FUTSAL FEMININO: A PRÁTICA E SUAS LIMITAÇÕES
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- Ângelo Campos Affonso
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1 9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções) ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( X ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( ) SAÚDE ( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA FUTSAL FEMININO: A PRÁTICA E SUAS LIMITAÇÕES Juceline Taufer Fochi 1 Adriano Barreto 2 Miguel Freitas Júnior 3 RESUMO Este trabalho teve como objetivo estudar os fatores que levam as meninas do Projeto de Extensão Escola da Bola UEPG praticar a modalidade de futsal, e investigar se o ambiente propicia alguma limitação para essa prática. Para tanto, foram selecionados 26 alunos, estes sendo 13 meninas e 13 meninos para a aplicação de um questionário. Através deste foi possível alavancar questões sexistas e de iniciação desportiva. As respostas apontaram para várias diferenças entre os gêneros. Entre elas, a dedicação menor nos esportes e iniciação mais tardia por parte do feminino. A modalidade futsal feminino foi considerada normal para ambos os gêneros, mostrando que apesar das dificuldades enfrentadas, o esporte vem crescendo e apresentando maior aceitação social. Mesmo assim, o reconhecimento muitas vezes é fruto de seus atributos físicos, e não atléticos. Verificou-se também que a escola é o principal ambiente de iniciação, e a família o agente considerado influenciador. Revelando que esses dois ambientes têm papel fundamental na iniciação e prática esportiva das crianças e adolescentes. Um acervo motor considerável na infância permite um desenvolvimento maior de habilidades e capacidades motoras e um desempenho melhor em esportes como o futsal. Melhoras estas que só poderão ser realizadas através de um trabalho conjunto, de escola com profissionais aptos, família, e comunidade. Ações como o Projeto Escola da Bola viabilizam essa interação e proporciona através do esporte um meio de socialização e desenvolvimento de possíveis talentos esportivos. PALAVRAS CHAVE Iniciação Desportiva, Sexismo, Escola da Bola. 1 Acadêmico UEPG. Grupo de estudos Esporte, Lazer e Sociedade. ju_fochi@hotmail.com 2 Acadêmico UEPG. Grupo de estudos Esporte, Lazer e Sociedade. jahprovera@yahoo.com.br 3 Doutor, Professor Orientador. mfreitasjr72@ibest.com.br
2 9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 2 Introdução A prática do futebol de salão feminino foi autorizada pela Federação Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA) em 23 de abril de 1983 (TEIXEIRA, 1992). Apesar de o futsal feminino apresentar uma evolução significativa nessas quase três décadas, ele ainda passa por desafios que dificultam sua ascensão no âmbito esportivo. Foi através do Projeto Escola da Bola, no qual atuamos como estagiários, que surgiram questões referentes à técnica, inclusão e socialização feminina no futsal. Diante disto, partimos das seguintes indagações: O que leva essas meninas a praticarem uma modalidade quase predominante masculina? Porque esse gosto revela-se geralmente apenas no final da infância e começo da adolescência? Que visão elas mesmas tem do esporte? Questões estas que foram abordadas e discutidas no decorrer deste trabalho. O Projeto Escola é um projeto de extensão de cunho social, desenvolvido na Universidade Estadual de Ponta Grossa desde março de Além da formação de possíveis talentos desportivos, o projeto tem como objetivo trabalhar com valores humanos para o desenvolvimento de talentos sociais. São atendidas cerca de 300 crianças e adolescentes entre 7 e 15 anos, de ambos os sexos de segunda a quinta-feira, no contra turno escolar. As modalidades ofertadas (futebol, futsal, basquete, vôlei, lutas e dança) se subdividem em 3 grupos: grupo I, de 7 à 9 anos; grupo II, de 10 à 12 anos e grupo III, de 13 á 15 anos, e são ministradas por acadêmicos do curso de Educação Física Em especial, a modalidade de futsal, que daremos atenção neste trabalho, atende cerca de 40 alunos, sendo estes 25 meninos e 15 meninas. Como parâmetro para este trabalho foram selecionados 13 meninos e 13 meninas. É importante ressaltar que na modalidade futsal feminino há apenas a presença do grupo III, ou seja, meninas de 13 a 15 anos. Os treinos são realizados segundas e quintas-feiras, com duração de 90 minutos para ambos os sexos. É este o contexto que possibilitou as reflexões contidas nas próximas linhas. Pretendemos refletir sobre as perguntas que já levantamos acima no intuito de compreender porque (e fizemos isso a partir das meninas e dos meninos que já participam do Projeto Escola da Bola) há preponderância de meninas de faixa etária mais alta na modalidade futsal. Neste sentido, este é um trabalho que tem seus limites no nosso campo de estudo, o já referido Projeto Escola da Bola, e como referencia temos 26 alunos(as) qual aplicou-se um questionários na tentativa de recolher algumas considerações dos(as) próprios(as) praticantes da modalidade apreendendo os limites do ponto de vista deles(as) a adesão de meninas ao futsal. Objetivos Nosso objetivo é (no Projeto Escola da Bola) refletir sobre os fatores que levam as meninas a praticarem a modalidade de futsal, bem como investigar se o ambiente (das suas casas ou comunidades, amigos ou mesmo familiares) propicia alguma limitação para a prática do futsal feminino. Por fim pretendemos fazer uma breve reflexão sobre a capacidade do Projeto Escola da Bola na formação profissional dos acadêmicos envolvidos no mesmo. Metodologia Para este trabalho usamos o questionário de avaliação do próprio Projeto Escola da Bola, onde questões abertas objetivam o pensamento livre e respostas fiéis dos alunos quanto sua participação e relevância do projeto na sua vida. A ênfase foi dada nas seguintes questões: 1) Quais os motivos que fizeram com que você escolhesse a modalidade de futsal no projeto? 2) O que você faz quando não está na escola e/ou participando de atividades do projeto? 3) Você já praticava esta modalidade antes de entrar no projeto? Onde? 4) Qual era a sua idade quando começou a praticar o futsal? 5) Recebeu incentivo de alguém para praticar futsal? 6) O que você pensa sobre meninas que jogam futsal? Este questionário foi aplicado em 26 alunos, sendo estes 13 meninas e 13 meninos, com faixa etária de 13 à 15 anos, participantes do projeto na modalidade de Futsal. O questionário com 11 questões abertas foi aplicado após o término do treino, tanto para o masculino, quanto para o feminino. Houve uma explicação detalhada das questões e a solicitação para que fosse preenchido de imediato. Resultados A partir dos questionários obtemos os seguintes resultados: Quando questionados quanto ao tempo livre, ou tempo de folga, os meninos responderam ocupá-lo quase que exclusivamente na prática esportiva, principalmente na prática do futebol ou
3 9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 3 futsal aliado também a meios de comunicação como televisão e internet. Enquanto as meninas dedicam seu tempo dividido em tarefas domésticas, passeios, estudos, televisão e internet, e uma minoria na prática de esportes. Ao responder o que levou escolher a modalidade de futsal no projeto, os meninos salientaram o gosto pelo esporte e o prazer que ele proporciona, vinculado com o desenvolvimento de habilidades físicas, técnicas e táticas que melhoram seu desempenho e que possam proporcionar projeções. Já as meninas evidenciaram aspectos emocionais ligados ao prazer de praticar esportes e a diversão que a modalidade proporciona, além do interesse pela descoberta e inserção desse esporte. A escola foi o principal ambiente citado em ambos os gêneros quando solicitados que respondessem onde costumavam jogar futsal. Ainda, ginásios e campos próximos de casa, sendo que estes, menos usados pelas meninas. Ao indagar sua idade de iniciação no futsal, grande parte dos meninos responderam iniciar por volta dos 7 anos, sendo que nenhum começou depois dos 8 anos. Com relação ao feminino, todas tiveram um primeiro contato com o esporte após os 8 anos, considerando que a maioria iniciou com 10 anos. A família apresentou-se como a maior incentivadora e influenciadora tanto para os meninos, quanto para as meninas. Uma minoria ainda constatou a falta de incentivos. E para uma parte masculina o ganhar uma bola foi o grande artifício para o início da prática. Quando questionados sobre sua posição frente a meninas que jogam futsal, ambos gêneros responderam ser uma prática normal. Houve ainda aqueles meninos que responderam fazendo menção a questão estética quanto às meninas que jogam futsal afirmando que se (as meninas que jogam futsal) forem bonitas, melhor ainda. Análise dos resultados Diante dos questionários ficam visíveis pontos que diferenciam os dois gêneros. O esporte, pelo menos na infância e adolescência, é visto com dois olhares distintos, e isso é mais evidente em modalidades como o futsal. Poucas são as meninas que dedicam seu tempo a prática ou vêem o futsal como um meio de projeção pessoal ou profissional. O esporte parece não ter tanta importância, quanto tem para os meninos. Isso pode ser explicado, pelo fato de que o futsal feminino ainda passa por um período de aceitação na sociedade. A idéia da aproximação entre o futsal e a masculinização da mulher ainda é muito forte, o que acaba gerando preconceitos referentes a prática feminina. Segundo Knijnik (2003) resquícios ainda dos tempos onde a mulher era proibida de praticar esportes podem ser vistos na atualidade. Estereótipos arraigados, preconceitos difundidos e mesmo ações discriminatórias que dificultam e atravancam a vida da mulher enquanto desportista. Chavões de beleza e de sexualidade são comumente utilizados para designar atletas de diferentes modalidades. Isso se confirmou, quando os meninos foram questionados sobre meninas que jogam futsal: Se forem bonitas, melhor ainda., refletindo a idéia que as meninas são reconhecidas no esporte muito mais por seus atributos físicos do que pelos atléticos. Foi constatado também que enquanto os meninos se inserem no futsal antes dos 8 anos, é exatamente a partir dessa idade que as meninas começam a praticar, sendo entre 10 e 12 anos a faixa etária mais apontada como de iniciação. Júnior (2009) relata que a Fase de Aquisição que abrange a faixa etária de 6 à 9 anos tem o objetivo melhorar as bases motoras gerais, bem como, despertar o interesse pelo esporte. Considerando o questionário, onde as meninas dedicam pouco tempo para a prática esportiva, conclui-se que um repertório motor fundamental escasso, dificulta seu desempenho e a aquisição de habilidades especializadas nos esportes e modalidades específicas como o futsal, apresentando-se como um fator restritivo para a qualidade técnica do futsal feminino. A família foi apontada como a principal incentivadora em ambos os gêneros. Mas e porque esse incentivo para as meninas é feito apenas na adolescência? Na realidade, não há uma proibição para a prática, mas dificilmente os pais vão matricular suas filhas, ainda na infância, em uma escolinha de futsal, porque isso ainda não é uma atitude comum na sociedade. Normal seria matricular em academias de balé, por exemplo. E é na adolescência onde a necessidade de afiliação a um grupo, é uma razão freqüentemente citada para a participação em esportes. É nessa época que o indivíduo analisa e opta por uma modalidade. Ou seja, a idéia de jogar, dificilmente parte da família. O adolescente opta, e a família aceita. A escola se apresenta como o principal ambiente da prática do futsal. Para os meninos com melhores condições de vida, têm à disposição, clubes escolinhas e instituições para a prática. Para as meninas, o número ainda restrito de adeptas, já é um percalço para a prática, além da carência de
4 9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 4 escolinhas e clubes que executem trabalhos desse gênero. Projetos como o Escola da Bola é um oportunidade além da escola, para a vivência desse esporte. Considerações finais O Projeto Escola da Bola é uma oportunidade para que os acadêmicos experienciem a prática profissional sob a supervisão dos professores responsáveis e ainda acreditamos que é uma forma de proporcionar retorno à comunidade das atividades acadêmicas quais financiadas por recursos públicos. Este tipo de experiência é fundamental na formação profissional visto que coloca os acadêmicos diante do espaço de atuação para qual estão sendo formados e diante da reflexão empírica qual a teoria apreendida em sala de aula se confronta com o real. No caso que tratamos aqui é significativo o fato de que independentemente da formação do Educador Físico, seja ele voltado para o bacharel ou para a licenciatura, a emergência de situações complexas, como iniciação esportiva relacionada a questões de sexistas, apresentam-se como um desafio a ser superado nos campos de atuação profissional. Nesse sentido, ficou evidente que mesmo sob o bacharel (qual aqui demonstrou preocupação com a iniciação esportiva feminina, especificamente na modalidade de futsal) as necessidades educacionais para com os meninos e as meninas participantes do projeto se fazem presente, ficando a seu encargo desenvolver possibilidades de atuação profissional que visem construir uma nova postura frente as questões que emergem do seu campo de trabalho. Mesmo que muitas vezes esta potencialidade seja restrita a um espaço especifico de atuação, a experiência e a própria comunicação desta experiência, permitirá repensar a prática profissional e no caso aqui repensar os conteúdos teóricos apreendidos pelos acadêmicos em sala de aula. A repercussão de todas estas interações entre os professores, os acadêmicos e a comunidade proporcionará um trabalho de mais qualidade para a população, e uma formação mais concreta para com os acadêmicos. Como se vê neste trabalho este confronto com o real faz necessário uma investigação mais profunda qual intentamos iniciar nesta breve reflexão. Entendemos que é este o papel relacional que se estabelece entre o ensino, a extensão e a pesquisa. Este tripé tão conhecido objetiva por fim a formação de profissionais de qualidade capacitados para o trabalho profissional que na melhor das hipóteses proporcionarão um serviço de qualidade para com as pessoas quais estarão envolvidas futuramente.
5 9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 5 Referencias - FERREIRA, Ricardo Lucena. Futsal e a Iniciação. 6ª Edição. Rio de Janeiro : Editora Sprint, FREIRE, João Batista. Pedagogia do Futebol. Londrina : Ney Pereira Editora Ltda, JÚNIOR, José Roulien de Andrade. Futsal, Iniciação e Especialização. Curitiba : Editora Juruá, KNYNIK, Jorge Dorfman. A Mulher Brasileira e o Esporte: seu corpo, sua história. São Paulo : Editora Mackenzie, SANTANA, W.C.; REIS, H. H. B. Futsal Feminino: perfil e implicações pedagógicas. R. bras. Ci. E Mov (4) TEIXEIRA, Jober Júnior. Futebol de Salão: uma nova visão pedagógica. 3ª Edição. Porto Alegre : Sagra, 1992.
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