ESCOLA DE ENSINO SUPERIOR ANÍSIO TEIXEIRA CURSO DE PEDAGOGIA LUCÍOLA RIBEIRO NASCIMENTO ROSINEIA CARVALHO BICARIO PRATTI
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1 1 ESCOLA DE ENSINO SUPERIOR ANÍSIO TEIXEIRA CURSO DE PEDAGOGIA LUCÍOLA RIBEIRO NASCIMENTO ROSINEIA CARVALHO BICARIO PRATTI PEDAGOGIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM SERRA/2011
2 2 LUCÍOLA RIBEIRO NASCIMENTO ROSINEIA CARVALHO BICARIO PRATTI PEDAGOGIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM Monografia apresentada ao Programa de Graduação em Pedagogia da Escola de Ensino Superior Anísio Teixeira, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura plena em Pedagogia. Orientadora: Vânia Rosa Rodrigues. SERRA/2011
3 3 LUCÍOLA RIBEIRO NASCIMENTO ROSINEIA CARVALHO BICARIO PRATTI PEDAGOGIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM Monografia apresentada ao Programa de Graduação em Pedagogia da Escola Superior de Ensino Anísio Teixeira, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia Aprovada em 07 de julho de 2011 COMISSÃO EXAMINADORA Profª Vânia Rosa Rodrigues Escola Superior de Ensino Anísio Teixeira Orientador Profª Carina Sabadim Veloso Escola Superior de Ensino Anísio Teixeira Membro 1 Profª Rosimar Macedo Alves Escola Superior de Ensino Anísio Teixeira Membro 2
4 4 Dizem-nos que, se dermos mais atenção sistemática à inteligência emocional, ao aumento da autoconsciência, a lidar mais eficientemente com nossos sentimentos aflitivos, manter otimismo e a perseverança apesar das frustrações, aumentar a capacidade de empatia e envolvimento de cooperação e ligação social, o futuro pode ser mais esperançoso. Daniel Goleman
5 Agradecemos primeiramente a Deus pelo dom da vida e por todas as oportunidades concebidas até aqui. Agradecemos a nossa professora Vânia por estar sempre presente com muita sabedoria, paciência tendo sempre uma palavra amiga para nos tranqüilizar nos momentos de Angústia. Agradecemos ainda aos nossos familiares pela compreensão nos momentos que estivemos ausentes; e aos verdadeiros amigos que não mediram esforços para nos ajudar e nos acompanharam durante nossa caminhada e que acreditaram que teremos a capacidade de vencer. 5
6 6 RESUMO Este trabalho aborda o tema pedagogia da afetividade no processo de ensino aprendizagem, onde será abordada a importância da afetividade na construção do indivíduo, e a compreensão dos educadores de que os alunos necessitam de um ambiente acolhedor e humanizado, principalmente aqueles que estão no início da escolarização, pois eles nessa fase fazem da escola uma extensão do lar. Serão relacionados os pontos de vista entre afetividade e a inteligência, o aprendizado e o desenvolvimento. Partindo do pressuposto de que o ser humano é um ser racional, mas dotado de desejos, expectativas, afetos e emoções, sentimentos esses que movem suas ações, do seu nascimento até a sua morte. Podemos dizer então que o afeto e as emoções são partes fundamentais da nossa vida psíquica, e devem ser trabalhados em sua totalidade. Ressaltamos então que o aspecto afetivo e o aspecto cognitivo como estão totalmente ligados, devem ser trabalhados em sala de aula pelo professor, criando-se um ambiente acolhedor, estimulando parcerias, cooperação, respeito às diversidades, etc. Propondo uma educação moral visando fazer com que as crianças sejam capazes de controlar seus sentimentos e desejos. PALAVRAS-CHAVE: Afetividade. Ensino-aprendizagem. Cognitivo.
7 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO METODOLOGIA REFERENCIAL TEÓRICO A CONCEPÇÃO DE AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO A AFETIVIDADE E A APRENDIZAGEM NA CONCEPÇÃO DE WALLON COMPONENTES DA AFETIVIDADE NO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL: A TEORIA DE PIAGET AS INTERAÇÕES SOCIAIS NA PERSPECTIVA DE VYGOTSKY A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO O PAPEL DO PROFESSOR A AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL A AFETIVIDADE COMO COMPONENTE NO PROCESSO EDUCATIVO APRESENTAÇÃO DE ANÁLISE DE DADOS PERFIL DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS PESQUISA BIBLIOGRÁFICA WEBGRAFIA...54
8 8 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como tema a afetividade no processo de ensino aprendizagem, pretendendo assim ressaltar a importância da afetividade para a aprendizagem e o desenvolvimento intelectual e social da criança. Pois partindo do pensamento de que o indivíduo é uma pessoa dotada de raciocínio, sentimentos, desejos e de expectativas procurando ver no outro a confirmação do bem e do carinho natural que deve existir entre os seres. Hoje a escola está focada em preparar o aluno apenas para o mercado de trabalho. Preocupa-se com a matemática, português, história, geografia, enfim, disciplinas com conteúdos exaustivos, deixando de lado o respeito, o companheirismo, a solidariedade, o amor. A escola vem formando seres individualistas, onde o que importa é se dar bem, passando por cima de qualquer empecilho que surja no caminho. Acreditamos que as dificuldades, os conflitos, as guerras e a intolerância que gradativamente se apoderam do mundo são resultado dessa total inversão de valores que predomina na sociedade. Falar em afetividade é acreditar em uma educação com relevância social e, em uma escola construída a partir do respeito, compreensão e autonomia de idéias com a pretensão de formar cidadãos honestos e respeitáveis que olhem o mundo com a intenção de transformá-lo, sujeitos autônomos capazes de pensar por si próprio sem deixar de lado o outro. A relevância do tema está em levantar uma questão que parece começar a incomodar alguns profissionais da área educacional. Portanto é de fundamental importância abordar que a ação pedagógica deve nortear a relação afetiva que influenciará diretamente na aprendizagem e na auto-estima do aluno, tendo em vista diferenças individual e comportamentos inerentes ao ser humano. Sendo assim, a escolha deste tema visa uma contribuição para fomentar maior discussão e interesse dos Pedagogos que, assim como nós, acreditam no sucesso escolar tendo como princípio básico a afetividade em sua relação educacional e, conseqüentemente contribuindo para uma auto-estima positiva. Nesta perspectiva demonstraremos que
9 9 podemos construir para um ambiente escolar pautado no respeito, favorecendo na formação do indivíduo para a vida. Segundo Piaget appud Rossini, (2001, p. 9) parece existir um estreito paralelismo entre o desenvolvimento afetivo e o intelectual, com este último determinando as formas de cada etapa da afetividade. Ela domina a afetividade pessoal na esfera instintiva, nas percepções, na memória, no pensamento, na vontade, nas ações, na sensibilidade corporal sendo componente do equilíbrio da harmonia e da personalidade. Busca-se através deste trabalho analisar a relação entre professor e aluno que pode influenciar na construção do aprendizado, levando em conta a importância da afetividade no processo educativo, procurando manter as relações humanas, pensando na escola não somente como uma instituição que visa apenas o lucro. É necessário refletir sobre a afetividade como fator importante no relacionamento professor e aluno, desenvolvendo análises sobre a interligação entre a aprendizagem e a afetividade na formação do aluno. Analisar que ações pedagógicas favorecem a afetividade no trabalho de professor. Identificar as dificuldades na relação professor e aluno, que envolvem a questão da afetividade com a aprendizagem. Discutir a postura do professor diante de dificuldades no relacionamento com alunos. Tendo como referencias as leituras bibliográficas.
10 10 2 METODOLOGIA Tendo em vista o fato de que a pesquisa visa discutir a importância da afetividade no processo de ensino aprendizagem, o tipo de técnica metodológica escolhido foi a pesquisa bibliográfica, e o estudo de caso com professores de educação infantil e fundamental, da rede pública e privada. Realizamos entrevistas com professores experientes, através de questionário com respostas claras e objetivas, e uma conversa informal sobre o assunto e trocas de experiências. Para analisarmos as respostas das entrevistas buscamos embasamentos teóricos em estudiosos da pedagogia e psicologia. Realizando assim uma pesquisa bibliográfica, que segundo Antônio Gil, (1996, p.48): É desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. As pesquisas foram feitas a partir de materiais de grandes autores, estudiosos no assunto, como: Wallon, Piaget e Vygotsky. Com o objetivo de desenvolver nossa pesquisa foram selecionados alguns passos metodológicos, dos quais destacamos: determinação dos objetivos, elaboração do plano de trabalho, localização das fontes e obtenção do material, leitura do material, fichamentos de livros e artigos. A nossa pesquisa é classificada como exploratória e descritiva, de acordo com Gil (1996, p. 45): Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explicito ou a construir hipóteses. Podese dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento das idéias ou a descoberta de intuições. Dessa forma, pretende-se com este trabalho, contribuir junto aos professores de educação infantil, no desenvolvimento de ações dentro da sala de aula que estimulem o respeito mútuo, a interação, e a compreensão.
11 11 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 A CONCEPÇÃO DE AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO Segundo Ferreira, (1999, p. 62) afetividade significa: Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza. As emoções são o organizador interno das nossas reações, que transforma nossos sentimentos em tensões, exercita, estimula ou freia todas as nossas reações. Dessa forma a emoção conserva o papel de organizador interno de nosso comportamento. O afeto é a parte de nosso psiquismo responsável pela maneira de sentir e perceber a realidade. A afetividade é, então, a parte psíquica responsável pelo significado sentimental de tudo que vivemos. Se algo que vivenciamos está sendo agradável, prazeroso, sofrível, angustiante, causa medo ou pânico, ou nos dá satisfação, todos esses conceitos são atribuídos pela nossa afetividade. Segundo ROSSINI (2001 p.9): A afetividade acompanha o ser humano desde o nascimento até a morte. Ela está em nós como uma fonte geradora de potência de energia. Sendo assim, a afetividade é essencial em qualquer momento da vida do ser humano, pois ela se manifesta ao decorrer da vida em todos os momentos e em todas as relações sociais. Podemos questionar então; o porquê que os primeiros gritos da criança são de choro? Direcionando isso pelo lado da afetividade, podemos afirmar que é uma forma de exercitar o interesse da mãe e provocar os cuidados necessários, já que se a mesma só demonstrasse alegria na fase que não sabe falar, talvez as pessoas que a rodeiam não entenderiam suas necessidades. Segundo Henri Wallon apud Isabel Galvão (1999. P. 43) No estágio impulsivo-emocional, que abrange o primeiro ano de vida, o colorido peculiar é dado pela emoção, instrumento privilegiado de interação da criança com o meio. Resposta ao seu estado de imperícia, a predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê as pessoas, as quais intermediam sua relação com o mundo físico; a exuberância de suas
12 manifestações afetivas é diretamente proporcional a sua inaptidão para agir diretamente sobre a realidade exterior. 12 O recém nascido tem essa capacidade de comunicação através de suas emoções encontrando assim uma forma de interagir com o outro, através das expressões de seus sentimentos. O recém-nascido não tem ainda outras formas de se comunicar com o outro, que não a emoção, esta sim, forma eficiente de comunicação; e que funciona em mão dupla, toda comunicação com o bebê também é emocional e corporal. Segundo Henri Wallon (1999. p ): O recém-nascido não se diferencia do outro nem mesmo no plano corporal. Situações comuns ao bebê, como aquela em que, surpreso, grita de dor após morder o próprio braço, ilustram o inacabado do recorte corporal. O bebê ainda não diferencia o seu corpo das superfícies exteriores. É pela interação com os objetos e com o seu próprio corpo em atitudes como colocar o dedo nas orelhas, pegar os pés, segurar uma mão com a outra que a criança estabelece relações entre seus movimentos e suas sensações e experimenta, sistematicamente, a diferença de sensibilidade existente entre o que pertence ao mundo exterior e o que pertence a seu próprio corpo. Por essas experiências torna-se capaz de reconhecer, no plano das sensações, os limites de seu corpo, isto é, constrói-se o recorte corporal. O choro inicial, o desconforto das cólicas, do frio, do calor, a exploração do próprio corpo, representam a exploração do EU, nesse primeiro momento corporal. Com o passar do tempo graças à exploração dos objetos e da linguagem, vai construindo o EU psíquico. Todo o processo de educação significa a construção do EU. A criança seja em casa, na escola, em todo o lugar, está se construindo como ser humano, através de suas experiências com o outro. Para Henri Wallon (1999. P ): A construção do eu - corporal é condição para a construção do eu psíquico, tarefa central do estágio personalista. No período anterior à aproximação da consciência de si, a criança encontra-se num estado de sociabilidade sincrética. O adjetivo sincrético é utilizado para designar as misturas e confusões a que está submetido a personalidade infantil. Indiferenciada, a criança percebe-se como que fundida nos objetivos ou nas situações familiares, mistura a sua personalidade à dos outros, e a destes entre si. No início o recém-nascido não se percebe como indivíduo diferenciado confundindo-se com o próprio meio, parece se misturar com a sensibilidade ambiente e, a todo instante, repercutir em suas reações e as relações de seu meio. A destinação entre eu e o outro só se adquire progressivamente, num processo que se faz nas e pelas interações sociais.
13 13 A construção do real vai acontecendo, por meio de informações e desafios sobre as coisas do mundo, mas o aspecto afetivo nessa construção continua muito presente. A construção afetiva e cognitiva acontece no primeiro ano de vida, sendo que a afetiva esta mais ligada às manifestações fisiológicas, construindo o ponto de partida do psiquismo. Conforme a criança vai se desenvolvendo, as emoções vão sendo subordinadas ao controle das funções psíquicas, da razão. E por toda a vida vão se alternando, numa relação de filiação e ao mesmo tempo oposição. Wallon (1999. P. 90) considera essencial a influencia social, pois ela estabelece um vínculo maior entre os indivíduos a fim de suprir a articulação cognitiva nos anos iniciais de vida de cada indivíduo. Segundo o autor: Portanto, no início da vida, afetividade e inteligência então sincreticamente misturadas, com o predomínio da primeira. A sua diferenciação logo de inicia, mas a reciprocidade entre os dois desenvolvimentos se repercute sobre a outra permanentemente. Ao longo do trajeto, elas alternam preponderâncias, e a afetividade reflui para dar espaço a intensa atividade cognitiva [...] Nessa perspectiva, a afetividade não é apenas uma das dimensões da pessoa, é também uma fase do desenvolvimento. O ser humano saiu da vida puramente orgânica e afetiva diferenciando-se lentamente para a vida racional. Lembrando-se de que os dois estão interligados e são inseparáveis. Contudo a atividade emocional é complexa e paradoxal; é também social e biológica, capaz de realizar a mudança entre o estado orgânico do indivíduo e sua etapa cognitiva, racional, só sendo atingido por meio do social. É no conhecimento afetivo que o psiquismo surge da vida orgânica e se manifesta no ambiente social que garante o acesso ao universo cultural dos homens ao longo da história. Dessa forma o indivíduo começa a tomar posse de instrumentos que o ajudará a desenvolver a capacidade cognitiva. Através da afetividade cria-se um vínculo poderoso, entre a ação do sujeito e os instrumentos intelectuais. De acordo com Wallon apud Galvão (1995 p ):
14 14 Mais determinante no início, o biológico vai progressivamente cedendo espaço de determinação ao social. Presente desde a aquisição de habilidades motoras básicas, como a preensão e a marcha, a influência do meio social torna-se muito mais decisiva na aquisição de condutas psicológicas superiores, como a inteligência simbólica. É a cultura e a linguagem que fornecem ao pensamento os instrumentos para a sua evolução. O simples amadurecimento do sistema nervoso não garante o desenvolvimento de habilidades intelectuais mais complexas. Para que se desenvolvam, precisam interagir com alimento cultural, isto é, linguagem e conhecimento. Dessa forma não é possível estabelecer o grau de conhecimento ou inteligência do indivíduo, pois estas só se dão através do convívio com a sociedade e o desenvolvimento individual de cada um. A afetividade está dentro do ser humano, ela é à base da vida, norteia o desenvolvimento do sujeito, em especial a construção da sua personalidade, e se manifesta no clima de acolhimento, de empatia, compreensão para consigo mesmo, e com os outros. A afetividade dinamiza as interações, as trocas, a busca, os resultados, facilita a comunicação, toca, envolve os participantes promovendo a união. Sendo assim um componente básico do conhecimento que está intimamente ligado ao sensorial e ao intuitivo. Através dela o ser humano procura direcionar o seu objetivo maior que é viver em harmonia na sociedade. Segundo Almeida, (1999, p. 69): O homem não precisa autopreservar-se como também se adaptar a diversas circunstâncias do meio social. É no convívio com o meio social, na interação com os outros que as emoções rudimentares vão se tornando mais socializadas. Assim comenta Martinet (1981), o fenômeno emoção é dinâmico em movimento em que uma expressão emocional impulsiona a outra, e assim sucessivamente. Nossas relações afetivas, nosso jeito de ver e pensar se dá primeiramente através das emoções e em segundo lugar no lado racional. A afetividade é um estado de afinidade profunda entre os sujeitos. Assim, na interação afetiva com outro sujeito, cada sujeito intensifica sua relação consigo mesmo, observa seus limites e, ao mesmo tempo, aprende a respeitar os limites do outro. A afetividade é necessária na formação de pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de conviver com o mundo que a cerca. De acordo com Rossini (2001, p.10): Podemos então, dizer que a
15 afetividade é essencial, para que haja o pleno desenvolvimento das características do ser humano, afetividade que domina todas as ações do sujeito. 15 Dessa forma podemos dizer que todas as ações do ser humano são antes de tudo, dominadas pela afetividade, permitindo que o sujeito se desenvolva. A educação está ligada a um segmento mais humano, voltada para as necessidades do ser humano e suas características de um ser dotado de espírito, corpo, emoção e razão. O afeto desempenha um papel importante no funcionamento da inteligência, pois sem o afeto não haveria interesse, necessidade e motivação, conseqüentemente os problemas não seriam questionados, sendo assim, não haveria inteligência. A afetividade é uma das condições necessárias da constituição da inteligência. De acordo com Piaget apudd Seber, (1997, p. 216): As construções intelectuais são permeadas passo a passo pelo aspecto afetivo e ele é muito importante. Tal aspecto diz respeito aos interesses, motivações, afetos, facilidades, esforço, ou seja, ao conjunto de sentimentos que acompanha cada ação realizada da criança. A afetividade é o motor das condutas. Ninguém se esforçará para resolver um problema de matemática, por exemplo, se não se interessar em absoluto pela disciplina. Percebemos então que os aspectos afetivos e cognitivos se relacionam mutuamente, em cada situação eles estão presentes influenciando as ações do sujeito. A escola é um espaço amplo, onde se encontra diferentes valores, experiências, concepções, culturas, crenças e relações sociais se misturam e fazem do cotidiano escolar uma rica e complexa estrutura de conhecimentos e de sujeitos. Essa rica heterogeneidade que permeia a escola acaba por se confrontar com uma estrutura pedagógica que está baseada num padrão de sociedade e de homem, onde a diferença e vista de forma negativa, gerando assim uma pedagogia excludente. No cotidiano escolar as relações têm se mostrado cada dia mais difíceis e conflitantes. Segundo Wallon apudd Galvão, (1995, p. 104): No cotidiano escolar são comuns as situações de conflito envolvendo professor e alunos. Turbulência e agitação motora, dispersão, crises emocionais desentendimentos entre alunos e destes com o professor são alguns exemplos de dinâmicas conflituais, que com freqüência deixam a todos desamparados e sem saber o que fazer. Irritação, raiva, desespero e
16 medo são manifestações que costumam acompanhar as crises, funcionando como termômetro do conflito. 16 O professor precisa estar apto emocionalmente, preparado e equilibrado para lidar com situações como essa. A relação eu - outro pode ser muito conflituosa, quando não há aceitação do outro como legítimo outro na convivência. (Maturana, 2008, p.84), na falta de habilidade de se lidar com os conflitos comuns, do dia a dia, e superá-los implica um desafio imbricado em questões políticas, econômicas sociais e pedagógicas. Para Paulo Freire, (1996, p. 142): O desrespeito à educação, aos educandos, aos educadores e educadoras, corrói ou deteriora em nós, de um lado a sensibilidade ou a abertura do bem querer que da prática educativa, de outro, a alegria necessária ao fazer docente. É digna de nota a capacidade que tem a experiência pedagógica para despertar, estimular e desenvolver em nos o gosto de querer bem o gosto de alegria sem a qual a prática educativa perde ao sentido. O educador pode transformar essa trágica realidade em que se encontra a educação. Sendo assim o ser humano vive em constante dilema, no aprendizado, de como lidar com as emoções, de como viver de forma harmônica na sociedade. Portanto conviver em sociedade não é fácil, mas devemos partir do princípio de que em educação, como em qualquer outra área profissional, e a valorização do indivíduo deve vir em primeiro lugar, pois seja ele, professor, aluno, vigilante ou servente o cidadão é acima de tudo uma pessoa dotada de capacidades, desejos e de sentimentos, buscando ver no outro a confirmação do bem e do carinho natural que deve existir entre os seres. Pois de acordo com Maturama, (1999, p. 15): Vivemos uma cultura que desvaloriza as emoções, e não vemos o entrelaçamento cotidiano entre razão e emoção, que constitui o viver humano, e não nos damos conta de que todo sistema racional tem um fundamento emocional. A afetividade, as emoções não são levadas em consideração, não há uma relação entre cognição e o afeto, hoje se preza mais a razão. Deixa-se de lado a relevância dos aspectos afetivos no processo do conhecimento.
17 17 Essa abordagem teórica traça um caminho orientado pelo movimento afetivo, baseandose na ética, na autonomia e no respeito. Posturas como estas ajudam a construir um ambiente favorável a construção do conhecimento. Para aprofundar essa temática aborda-se a afetividade na perspectiva de Henri Wallon, Jean Piaget e Lev S. Vygotisky, buscando compreender essas diferentes concepções A AFETIVIDADE E A APRENDIZAGEM NA CONCEPÇÃO DE WALLON Henri Wallon nasceu em Paris em 13 de junho de 1879, numa família republicana. Além de acadêmico foi um homem político, sua vida foi marcada mais por sua dedicação como pesquisador, do que pelos cargos políticos que chegou a assumir. Seus estudos têm como principal objetivo decifrar o homem, isto é, desvelar como um recémnascido, com toda a sua imperícia, transforma-se em adulto. Com essa preocupação, atribui um papel básico à emoção e sobre ela elaborou uma teoria psicogenética que ocupa lugar central fundamental em toda a sua obra. Wallon defendia uma educação integral, ou seja, capaz de possibilitar a formação do caráter e a orientação profissional. Dedicou-se a fazer da Psicologia uma ciência do homem. Entre os mais variados temas de investigação que sua teoria psicogenética desenvolveu, destacam-se: emoção, inteligência, consciência, atenção, imitação etc. Segundo Wallon, afetividade ocupa lugar central no processo de desenvolvimento da personalidade dos sujeitos e se constitui pelo domínio funcional, que depende de dois fatores: orgânico e social, numa relação recíproca que impede qualquer tipo de determinismo no desenvolvimento humano (ALMEIDA, 1999, p. 20). Não somos seres condicionados apenas pela nossa constituição biológica, uma vez que o social pode superar as condições biológicas. Isso significa dizer que a afetividade, de ordem basicamente orgânica, recebe influências do meio social, e dependendo de uma
18 evolução da afetividade que se afasta da base orgânica e se torna cada vez mais relacionada ao social. 18 Segundo o Wallon (1995, p. 32): Recusando-se a selecionar o único aspecto do ser humano e isolá-lo do conjunto, Wallon propõe o estudo integrado do desenvolvimento, ou seja, que este abarque os vários campos funcionais, nos quais se distribui a atividade infantil (afetividade, motricidade, inteligência). Vendo o desenvolvimento do homem, ser geneticamente social, como processo em estreita dependência das condições concretas em que ocorre, propõe o estudo da criança contextualizada, isto é, nas suas relações com o meio. É preciso pensar na educação da criança, vê-la como um ser completo, prepara-lá para a vida em todos os seus contextos e não somente nos contextos e disciplinas. Wallon (1992) afirma que desde as primeiras fases da infância, as relações afetivas estabelecidas, tanto no meio familiar quanto no contexto pedagógico, são determinantes na construção da identidade e do caráter da criança. Os vários estágios de desenvolvimento da criança, caracterizados por Wallon, desde o início da infância, até a vida adulta, tem como característica central a predominância alternada dos aspectos afetivos e cognitivos que no decorrer do desenvolvimento humano, a história da construção da pessoa será constituída por uma sucessão pendular de momentos dominantes afetivos ou momentos dominantes cognitivos. De acordo com Wallon (1992, p. 90): O ser humano foi, logo que saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade diferenciou-se, lentamente a vida racional. Portanto no início da vida, afetividade e inteligência estão sincreticamente misturadas, com a predominância da primeira. A sua diferenciação logo se inicia, mas a reciprocidade entre os dois desenvolvimentos se mantém de tal forma que as aquisições de cada um a repercutem sobre a outra permanentemente. Ao longo do trajeto, elas alternam preponderâncias, e a afetividade reflui para dar espaço à intensa atividade cognitiva. Podemos destacar então que, de acordo com Wallon, no início da vida predomina o aspecto afetivo e que no desenvolver do sujeito, os aspectos afetivos e cognitivos se entrelaçam em suas perpétuas interações recíprocas.
19 19 Ele analisou que no início da vida, a afetividade predomina e orienta as primeiras manifestações do bebê, desencadeadas pela fome ou saciedade, sendo esta as bases das relações afetivas. Manifestações estas que garantem a sobrevivência no período de total de dependência pela capacidade de mobilizar o ambiente, a fim de atender nossas necessidades básicas, criando vínculos imediatos com o meio social. Segundo Gonçalves (2003.p.14-15): O recém-nascido não tem ainda outras formas de se comunicar com o outro, que não via emoção [...] Cada movimento, cada expressão corporal dessa criança, acaba por receber um significado, atribuído pelo outro, significado esse do qual ela se apropria. Uma criança que chora porque seu estômago dói de fome, não chora inicialmente para alguém vir alimentá-la, mas chora porque causa dor. Ao receber a atenção que necessita, vai construindo os significados de cada ação sua. Dessa forma o recém-nascido estabelece o seu primeiro vínculo afetivo com o outro e a partir daí vai amadurecendo e atribuindo significados e construindo suas relações. Wallon ressalta ainda a importância da afetividade, alertando para o fato de que para evoluir, ela depende de conquistas realizadas no plano da inteligência e vice-versa. A afetividade seria tão importante quanto à inteligência, uma vez que se constituem num par inseparável na evolução do indivíduo, já que à medida que o indivíduo se desenvolve, as necessidades afetivas se tornam cognitivas. (ALMEIDA, 1999, p. 23). O autor ressalta que o aspecto afetivo e cognitivo, são dependentes um do outro e que no desenvolver da consciência um dará lugar ao outro, mas sempre haverá uma reciprocidade. A afetividade está vinculada às sensibilidades internas e orientada para o mundo social, para a construção da pessoa, e a representação de ordem intelectual está vinculada às sensibilidades externas, orientadas para o mundo físico. Ou seja, a afetividade é fundamental para o desenvolvimento humano, tendo o papel de determinar os interesses e necessidades individuais do sujeito, antecedendo o que Wallon chama de inteligência. Para o Wallon (1995, p. 97): Tendo por objetivo a psicogênese da pessoa concreta, a teoria Walloniana, se utilizada como instrumento para a reflexão pedagógica, suscita uma prática que atenda as necessidades da criança nos planos afetivo, cognitivo e motor, que promova o seu desenvolvimento em todos esses níveis.
20 20 Para o autor não é possível pensar a inteligência de forma isolada, ela é um conjunto de fatores que devem ser levados em conta, pensando o ser humano por completo. A origem da conduta emocional é orgânica, sendo expressa involuntariamente e incontrolavelmente, tornando-se suscetível de controle voluntário. No adulto, esse comportamento aparece apenas nos momentos difíceis, em situações novas com poucos recursos. Daí a questão levantada por Dantas (1992) que sugere a educação da emoção, o que pressupõe o conhecimento do modo como esta funciona, uma vez que essa explosão orgânica provocada pela emoção diminui a percepção exterior dificultando as atividades nas relações interpessoais. Wallon (1995, p. 67) ressalta ainda que: No bebê, os estados afetivos são invariavelmente vividos como sensações corporais, e expressos sob a forma de emoções. Com a aquisição da linguagem diversificam-se e ampliam-se os motivos dos estados afetivos, bem como os recursos para sua expressão...ao longo do desenvolvimento, a afetividade vai adquirindo relativa dependência dos fatores corporais. O recurso a fala e a representação mental fazem com que variações nas disposições afetivas passam a ser provocadas por situações abstratas e idéias, e possam ser expressas por palavras. À medida que o ser humano vai se desenvolvendo vão aparecendo outras formas de manifestações afetivas, a criança chora, berra e quando começa a amadurecer começa a ter reações diferentes. Nesse contexto, Wallon cria uma teoria de desenvolvimento da personalidade, que privilegia a relação entre o domínio afetivo e cognitivo, num movimento dialético, sugerindo assim como nos estudos sobre o desenvolvimento cognitivo, etapas para o desenvolvimento afetivo, e pontua três momentos principais das fases do desenvolvimento afetivo: a fase da afetividade emocional, onde as trocas afetivas dependem inteiramente da presença do parceiro, necessitando da presença da comunicação, nessa fase está em primeiro plano a construção do sujeito. A segunda é a afetividade simbólica, onde a inteligência constitui a função simbólica, sendo incorporada pela linguagem (oral e depois escrita) e a terceira, e última, a
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