A contribuição da ciência geográfica na campanha de prevenção contra a Dengue

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1 A contribuição da ciência geográfica na campanha de prevenção contra a Dengue Lélia de Fátima Tomé 1 lelia.tome@seduc.gov.br Iris Maria Tomé 2 iristome7@gmail.com RESUMO O presente texto tem a intenção de descrever sobre a contribuição da ciência geográfica para prevenção de patologias adquiridas em decorrência de doença como a dengue. Sendo patologia o estudo das doenças em geral, tanto na medicina quanto em outras áreas do conhecimento, onde é conhecida como "Patologia das Edificações", e que estuda as manifestações patológicas que podem vir a ocorrer. Assim busca-se por meio da ciência geográfica auxiliar e conscientizar para medidas cabíveis no combate e controle do mosquito, transmissor da dengue. Compreendendo os abrangentes e vastos campo de estudos possibilitados na ciência geográfica, enfatizaremos a importância de haver parceria entre sociedade (comunidade social e escolar) e instituição de saúde, como proposta de recurso pedagógico de projeto desenvolvido no Colégio Antônio Ferreira Goulart, na cidade de Ouvidor (GO). Projeto este de grande relevância para conscientização sobre o trabalho de combate à doença e aos focos de infestação, uma busca diária para o combate ao mosquito Aedes aegypti. Sendo uma parceria necessária de todos os envolvidos - instituição escolar, de saúde e a sociedade, motivando as intenções de controle da dengue. Palavras-chave: Dengue, Geografia, projeto, sociedade, conscientizar. INTRODUÇÃO Compreendendo o papel da educação escolarizada como mediadora entre o saber formalizado e a sociedade, tentaremos por meio de um projeto interdisciplinar conscientizar sobre a importância da parceria entre a escola e a sociedade, nesse viés, são varias as ramificações que a geografia possibilita, porém o presente relato será sobre o projeto interdisciplinar desenvolvido no Colégio Antônio Ferreira Goulart na área da ciência geográfica que visa dar o suporte teórico metodológico na contribuição de prevenção e controle do mosquito Aedes aegypti. 1 Professora da Rede Estadual Colégio Estadual Antônio Ferreira Goulart. 2 Aluna do programa de Pós-Graduação em geografia (PPGGC), nível mestrado da Unidade Acadêmica Especial- Instituto de Geografia- Regional Catalão/UFG. Membro do Grupo de Pesquisa do Núcleo de Estudo e Pesquisas- Sócio-Ambiental (NEPSA).

2 O projeto é desenvolvido por uma equipe constituída, por professoras mediadoras e discentes, bem como agentes de saúde reprodutores no que tange aos conhecimentos e às práticas de combate ou realizadas como medidas mitigadoras no controle da dengue. Assim é necessário adotar medidas de prevenção que não dê condições e propicie a reprodução do mosquito Aedes aegypti transmissor da dengue caso esteja contaminado ou não. A pesquisa aqui apresentada é de relevância social por promover o acesso à informação e conscientização, integrando a sociedade como um todo, possibilitando vasto campo de atuação. Enfatizaremos ainda sobre a contribuição da ciência geográfica e da importância da parceria entre a instituição (Escola) e a sociedade no combate do mosquito Aedes aegypti, popularmente conhecido como mosquito-da-dengue ou pernilongo-rajado. Por meio de projeto pedagógico, atentar da importância da parceria entre a instituição escola e a sociedade em diversos seguimentos. Justifica-se este projeto pela relação harmônica do indivíduo com o meio ambiente, no sentido de preservar, prevenir, refletir sobre a necessidade das medidas preventivas para o bem estar social. O projeto viabiliza o aprendizado para ações preventivas e para criar atitudes organizadas para o cuidado da família e consequentemente da sociedade. Conhecer sobre os cuidados que se deve ter para evitar o crescimento de focos do mosquito. Assim auxiliando para melhoria, bem estar social e conscientização sobre a importância de prevenir a proliferação do mosquito da Dengue. Contextualização de saúde pública referente algumas ramificações: Dengue. A saúde pública, enquanto campo de saber e de intervenção sobre a situação de saúde, traz a emergência de alguns elementos relativamente pertinentes para o estudo: atuação sobre o coletivo, ainda que insuficientemente conceitualizado, e aproximação com o Estado para a análise de questões de saúde pública. Com base nesses dois elementos se pode considerar tantas visões de saúde pública quantas sejam as concepções sobre o coletivo/social e sobre a natureza e os modos de intervenção do Estado em cada formação social (PAIM, 2002). A dengue é considerada pela Organização Mundial da Saúde/OMS, um dos mais graves problemas de saúde pública dos últimos anos. Esta lançou a Estratégia Global para prevenção e controle da dengue, Esta estratégia enfatiza as muitas oportunidades geradas com os recentes avanços nos estudos dessa doença, a exemplo do desenvolvimento de vacinas, bem como todo o

3 conhecimento gerado pelos países a partir do seu enfretamento. O seu objetivo primordial é reduzir a carga da doença, tendo como objetivos específicos reduzir a mortalidade em pelo menos 50% e a morbidade em 25%, isso até 2020 e, tendo como linha de base os dados de 2010, é importante registrar que estes objetivos podem ser alcançados aplicando-se os conhecimentos existentes sobre o assunto. Programas, essencialmente, centrados no combate químico, com baixíssima ou mesmo nenhuma participação da comunidade, sem integração Inter setorial e com pequena utilização do instrumental epidemiológico mostraram-se incapazes de conter um vetor (mosquito) com altíssima capacidade de adaptação ao novo ambiente criado pela urbanização acelerada e pelos novos hábitos. Uma das ações propostas pelo Programa Nacional de Controle da Dengue, criada pelo Ministério da Saúde em 2002, é o desenvolvimento de campanhas de informação e mobilização das pessoas, de maneira a se criar o envolvimento da sociedade na manutenção do ambiente doméstico livre de potenciais criadouros do vetor. Considerando que em nosso país, as condições socioambientais são favoráveis à expansão do Aedes aegypti e aproveitando o grande interesse da faixa-etária escolar tivemos a iniciativa de elaborar esse projeto na tentativa de cumprir o real combate a esta doença. Pautado na própria Constituição Brasileira atual que estabelece a necessidade de mudanças do comportamento humano em relação ao meio ambiente e a criação da consciência da responsabilidade individual sobre o coletivo. A questão ambiental, no Ensino Fundamental, centra-se principalmente no desenvolvimento de valores, atitudes, posturas éticas e no domínio de procedimentos, mais do que na aprendizagem de conceitos. O ponto central de toda atividade da escola é o aluno. É para ele que estará voltada toda a nossa atenção para a programação e execução deste projeto. O aproveitamento pedagógico das atividades desenvolvidas é de suma importância. A escola pode e deve aproveitá-las para aproximar-se da realidade do aluno e, em consequência agir em benefício do seu desenvolvimento. De relevância também, a necessidade das medidas preventivas para o bem estar social, a partir de atitudes mitigadoras iniciadas na primeira instituição educativa (Família) organizadas para o cuidado da família e consequentemente da sociedade. Dessa forma cabe aqui a valorização da saúde e os meios da conservação da mesma, esclarecendo sobre os verdadeiros problemas causados pela dengue; conscientizando a comunidade escolar e familiar de sua responsabilidade no combate e prevenção ao mosquito da Dengue.

4 Desenvolver com os alunos uma ação reflexiva e educativa para esclarecer sobre os verdadeiros problemas causados pela dengue mobilizando-os, assim como a comunidade escolar num esforço conjunto de preservação do ambiente, identificar a forma correta de coletar e tratar o lixo, adotando a coleta seletiva, diferenciar as categorias de materiais que o compõe - plástico, metais, restos de alimento e papéis, listar os materiais recicláveis, esclarecer sobre o destino correto do lixo - em aterros sanitários, reaproveitamento, vendas, reciclagem e doações. Levar com isso a compreensão de que o lixo não pode ser mantido em céu aberto, solos rasos e em leitos de rios. Apropriar-se o conhecimento sobre o risco que apresenta à saúde, o uso de produtos químicos e a queima do lixo através da poluição do ar atmosférico. Saber as diversas maneiras de aproveitamento dos lixos inorgânicos. Explicar a reutilização dos lixos biodegradável e alertar sobre os danos provocados por resíduos ao ambiente. Promover ações mitigadoras no combate ao mosquito transmissor da dengue caso esteja infectado, em prol e beneficio de todos. Metodologia O projeto segue uma ordem de procedimento a fim de alcançar resultados positivos no que tange à conscientização de todos envolvidos no projeto. É interessante desenvolvê-lo e facilitar para a conscientização das equipes a ele envolvidas. Constituída por alunos e professores, através de oficinas de educação e mobilização social, visa à formação continuada no controle e prevenção da dengue, para fazerem a disseminação e acompanhamento das atividades desenvolvidas. Motivar os alunos com propostas de atividade que os coloquem como fiscalizadores do espaço escolar e da comunidade local. Executando as seguintes tarefas: realizar ronda pela escola observando o entorno, identificando possíveis focos de Dengue; levantamento em sala de aula e no pátio da escola de hábitos de higiene praticado pelos alunos em relação ao tema; discussão sobre conhecimentos prévios que cada aluno traz sobre a questão do meio Ambiente (lixo, água e mosquito da dengue - Aedes aegypti). Promover reuniões educativas com a comunidade escolar, para divulgar ações e dados coletados observados pela equipe, como fatores associados à proliferação do Aedes aegypti nos espaços referidos; Identificar no setor/bairro onde mora como é o critério de coleta do lixo. Com isso, apresentar textos informativos ou científicos, manchetes atuais da imprensa de rádios, jornais e televisão envolvendo o tema.

5 Pesquisar entre os alunos quais informações a família possuem a respeito das doenças causadas pela falta de higiene com o ambiente (água-lixo-dengue). Apresentar o Documentário Ilha das Flores como material pedagógico complementar para estudo. Promover atividade de campo (visita ao aterro sanitário da cidade, em algumas ruas do bairro observando o armazenamento, coleta do lixo e conservação dos bueiros), organizar entrevistas com adultos que já foram picados pelo mosquito e o que fazem para evitá-lo; Levar a construção de um painel ensinando a se prevenir contra o mosquito. Em seguida partir para a exposição dos trabalhos no pátio da escola. Construir um Mural de trajetória: pessoas doentes com Dengue, pessoas se precavendo e assim evitando a Dengue; Apresentar levantamento de dados estatísticos, pelos alunos das causas e consequências da DENGUE em suas formas clássicas e hemorrágicas Conclusão Verifica-se com o trabalho feito junto à comunidade que o tema Dengue desperta bastante interesse e preocupação entre os alunos, devido à alta prevalência e vontade comum de eliminar o vetor e a doença e, para a sociedade em geral, é muito importante, já que essas crianças já crescerão conscientes e poderão também conscientizar seus familiares e amigos de um modo diferente do que todos estão acostumados. Observamos que devem ser feitas mais ações com essa ressonância, conscientizando e repassando conhecimento desde os pequenos aos mais velhos. Pois se preocuparão com o ambiente de suas casas e ajudarão a exigir dos familiares uma postura mais ativa ao combate da Dengue. Dessa forma, as visitas realizadas pelos Agentes de Saúde beneficiam a sociedade uma vez que estes atuam na prevenção da dengue e na promoção de saúde. É importante a conscientização desde cedo para que a criança não adquira hábitos errados que facilitem a reprodução do mosquito vetor. Percebe-se que a conscientização dos alunos representa uma maneira de fácil divulgação da prevenção contra a Dengue. Chamar a atenção de crianças e jovens através de aulas práticas, pesquisas, palestras, jogos e músicas temáticas estimulam o desenvolvimento social e intelectual dos mesmos e sua percepção quanto aos problemas cotidiano em suas comunidades, podendo diminuir e muito a incidência de dengue no local onde mora. REFERÊNCIAS BARATA, R.B. Epidemiologia social. Revista Brasileira de Epidemiologia, 8 (1) : 7-17, 2005.

6 BARCELLOS, Christovam. et al. A Geografia e o contexto dos problemas de saúde. Rio de Janeiro: BARCELLOS, C. et.al. Mudanças climáticas e ambientais e as doenças infecciosas: cenários e incertezas para o Brasil. Epidemiol. Ser.Saúde, Brasília, v.18, n.3, 2009 BARROS, P. Estilos de Vida e Estado de Saúde: Uma Estimativa da Função de Produção da Saúde. Revista Portuguesa de Saúde Pública, 3: 7-17, BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei n 8069, de 13 de julho de BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n 9394, de 20 de dezembro de FREITAS, C.M. et.al. Segurança química, saúde e ambiente: perspectivas para a governança no contexto brasileiro. Cadernos de Saúde Pública, 18 (1): , GUIMARÃES, R B. Rumos da Regionalização da Saúde Brasileira. In.A Geografia e o contexto dos problemas de saúde. Rio de Janeiro: LACAZ, C.S. et al. Introdução à geografia médica do Brasil. São Paulo: LACERDA, A. L. et al. Uma história brasileira das doenças, volume 3. Belo Horizonte, MG,2010 PAIM, J. S.; Modelos assistenciais: reformulando o pensamento incorporando a proteção e a promoção da saúde, pp In JS Paim. Saúde política e reforma sanitária. Ed. Cooptec/ISC. Salvador, 2002.