UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO ESTOMATOLOGIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DENTiSTICA
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- Orlando Franca Almada
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO ESTOMATOLOGIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DENTiSTICA CIMENTOS RESINOSOS ADRIANA COELHO WEIDGENANT Monografia apresentada à disciplina de Dentistica - UFSC, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista em Dentistica. e^, r - Orientador: Prof. Gilberto Arcari FLORIANÓPOLIS, 2004
2 Dedico este trabalho aos meus pais, a minha irmã, e ao meu namorado Stephan.
3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 4 1. HISTÓRICO COMPOSIÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS CIMENTOS RESINOSOS Reação de polimerização Espessura de película Resistência de união Biocompatibilidade e sensibilidade pós-operatória Estética Viscosidade Radiopacidade Resistência a abrasão "3 3. APLICAÇÕES CLÍNICAS Restaurações indiretas de porcelana Restaurações indiretas metálicas Restaurações indiretas de resina composta CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 34
4 INTRODUÇÃO As restaurações estéticas indiretas, atualmente são procedimentos que estão em grande uso e por sua vez, em grande desenvolvimento. Concomitantemente, os cimentos resinosos também sofrem grande evolução. Segundo BRUKL et al, em 1985, o cimento e o elo mais fraco da estrutura formada pela associação peça protética cimento dente. Essa deficiência desperta o interesse pelo assunto e contribui para o aumento da variedade de agentes cimentantes. Os cimentos de fosfato de zinco representaram, por muito tempo, a principal opção para a cimentação de restaurações indiretas. Mas a capacidade de adesão proporcionada por agentes adesivos as estruturas dentais aliada a vantagem estética, proporcionada pela possibilidade de cores, fazem dos cimentos à base de resina uma alternativa cada vez mais utilizada nos consultórios odontológicos. O cirurgião dentista deve estar a par das características, que incluem composição, espessura de película, características estéticas, validade, resistência, dentre outras, bem como a indicação precisa desses materiais para proporcionar um tratamento atual e de qualidade para os seus pacientes.
5 "AMMO. r, '- ' 5 A importância, as vantagens, bem como as desvantagens, o modo de utilização, os tipos existentes e outras informações necessárias serão abordadas nessa revisão de literatura.
6 I. HISTÓRICO A evolução dos materiais e dos sistemas adesivos odontológicos proporcionaram uma grande ascensão da Dentistica Restauradora, principalmente aos aspectos ligados Estética, segundo PINTO et al (2002). A melhoria da saúde bucal, dos materiais restauradores e das técnicas empregadas na Odontologia permitiram o desenvolvimento de procedimentos mais conservadores, principalmente os estéticos adesivos, tanto para dentes anteriores quanto posteriores. Segundo CARVALHO e PRAKKI (2001), desde os primórdios da -era adesiva" em 1955, é notado um constante aprimoramento das resinas compostas e dos materiais de adesão as estruturas dentais. PINTO et al (2002), citam que historicamente, o interesse pela estética nas restaurações coronárias não é recente. Segundo HOFFMAN-AXTHELM(1973), restaurações do tipo inlay em cerâmica eram utilizados como soluções estéticas desde desenvolvimento da restauração do tipo inlay de cerâmica ocorreu em 1882, sendo relatada pela primeira vez por BRUCE (1891). Assim, NYMAN (1905), relatou que a falta de um agente cimentante eficiente e as características das porcelanas que apresentavam baixa resistência, no inicio do século XX
7 7 tornaram o ouro e a amálgama materiais restauradores padrões para uso em restaurações dos dentes posteriores. 0 mais significante evento desta época, em relação à evolução dos materiais estéticos, provavelmente tenha sido o desenvolvimento da resina epóxica. Sendo assim, justamente como o desenvolvimento das resinas compostas, os materiais de fixação também evoluíram muito e, com o advento dos cimentos a base de resina, problemas como resistência de unido, resistência ao desgaste e outros, puderam ser contornados em relação aos cimentos de fosfato de zinco, que proporcionavam adequada resistência mecânica, porém, solubilidade relativamente alta em ambiente bucal, de acordo com CARVALHO e PRAKKI (2001). FONSECA et al (2000), citam que concomitantemente ao desenvolvimentos das restaurações estéticas indiretas, surgiram os cimentos resinosos de ativação química, fotoquimica e fotoativada cuja constituição assemelha-se à das resinas restauradoras, porém em proporções diferentes para preencher os requisitos necessários aos procedimentos de cimentação, ou seja, consistência e resistência adequadas. EL-MOWAFY, EL-BADRAWY e RUBO (1999), relatam que as aplicações dos cimentos resinosos têm aumentado consideravelmente nos últimos anos. Eles são materiais de escolha para a cimentação de inlays cerâmicos e restaurações do tipo onlays, restaurações de resina composta indireta, coroas cerâmicas, bem coin facetas de porcelana e pinos intraradiculares.
8 o De acordo com PINTO et al (2002), citam-se como características ideais de uma agente cimentante : adesividade ao dente, aos materiais utilizados para preencher o preparo, pequena espessura de película, alto escoamento, tempo de trabalho longo, presa rápida quando ativada quimicamente, se capaz de corrigir eventuais falhas de adaptação e fácil remoção de excessos quando polimerizado, porém, infelizmente, não podemos encontrar atualmente um produto que desempenhe isoladamente suas funções satisfatoriamente. Apesar disso, os cimentos resinosos têm evoluído rapidamentejunto com a evolução dos sistemas adesivo e, cada vez mais a sua utilização tem crescido por vantagens como modos de ativação diferenciados, possibilidades de cores, alta resistência, baixa solubilidade e alta retenção micromecfinica e química, quando comparados aos cimentos tradicionais.
9 2. COMPOSIÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS CIMENTOS RESINOSOS Os cimentos resinosos são resinas compostas, porém com menor quantidade de carga, a fim de apresentarem a fluidez necessária A cimentação. Isso quer dizer que a base é o sistema monomérico BIS-GMA ( Bisfenol-A metacrilato de glicidila) em combinação com moniimeros de baixa viscosidade, além de cargas inorgânicas ( vidros com cargas metálica, Si02) tratadas com silano. As partículas inorgânicas se apresentam nas formas angulares, esféricas ou arredondadas, com conteúdo em peso variando entre 36 a 77% e diâmetro médio entre 10 e 15um. Os agentes de união são monemeros resinosos bifuncionais polimerizáveis ( 4-META, PMDM,HEMA e outros ) e solventes orgânicos : água, acetona e álcool. Isso confere a adesão A dentina e a adesão ao esmalte é conferida pelo condicionamento ácido. (CARVALHO e PRAKKI, 2001)
10 lo 2.1 REAÇÃO DE POLIMERIZAÇÂO Quanto à reação de polimerização, os cimentos resinosos podem ser classificados em : autopolimerizaveis, polimerizaveis por ação de luz visível e dupla reação ("dual"). Neste a reação de polimerização é iniciada pela emissão da luz visível e por reação química ( peróxido de benzoila ), monômeros fotoiniciadores, como as acetonas aromáticas (canforoquinona) e aminas promotoras da reação de polimerização. Essa categoria serve para assegurar a completa polimerização do cimento, mesmo sob restauração opacas e espessas, onde a luz não é capaz de alcançar. (CARVALHO e PRAKKL 2001) Segundo BADRAWY et al, em 1999, durante a cimentação de uma restauração tipo inlay, as partes periféricas da interface de cimento, principalmente o aspecto oclusa!, são praticamente as imicas partes que podem se beneficiar largamente de ambos, auto cura e cura pela ação da luz. Já em partes remotas do cimento, como o assoalho gengival da cavidade, deve-se confiar mais no componente de auto cura do sistema de polimerização. Vale ressaltar que a dupla ativação oferece ao clinico a vantagem do controle da polimerização, facilitando a remoção de excessos do material e diminuindo o tempo necessário para finalização do procedimento. (CARVALHO e PRAK1U, 2001).
11 FOXTON et al, em 2002, cita que em utilizando cimentos resinosos (duais) é recomendado que se direcione a luz do fotopolimerizador sobre a restauração indireta em várias direções para se certificar que a maior quantidade de luz possível atinja a camada de cimento.
12 I ESPESSURA DE PELÍCULA A espessura de película é uma das propriedades de grande importância na eleição de um cimento. Caso ela seja excessivamente alta, pode resultar em recidiva de cárie e/ou deslocamento e remoção da peça cimentada (ANDRADE et al, 2000) Ainda segundo ANDRADE et al (2000) a espessura de película é característica inerente a cada cimento, relacionada a fatores como o tamanho e a forma das partículas, consistência e grau de polimerização. Mas deve-se ressaltar que a quantidade de partículas de um cimento resinoso está ainda relacionada as suas propriedades mecânicas, ou seja, quanto maior for a sua espessura de película, melhores sell() suas propriedades mecânicas e menor a contração de polimerização. LE1NFELDER et al (1989), concluíram que a desadaptação marginal de restaurações estéticas indiretas não deve ser superior a 100um, pois uma desadaptação superior a este valor poderia resultar em desgaste excessivo do agente de cimentação, dando origem a fratura das margens, infiltração e cáries secundárias. Sendo que ADABO et al (2001), em estudo realizado, acharam valores de espessura de película para os cimentos resinosos, Enforce, Variolink e Scothbond Resin Ciment muito próximos aos preconizados pela American Dental Association (ADA) para o cimento de fosfato de zinco que é de 25um.
13 I RESISITÊNCIA DE UNIÃO 0 sucesso das restaurações indiretas é dependente, entre outros fatores, da efetividade do agente de fixação que promove a adesão entre a restauração e a estrutura dentária, segundo BLAIR at al (1993). Segundo CREPALDI, PINHEIRO e SOUZA (2000), a capacidade de adesão dos cimentos resinosos As estruturas dentárias, bem como As restaurações indiretas 6, em grande parte, responsável pelo selamento das restaurações. Nessas restaurações existe maior quantidade de Area de aderência (superfície dentária de restauração) do que livre, ou seja, a linha de cimento resinoso. Sendo assim, quando ocorre a contração de polimerização, não existe área suficiente para o relaxamento das tensões geradas, desta forma, estas tendem a se concentrar justamente na interface adesiva, dai a importância de haver resistência elevada, tanto na interface dente/cimento resinoso, quanto na interface material restaurador/cimento resinoso. CARVALHO e PRAKKI (2001) citam que, a resistência adesiva do esmalte se deve a criação de microporosidade na sua estrutura através de um condicionamento ácido efetivo. Isso acontece pois o esmalte dentário é um substrato extremamente homogêneo. Contudo a dentina apresenta uma morfologia extremante complexa, com uma estrutura fisiologicamente dinâmica e vitalizada. Por esses motivos, a qualidade de adesão obtida ai é inferior quando comparada a do esmalte. 0 que se busca então é a hibridização, processo esse que seria completo se a polimerização do agente de união ocorresse imediatamente após à sua aplicação sobre a dentina.
14 I 4 Isso se explica pois os fluidos intradentinários que afloram dos Kibulos por ação intrapulpar do dente vital diluem o agente adesivo após a sua aplicação, até o momento de polimerização, interferindo assim no seu processo de interpenetração pela rede coldgena. CREPALDI, PINHEIRO e SOUZA (2000), relatam que a adesão do agente cimentante porcelana é dada as custas de retenção mecânica promovida pelo condicionamento da superficie interna da restauração associado à união química proporcionada pelo agente silano. Nos sistemas cerâmicos que tem alumina infiltrada com vidro (In-Leram-Vita) não se utiliza exatamente o mesmo método que usado para as cerâmicas feldspáticas convencionais, onde se faz um condicionamento com ácido fluoridrico à 2% e tratamento com agente silano, simplesmente. Isso porque no caso do sistema In-leram, tal procedimento enfraqueceria a união adesiva, própria da eliminação da matriz vitrea após o condicionamento. ANDREATA et al (2003), citam um método de tratamento para cerâmica ahuninizada infiltrada com vidro, que é o tratamento com jateamento da superficie aluminizada com o sistema Rocatec (3M-ESPE). Esse sistema compreenderia o Rocatec-Pre, onde é feito o jateamento com óxido de alumínio (110mm), seguido do Rocatec- Plus, que é uma camada de pó de silica especial (30inm) e por fim o Rocatec-Fil, com a aplicação do agente silano. Nas restaurações indiretas metálicas ou, nas restaurações em que a superficie interna for metálica, a retenção mecânica pode ser obtida através de condicionante eletroquimico, químico ou jateamento com óxido de alumínio, cuja granulação média deve ser de aproximadamente 50 micrômetros, segundo FRANÇA (2002).
15 F RR CI Dibliamace, gq,40.,) por De acordo com CARDOSO, FRANÇA e MUENCH (1998), a resistência de união em uma superficie metálica está relacionada com o tratamento que ela recebe. Esses autores concluíram em estudo realizado, que superficies lisas em metal promovem valores baixos de resistência de união. Já o ataque eletrolitico e o jateamento com o "Micro-Etcher" promovem valores mais altos de resistência. Mas o sistema silicoater (Kulzer), que consiste em um jateamento com óxido de alumínio seguido da aplicação de várias camadas conforme orientações do fabricante, é o que promove a maior resistência de unido em superficies metálicas. CONSANI et al (2000), citam que os cimentos resinosos promovem superior resistência coesiva e união adesiva As superficies metálicas do que os cimentos convencionais como o cimento de fosfato de zinco e o cimento de ionômero de vidro. Em restaurações indiretas de resina composta ( Inlays, Onlays), a resistência de união aumenta quando se faz uma ligeira abrasão na parte interna do inlay/onlay com uma ponta diamantada ou um microjateamento com óxido de alumínio a 50 micrômetros, pois isso gera uma superfície mais reativa da restauração de resina e causa retenção micromecfinica segundo BARATIERI (2001).
16 I G 2.4 BIOCOMPATIBILIDADE E SENSIBILIDADE PÓS-OPERATÓRIA A sensibilidade dental após cimentação de restaurações indiretas com cimentos resinosos é um fator normalmente relacionado a problemas como, excessiva pressão na adaptação de uma restauração, contração de polimerização, fratura dos dentes ou das restaurações, insuficiente polimerização do cimento resinoso, entre outros fatores. Segundo CARVALHO e PRAKKI (2001), a excessiva pressão na adaptação de uma restauração gera uma pressão hidráulica no dente, podendo causar reações pulpares e conseqüentemente sensibilidade pós operatória. Outros problemas como a contração de polimerização dos cimentos, fraturas dos dentes ou das restaurações, podem gerar fendas marginais causando infiltração. PEGORARO et al (2002) citam que a redução da espessura do remanescente dentindrio aumenta a permeabilidade denfindria porque um maior numero ou uma maior largura dos tiibulos dentinários ficará exposta, e pela proximidade da polpa, aumenta o potencial de irritação pulpar. Essas alterações podem ser causadas ainda por remoção do "smear layer" e pela pressão hidráulica que ocorre no momento da cimentação com diferentes efeitos dependendo de qual parte do dente for preparada.
17 17 Estudos clínicos de restaurações de porcelana cimentadas com materiais resinosos indicam uma incidência de sensibilidade pós-operatória variando de 14 a 30%, segundo CAR VALHO e PRAKKI (2001). BEATTY et al. (2002), citam que os produtos utilizados para reduzir a sensibilidade dentindria podem ocluir, selar ou reestruturar o tübulo dentindrio aberto. A ação dos adesivos resinosos é considerada promissora para a desensibilização a longo prazo. Quando polimerizado, uma sólida camada de resina fica ancorada na superficie dentinaria, selando dessa forma os tfibulos dentindrios abertos. Essa abordagem é eficaz para a desensibilização de dentina cervical exposta por intervalos maiores que um ano. Infelizmente, certos ainda reportam sensibilidade dentinaria logo depois da colocação desses materiais, e acredita-se que isso aconteça pois uma inadequada polimerização causa descolamento precoce e infiltração entre o adesivo e a dentina. Segundo PEGORARO et al (2002), a toxicidade dos materiais esta diretamente relacionada com a permeabilidade dentindria, que varia de acordo com a localização, profundidade, idade, duração de exposição, quantidade de dentina esclerótica, troca de fluidos por evaporação, estimulação térmica causada por trauma durante o preparo dental. Para reduzir o risco de inflamação e conseqüentemente irritação pulpar, algumas preocupações durante a pré-cimentação devem ser tomadas : Perfeito selamento da restauração provisória; Remoção do "semear layer" superficial;
18 I 8 Tratamento da dentina com uma solução anti-bacteriana; Cobertura da dentina com um adesivo para reduzir permeabilidade dentinária; Manutenção da espessura do remanescente dentindrio por volta de 1,5mm após preparo dental; Cimentação definitiva o mais cedo possível.
19 Is 2.5 ESTÉTICA Segundo QUINTELLA et al (2000), as observações clinicas ao longo do tempo, detectaram uma grande dificuldade relacionada a cor fmal na colagem de restaurações estéticas indiretas. E a cor do material de cimentação utilizado influi diretamente no resultado final do trabalho. Isso se torna particularmente importante em facetas de dentes anteriores, onde o dentista tende a preparar minimamente o dente e restaura utilizando uma cerâmica translúcida ou material resinoso. Devido A. essa translucidez da porcelana, o resultado estético ficou na dependência dos cimentos resinosos que oferecem uma gama maior de cores para a colagem destas peças. Mas por sua vez, a grande variedade de cores desses cimentos, tem sido a principal causa de dúvida entre os profissionais, que estão preocupados com os resultados estéticos de seus trabalhos. FRANÇA (2002), cita que a maior parte dos cimentos resinosos ativados quimicamente é branco opaco por serem destinados à cimentação de restaurações metálicas. JA os cimentos resinosos universais apresentam uma (mica cor que tenta se adaptar as cores de todos os dentes, Sendo que a grande maioria dos cimentos resinosos apresentam opções de cor. 0 Variolink II (Vivadent) apresenta 3 cores : branco, amarelo, marrom, além de um opaco e um transparente. Já o Enforce (Dentsply) como vários outros cimentos resinosos apresenta escala de cores baseada na escala "Vita". 0 Opal Luting Composite da 3M apresenta um sistema que combina cores com 3 tipos de opacidade.
20 20 Outro fator importante relacionado A estética é a estabilidade de cor dos cimentos resinosos. Estudos prévios têm demonstrado que tanto os cimentos resinosos fotopolimerizáveis, autopolimerizáveis e "duais" podem mudar a sua coloração com o passar do tempo por descoloração intrínseca ou extrínseca. A mudança de cor pode resultar de descoloração superficial, descoloração marginal associada a microinfiltração, de mudanças de morfologia superficial atribuída ao desgaste a degradação interna do material. A descoloração intrínseca é material dependente e de dificil controle por parte do profissional. Segundo BANASR e NATHANSON (2002), os cimentos resinosos duais revelam significativamente maior chance de alterarem a cor com o passar do tempo do que os cimentos resinosos fotopolimerizáveis. Isso provavelmente se deve a amina presente na reação de dupla cura. É muito importante ressaltar ainda, que sempre o cimento resinoso quando está coberto pela restauração indireta descolore menos do que quando está exposto ao meio bucal. Considerando que em dentes anteriores, muitas vezes a margem de cimento fica exposta em urna faceta de porcelana por exemplo, a descoloração marginal comprometia e muito o resultado estético com o passar do tempo.
21 2 I 2.6 VISCOSIDADE Segundo FRANÇA(2002) a resistência ao escoamento é conhecida como viscosidade. Esta propriedade nos cimentos resinosos está ligada A capacidade de difusão, molhamento, penetração do adesivo no substrato poroso e adesão. Apesar da importância da escolha da viscosidade do agente cimentante, poucas são as marcas comerciais que permitem essa alternativa. 0 Variolink (Vivadent) e o Hexus(Kerr) são exemplos de cimentos que se apresentam que se apresentam com duas viscosidades, baixa e alta ( heavy e light), de acordo com o catalisador escolhido. Viscosidade utilizada depende de cada caso clinico. Restaurações indiretas com ótima adaptação necessitam de um cimento resinoso mais fluido. Enquanto que peças indiretas com adaptação inferior A. média (sistema CAD/CAM, por exemplo), necessitam de um cimento resinoso de alta viscosidade.
22 RADIOPACIDADE As restaurações estéticas indiretas feitas de porcelana ou resma composta são normalmente cimentadas com cimentos resinoso "duais". É essencial então que esses cimentos resinosos tenham radiopacidade suficiente para a detecção de excessos marginais, margens gengivais abertas, bem como recorrência de caries em Areas gengivais. Os cimentos resinosos autopolimerizáveis são os cimentos de escolha para a cimentação de pinos não metálicos, como os pinos de fibra de carbono. Como esses pinos são radiohicidos, é importante que o cimento utilizado seja suficientemente radiopaco para posterior verificação do completo envolvimento de cimento pelo pino, bem como sua presença no interior do canal, se esse necessitar de um retratamento endodõntico, segundo MOWAFY e RUBO (1998) MOWAFY e RUBO (1998), em estudo realizado, verificaram que para uma imagem radiográfica com bom contraste, a radiopacidade dos cimentos resinosos deveria ser maior que a da dentina e idealmente ser igual ou maior que a do esmalte.
23 RESISTÊNCIA À ABRASÃO Segundo SUZUKI et al (1995), o valor do desgaste do agente cimentante depende diretamente do material utilizado para a confecção da restauração. Os cimentos exibem menor desgaste quando utilizados sob restaurações indiretas de resina composta e desgaste superior quando associados à porcelana. Isto ocorre pois as porcelanas são materiais friáveis, portanto não absorvem forças mastigatórias e as transmitem para o material de cimentação. CARVALHO e PRAIUU (2001), citam que testes de resistência ao desgaste mostram que os compósitos de microparticulas, são mais resistentes à abrasão devido a sua lisura superficial. Por outro lado, os cimentos resinosos de dupla polimerização compostos de micropartículas não resistem bem ao desgaste causado por contatos oclusais, devido a perda de partículas prépolimerizadas do material. Como usualmente, a fenda do cimento é estreita e não submetida a forças oclusais primárias, a performance clinicas dos cimentos "duais" é muito boa. Nos casos onde a fenda marginal é grande ou onde o paciente ocluird diretamente sobre ela, será prudente a escolha de um material com partículas de carga maiores. FRANÇA (2002), relata que levando-se em consideração que sempre haverá uma espessura de película acima de 100tun para inlays/onlays estéticas, é importante avaliar a resistência a abrasão dos cimentos resinosos. Pois apesar de os cimentos resinosos serem resinas compostas, não é possível afirmar que terão a mesma resistência a abrasão, pois apresentam porcentagem menor de partículas inorgânicas. Atualmente existe a preocupação em se adicionar o
24 24 máximo possível de partículas inorgânicas ao cimento resinoso na tentativa de melhorar seu desgaste sem, entretanto, aumentar demais a sua viscosidade. Em estudo feito, ANDRADE et al (2000), citam que um cimento resinoso com uma espessura de película elevada apresenta contração de polimerização reduzida e propriedades mecânicas como resistência á. compressão e á. abrasão melhoradas, apesar de ter um potencial maior de gerar desadaptação da peça protética. 0 sistema de ativação dos cimentos resinosos é um fator importante que deve ser levado em consideração. BRAGA, CÉSAR e GONZAGA (2002), relatam que os cimentos resinosos de dupla cura dependem da fotoativação para alcançar um grau ótimo de conversão monômero/polimero. E é de conhecimento, que a intensidade de luz reativa ao cimento é drasticamente reduzida quando ela é transmitida através de uma restauração cerâmica ou de resina composta. A intensidade da luz decresce em função da espessura da restauração. Por sua vez, cimentos resinosos inadequadamente polimerizados estão associados a problemas como sensibilidade pós-operatória, microinfiltração, recorrência de cáries, e principalmente decréscimo em suas propriedades mecânicas, como resistência ao desgaste levando a um maior suscetibilidade a degradação e descoloração com o passar do tempo. HOFMANN et al (2001), citam que as propriedades mecânicas, como a resistência ao desgaste do material são influenciados pelo tipo e composição da matriz resinosa, do tipo de ativador, da quantidade de carga e do modo de polimerização. Onde uma adequada cura do
25 U r Eltildidoe. Cs Ns k 25 cimento é um importante pró-requisito para a estabilidade e biocompatibilidade da restauração indireta. Segundo FRANÇA (2002), o desgaste apresentado pelo cimento resinoso possui um padrão característico que, após determinado ponto tende a estabilizar. Observando este padrão pode-se afirmar que o desgaste resultante não afeta de forma significativa o selamento marginal da restauração, portanto, a implicação clinica deste acontecimento parece ser pequena associada também ao fato de que a linha de cimento nunca deve coincidir com areas de estresse oclusal, sendo submetidas apenas ao esforço do bolo alimentar.
26 3. APLICAÇÕES CLÍNICAS Concomitantemente, ao desenvolvimento das restaurações indiretas, surgiram os cimentos resinosos de ativação química, fotoquimica ou fotopolimerizáveis cuja constituição assemelha-se A das resinas restauradoras, segundo ADABO et al (2000). As indicações de uso clinico dos cimentos resinosos são varias, podendo atualmente ser usados para cimentação de restaurações indiretas metálicas, de resina composta, de cerâmica, facetas de porcelana, de pinos intrarradiculares, entre outros. Para cada caso clinico e tipo de material restaurador empregado, tratamento e técnicas diferentes deverão ser utilizadas.
27 RESTAURAÇÕES INDIRETAS DE PORCELANA Segundo PINTO et al (2002), dentre os materiais restauradores estéticos, as porcelanas odontológicas são aquelas que mais se assemelham visualmente As estruturas dentárias. Sendo assim, o tratamento que a superflcie interna da porcelana deve receber é muito importante para assegurar a sua estabilidade e unido ao elemento dental com o passar do tempo. BARATIER1 (2001), relata que tem sido comprovado que o condicionamento da porcelana com ácido fluoridrico 9 a 12% por 2 a 5 minutos é o tratamento mais adequado para superficie interna da porcelana. Este condicionamento é fundamental para que ocorra uma ótima interação entre o cimento resinoso e a restauração cerâmica, favorecendo a retenção, proporcionando resistência à restauração e minimizando a microinfiltração. Posteriormente, devese aplicar um agente silano na superflcie condicionada da cerâmica, pois favorece a união entre o componente inorgânico da cerâmica e o componente orgânico da resina de cimentação. De acordo com ANDREATTA et al (2003), a resistência de união entre as cerâmicas feldspdticas convencionais e os agentes de cimentação resinosos é obtido e melhorado condicionando a supefflcie da cerâmica com ácido fluoridrico 2% e tratamento coin um agente silano. Contudo, este método não é aplicado para os sistemas cerâmicos que contenham alumina infiltrada com vidro, pois isto não promoveria apropriada resistência de união com os cimentos resinosos. Dessa maneira, ocorreria um enfraquecimento da união adesiva, próprio da eliminação
28 28 da matriz de vidro da superficie cerâmica após o condicionamento. Recomenda-se então, um jateamento com óxido de alumínio (110mm), seguido de aplicação de uma camada de p6 de silica especial (30mm), e por fim a aplicação de agente silano. Quanto ao cimento resinoso que deve ser utilizado nas restaurações indiretas, pode-se dizer que tanto cimentos autopolimerizáveis, fotopolemerizáveis ou duais podem sem empregados, dependendo da localização na cavidade oral, do caso clinico que sell realizado, bem como o tipo de porcelana utilizada. FOXTON et al (2002), relatam que estudo clínicos têm demonstrado, que ambos matriz da porcelana utilizado e sua espessura, bem como duração da exposição afetam a quantidade de luz que irá reagir com o cimento resinoso. Segundo FRANÇA (2002), no caso das restaurações cerâmicas posteriores, somente os cimentos resinosos que possuem a reação de polimerização iniciada quimicamente e pela exposição de luz visível ("dual") deveriam se usados. Embora, na maioria desses cimentos a reação de polimerização ocorra em 3 minutos e exija rapidez na técnica de manipulação e assentamento da restauração, a principal vantagem está exatamente no processo de autopolimerização do cimento nas regiões em que a luz visível não tem acesso por causa da espessura ou opacidade da porcelana. Entretanto após o assentamento da restauração e remoção dos excessos de cimento, é recomendado a aplicação da luz visível nas margens da restauração afim de que se possa ativar os fotoiniciadores presentes no cimento e auxiliar no processo de reação de polimerização.
29 29 Os cimentos resinosos somente fotopolimerizáveis, são indicados principalmente para a cimentação de laminados ou facetas de porcelana, onde a translucidez do material restaurador permite a passagem de luz para completa polimerização do cimento. Os laminados de cerâmica normalmente apresentam espessura que variam entre 0,5 e 1,0 micrômetros e mesmo nesta espessura, limitam a transmissão da luz visível em aproximadamente 60%. Então o tempo da exposição da luz ser maior que o recomendado pelo fabricante, para que não se tenha um insuficiente polimerização. De acordo com MOWAFY et al (1999), que testaram o endurecimento de cimentos resinosos polimerizados através de inlays cerâmicos, foi concluído que para todos os cimentos testados, havia um diminuição significativa nos valores de endurecimento quando a espessura do inlay cerâmico era superior a 2-3mm.
30 RESTAURAÇÕES INDIRETAS METÁLICAS Nas restaurações indiretas metálicas, a retenção mecânica pode ser obtida através de condicionamento eletroquimico, químico ou jateamento com óxidos de alumínio, cuja granulação média deve ser de 50 micrómetros. Após isso, a peça deverá ser limpa para que seja feita a cimentação, de acordo com FRANÇA (2002). Segundo CARVALHO e PRAKIU (2001), para as restaurações metálicas indica-se os cimentos resinosos químicos ou seja, autopolimerizaveis. Isso se deve, pois neste casos não ha passagem de luz pela estrutura metálica, impedindo então a utilização de cimentos resinosos "duais" ou fotopolimerizáveis. CONSANI et al (2000), estudaram a influência de agentes cimentantes na resistência tração de coroas totais metálicas fundidas fixadas em dentina, e concluíram que o cimento resinoso proporcionou resistência estatisticamente superior na remoção de coroas, quando comparado a cimentos tradicionais como o cimento de fosfato de zinco, cimento de ion6mero de vidro e cimento de ionómero de vidro modificado por resina.
31 RESTAURAÇÕES INDIRETAS DE RESINA COMPOSTA Para as restaurações indiretas de resina composta recomenda-se a utilização de cimentos resinosos "duais" ou de polimerização química. Sendo que em restaurações opacas e espessas, a preferência recai sobre um sistema em que a ativação química seja o componente primário de cura. De acordo com BARATfERI (2001), deve-se fazer uma ligeira abrasão na parte interna do inlay/onlay com uma ponta diamantada ou microjateamento com óxido de alumínio 50 micrômetros, para expor uma resina mais reativa e causar uma retenção micromecânica, alem de propiciar espaço para o cimento resinoso, com cuidado de não danificar as margens da peça.
32 CONCLUSÃO Os cimentos resinosos são materiais em franca expansão na Odontologia moderna, podendo ser utilizados para cimentação de inlays/onlays de resina composta, como de porcelana, para fixação de facetas de porcelana, de pinos intraradiculares, de coroas totais, entre várias outras aplicações. Sendo assim, nessa revisão de literatura foram mencionados aspectos sobre tais materiais que nos levam a crer que apesar de apresentarem uma técnica mais complexa e exigente de manipulação e aplicação, são cimentos que possuem vantagens como resistência de união, possibilidade de cores, insolubilidade no meio bucal, dentre outras quando comparados aos cimentos tradicionais. Deve-se lembrar, que dependendo de cada caso clinico deverá ser utilizado um ou outro tipo de cimento resinoso ("dual", fotopolimerizavel ou autopolimerizavel) que mais se adequa a situação, para que assim possam se extrair ao máximo as qualidades de cada tipo de cimento A indicação correta aliada a procedimentos de preparos dentais corretos, manipulação cuidadosa dos cimentos, cuidado na fixação de pecas proteticas, remoção eficiente dos excessos, estão dentro do controle do profissional e farão com que se chegue muito próximo do ideal. Sendo que, nenhum dos cimentos resinosos disponíveis no mercado estão livres de alguma deficiência clinica, mas o conhecimento de suas características e demais aspectos já citados se
33 33 fazem necessários e são essenciais para que se alcance o sucesso neste procedimento tão importante que é a cimentacào.
34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADABO, G.L. et al. Adaptação marginal de "inlays" de porcelana em função de diferentes cimentos resinosos. Rev. APCD. São Paulo, v.55, n.3, p , Mai-Jun ADABO, G.L. et al. Avaliação da dureza superficial e do conteúdo de carga de cimentos resinosos. Rev. APCD. São Paulo, v.54, n.1, p30-33, Jan-Fey ANDRADE, M.F. et al. Avaliação in vitro da microilfiltração marginal em restaurações indiretas "inlays" de porcela. Efeito de diferentes agentes cimentantes. Rev. JBD. Curitiba, v.1, n.2, p , Abr-Jun ANDRADE, L.H. et al. Avaliação da espesura de película de cimentos resinosos. Jornal Brasileiro de Clinica e Estética em Odontologia. Sao Paulo, v.4, n.23, p , Set-Out ANDREATTA, O. D. et al. Effect of thermocycling on the bond strength of a glass-infiltrated ceremic and a resin luting cement. Appl Oral Sci. St. Louis, v.11, n.1, p , Abr BAHILLO, J.D. et al. In vitro study of endodontic post cementation protocols that use resin cements. J. Prosthet Dent. St. Louis, v.89, n.2, p , Feb BANASR, F.; NATHANSON, D. Color stability of resin cements in vitro study. Pract Proced Aesthet Dent. Boston, v. 14, n.6, p , Jun BARATIERI, L. N. et al. Restaurações indiretas com Resinas Compostas. In. Odontologia Restauradora. Sao Paulo: Quintessence, p BARATIER1, L. N. et al. Restaurações Cerâmicas do tipo Inlay/Onlay. In: Odontologia Restauradora. Sao Paulo: Quintessence, p BEATTY, M. W. et al. Clinical evoluation of two adhesive composite cements for the suppression of dentinal cold sensitivity. Journal of Prosthetic Dentistry. Lincoln, v. 88, n. 1, p , Jul BONFANTE, G. et al. Microscopic evaluation of the human dental pulp after full crown cementation with resin cement. Cienc. Odontol. Bras. Bauro, v. 5, n. 3, p. 6-12, Set/Dez BRAGA, R.R.;CESAR,P.F.; GONZAGA,C.C. Mechanical properties of resin cements with different activation modes. Journal of Oral Rehabilitation. Boston, v.29, n.1, p , Jan
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