SECRETARIA DE ESTADO DA RECEITA CONSELHO DE CONTRIBUINTES. Sessão de 26 de novembro de 2003 CONSELHO PLENO

Transcrição

1 _ Rubrica SECRETARIA DE ESTADO DA RECEITA CONSELHO DE CONTRIBUINTES Sessão de 26 de novembro de 2003 CONSELHO PLENO RECURSO N.º ACÓRDÃO N.º I. E. N.º RECORRENTE - FAZENDA ESTADUAL RECORRIDA - ALLIED DOMECQ BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. RELATOR - CONSELHEIRO ANTONIO DE PÁDUA PESSOA DE MELLO Participaram do julgamento os Conselheiros: Antonio de Pádua Pessoa de Mello, Nélio Francisco Tavares Pinheiro, Eduardo Caetano Garcia, José Torós, Antonio Silva Duarte, Mário Cezar Franco, José Augusto Di Giorgio, Carlos Guimarães de Almeida Filho, Dinorá Bauer Cesar, Ivan da Silva Pereira, Ronald Madeira Maia, Celso Guilherme Mac Cord, Ricardo Garcia de Araujo Jorge, Marcos Antonio de Mesquita Pinto Furtado, João da Silva de Figueiredo e Moacyr de Oliveira Araujo. ICMS IMPORTAÇÃO. MATÉRIA PRIMA. BEBIDA ALCOÓLICA. A mercadoria importada, integrante de processo que redundará em produto classificado como bebida alcoólica, segundo os conceitos da legislação federal, só poderá ser também assim classificada, para fins de tributação pelo ICMS, em se provando estar enquadrada nos mesmos

2 CONSELHO PLENO - Ac. nº: fls.2/5 critérios de tal legislação, sendo irrelevante o aspecto de sua destinação única. RELATÓRIO ALLIED DOMECQ BRASIL IND. E COM. LTDA., inscrição estadual , recebeu o Auto de Infração de fls., por infringência ao(s) Artigo(s) 2º, inc. V, 6º, e 17, inc. VIII, item 5, da Lei 1423/89, sendo-lhe aplicada a penalidade prevista no Artigo 59, inc. VII, da mesma Lei. O relato acusa que ocorreu importação de mercadorias, denominadas grain whisky e malt whisky, tributadas pela alíquota de 18% do ICMS, quando o correto seria o uso da alíquota de 25%, por tratar-se de bebida alcoólica. O Julgador singular, apreciando a defesa interposta, tão somente alterou o valor exigido na parte da penalidade aplicada, ao conceder os benefícios da Lei 2881/97, vindo o contribuinte a interpor recurso que, apreciado pela Colenda Primeira Câmara, foi provido pelo voto de qualidade, conforme decisão constante destes autos. Inconformado com tal resultado, o Sr. Representante Geral da Fazenda recorreu a este Conselho Pleno alegando, em síntese, que não há determinação legal que exclua as mercadorias em questão do rol da bebidas alcoólicas; que na Tabela de Incidência do IPI TIPI há uma codificação para uísques, onde estariam inseridos os itens objeto da autuação, e que esta classificação tributária está em consonância com a manifestação da Receita Federal (elementos de fls.), que serviu de base para o lançamento e para a decisão singular.

3 CONSELHO PLENO - Ac. nº: fls.3/5 Em suas contra-razões, o sujeito passivo lembra que a decisão da Primeira Câmara norteou-se, por um lado, pela Declaração do Ministério da Agricultura e Abastecimento de que as mercadorias, importadas a granel, eram matérias primas para a elaboração do produto uísque ; e, por outro lado, na legislação federal definidora de que uísque, whisky ou whiskey é a bebida com graduação alcoólica de 38% a 54% em volume, quando os itens citados no A.I. têm tal concentração acima de 60 graus, impróprios ao consumo humano, impondo-se-lhes a adição de água e caramelo. Aduz, também, que a troca de informações via fax, entre a Inspetoria de Grande Porte e a Receita Federal, culminou com um derradeiro expediente de fls., mudando os termos do primeiro comunicado gerado por esta. O ilustre Representante Geral da Fazenda voltou a manifestar-se sobre tal derradeiro informe da Receita Federal, destacando a conclusão de que de fato, em termos de uísque, não há no Sistema Harmonizado ou no Regulamento do IPI qualquer menção do que venha a ser matéria prima ; para, assim, ver como lógico o enquadramento das mercadorias citadas no A.I. em todas as bebidas espirituosas (alcoólicas) não incluídas em qualquer outra posição. Razões de, ao final, protestar pela reforma da decisão da Câmara e restabelecimento da sentença proferida pelo Julgador singular. Posteriormente, foi juntada a documentação de fls. e, em seguida, a Representação Geral da Fazenda tomou ciência e despachou no sentido do prosseguimento. É o relatório. VOTO DO RELATOR

4 CONSELHO PLENO - Ac. nº: fls.4/5 A matéria em foco tem sido, recentemente, objeto de julgamentos neste Conselho Pleno; já deu margem a exaustivos debates e, salvo engano, gerou um posicionamento consolidado dos senhores julgadores. Sem dúvida alguma, na falta de regras específicas no âmbito estadual, pautase, pelas normas existentes na legislação federal, a questão de classificar-se como matéria prima ou como bebida alcoólica o que foi objeto do lançamento, para fins de eleição da alíquota do ICMS. Discute-se, dentro destas alternativas, a classificação da importação de grain whisky e malt whisky, não se questionando a afirmação de que possuem graduação alcoólica superior a 60% em volume, devendo ser inferida a resposta pelo exame dos seguintes dispositivos do Decreto nº 2.314, de 04/04/99, com as alterações do Decreto nº 3.510, de 16/06/00 (Regulamento Federal de Bebidas), abaixo transcritos: Art. 10. As bebidas serão classificadas em bebida não alcoólica e bebida alcoólica. 1 o Bebida não alcoólica é a bebida com graduação alcoólica até meio por cento em volume, a vinte graus Celsius. 2º - Bebida alcoólica é a bebida com graduação alcoólica acima de meio e até cinqüenta e quatro por cento em volume, a vinte graus Celsius..... Art. 94. Uísque, "whisky ou whiskey " é a bebida com graduação alcoólica de trinta e oito a cinqüenta e quatro por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida do destilado alcoólico simples de cereais envelhecido, parcial ou totalmente

5 CONSELHO PLENO - Ac. nº: fls.5/5 maltados, podendo ser adicionado de álcool etílico potável de origem agrícola, ou destilado alcoólico simples de cereais, bem como de água para redução da graduação alcoólica e caramelo para correção da cor.... 2º O uísque engarrafado no território nacional somente poderá fazer uso das denominações de origem, ou seja "scotch whisky ", "canadian whisky", " irish whisky ", e outras reconhecidas internacionalmente, quando elaborado, exclusivamente, com matérias-primas importadas a granel, cujos destilados sejam produzidos e envelhecidos em seus respectivos países de origem e que mantenham as características determinadas por suas legislações, podendo apenas ser adicionado de água para redução da graduação alcoólica e de caramelo para correção da cor. (os grifos não constam do original) Independentemente de a douta Representação Geral da Fazenda pretender argüir que as informações da Receita Federal insertas nos autos e parte nodal do imbróglio não definiram, para o caso, o que é matéria prima, vê-se que houve uma mudança em relação conteúdo do primeiro fax enviado para a Inspetoria de Grande Porte, supostamente desencadeador da presente exigência fiscal. Ademais, merece atenção o fato de que não se pode pretender chamar de bebida alcoólica ou não aquilo que não se destina a ser ingerido. Irretorquível, pois, a conclusão de que as mercadorias importadas não se classificam como bebidas alcoólicas, pois acima do marco legal, em graduação, para tanto; e, sim, se enquadram justo no conceito das matérias primas ventiladas na legislação retro transcrita, as quais, pela adição de água e caramelo também lá previsto se transformam na bebida alcoólica denominada uísque, exatamente como definido no mesmo texto.

6 CONSELHO PLENO - Ac. nº: fls.6/5 Isto posto, NEGO PROVIMENTO ao recurso da Fazenda Estadual, para manter a decisão da Colenda Primeira Câmara. É o voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos em que é Recorrente FAZENDA ESTADUAL e Recorrida a ALLIED DOMECQ BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Acorda o PLENO do Conselho de Contribuintes do Estado do Rio de Janeiro, por maioria de votos, negado provimento ao recurso, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Vencido o Conselheiro Eduardo Caetano Garcia, que deu provimento ao recurso. PLENO do Conselho de Contribuintes do Estado do Rio de Janeiro, em 09 de dezembro de 2003.

7 CONSELHO PLENO - Ac. nº: fls.7/5 MOACYR DE OLIVEIRA ARAUJO PRESIDENTE ANTÔNIO DE PÁDUA PESSOA DE MELLO RELATOR lbf\