João Saboia Instituto de Economia UFRJ

Transcrição

1 João Saboia Instituto de Economia UFRJ CODE, 20 de Março de 2013

2 Observações Iniciais O período de 2003/2012 representou uma fase de melhoria na maioria dos indicadores econômicos no Brasil O mercado de trabalho no Brasil refletiu tal comportamento apresentando um comportamento que pode ser considerado excepcional Apesar disso, os desequilíbrios regionais do mercado de trabalho permaneceram elevados

3 Objetivos Analisar alguns indicadores do mercado de trabalho no período recente Identificar os desníveis existentes entre as regiões metropolitanas Produzir um indicador para o mercado de trabalho que permita sintetizar sua evolução no período analisado

4 Fonte de Dados e Período Analisado Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (PME) Período Básico 2003/2011 Análise Complementar em 2012

5 Variáveis de Desemprego Taxa de Desemprego (variável principal de desemprego); Desemprego de Longa Duração (percentual de desempregados com 12 meses ou mais sem trabalho); Desemprego de Chefes de Família (percentual de chefes de família entre os desempregados). Variáveis de Rendimento Rendimento Médio Real (variável principal de remuneração)l; Subremuneração (percentual de trabalhadores que recebem menos do que o salário mínimo horário) ; Desigualdade (relação entre a remuneração dos empregados com carteira e sem carteira assinada no setor privado).

6 Variáveis Utilizadas 2/2 Variáveis de Inserção Formalidade (percentual de ocupados com carteira assinada) (variável principal de inserção); Sub-ocupação (percentual de pessoas sub-ocupadas por insuficiência de horas trabalhadas); Escolaridade (percentual de ocupados com 11 anos ou mais de estudo).

7 Para aquelas variáveis E i cujo crescimento significa melhoria (ex: rendimento), o índice I i é calculado por: I i = (E i E imin ) / ( E imax E imin ) (1) onde E i é o valor da estatística escolhida, E imax seu valor máximo e E imin seu valor mínimo. I i varia entre 0 e 1, quanto maior seu valor melhor é a situação na região considerada

8 Para as estatísticas E j cujo crescimento significa piora (ex: taxa de desemprego), o índice I j é calculado por: I j = (E j E jmax ) / (E jmin E jmax ) (2) onde E j é o valor da estatística escolhida, E jmax seu valor máximo e E jmin seu valor mínimo. I j varia entre 0 e 1, quanto maior seu valor melhor é a situação na região considerada

9 A partir das nove variáveis selecionadas, foram calculados os respectivos índices utilizando-se as fórmulas (1) ou (2), de acordo com seu sentido de variação. Os nove índices foram, em seguida, transformados em três indicadores indicador de desemprego; indicador de rendimento; e indicador de inserção. Para o cálculo de cada um dos três indicadores, utilizou-se uma média ponderada dando-se peso maior (dois) para o índice da variável principal e peso menor (um) para cada um dos dois índices complementares. Finalmente, o indicador-síntese do mercado de trabalho foi obtido pela média aritmética simples dos três indicadores de desemprego, de rendimento e de inserção. Utilizou-se a fórmula (1) para três variáveis rendimento; carteira assinada; e escolaridade. Para as demais foi utilizada a fórmula (2). Os valores máximos e mínimos utilizados nas duas fórmulas representam os máximos e mínimos dos valores médios anuais das nove variáveis nas seis RMs cobertas pela PME no período considerado.

10 Resultados para o Período 2003/2011

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25 Resultados Mensais para 2012

26 O índice-síntese do mercado de trabalho metropolitano pode ser calculado mensalmente para o acompanhamento conjuntural do mercado de trabalho São apresentados a seguir os resultados encontrados ao longo de 2012 até o mês de dezembro Tais resultados confirmam que o mercado de trabalho apresentou resultados ainda mais favoráveis em 2012

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28 Discussão dos Resultados 1/2 Com base na análise dos resultados gerados, fica evidente a grande melhora nas condições do mercado de trabalho metropolitano no país no período compreendido entre 2003/2012 Ressalta-se também o profundo desnível entre as regiões Nordeste e Sul/Sudeste, característica do desequilíbrio entre as várias regiões do país A RM de São Paulo apresenta condições relativamente mais favoráveis no mercado de trabalho metropolitano que as demais, seguindo-se Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Recife e Salvador estão em um nível nitidamente inferior às RM do Sul/Sudeste

29 Discussão dos Resultados 2/2 É interessante notar que os três conjuntos de variáveis apresentam resultados diferenciados nas diversas RM. Daí a razão para não haver uma grande diferenciação entre os indicadores do mercado de trabalho nas quatro RM do Sul/Sudeste, que acabam se constituindo em um grupo superior claramente destacado do outro representado pelas duas RM do Nordeste Vale mencionar que em 2012 os indicadores permaneceram elevados com pequeno movimento sazonal ao longo do ano e destaque para a RMSP, seguindo-se as demais RM do Sul/Sudeste. Conforme esperado, Recife e Salvador continuaram em patamar inferior

30 Conclusões Com base na análise dos resultados encontrados no estudo, pode-se afirmar que no período de 2003 a 2012, houve uma melhora significativa no mercado de trabalho metropolitano. Observam-se também as grandes diferenças existentes entre as regiões do país, oriundas do histórico de desequilíbrio de seu desenvolvimento, que se refletem também na evolução das variáveis analisadas Os resultados extremamente favoráveis para o mercado de trabalho em um período em que o crescimento econômico aumentou, mas não foi muito expressivo, levanta questões sobre qual teria sido a causa para tal resultado em um período de crescimento moderado do PIB Uma hipótese seria a mudança ocorrida na economia em termos setoriais com perda de importância da indústria onde o nível de produtividade é mais elevado e crescimento do terciário onde ocorre o contrário. O forte crescimento do emprego de baixa remuneração (entre 1 e 2 SM) é um argumento favorável a esse tipo de interpretação

31 Cardoso Jr, J. C., As Fontes de Recuperação do Emprego Formal no Brasil e as Condições para sua Sustentabilidade Temporal, Texto para Discussão, n. 1319, IPEA, Brasília, Chahad, J. P. Z., O Emprego Formal no Brasil entre : Comportamento, Tendências Atuais e suas Causas, in Macambira, J. org., O Mercado de Trabalho Formal no Brasil, Imprensa Universitária, Fortaleza, Corseuil, C. H. L., Furtado, L. e Águas, M., Mercado de Trabalho, Mercado de Trabalho Conjuntura e Análise, v. 14, n. 41, MTE/IPEA, novembro de Corseuil, C. H., Moura, R. L. e Ramos, L., Determinantes da Expansão do Emprego Formal: O que Explica o Aumento do Tamanho Médio dos Estabelecimentos?, Texto para Discussão, n. 1450, IPEA, Brasília, Jannuzzi, P. M, Indicadores Sociais no Brasil: conceitos, medidas e aplicações. Campinas: Allínea/PUC-Campinas, Mingoti, S. A., Análise de Dados Através de Métodos de Estatística Multivariada - uma Abordagem Aplicada, Belo Horizonte, Editora UFMG, Moser, J. W., A Principal Component Analysis of Labor Market Indicators, Eastern Economic Journal, v. X n. 3, Pochmann, M., Reação do Mercado de Trabalho no Brasil Metropolitano frente à Crise Internacional, in Moretto, A. et alli, orgs., Economia, Desenvolvimento Regional e Mercado de Trabalho no Brasil, IDT/BNB/CESIT, Fortaleza, Ramos, L., O Desempenho Recente do Mercado de Trabalho Brasileiro, in Tafner, P., ed., Brasil: O Estado de uma Nação Mercado de Trabalho, Emprego e Informalidade, IPEA, Rio de Janeiro, Ramos, L. e Ferreira, V., Geração de Empregos e Realocação Espacial no Mercado de Trabalho Brasileiro: , Pesquisa e Planejamento Econômico, v. 35, n. 1, Saboia, J., Um Novo Índice para o Mercado de Trabalho Urbano no Brasil, Revista de Economia Contemporânea, v. 4, n. 1, Janeiro/Junho de Saboia, J, Efeitos do Salário Mínimo sobre a Distribuição de Renda no Brasil no Período 1995/2005, Econômica, v. 9, n. 2, Dezembro de Saboia, J. e Kubrusly, L., Diferenciais Regionais e Setoriais na Indústria Brasileira, Economia Aplicada, v. 12, n. 1, Janeiro/Março de Simão, A., Fiscalização do Trabalho e Simplificação Tributária no Brasil Análise de seus Efeitos sobre o Emprego Formal no Período , dissertação de mestrado, IE/UFRJ, Theil, H., Best Linear Index Numbers of Prices and Quantities, Econometrica, v. 28, n. 2, 1960