Decisão de Pregoeiro n /2009-SLC/ANEEL. Em 03 de julho de 2009.

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1 Decisão de Pregoeiro n /2009-SLC/ANEEL Em 03 de julho de Processo nº: / Licitação: Pregão Eletrônico nº 08/2009 Assunto: Análise da IMPUGNAÇÃO AO EDITAL apresentada pela empresa Associação Brasileira de Empresários do Ramo de Prestação de Serviços. I DOS FATOS A empresa Associação Brasileira de Empresários do Ramo de Prestação de Serviços, apresentou impugnação datada de 01 de julho de 2009, ao edital do Pregão Eletrônico nº 08/ A empresa argumenta, em síntese, que: a) é ilegal e restritivo exigir certidões e ou documentos de terceiro alheios ao certame, mais gravoso ainda e restringir ao certame e exigir que as empresas apresentem atestados exatamente iguais na forma e texto do previsto no edital. Tal pratica reduz muitíssimo a participação o que diga se de passagem e proibido por lei, ademais o Art. 30º da lei 8666/93 estabelece que o atestado deve se limitar a garantir que o licitante tenha conhecimento e experiência na execução daquele objeto,nada mais que isso. Portanto, patente que a empresa que opere qualquer centro de atendimento automaticamente sem necessidade de constar minuciosamente em seu atestado, opera nos moldes daquele texto, sendo certo que não e financeiramente salutar para o ESTADO a manutenção daquele texto, basta exigir experiência na montagem e operação de call center e ou assemelhado. b) Outro ponto a ser combatido é com relação a exigência de profissional da área de engenharia de telecomunicações e do registro da mesma no CREA, pois, as empresas não montam centros telefônicos todos os dias, todos os meses e ou ano inteiro para justificar ter no seu quadro técnicos tão especialistas a disposição para atuarem quando surgir uma contratação para tal finalidade, muito menos suportar os altíssimos custos junto ao CREA, portanto, deve-se aceitar o contrato de prestação de serviços com profissionais do nível de engenharia de telecomunicações e ou empresas registradas no CREA, pois, exigir que a empresa tenha toda essa estrutura é excessivo e restritivo.. c) a decisão da ANEEL em montar um ambiente de tele atendimento no Distrito Federal, não se justifica no momento atual da tecnologia a disposição no estado brasileiro, pois, com os acessos disponíveis em qualquer unidade da federação este serviço pode ser

2 realizado em qualquer lugar do território nacional, que pode ser monitorado via sistema e em tempo real, não sendo razoável decidir pela montagem da estrutura no Distrito Federal simplesmente sob o argumento de que em sendo o centro no Distrito Federal o acesso, monitoramento e gerenciamento, será mais eficaz, na verdade está decisão só irá onerar ainda mais o erário já tão consumido por excessos de preciosismos e caprichos setoriais. d) Que seja exigido tão somente o registro no CRA, salientando que não é requisito factível para operar centro de atendimento que a empresa tenha quadro técnico de engenheiros e seja registrada no Conselho de Engenharia, portanto, esta exigência deve ser substituída pela possibilidade da licitante vencedora contratar uma empresa registrada no CREA para a montagem, pois, para a operação não há essa necessidade. II DA ANÁLISE 3. Após análise das razões apresentadas pela impugnante, consignamos o seguinte: 4. A área demandante dos serviços, por meio do Memorando nº 302/2009-SMA/ANEEL, informa que: 4.1 Preliminarmente, vale destacar a abrangência do objeto ora contratado, nos termos: Contratação de empresa especializada para prestação de serviços de Teleatendimento Receptivo e Ativo, com atendimento eletrônico e humano, abrangendo todos os recursos necessários ao planejamento, implantação, operacionalização e gestão, incluindo instalações físicas, infra-estrutura de engenharia de redes locais de computadores e rede interna (elétrica e cabeamento estruturado), front-end de atendimento, adequações ambientais, engenharia de telecomunicações (equipamentos da plataforma de comunicação de voz e integração CTI - Computer Telephony Integration), mobiliário, recursos para operação (logística e materiais administrativos) e recursos humanos, conforme características (...). 4.2 Neste sentido observa-se que a Agência pretende contratar todos os recursos inerentes à prestação dos serviços de teleatendimento, incluindo toda infra-estrutura tecnológica, com recursos computacionais e de engenharia de telecomunicações, que nitidamente representa a parcela de maior relevância no contexto do objeto, tendo em vista a sua criticidade e a complexidade de implantação e operacionalização. 4.3 Sobre essa questão, a impugnante Tel Telemática entendeu que o serviço tecnológico demandado se resume a área de informática e mencionou o Acórdão 168/2009/TCU que trata da questão apenas no âmbito da área de Tecnologia da Informação. 4.4 Ocorre que, os requisitos tecnológicos previstos para essa contratação são mais abrangentes e essenciais para o correto funcionamento da operação como um todo, que integra a arquitetura computacional com a de engenharia de telecomunicações por meio da plataforma integrada de comunicação de dados e voz.

3 4.5 Por efeito, a exigência de registro no CREA (Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia), deve-se ao fato de considerar-se, em estrita observância ao disposto no inciso I do art. 30, conjugado com o seu 1º, também inciso I, da Lei de Licitações, os aspectos tecnológicos inerentes ao objeto licitado parcela de maior relevância no certame, especialmente no que se refere a: a) previsão, na prestação dos serviços licitados, da utilização de comunicação com a utilização de multimeios (fax, , chat, voz sobre IP); b) gestão de sistemas corporativos com exigências tecnológicas sofisticadas de telecomunicações, inclusive a capacidade de administração remota, através de acesso via rede local ou em ambiente seguro via Internet; c) integração entre o ambiente de Call Center com a ANEEL, via link de comunicação de dados, além da configuração e manutenção dos equipamentos de comunicação (switches, roteadores, cabos e conectores) sob a total responsabilidade da contratada; d) disponibilização e gestão, pela contratada, de rede física e lógica, utilizando-se de cabeamento estruturado de Categoria 6 e padrão Fast-Ethernet, com conexão à Internet; e) manutenção e atualização tecnológica dos sistemas de comunicação (DAC, CTI, URA, Gravador, etc) e de engenharia de telecomunicações e outros componentes do Call Center; f) engenharia de tráfego relativo ao dimensionamento dos serviços de comunicação de voz e dados, posições de atendimento e demais serviços previstos no Call Center; g) implantação e manutenção da plataforma de comunicação e dos ambientes tecnológicos integrados; e h) serviços de atendimento técnico especializado, a ser realizado por engenheiros eletricistas, na retaguarda do 1º nível de atendimento, incluindo análises sobre questões de ordem técnica do setor elétrico. 4.6 Ademais, a ANEEL, em face da natureza complexa do objeto ora licitado, que envolve a conjugação de atividades de diferente ordem, deu pleno atendimento ao ensinamento de Marçal Justen Filho, em Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, SP: Dialética, 2000, p. 329, in verbis:... considera-se o objeto a ser executado e se define sua natureza principal ou essencial. Deverá promover-se o registro exclusivamente em face do órgão competente para fim principal da contratação. 4.7 Portanto, considerando que o fim principal da presente contratação envolve a atividade de engenharia, foi exigido que os Atestados de Capacidade Técnica comprovando a prestação de serviços de natureza e vulto compatíveis com o objeto licitado fossem registrados no CREA.

4 4.8 A respeito, decidiu o Superior Tribunal de Justiça no Acórdão STJ Resp /SC, Recurso Especial 2001/ , Relator Min. Franciulli Netto: RECURSO ESPECIAL MANDADO DE SEGURANÇA LICITAÇÃO ARTIGO 30, II, 1º DA LEI Nº 8.666/93 CERTIFICAÇÃO DOS ATESTADOS DE QUALIFICAÇÃO TÉCNICA AUSÊNCIA DE REGISTRO NO CREA VIOLAÇÃO À LEI DE LICITAÇÃO. Segue trecho da decisão: O artigo 30, inciso II, 1º da Lei de Licitações, determina a comprovação de aptidão técnica, no caso de licitações pertinentes a obras e serviços, por atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente certificados pela entidade profissional competente. (...) A presunção de autenticidade de documento fornecido por empresa particular é meramente juris tantum e cede em face de lei que determina a certificação por entidade profissional, com status de representante da categoria e, portanto, em condições de aferir questões alusivas à capacitação técnica. 4.9 Sobre o Responsável Técnico previsto na contratação, ratificamos que o profissional registrado no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CREA tem a chancela do conselho referente à aptidão para exercer legalmente a sua atribuição, tratando-se de profissão regulamentada conforme Lei nº 5.194/66. Conforme Resolução do CONFEA nº 218/73, compete ao ENGENHEIRO ELETRÔNICO o desempenho das atividades referentes a materiais elétricos e eletrônicos; equipamentos eletrônicos em geral; sistemas de comunicação e telecomunicações; sistemas de medição e controle elétrico e eletrônico; seus serviços afins e correlatos Neste contexto, toda a empresa de implantação e ou manutenção de equipamentos eletrônicos e de telecomunicações necessita que exista um profissional cadastrado como responsável técnico, em conformidade com a Lei supracitada. 5. Ademais, esse assunto já foi discutido junto ao TCU, no âmbito do Processo TC /2004-5, nesse sentido destacamos excertos da análise realizada pela 1º Secex: Apesar de entendermos que o Atestado exigido pela alínea a do subitem do Edital poderia ser registrado no CRA, não podemos considerar incorreta a opção da ANEEL pelo registro no CREA, pois está amparada em posição doutrinária de eminente administrativista nacional. Além do mais, essa exigência não tornou menos competitivo o certame, pois, mesmo que fosse exigido o registro no CRA, o fato de o objetivo envolver serviços de engenharia também obriga o registro das licitantes no CREA, de acordo com o memorando nº 157/2003- CTE/CREA (Anexo 1, fls. 122/123) Ante essas considerações, em que pese a possibilidade de também serem possíveis os registros dos atestados de capacidade técnica das empresas licitantes e dos seus responsáveis técnicos no Conselho Regional de Administração, a opção de exigência de esses registros serem feitos no Conselho Regional de Engenharia,

5 ARQUITETURA E Agronomia constante do subitem 5.1.5, alíneas a, b e c, do edital não pode ser considerada irregular ou restritiva ao caráter competitivo do certame, não ocorrendo, dessa forma, ofensas ao art. 3º da Lei nº 8.666/93, devendo, assim, ser considerada improcedente a Representação da Hyphen em relação a esses quesitos do Edital. 6. Oportunamente destacamos que o disposto no art. 59, caput, e 1, da Lei 5.194/66, que informa a necessidade de registro no respectivo Conselho Regional: Art. 59. As firmas, sociedades, associações, companhias, cooperativas e empresas em geral, que se organizem para executar obras ou serviços relacionados na forma estabelecida nesta lei, só poderão iniciar suas atividades depois de promoverem o competente registro nos Conselhos Regionais, bem como o dos profissionais do seu quadro técnico. 1º O registro de firmas, sociedades, associações, companhias, cooperativas e emprêsas em geral só será concedido se sua denominação fôr realmente condizente com sua finalidade e qualificação de seus componentes. 7. Adicionalmente, por meio do Memorando nº 304/2009-SMA/ANEEL, a área demandante informa: 7.1 Em relação ao item 9 do anexo I do Edital, ressaltamos que a localização da prestação em Brasília, com toda infra-estrutura tecnológica e operacional, foi considerada de extrema relevância para a fiscalização e gestão contínua da qualidade dos servidos prestados, observados os seguintes fatores: a) dificuldades inerentes ao acompanhamento dos serviços prestados em face do obrigatório relacionamento com as empresas prestadoras de serviços de telecomunicações já contratados pela ANEEL (operadoras de telefonia); b) necessidade de contínua interação da contratada com os técnicos da Ouvidoria da ANEEL, para manutenção e atualização das informações prestadas aos consumidores, vis-à-vis as constantes alterações do marco legal do Setor Elétrico e a necessidade de treinamentos constantes. 8. Conforme análise realizada pela área técnica, as exigência do edital, ora impugnados, não contrariam qualquer um dos princípios legais inerentes a licitação pública. III DO DIREITO 9. A impugnação foi apresentada no prazo previsto nos termos do Decreto nº 5.450/05.

6 IV DA DECISÃO 10. Diante do exposto, o Pregoeiro decide NEGAR provimento a impugnação apresentada, e manter os termos do edital. EMANUEL CÂMARA DE ARAÚJO Pregoeiro

7 Processo: / Licitação: Pregão nº 08/2009 Assunto: Impugnação ao edital apresentada pela empresa Associação Brasileira de Empresários do Ramo de Prestação de Serviços. Adoto, na íntegra, o relatório e os fundamentos enfocados pelo Pregoeiro, para, no mérito, negar provimento a impugnação apresentada pela empresa Associação Brasileira de Empresários do Ramo de Prestação de Serviços, e manter os termos do Edital de Pregão 08/2009. Brasília, 03 de julho de AUREO DE ARAUJO SOUZA Superintendência de Licitações e de Controle de Contratos de Convênios