dado revisado de alta de 0,24%. Indicador de Clima Econômico do Brasil é o penúltimo da América Latina: Os maiores problemas apontados, em ordem decrescente, foram a falta de competitividade internacional, falta de confiança nas políticas do governo, inflação, déficit público e falta de mão de obra qualificada. IGP-10 desacelera para 0,13% em maio com deflação nos preços industriais: No atacado, o IPA, que responde por 60% dos IGPs, caiu 0,22% em maio, após alta de 1,42% em abril. Os preços industriais apresentaram deflação de 0,47%, ante elevação de 0,50% em abril. Receita nominal do varejo apresenta alta de 10,3% no 1º trimestre de 2014: Em março a receita nominal do varejo cresceu 0,5%, após alta de 0,4% em fevereiro. No 1T14 a receita cresceu 10,3% e nos em 12 meses encerrados em março, avançou 11,6%. Apesar da forte queda Anfavea trabalha com recorde de produção em 2014: No 1º quadrimestre de 2014 a produção de veículos no país caiu 12%, somando 1,07 milhão de unidades. A previsão da Anfavea é de um crescimento de 1,4% da produção em 2014, superando o recorde de Conta petróleo continua prejudicando Balança Comercial: O déficit da conta petróleo acumula US$ 6 bilhões no 1º quadrimestre de 2014, mas ainda assim melhor que o do 1Q13, de US$ 8,5 bilhões. Sem esse déficit a Balança Comercial estaria positiva em US$ 493 milhões. Estimativas de mercado para os principais indicadores da economia brasileira e 2015e IPCA (%) 6,50% 5,84% 5,91% 6,39% 6,00% IGP-DI (%) 5,01% 8,11% 5,52% 7,25% 5,50% IGP-M (%) 5,10% 7,82% 5,51% 7,21% 5,50% Taxa de câmbio - fim de período (R$/US$) 1,87 2,04 2,34 2,45 2,50 Taxa de câmbio - média de período (R$/US$) 1,67 1,95 2,16 2,35 2,48 Meta Taxa Selic - fim de período (a/a) 11,00% 7,25% 10,00% 11,25% 12,25% Meta Taxa Selic - média de período (a/a) 11,66% 8,52% 8,29% 11,02% 12,01% PIB (% de crescimento) 2,73% 0,87% 2,30% 1,69% 1,90% Fonte: IBGE, FGV e BCB. Expectativas Focus-BCB. Página 1
2 Cenário Externo O risco agora vem da China A inquietação dos mercados internacionais com a China tem aumentado, contribuindo em muito com a volatilidade dos negócios. A desaceleração do setor imobiliário chinês trouxe mais problemas para o governo, assim como sua capacidade de enfrentá-lo sem uma desaceleração mais forte da economia. No 1º quadrimestre de 2014 (1Q14) a economia chinesa aponta para desaceleração, como também a inflação. Em abril, a inflação foi de 1,8%, a menor desde outubro de No 1Q14 a China cresceu 7,3% e há prognósticos divergentes sobre se o crescimento se estabiliza nesse nível ou se desacelera mais, o que seria péssimo para a economia global. O resultado da política contracíclica chinesa para enfrentar a crise de 2008 produziu uma bela bolha de crédito, inflada principalmente pelo setor imobiliário, trazendo enorme capacidade ociosa, grandes dívidas - o endividamento total do país atingiu 215% de um PIB de quase US$ 9 trilhões - e o surgimento de um sistema bancário paralelo que se nutre do estatal e que está prestes a naufragar. O progressivo aperto na oferta, meio clássico de esvaziar a bolha de crédito, deixou na iminência de quebra de investidores que apostaram em projetos errados. O governo suavizou o aperto posteriormente, vislumbrando, talvez, que sua continuidade acabasse levando uma montanha de créditos incobráveis para os balanços dos bancos estatais. Desde meados de 2013, porém, o mercado imobiliário, o flanco mais vistoso e próspero da bolha, começou a fraquejar. A venda de imóveis recuou 7,8% no 1Q14, enquanto a construção de novas moradias encolheu 22,1%. O desaquecimento do mercado se revela no encalhe de imóveis em cidades como Pequim, onde o estoque seria suficiente para suprir 12 meses de demanda. A capital, porém, não é exceção. Nas cidades de segunda linha, os estoques garantem 15 meses de demanda e, nas de terceira linha, 24 meses. O peso da desaceleração recai sobre o sistema financeiro, oficial e paralelo. Cerca de 20% do total de operações de crédito dos bancos estatais provêem de negócios imobiliários e, o mais significativo, 40% dos empréstimos têm como colateral os imóveis. Além disso, boa parte das receitas dos governos regionais é obtida com a venda de terras para projetos imobiliários e o preço delas está caindo. Fatia importante da enorme poupança dos chineses se abriga nos imóveis, que tendem a se desvalorizar. O governo chinês poderá estimular o consumo reduzindo a parcela de entrada mínima obrigatória (30%), enquanto abranda a pressão no crédito, por meio de refinanciamento de dívidas e da redução do depósito compulsório dos bancos, como já fez com o dos bancos comerciais rurais há pouco, ou até lançar mais programas de infraestrutura. Contudo, não é uma saída desejável e sem efeitos colaterais enfrentar uma bolha de crédito criada por grande pacote de estímulos com um outro pacote de incentivos. Segundo a Moody's Analytics, 23% do PIB chinês decorre das atividades de construir, vender e mobiliar imóveis. O aperto no crédito se soma a essa retração para reduzir a performance da economia. O financiamento social total em abril, medida mais ampla de crédito, caiu de 16,2% para Página 2
3 15,7%, menor taxa desde janeiro de A produção industrial cresceu 8,7% em abril ante 2013, o menor ritmo em cinco anos. No mesmo mês, o varejo evoluiu 11,9%, um número invejável, porém o mais baixo desde dezembro de Seria possível sair desse embrólio da maneira convencional se o Partido Comunista chinês não estivesse envolvido em uma vital mudança de rumos da economia, cuja meta é reduzir o peso dos investimentos e das exportações e tornar o consumo e o mercado doméstico fontes do novo dinamismo. Seja qual for o cronograma que os líderes chineses têm na cabeça, é quase certo que ele será retardado pelas dificuldades conjunturais e pela missão de não permitir um pouso forçado da economia. A pior ameaça para a economia global é que a China exporte a deflação decorrente de eventual estouro da bolha imobiliária para o resto do mundo. EUA tem o menor déficit orçamentário em 6 anos O governo dos Estados Unidos registrou expressivo superávit fiscal em abril, graças à grande entrada de pagamentos de impostos, o que ajudou o país a manter o orçamento no caminho certo para obter o menor déficit anual em seis anos. O Departamento do Tesouro informou que o superávit de abril totalizou US$ 106,9 bilhões, um pouco abaixo de abril de 2013, quando o saldo foi de US$ 112,9 bilhões. As contas do governo americano geralmente ficam no azul nos meses de abril, quando são pagos o imposto de renda das pessoas físicas e os tributos trimestrais das empresas. Durante os primeiros sete meses do ano fiscal de 2014, que começou em 1º de outubro, o déficit orçamentário americano totaliza US$ 306,4 bilhões, 37% inferior ao de igual período do ano fiscal anterior. A Comissão de Orçamento do Congresso prevê um déficit de US$ 492 bilhões para o exercício completo. Isso seria o menor resultado negativo desde Cenário Interno Atividade econômica pelo IBC-Br cai em março e fevereiro é revisado em baixa A economia brasileira em março, segundo o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), caiu 0,11% ante fevereiro, quando foi registrado crescimento de 0,02% sobre janeiro, dado revisado de alta de 0,24%, considerando os dados com ajuste. A expectativa média de mercado para março era de estabilidade, com intervalo das projeções variando entre queda de 0,8% e alta de 0,6%. Os principais indicadores para março já antecipavam resultado fraco em relação a fevereiro. A produção industrial caiu 0,5%, ao passo que as vendas no varejo recuaram 1,2% no conceito ampliado. Para abril, a expectativa é de resultado modesto, pois há a expectativa de queda da atividade industrial, mas o aumento das vendas de veículos no mês deverá fazer com que o indicador do varejo ampliado cresça. Em relação a março de 2013, o IBC-Br apresentou queda de 0,09% na série sem ajuste, mas alta de 0,27% na série com ajuste. Em 12 meses, houve avanço de 2,11% na série dessazonalidada e de Página 3
4 2,46%, sem ajuste. Já no 1º trimestre de 2014 (1T14) houve evolução de 1,56%, ante o 1T13, pela métrica do IBC-Br, na série sem ajuste. Sobre o 4T13, o IBC-Br evoluiu 0,3% na série com ajuste e queda de 1,71% na série sem ajuste. O IBC-Br leva em conta a trajetória das variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia - agropecuária, indústria e serviços. A estimativa do IBC-Br incorpora a produção estimada para os três setores acrescida dos impostos sobre produtos. O PIB calculado pelo IBGE, por sua vez, é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país durante certo período. No Relatório de Inflação de março, o BC projetou crescimento econômico de 2% em Pelo Boletim Focus a mediana das estimas são de evolução de 1,69%. Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) 2,00% 1,50% 1,00% 1,24% 1,01% 0,50% 0,00% -0,50% -1,00% 0,02% -0,11% -1,50% -2,00% Dessazonalizado Fonte: Banco Central Indicador de Clima Econômico do Brasil é o penúltimo da América Latina Conforme pesquisa Sondagem Econômica da América Latina, realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pelo instituto alemão Ifo em abril, o Indicador do Clima Econômico (ICE) no Brasil caiu ao nível mais baixo desde janeiro de Os maiores problemas apontados, em ordem decrescente, foram a falta de competitividade internacional, falta de confiança nas políticas do governo, inflação, déficit público e falta de mão de obra qualificada. Essa sondagem é feita com base em informações trimestrais de especialistas nas economias de seus respectivos países. O ICE brasileiro caiu 20%, de 89 pontos em janeiro para 71 em abril, o mais baixo, inclusive, que o de janeiro de 2009 (78), após a crise deflagrada em 2008 pela quebra do Lehman Brothers. O ICE do Brasil é inferior ao da Argentina (75 pontos) e supera apenas o da Venezuela, que se mantém no valor mínimo, de 20 pontos, desde julho de O ICE da América Latina (AL) na média teve queda de 5,3%, de 95 pontos para 90, e foi influenciada por piores resultados tanto do Indicador da Situação Atual (ISA) quanto no de Expectativas (IE). Os três indicadores estão na zona desfavorável (abaixo de 100 pontos) e continuam, assim como na sondagem de janeiro, abaixo das suas médias históricas dos últimos dez anos. Dentre os países acompanhados 7 dos 11 registraram queda, dos quais o ISA piorou em 7 e o IE em 5. Apesar da queda do ICE em relação a janeiro, Colômbia e Paraguai permaneceram na zona Página 4
5 favorável (acima de 100). Passaram da zona favorável para desfavorável, Chile, Equador e México. Brasil e Argentina, que mostraram queda no ICE, já estavam na zona desfavorável. Bolívia, Peru e Uruguai melhoraram o ICE e já estavam na zona de avaliação favorável. De forma similar ao que ocorreu no resultado mais agregado, o ISA teve papel preponderante na piora do clima econômico desses países. Assim, na Bolívia o indicador aumentou 22% e no Uruguai, 19%, enquanto o IE ficou estável na Bolívia e caiu no Uruguai. No Peru, o comportamento foi o inverso, melhorou o IE (+11%) e caiu o ISA (-7,2%). A pesquisa da FGV traz um questionário bianual sobre o que os especialistas destacam como os principais entraves para o crescimento econômico dos países na situação atual a partir de uma lista de dez tópicos. A falta de competitividade internacional continua sendo, como nas outras sondagens, o problema mais citado como muito importante no grupo dos 11 países, sendo exceção a Bolívia. Em segundo lugar, aparece a falta de confiança nas políticas do governo (6 países) e, em seguida, inflação e falta de mão de obra qualificada (5 países). As projeções para a taxa de crescimento econômico do Produto Interno Bruto (PIB) para 2014 também refletem nas avaliações. As menores taxas de crescimento são estimadas para Venezuela (-1,3%), Argentina (+0,1%) e Brasil (+1,7%) e as maiores taxas para Bolívia (6,0%) Peru (5,1%) Paraguai (4,9%) e Colômbia (4,4%). A desaceleração do crescimento da China e, principalmente, o redirecionamento de um modelo pautado no investimento intensivo em infraestrutura para outro baseado no estímulo ao consumo doméstico, tem levado a análises que diagnosticam os exportadores de commodities sulamericanas - Brasil, Chile, Colômbia e Peru - como os principais perdedores dessa mudança. Contudo, além do efeito China ser relativamente suave, já que a projeção para 2014 é de um crescimento de 7,2%, outros fatores influenciam a trajetória do crescimento desses países, como mostram os problemas citados na sondagem onde o Brasil passou a ser o último colocado desse grupo. A projeção para o Chile é de um crescimento de 3,4%. Em relação ao mundo, o ICE da AL é menor que o mundial e mantém-se em zona desfavorável de avaliação. A taxa de crescimento projetada para o mundo em 2014 é de 2,5%, e para a AL é de 2,3%. O pior desempenho, porém, refere-se à taxa de inflação esperada de 3,2% para o mundo e de 10,8% para a AL em Na AL, Venezuela (55,6%) e Argentina (36,2%) lideram o ranking das maiores taxas de inflação, seguidos do Uruguai (8,4%), Bolívia (6,7%) e Brasil (6,4%). No mundo, os resultados continuam favoráveis nos Estados Unidos e na União Europeia e pioram nos mercados emergentes da Ásia. O ICE do mundo ficou relativamente estável ao cair de 114 pontos para 113 pontos entre as sondagens de janeiro e abril. IGP-10 desacelera para 0,13% em maio com deflação nos preços industriais O IGP-10 (Índice Geral de Preços 10) de maio desacelerou o ritmo de alta para 0,13%, após avançar 1,19% em abril, conforme levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em maio de 2013, contudo, houve deflação de 0,09%. Já no ano o IGP-10 acumula alta de 3,54% e em 12 meses Página 5
6 alta de 8,01%. O IGP-10 é calculado com base nos preços coletados entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês de referência. IGP-M acumulado em 12 meses 10,00% 9,00% Projeções* 8,00% 7,00% 7,98% 6,00% 5,00% 4,00% 3,00% 2,00% Fonte: FGV *Expectativas Focus - BCB No atacado, o IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), que responde por 60% dos IGPs, caiu 0,22% em maio, após alta de 1,42% em abril. Os preços industriais apresentaram deflação de 0,47%, ante elevação de 0,50% em abril, e os produtos agropecuários desaceleraram de alta de 3,84% para 0,42%. Entre os produtos que mais influenciaram na deflação do IPA geral estão o minério de ferro (-2,03% para -5,94%), mandioca (-8% para -9,05%), laranja (-13,03% para - 8,58%), aves (2,95% para -2,38%) e farelo de soja (-1,88% para -2,34%). Entre as maiores influências positivas estão leite in natura (4,96% para 5,56%). No varejo, a alta do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) cedeu para 0,76% em maio, após 0,88% em abril. O destaque ficou com Alimentação (1,71% para 1,16%), onde hortaliças e legumes desaceleraram de alta de 15,65% para 2,72%. Educação, leitura e recreação sairam de alta de 0,71% para queda de 0,16%. Quanto ao INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) acelerou para 1,06% em maio, vindo de alta de 0,39% em abril. O índice relativo a materiais, equipamentos e serviços subiu 0,67% e o índice que representa o custo da mão de obra teve alta de 1,41%. Em abril, essas taxas corresponderam a 0,64% e 0,15% de aumento, respectivamente. Receita nominal do varejo apresenta alta de 10,3% no 1º trimestre de 2014 De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o volume de vendas no varejo caiu 0,5% em março, quando comparado a fevereiro, já descontados os efeitos sazonais. Em fevereiro, depois de dados revisados, houve estabilidade. A expectativa do mercado era de uma queda média de 0,2%, com intervalo das projeções entre baixa de 1,6% e alta de 0,5%. Em relação a março de 2013, as vendas no varejo cairam 1,1%. No 1º trimestre de 2014 (1T14), no entanto, apresentaram crescimento de 4,5%, mesma taxa em 12 meses. Página 6
7 Quanto a receita nominal houve crescimento de 0,5% em março, depois da alta de 0,4% em fevereiro. Em relação a março de 2013, o crescimento foi de 4,7%. Já no 1T14 a receita cresceu 10,3% e nos em 12 meses encerrados em março, avançou 11,6%. Quanto ao varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas caiu 1,2% em março sobre fevereiro, em meio à expectativa de recuo de 0,9%. Na comparação com março de 2013, o recuo foi de 5,7%. No 1T14, contudo, o varejo ampliado teve crescimento de 2,1%, e 3,2% em 12 meses. Os dados do IBGE mostraram ainda que a receita nominal do varejo ampliado caiu 0,1% em março, após queda de 1% em fevereiro. Em relação a março de 2013, a receita teve queda de 0,4%. Houve crescimento de 7,2% no 1T14 e alta de 8,7% em 12 meses. Em março, 3 de 10 atividades obtiveram resultados positivos para o volume de vendas - Móveis e eletrodomésticos (1,5%), Livros, jornais, revistas e papelaria (1,2%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,5%). Entre as baixas, Veículos e motos, partes e peças (-0,6%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1%), Combustíveis e lubrificantes (-1,5%) e Material de construção (-3,1%). Na comparação com março de 2013, 5 de 8 atividades do varejo apresentaram redução no volume de vendas, como Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,8%) e Tecidos, vestuário e calçados (-7,3%). Com crescimento ficaram, por exemplo, Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (9,6%), Combustíveis e lubrificantes (4%) e Móveis e eletrodomésticos (3,8%). Apesar da forte queda Anfavea trabalha com recorde de produção em 2014 As montadoras no Brasil produziram 277,1 mil unidades em abril, entre automóveis de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Isso na realidade significa que em abril a produção de veículos no país caiu 21,4% sobre abril de 2013, mas em comparação a março, quando os resultados foram prejudicados pelo feriado de Carnaval, houve leve alta de 1,6% na atividade do setor. Entre paradas de linha e antecipação de férias coletivas, a indústria está diminuindo o ritmo para se ajustar à queda no consumo interno, agravada pelo avanço dos estoques e pelo recuo nas exportações para a Argentina. Apenas em abril, essas medidas incluíram férias em fábricas da Fiat, em Betim (MG), e da General Motors (GM), em São Caetano do Sul (SP), além da suspensão de contratos de trabalho de 200 funcionários da MAN, que produz caminhões da marca Volkswagen em Resende, no sul do Rio de Janeiro. No 1º quadrimestre de 2014 (1Q14) a produção de veículos no país acumulou queda de 12%, somando 1,07 milhão de unidades, segundo a Anfavea, que reúne as montadoras instaladas no país. Por enquanto, a previsão da associação, sujeita a alteração, é de um crescimento de 1,4% da produção em 2014, superando a marca recorde de 3,71 milhões de unidades de Na expectativa de melhorar os números registrados até agora, o setor aguarda estímulos do governo ao crédito de veículos e um entendimento entre Brasil e Argentina em torno do comércio bilateral. Página 7
8 Quando se considera apenas os carros de passeio e os utilitários leves, segmento que teve parte dos descontos no IPI retirado na virada do ano, a produção somou 261,4 mil unidades em abril, uma queda de 21% em relação ao volume de abril de Na comparação com março, houve crescimento de 2,4% na montagem de veículos leves. Já a produção de caminhões, de 12,3 mil unidades em abril, caiu 31,6% na comparação anual e 11% em relação a março. Nas fábricas de ônibus, houve queda de 8% na comparação com abril de No total, 3,4 mil ônibus foram produzidos no Brasil durante abril, 9,7% abaixo de março. Segundo o balanço da Anfavea, a ocupação nas montadoras, incluindo o setor de máquinas agrícolas, caiu 0,8% de março para abril, chegando ao fim de abril em 154,2 mil empregados. O número representa a eliminação de 2,8 mil postos de trabalho desde o início do ano. A indústria automobilística está cortando vagas diante do quadro de queda nas vendas internas e nas exportações. Na comparação com o mesmo período de 2013, as montadoras estão trabalhando com 1,8 mil vagas a menos. Com relação as vendas de veículos novos no Brasil alcançaram 293,2 mil unidades em abril, marcando queda de 12,1% em relação ao volume de abril de O desempenho, por outro lado, ficou 21,8% acima do fraco resultado de março, quando os emplacamentos foram comprometidos pelo feriado de Carnaval. Segundo a Anfavea a queda das vendas no acumulado do ano, que estava em 2,1% no 1T14, subiu para 5% no 1Q14, refletindo a acomodação da demanda depois que o governo retirou parte dos descontos no IPI. As previsões da Anfavea, que podem ser revistas, apontam para um crescimento de 1,1% das vendas de veículos em Em 2013, 3,77 milhões de unidades foram licenciadas. As empresas reclamam da seletividade dos bancos na liberação de crédito para compra de carros, situação para a qual negociam uma solução com o governo e instituições financeiras. Quando se considera apenas os automóveis de passeio e os utilitários leves, foram emplacadas 280,1 mil unidades em abril, uma queda de 11,6% ante abril de Já na comparação com março, as vendas nesse segmento, que teve parte dos descontos no IPI retirada na virada do ano, mostraram alta de 22,3%. O balanço da Anfavea indica ainda que o setor de caminhões registrou queda de 22% em relação a abril de Na comparação com março, houve alta de 17,8% nas vendas desse segmento, que somaram 10,9 mil unidades em abril. Em abril, as vendas de ônibus caíram 19,7% em relação a abril de 2013 e 8,8% na comparação com março, totalizando 2,2 mil unidades. Os importados, conforme a Anfavea, responderam por 16,9% de todos os veículos vendidos em abril, acima dos 16,5% de março. A receita da indústria automobilística brasileira com exportações atingiu US$ 1,14 bilhão em abril, com queda de 24,4% em relação a abril de Em volume, os embarques de veículos ao exterior, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, somaram 36,7 mil unidades em abril, 30,4% abaixo do desempenho de abril de Na comparação com março as exportações subiram 55,7% em volume. Com isso, as montadoras acumularam embarques de 111,9 mil veículos no 1Q14, 31,9% inferior a igual período de O desempenho foi prejudicado sobretudo pelo recuo nas exportações para a Argentina. Página 8
9 Conta petróleo continua prejudicando Balança Comercial A Balança Comercial brasileira teve um superávit de US$ 226 milhões nas duas primeiras semanas de maio, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Na primeira semana o superávit foi de US$ 246 milhões, enquanto na segunda houve déficit de US$ 20 milhões, resultado de US$ 6,224 bilhões em exportações e US$ 5,998 bilhões em importações. No acumulado no ano o défict comercial é de US$ 5,340 bilhões. A média diária das exportações caiu 0,2% nas duas primeiras semanas de maio, quando comparada a maio de 2013, passando de US$ 1,039 bilhão para US$ 1,037 bilhão. Esse resultado se deve à baixa nas vendas de produtos semimanufaturados e manufaturados. Os embarques de semimanufaturados tiveram queda de 10,1% ao passar de US$ 117,5 milhões em maio de 2013 para US$ 105,7 milhões. Essa baixa foi puxada por ouro em forma semimanufaturada, óleo de soja em bruto, açúcar em bruto e borracha sintética/artificial. Os bens manufaturados, por sua vez, tiveram queda de 7,1% nas exportações. A média diária das exportações desses produtos passou de US$ 352,2 milhões em maio de 2013 para US$ 327,3 milhões nas duas primeiras semanas de maio. As maiores quedas foram em aviões, óleos combustíveis, automóveis de passageiros, autopeças, motores para veículos e partes e açúcar refinado. Em contrapartida, as exportações de produtos básicos tiveram um crescimento de 5,7% na média diária nas duas primeiras semanas de maio, quando comparada com todo o mês de maio de 2013, ao passar de US$ 547,8 milhões na média de maio de 2013 para US$ 578,8 milhões. Os principais crescimentos foram em farelo de soja, soja em grão, café em grão e carne bovina e suína. No acumulado de maio, as importações (US$ 999,7 milhões) diminuíram 0,3%, quando comparada com a média de maio de 2013 (US$ 1,003 bilhão). Nesse comparativo, decresceram os gastos, principalmente, com combustíveis e lubrificantes (-20,3%), farmacêuticos (-10,8%), veículos automóveis e partes (-4,8%), borracha e obras (-1,1%) e equipamentos mecânicos (-1,0%). Com relação a conta-petróleo, que mostra as exportações e importações de petróleo e derivados, está deficitária em US$ 6 bilhões no 1º quadrimestre de 2014 (1Q14). Apesar do saldo negativo, o desempenho é melhor que o 1Q13, quando havia déficit de US$ 8,5 bilhões, refletindo alta de 9,1% das exportações no 1Q14 sobre o 1Q13. A maior parte do crescimento concentrou-se em abril, com alta de 27% nas exportações em relação a abril de Sem o petróleo, a balança comercial, negativa em US$ 5,56 bilhões no ano, estaria positiva em US$ 493 milhões. Em 2013 o petróleo foi responsável por vários resultados negativos na Balança Comercial. A parada para manutenção de plataformas brasileiras e o aumento da demanda interna por combustíveis contribuíram para queda nas vendas e alta nas importações brasileiras. No início de 2013, a balança também sofreu o impacto de importações tardiamente registradas do produto, em função de uma mudança nas regras da Receita Federal. Para 2014, o governo anunciou normalização da situação, o que ainda não ocorreu completamente. Página 9
10 EQUIPE Mario Roberto Mariante, CNPI Cristiano de Barros Caris Luiz Francisco Caetano, CNPI Victor Luiz de Figueiredo Martins, CNPI Ricardo Tadeu Martins, CNPI* DISCLAIMER Este relatório foi preparado pela Planner Corretora e está sendo fornecido exclusivamente com o objetivo de informar. As informações, opiniões, estimativas e projeções referem-se à data presente e estão sujeitas à mudanças como resultado de alterações nas condições de mercado, sem aviso prévio. As informações utilizadas neste relatório foram obtidas das companhias analisadas e de fontes públicas, que acreditamos confiáveis e de boa fé. Contudo, não foram independentemente conferidas e nenhuma garantia, expressa ou implícita, é dada sobre sua exatidão. Nenhuma parte deste relatório pode ser copiada ou redistribuída sem prévio consentimento da Planner Corretora de Valores. (*) Conforme o artigo 16, parágrafo único, da ICVM 483, declaro ser inteiramente responsável pelas informações e afirmações contidas neste relatório de análise. Declaração do(s) analista(s) de valores mobiliários (de investimento), nos termos do art. 17 da ICVM 483 O(s) analista(s) de valores mobiliários (de investimento) envolvido(s) na elaboração deste relatório declara(m) que as recomendações contidas neste refletem exclusivamente sua(s) opinião(ões) pessoal(is) sobre a companhia e seus valores mobiliários e foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação à Planner Corretora e demais empresas do Grupo. Declaração do empregador do analista, nos termos do art. 18 da ICVM 483 A Planner Corretora e demais empresas do Grupo declaram que podem ser remuneradas por serviços prestados à(s) companhia(s) analisada(s) Página neste 10 relatório.
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