JARDIM COM PLANTAS MEDICINAIS
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1 20 a 24 de outubro de 2008 JARDIM COM PLANTAS MEDICINAIS Bruna Barbosa Barroca 1 ; Igor Grecco de Lima¹; Pérsio Sandir D Oliveira 2 RESUMO: Este trabalho foi executado para avaliar o uso de plantas medicinais na formação de jardins. Foram empregadas oito espécies de plantas, escolhidas pelo aroma, beleza, porte, rusticidade e velocidade de crescimento: babosa (Aloe vera L.), bálsamo (Cotyledon orbiculata L.), capuchinha (Tropaeolum majus L.), hortelã (Mentha piperita L.), losna (Arthemisia absinthium L.), manjericão (Ocimum basilicum L.), milfolhas (Achillea millefolium L.) e orégano (Origanum vulgare L.). O experimento foi conduzido em condições de campo, com mudas obtidas por via vegetativa, produzidas no Horto de Plantas Medicinais do CESUMAR. O plantio ocorreu no mês de novembro de 2007, e o jardim foi avaliado em julho de A adubação de plantio foi feita com vermicomposto (3 kg m -2 ). Durante todo o período, as plantas foram monitoradas para manutenção da fitossanidade, bem como irrigadas durante a época seca. Ao final do período do experimento, verificou-se que as plantas medicinais não apresentaram sintomas de ataque de pragas e doenças, e todas, com exceção da hortelã, mostraram desenvolvimento adequado nas condições de clima e solo do ensaio. As plantas medicinais podem ser usadas para a formação de jardins com finalidade ornamental. PALAVRAS-CHAVE: arquitetura e urbanismo; paisagismo; plantas medicinais; sustentabilidade. 1 INTRODUÇÃO Atualmente, a maioria dos centros urbanos não oferece qualidade de vida para seus habitantes. O solo das cidades está impermeabilizado, em grande parte, com asfalto, concreto e calçadas (DIAS, 1997). O ritmo de vida mais acelerado e o confinamento doméstico causado pela insegurança das ruas proporciona a necessidade de novas atitudes (ABBUD, 2006). Entre as estratégias para reverter esse processo, destacam-se as áreas verdes: a arborização urbana, os parques florestais, as calçadas ecológicas e a implantação de jardins (JACOBI, 2008). O paisagismo busca criar beleza, tem intenções estéticas compostas nas formas, cores e texturas, luz e sombra, aromas e sabores, possibilitando mais liberdade de ação, não está limitado a seguir regras restritas (ABBUD, 2006). Muitas espécies de plantas ornamentais se prestam para esta finalidade, como gramas, flores e arbustos; entretanto, nos últimos anos, buscam-se novas espécies de plantas e novos estilos de jardinagem, os quais podem ser elaborados com plantas medicinais: aquelas que possuem substâncias com ação farmacológica (FURLAN, 1999). Algumas delas, como o orégano, a mil - folhas, a capuchinha e outras, desenvolvem flores e folhas de grande beleza, igualando-se a muitas espécies de plantas ornamentais conhecidas e utilizadas rotineiramente há muito tempo. Além disso, estas plantas são muito resistentes a pragas, doenças e, em alguns casos, até mesmo à poluição (CORRÊA JR.; MING; SCHEFFER, 1994; LORENZI; MATOS, 2002). Plantas que são medicinais e condimentares, como a hortelã e manjericão, também possuem odor intenso e agradável, quebrando a monotonia de jardins, onde a principal preocupação é com as formas e cores (CASTRO; CHEMALE, 1995). 1 Acadêmicos do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Maringá CESUMAR, Maringá PR. Programa de Bolsas de Iniciação Científica do Cesumar (PROBIC). brubarroca@hotmail.com; igorl_@hotmail.com 2 Orientador, doutor em Agronomia, docente do Centro Universitário de Maringá CESUMAR, Maringá PR. psandir@cesumar.br
2 De modo geral, os jardins urbanos são planejados e executados sem muita variação. A sua manutenção é de custo elevado, principalmente no que diz respeito ao combate de pragas e doenças, entre outros tratos culturais. Além disso, o uso de plantas medicinais em jardinagem é uma alternativa a ser explorada: a beleza dos jardins com plantas medicinais atrai muitos visitantes, e serve a práticas de educação ambiental, como o uso de plantas medicinais (INDIANA MEDICAL HISTORY MUSEUM, 2008). Deficientes visuais raramente podem apreciar a beleza de um jardim convencional, ao passo que um jardim com plantas medicinais e/ou condimentares, fortemente aromáticas, pode agradar também esse público alvo, uma vez que o paisagismo envolve a visão, o olfato, a audição, o paladar e o tato, o que proporciona uma rica vivência sensorial ao somar as mais diversas e completas experiências perceptivas (ABBUD, 2006). O objetivo deste trabalho foi avaliar o cultivo de plantas medicinais em jardins ornamentais, para identificar o valor paisagístico das espécies selecionadas. 2 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em canteiro, no Horto de Plantas, no campus-sede do Centro Universitário de Maringá (CESUMAR), situado no município de Maringá, Paraná, noroeste do Paraná, entre 30/08/2007 a 30/07/2008. A cidade é cortada pelo Trópico de Capricórnio, e suas coordenadas geográficas são: 23º 25 S e 51º 57 W. O clima é do tipo Cfa(h): subtropical úmido, com verões quentes e geadas pouco freqüentes (AYOADE, 2003). O canteiro experimental, com área de 2,5 m 2 (2,5 metros de comprimento x 1,0 m de largura) foi localizado rente a um muro de aproximadamente 3 metros de altura. O solo foi resolvido com enxada, pá e picareta, na profundidade de 30 cm, e em seguida adubado com vermicomposto (3kg m -2 ). Após o preparo do solo, o canteiro foi irrigado por aspersão duas vezes ao dia (no início da manhã e no fim da tarde), durante sete dias. Em seguida, foi feito o plantio das mudas das seguintes espécies de plantas medicinais: babosa (Aloe vera L.), bálsamo (Cotyledon orbiculata L.), capuchinha (Tropaeolum majus L.), hortelã (Mentha piperita L.), losna (Arthemisia absinthium L.), manjericão (Ocimum basilicum L.), mil-folhas (Achillea millefolium L.) e orégano (Origanum vulgare L.). Foram plantadas 20 mudas de capuchinha, 28 mudas de hortelã, 9 mudas de milfolhas, 5 mudas de bálsamo, 1 muda de babosa, 6 mudas de losna, 8 mudas de manjericão e 4 mudas de orégano. Houve a preocupação de trabalhar com as formas e as cores das plantas medicinais com o intuito de proporcionar ao paisagismo determinada composição, distribuindo arbustos de pequeno porte (losna, manjericão) e plantas para forração (capuchinha, hortelã, orégano). Todas as mudas selecionadas eram plantadas em sacos de estopa com terra tratada a esterco e nutrientes; as plantas foram preparadas a partir de estacas ou brotos. Em seguida, com um crescimento submediano foram plantadas no terreno selecionado. O plantio foi realizado na primavera, no mês de novembro, com um clima de sol forte e grande periodo de chuva. A influência do tempo foi válida apenas em certos períodos consideravelmente relevantes para o desenvolvimento das plantas (CORRÊA; BATISTA; QUINTAS, 2003; CASTRO; CHEMALE, 1995). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3 Após o plantio o canteiro foi irrigados e capinado manualmente, para eliminar as plantas daninhas e controle de pragas e doenças, as quais não necessitaram a aplicação de pesticidas. Não foi aplicada adubação de cobertura, em nenhum momento. Figura 1. Jardim no 2º mês. A sobrevivencia e desenvolvimento das mudas foi diferente conforme a espécie, porém somente a hortelã não teve crescimento contínuo. No inicio do plantio a hortelã apresentou um desenvolvimento improprio, poucas folhas e nenhuma flor, após o período de um mês já apresentava resultados, aumento da folhagem e espalhamento pelo canteiro. No período de frio e principalmente com a chuva de granizo, suas folhas foram queimadas e caíram perdendo o aspecto belo e limpo. Figura 2. Hortelã no 10º mês O maior rendimento foi observado na capuchinha, que atingiu o maior aspecto paisagistico quanto ao seu porte, beleza. Das 20 mudas plantadas apenas uma sobreviveu, tendo resultados no período entre janeiro e fevereiro. Apresentou como praga e responsavel por uma suposta extinção de toda floração a lagarta; a praga foi exterminada manualmente sem necessidade de uso de agrotoxicos, não havendo indicio de reaparecimento. A capuchinha foi a planta com maior beleza e impacto paisagistico, suas folhas redondas e grandes, e sua flor com cores fortes exaltaram essa qualidade.
4 Figura 3. Capuchinha 11º mês. As demais espécies se desenvolveram conforme o esperado (CASTRO; CHEMALE, 1995; FURLAN, 1999). 4 CONCLUSÃO Figura 4. Jardim no final do experimento. A maioria das plantas medicinais utilizadas neste experimento provou ser adequada para a elaboração de jardins ornamentais, com a exceção da hortelã, que teve baixo índice de sobrevivência. A capuchinha foi adequada para planta de forração, e as espécies de porte mais alto foram adequadas na composição de espaços. De maneira geral o uso de plantas medicinais na formação de jardins com finalidade ornamental se mostrou viavel. REFERÊNCIAS ABBUD, B. Criando paisagens: guia de trabalho em arquitetura paisagística. 2. ed., São Paulo: SENAC, AYOADE, J.O. Introdução à climatologia para os trópicos. 12. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, CASTRO, L. O.; CHEMALE, V.M. Plantas medicinais, condimentares e aromáticas:
5 descrição e cultivo. Guaíba: Agropecuária, CORRÊA, A. D.; BATISTA, R. S.; QUINTAS, L. E. M. Plantas medicinais: do cultivo à terapêutica. 6. ed. Petrópolis: Vozes, CORREA JR., C.; MING, L. C.; SCHEFFER, M. C. Cultivo de plantas medicinais, condimentares e aromáticas. 2. ed. Jaboticabal: FUNEP, DIAS, G. F. Elementos de ecologia urbana e sua estrutura ecossistêmica. Brasília: IBAMA,1997 (Meio Ambiente em Debate, 18) FURLAN, A. R. Cultivo de plantas medicinais. 2. ed. Cuiabá: SEBRAE/MT, INDIANA MEDICAL HISTORY MUSEUM. Guide to the Medicinal Plant Garden. Disponível em: < Acesso em: 25/07/2008. JACOBI, C.M. Bases ecológicas para o desenvolvimento sustentável: ecologia urbana. Disponível em: < Acesso em: 30/06/2008. LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais do Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Plantarum, 2002.
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