Índices para catálogo sistemático: Ajuda aos estudantes Cotas Ensino Superior no Brasil Universidades públicas federais 378.

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2 Av. Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP contato@editorialpaco.com.br Conselho Editorial Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antônio Carlos Giuliani Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Eraldo Leme Batista Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Prof. Dr. Marco Morel Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Prof. Dr. Sérgio Nunes de Jesus Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt 2015 Sales Augusto dos Santos Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. Sa596 Santos, Sales Augusto dos O Sistema de Cotas para Negros da UnB: um balanço da primeira geração/ Sales Augusto dos Santos. Jundiaí, Paco Editorial: p. Inclui bibliografia. ISBN: Cotas para Negros (Sistema) 2. Universidade de Brasília (UnB) 3. Cotas nas universidades brasileiras 4. Relações raciais I. Santos, Sales Augusto dos Índices para catálogo sistemático: Ajuda aos estudantes Cotas Ensino Superior no Brasil Universidades públicas federais CDD: IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi Feito Depósito Legal

3 Para Terezinha de O. L. da Costa, ex-estudante de Letras-Francês da UnB, que o racismo lamentavelmente empurrou para os semáforos de Brasília...

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5 Sumário Apresentação...9 Prefácio...13 Introdução...17 Capítulo 1 Breve balanço das políticas de ações afirmativas na educação pública superior: os governos FHC ( ) e Lula ( ) O surgimento das propostas de ações afirmativas no Brasil: breve histórico Ações afirmativas no governo Fernando Henrique Cardoso? Políticas de promoção da igualdade racial no governo Lula: a raça subsumida na classe social?...50 Capítulo 2 Nem tudo que reluz é ouro: a Lei nº , de 29 de agosto de Reflexões iniciais sobre a Lei das Cotas (Lei nº , de 29 de agosto de 2012) Do entusiasmo da decisão do STF ao desencanto com a Lei das Cotas A Lei nº /2012: tendência a beneficiar alunos brancos? O tribunal racial Capítulo 3 Sistema de cotas na UnB: a pesquisa e confrontos acadêmico-intelectuais...143

6 1. Introduzindo a pesquisa A composição racial da população brasileira: previsões e tensões Sistema de cotas e confrontos acadêmico-intelectuais no Brasil A luta pelo passaporte que possibilita o ingressono mundo da classe média e das elites dirigentes O local de graduação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) O local de graduação dos ministros do Ministério da Educação (MEC) O local de graduação dos Consultores Legislativos do Senado Federal Capítulo 4 O estado da arte: a produção de conhecimento sobre o sistema de cotas da UnB elaborada pelos seus acadêmicos A produção de conhecimento sobre o sistema de cotas na UnB Agregando dados e construindo a fonte de pesquisa Teses e dissertações sobre o sistema cotas na UnB Pesquisas sobre alunos cotistas e pressupostos preconceituosos Capítulo 5 O perfil dos ex-discentes da UnB que se formaram pelo sistema de cotas entre 2004 e O pardo que é branco? A tentativa de burlar o sistema de cotas O perfil dos ex-cotistas da UnB Escolaridade dos pais e das mães dos ex-cotistas...245

7 2.2 Renda familiar dos ex-cotistas O local de residência dos ex-cotistas e sua composição racial Sexo, idade, estado civil e condições de moradia Trajetória escolar dos ex-cotistas Capítulo 6 Retrato em preto e branco da vida acadêmica e profissional dos ex-cotistas da UnB Vida acadêmica, participação político-social e relações raciais Trajetória acadêmica dos ex-cotistas da UnB Trajetória acadêmico-profissional dos ex-cotistas da UnB Conclusão Referências Agradecimentos...407

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9 Apresentação Enquanto muitos ainda orgulhosamente proclamam que existe uma democracia racial no Brasil, o racismo mantém-se profundo em todos os níveis do sistema educacional brasileiro. Em O sistema de cotas para negros da UnB: um balanço da primeira geração, o pesquisador Sales Augusto dos Santos expõe a hipocrisia dos fundamentos do mito da democracia racial, que sustenta que há oportunidades iguais para todos na vida social, econômica, educacional e política do Brasil, isto é, de que essa suposição é uma realidade material, concreta. Ao ler este livro, que é resultado da sua pesquisa poderosa e bem-sucedida de pós-doutorado, somos encorajados a perguntar por que em um país predominantemente negro (o maior fora da África) estariam estudantes negros e indígenas (e professores), até recentemente, praticamente ausentes das instituições do ensino superior? Talvez o mais pungente seja a questão que o pesquisador Santos também pergunta no subtexto do livro: como devem ser incluídos os negros nas instituições basilares nacionais, como, por exemplo, a universidade pública, senão pela implementação de políticas de ação afirmativa baseadas na raça/cor? Questões como essas ilustram que o racismo e a supremacia branca precedem o mito da democracia racial, e, nesse sentido, ativistas negros e indígenas têm insistido que as universidades públicas devem mudar profunda e amplamente para inserir nelas o conjunto populacional de pretos e pardos que compõem a maioria dos cidadãos do país, assim como os indígenas, refletindo também a diversidade racial do país. O livro de Sales Augusto dos Santos é dos primeiros estudos abrangentes a mostrar resultados do sistema cotas da Universidade de Brasília, detalhando a luta duradoura para o acesso à educação superior, assim como as nuances de como alcançar a socialização dos direitos básicos de cidadania e poder institucional no Brasil. 9

10 Sales Augusto dos Santas A obra apresenta um estudo de caso focado na experiência pioneira de estudantes da Universidade de Brasília (UnB), no qual o autor levanta a hipótese de que o sistema de cotas, na prática, alinha-se necessariamente com a missão social, econômica e política de um sistema de educação racialmente igualitária. Demonstra-se que, apesar da recente difusão das políticas de ação afirmativa como um direito constitucional para acesso à educação em todas as universidades federais e estaduais do país (ratificado pelo Supremo Tribunal Federal - STF em 2012), atitudes racistas remanescentes tendem a dificultar ou até mesmo impedir uma verdadeira busca pela igualdade racial. Na verdade, a sua síntese histórica, e meticulosa, dos debates públicos que moldaram as políticas dos dias atuais apropriadamente confirma este ponto. O livro O sistema de cotas para negros da UnB: um balanço da primeira geração fornece dados e análises para mostrar exatamente como sensibilidades racistas, muitas vezes lideradas por acadêmicos e líderes políticos, sempre entraram em confronto com os ideais antirracistas e o trabalho político por igualdade racial. Esse exame aprofundado das vidas materiais de alunos graduados por uma política de ação afirmativa, o sistema de cotas, ilustra que o ensino universitário público brasileiro, de fato, tem um impacto profundo e imediato, especialmente em termos de acesso a empregos com salários dignos e, muitas vezes, altos. O pesquisador Sales Santos conclui, adicionalmente, que o sucesso da ação afirmativa para combater o racismo também depende da ênfase na raça, como uma categoria analítica, para a compreensão de como negros e indígenas experimentam a marginalização social e econômica distintamente dos outros grupos raciais do país. Dessa forma, a sua pesquisa nos faz repensar que a classe, como categoria analítica, por si só não é suficiente para definir os termos de inclusão. Como um estudioso e ativista, seguindo de perto e envolvido nos debates em torno da implementação de políticas de 10

11 O Sistema de Cotas para Negros da UNB: um balanço da primeira geração ação afirmativa no Brasil, especialmente o sistema de cotas da Universidade de Brasília a primeira universidade federal a aprovar e implementar essa política pública, Santos nos apresenta um livro que nos proporciona mais que um banco de dados de beneficiários do sistema de cotas. Em essência, o foco do pesquisador sobre as políticas de ação afirmativa da última década, no Brasil, também representa um ponto de mudança crucial na história das lutas raciais, ou melhor, por igualdade racial no país e em toda a diáspora Africana. No cerne da questão está a reflexão, significativa, sobre como sanar os legados do colonialismo, da escravidão e do racismo estrutural normalizado. Escrevendo de um contexto geopolítico dos Estados Unidos, onde termos como pós-racial ditam a eliminação de programas de ação afirmativa na maioria das universidades públicas e privadas deste país, com consequências devastadoras para os negros, convido os leitores a levar a sério a sugestão do pesquisador Santos de que nós devemos prestar muita atenção a quem se dirigem as políticas de ações afirmativas de combate ao racismo, ou seja, quem devem ser os beneficiários de programas destinados a erradicar o racismo entrelaçado às desigualdades de classe. Keisha-Khan Y. Perry Brown University Providence, Rhode Island Agosto de

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13 Prefácio Embora seja uma veterana em algumas das lides universitárias, este é o meu primeiro prefácio. Credito a honra do convite para escrever algo preliminar ao texto deste livro à longa interlocução com seu autor. Com certo alívio leio no dicionário Aurélio que prefácio é o que se diz no princípio, em texto ordinariamente breve, antecedendo uma obra com o intuito de advertência ao leitor. O que dizer, então, no princípio, sobre o livro O sistema de cotas para negros da UnB: um balanço da primeira geração? Como apresentar ao leitor uma obra escrita, trabalho exaustivo de um estudioso que se dedica a um tema polêmico pelas contradições que incorpora e mudanças que provoca? Ainda em busca do sentido prático e simbólico deste gênero de escrita, descubro que as revoadas de pombos prefaciam as festividades. Ou seja, produzem sua abertura para o público de um modo surpreendente, celebrando com simbologia e beleza o evento preparado e pronto para acontecer. Neste sentido, a título de beleza e simbologia, destaque-se abrindo o trabalho de Sales Augusto dos Santos, uma eloquente narrativa de agradecimentos, generosa em declarações de respeito às instâncias e coletivos, de reconhecimento e gratidão aos interlocutores e interlocutoras, de consideração da importância política e subjetiva dos afetos. Percebe- -se neste forte e comovente relato, cujo tom contextualizador se atualiza ao longo da obra, efeitos similares aos da ideia africana ubuntu sobre a interdependência visceral das potências de realização da vida, de bem-estar e do sucesso de cada um, na e da comunidade. Este mesmo espírito ancestral permanece inspirando as alusões ao protagonismo dos movimentos sociais, o Movimento Negro destacadamente, nas demandas, denúncias, pressões e demonstrações na escalada da constituição, instituição e implementação de políticas e 13

14 Sales Augusto dos Santas ações afirmativas e do sistema de cotas para estudantes negros e indígenas na Universidade de Brasília. No preâmbulo que escreveu para um de seus livros, o filósofo Nietzche se vale de uma metáfora: supõe que a verdade seja uma mulher e que os pensadores, na medida em que foram dogmáticos, pouco entenderam sobre mulheres, e seus meios desajeitados foram inábeis para conquistar uma dama. O texto tece reflexões sobre essa complexa tarefa de conquista do pensamento pelos filósofos. Apenas em duas páginas o prelúdio é magnífico, imponente como os acordes iniciais de uma sinfonia. Para problematizar seu tema tece relações amplas e digressões sobre a vontade humana de verdade e as aventuras da humanidade em torno dela. Sua pergunta se erige a partir de uma tensão dialética entre a verdade e o erro: a vontade de verdade nasceria do seu oposto, a vontade de engano? O trabalho de Sales se empenha em reconstruir continuadamente uma tensão comparável a essa magistralmente formulada pelo filósofo, quando reflete sobre disputas, confrontos e conflitos vivenciados no cotidiano da instituição universitária, o mais cobiçado espaço de formação humana. No terreno do pensamento, esta não deixa de ser uma luta pela verdade, sendo sem dúvida uma luta por direitos e justiça. Sales chama para si a tarefa de colaborar na síntese de um conturbado processo político educacional, que tem no centro o ingresso por cotas dos estudantes universitários negros e indígenas, e evolui há doze anos nos interstícios da grande universidade que é a UnB. No eixo de análise, a presença atuante, a trajetória acadêmica e expectativas de futuro dos estudantes cotistas, e hipóteses que antecipam visões de mudanças em curso nas condições da atuação profissional dos egressos desse sistema. Da investigação resultam informações indispensáveis para avaliação dos resultados desta política e para geração de indicadores para o aperfeiçoamento 14

15 O Sistema de Cotas para Negros da UNB: um balanço da primeira geração das limitações e lacunas indicadas nas conclusões. A formação graduada e a produção acadêmico-científica dos jovens negros que prosseguiram estudos nos programas de pós-graduação neste período, teriam alavancado avanços significativos nos prognósticos de inclusão racial para a década? E na superação de práticas e manifestações de racismo no que concerne à educação das relações étnico-raciais? As questões de pesquisa que originam a escrita deste livro, estão evidentes nos subtítulos e intertítulos dos capítulos. Em um prólogo que um outro filósofo, Deleuze, escreve para um dos seus próprios livros, começa dizendo o que o estudo não é. Situa relevantes pressupostos referenciais que considera pilares históricos do tema e diz a que veio o texto arquitetado para ser uma primeira parte de um projeto maior de investigação. Sales Augusto, nosso autor em questão, anuncia que fará um balanço. O que este balanço quer ser? Reúne elementos de nossa vontade de verdade sobre uma esperança objetiva de transmutação das relações raciais no Brasil, tendo as oportunidades de educação de qualidade como estratégia? O leitor encontrará sintetizados na conclusão, preciosos e consistentes elementos demonstrativos da análise sociológica e política dos acontecimentos em torno dos resultados e impactos das políticas e ações afirmativas e do sistema de cotas, dentro e fora da Universidade. Essas considerações recolocam no foco da atenção as excrecências do racismo nas universidades brasileiras, sejam casos explícitos em alguns campi, sejam nas formas criminosas de usurpação de vagas destinadas a negros e indígenas nos vestibulares. Recolocam também, os efeitos e fatos concretos positivos como ganhos educacionais e suas repercussões em outras esferas das relações raciais, tanto na representação simbólica como nas condições materiais de vida dos grupos beneficiados pelas cotas para ingresso de negros e indígenas nas instituições públicas de ensino superior. 15