22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
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1 22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro Joinville - Santa Catarina II-270 MONITORAMENTO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS EM LAGOA NATURAL POLUÍDA COM EFLUENTES DE PETRÓLEO Henio Normando de Souza Melo(1) Engenheiro Químico, Mestre em Química Ambiental, Doutor em Engenharia Ambiental pelo Institut National Des Sciences Appliqées, Toulouse/França, Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Coordenador do PROSAB-RN Programa de Pesquisa em Saneamento Básico FINEP/CNPq/CAIXA. Anita Maria de Lima Técnica em Edificações pela Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte. Engenheira Química, UFRN. Mestranda em Engenharia Química pelo PPGEQ/ANP. Josette Lourdes de Sousa Melo Licenciatura em Química, UFPB. Engenheira Química, UFPE. Especialização em Segurança do Trabalho, UFPE. Mestre em Química Analítica, UFPE. Doutora em Engenharia Ambiental, INSA, Toulouse/França. Professor Adjunto IV do DEQ e PPGEQ da UFRN. Chefe do Lab. Eng. Amb. do DEQ/UFRN. Tutora do PET/DEQ da UFRN. Pesquisadora do PROSAB/PRONEX/UFRN. Manoel Reginaldo Fernandes Granduando do Curso de Engenharia Química da UFRN. Bolsista IC/PRH14-ANP. Andréa Karla Martins Gomes Granduando do Curso de Engenharia Química da UFRN. Bolsista IC/CTPETRO.
2 Endereço(1): Rua Maxaranguape, 910, Ed. Saint Germain Apto 901, Tirol Natal RN - CEP: Brasil - Tel: (84) henio@eq.ufrn.br RESUMO A ação antropogênica sobre o meio aquático é talvez a responsável pelas maiores alterações na composição da água. Os cursos d água vêm sendo depositários de rejeitos por muitos anos, alterando profundamente o estado natural do meio aquático. As alterações da qualidade da água representam uma das maiores evidênc ias do impacto das atividades humanas sobre a biosfera. Sob este aspecto torna-se necessário o monitoramento de corpos aquáticos com a finalidade de identificar o grau de impacto ambiental frente ao descarte de efluentes em rios, lagos e lagoas. A Lagoa de Baixo que recebe, eventualmente, parte os efluentes do Pólo Industrial de Guamaré-RN caracteriza-se como lagoa costeira, que são áreas de transição entre o mar e o continente e geralmente atuam como áreas de retenção de matéria. As características predominante dos efluentes do referido Pólo Industrial, são de água oleada. As fontes potenciais de efluentes são a Unidade de Produção Gás Natural (UPGN) e a Estação de Tratamento de Óleo (ETO). Este trabalho teve como objetivo, realizar um monitoramento ambiental em uma lagoa que recebe, eventualmente, efluentes oleados da indústria de petróleo, com a finalidade de avaliar o nível de impacto ambiental deste corpo aquático. A avaliação espacial dos parâmetros Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) apresentaram reduções gradativas a partir do ponto de descarte dos efluentes, devido aos efeitos de mistura provocados pela hidrodinâmica da Lagoa e a sedimentação ocorrida do material presente no efluente. PALAVRAS-CHAVE: Monitoramento Ambiental, Lagoa Natural, DBO, DQO. INTRODUÇÃO A poluição do meio ambiente tornou-se assunto de interesse público em todas as partes do mundo. Não apenas os países desenvolvidos vêm sendo afetados pelos problemas ambientais; também as nações em desenvolvimento começam a sofrer os graves impactos da poluição. Isso decorre de um rápido crescimento econômico associado à exploração de recursos naturais até então intocáveis. Ao lado dos crescentes problemas provocados pela contaminação do meio ambiente, estão os processos de produção utilizados para extrair matérias-primas e para transformá-las numa multiplicidade de produtos para fins de consumo em escala internacional (Braile, 1979). A ação antropogênica sobre o meio aquático é talvez a responsável pelas maiores alterações na composição da água. Os cursos d água vêm sendo depositários de rejeitos por muitos anos, alterando profundamente o estado natural do meio aquático. Os esgotos urbanos lançam efluentes orgânicos, as indústrias uma série de compostos sintéticos e metais
3 pesados, a agricultura é responsável pela presença de pesticidas e excesso de fertilizantes na água. As alterações da qualidade da água representam uma das maiores evidências do impacto das atividades humanas sobre a biosfera (Branco et al, 1991). Sob este aspecto torna-se necessário o monitoramento de corpos aquáticos com a finalidade de identificar o grau de impacto ambiental frente ao descarte de efluentes em rios, lagos e lagoas. De acordo com Esteves (1988), os lagos são corpos d água interiores sem comunicação direta com o mar e suas águas têm, em geral, baixo teor de íons dissolvidos, quando comparadas às águas oceânicas. Exceções devem ser feitas aos lagos localizados em regiões áridas ou submetidas a longos períodos de seca, nos quais o teor de íons dissolvidos pode ser alto, pois a intensa evaporação não é compensada pela precipitação. Nestas condições o teor de sais dissolvidos pode ser, muitas vezes, superior ao da água do mar. A Lagoa de Baixo que recebe, eventualmente, parte os efluentes do Pólo Industrial de Guamaré-RN caracteriza-se como lagoa costeira, que são áreas de transição entre o mar e o continente e geralmente atuam como áreas de retenção de matéria. As características predominante dos efluentes do referido Pólo Industrial, são de água oleada. As fontes potenciais de efluentes são a Unidade de Produção Gás Natural (UPGN) e a Estação de Tratamento de Óleo (ETO). O objetivo deste trabalho foi realizar um monitoramento ambiental em uma lagoa que recebe, eventualmente, efluentes oleados da indústria de petróleo, com a finalidade de avaliar o nível de impacto ambiental deste corpo aquático. MATERIAIS E MÉTODOS Foram realizadas dez campanhas mensais para tomada de amostras. As estações de coleta foram demarcadas com o auxílio de um aparelho que utiliza o Sistema de Posicionamento Global, denominado GPS da marca Garmim, modelo GPS II Plus. A Lagoa de Baixo apresenta características alongadas (Figura 1), e em função disso, as estações de coleta foram distribuídas em toda a lagoa em linhas transversais denominadas transects nos quais foram definidos três pontos amostrais, alocados nas margens esquerda e direita e no centro do corpo lêntico, resultando em vinte pontos de coleta. A amostragem foi realizada a 0,50m da lâmina d água em todos os pontos demarcados, e em profundidades que variavam entre 1,50 a 3,50m, de acordo com cada estação. Figura 1: Localização da Lagoa de Baixo por satélite.
4 RESULTADOS Para a realização deste monitoramento forma analisados os parâmetros, DBO, DQO, OD, temperatura, ph, turbidez, sólidos totais, nitrogênio total, fosfato e coliformes. Os valores médios para estes parâmetros, durante todo o período estudado, estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1: Valores médios dos parâmetros estudados Parâmetro Unidade Média Mínimo Máximo Temperatura ºC 29,6 28,1 31,5 ph 7,9 7,5 8,3 Turbidez NTU 12,5
5 4,4 22,8 Sólidos totais mg/l 2571,3 1214,5 4822,8 Oxig. Dissolvido mg O2/L 6,1 4,7 8,4 Nitrito mg/l NO2-N/L 0,011 0,006 0,017 Nitrato mg/l NO3-N/L 0,7 0,363 1,421 Fosfato mg/l PO4-P/L
6 0,036 0,009 0,067 DBO mg/l 9,6 2,7 20,6 DQO mg/l 71,3 52,1 102,3 Coliformes fecais NMP/100 ml 166,3 31,2 558,0 Os gráficos de isolinhas apresentam com clareza a distribuição dos valores dos parâmetros ao longo do corpo d água em estudo, permitindo a visualização do comportamento deste parâmetro e, portanto, uma avaliação mais precisa no espaço amostral. As Figura 2, 3 e 4 apresentam a distribuição dos valores DQO, DBO e OD, respectivamente, ao longo da lagoa, esses parâmetros foram selecionados, para representação gráfica, por serem indicadores amplamente utilizados em pesquisas de monitoramento ambiental e representarem o conteúdo de carga orgânica e atividade bioquímica de um corpo d água.
7 Em todas as figuras observa-se uma dispersão dos valores dos parâmetros, indicando uma degradação natural da carga poluidora em toda a lagoa. As estações de coleta estão apresentadas nas figuras, por pontos azuis, os quais estão distribuídos por toda a área da lagoa. Figura 2: Distribuição superficial das isolinhas de DQO na lagoa. O comportamento da DQO apresentado na Figura 2, indica uma redução gradativa dos seus valores, a partir do ponto de descarte convergindo para a margem oposta da Lagoa. Figura 3: Distribuição superficial das isolinhas de DBO na lagoa A distribuição dos valores de DBO obtidos em todas as estações estão apresentados na Figura 3, no qual pode ser observado que os menores valores, indicados pelas isolinhas, estão concentrados nas áreas mais profundas e na margem direita. Figura 4. Distribuição superficial das isolinhas de OD na lagoa A Figura 4 indica que o comportamento do oxigênio dissolvido na lagoa apresenta-se de maneira uniforme em quase toda a superfície. CONCLUSÕES O monitoramento realizado na lagoa, indicou que, durante o período estudado, o corpo d água apresentou boa capacidade de degradação dos efluentes ali depositados, no entanto devemos levar em consideração o fato que o aporte de rejeitos não é realizado de forma sistemática, o que propicia essa depuração natural. Os valores encontrados para o ph, temperatura, turbidez e oxigênio dissolvido (OD) apresentaram valores médios de 7,9, 29,6, 12,5 e 6,1 respectivamente, não apresentando grandes oscilações durante o período de avaliação. A avaliação espacial dos parâmetros Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) apresentaram reduções gradativas a partir do ponto de descarte dos efluentes, devido aos efeitos de mistura provocados pela hidrodinâmica da Lagoa e a sedimentação ocorrida do material presente no efluente.
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APHA, AWWA, WEF. Standard methods for examination of water and wastewater. 19. ed. Washington: American Puclic Health Association, 1995 BRAILE, P. M. (1979). Manual de tratamento de águas residuárias. São Paulo, CETESB, BRANCO, S. M.; CLEARY, R. W.; COIMBRA, R. M.; EIGER, S.; LUCA, S. J.; NOGUEIRA, V. P. Q.; PORTO, M. F. A. Hidrologia ambiental. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, V. 3. ESTEVES, F. A. (1988).Fundamentos de limnologia/ Francisco de Assis Esteves. Rio de Janeiro: Interciência.
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