AS ELEIÇÕES DO OFICIAIS DAS CÂMARAS MUNICIPAIS DO BRASIL COLÔNIA
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- Walter Palma Melgaço
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1 Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino FAE São João da Boa Vista - SP Mestrado Acadêmico em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida Disciplina: Desenvolvimento Sustentável Prof.ª. Drª Carmem Beatriz Fabriani Prof. Dr Luciel Henrique de Oliveira Aluna: Marina Carvalho Vieira da Costa Fichamento: Canêdo, Letícia Bicalho. Democracia (pp 516 a 543) PINSKY, J. & PINSKY, C. (org.) História da Cidadania. 2ª Ed. São Paulo: Contexto, O Objetivo do capítulo deste livro é realizar um giro histórico na democracia eleitoral Brasileira, abordando conceitos e técnicas que fizeram parte desta trajetória da colônia até os dias atuais, expondo conceitos e técnicas que configuram as eleições e as condições práticas na elaboração de seus rituais e também na forma como foram introduzidas no Brasil. APRENDENDO A VOTAR O voto? A resposta do senso comum costuma vir rápida: um ato de cidadania, um direito e um poder, uma garantia livre de opinião política, símbolo da democracia. Ou, segundo as definições mais conceituais dos dicionários: modo de manifestar a vontade ou opinião num ato eleitoral ou numa assembleia; sufrágio, ato ou processo de exercer o direito a essa manifestação e seu resultado. (P 517) Segundo Tocqueville, filósofo e sociólogo da política que o século XIX produziu, ao votar o cidadão celebra a ideia de uma sociedade de iguais, onde a democracia se confunde com eleição. Antes de se tornar emblema da participação do povo no governo, o voto foi objeto de todo um trabalho social e político para lhe dar forma, simbólica e material, e condição de ação. ( ) O significado que hoje damos a democracia soberania do povo deveria nos fazer refletir mais profundamento sobre o que a tornou possível e determinar os modos de construção dessa Instituição. A história brasileira é rica de ensinamentos, pois desde o período colonial a população dos municípios se habituou a eleger os representantes de suas Câmaras, e antes mesmo da Independência em 1821, participou das primeiras eleições para escolher seus representantes na corte de Lisboa. (519) AS ELEIÇÕES DO OFICIAIS DAS CÂMARAS MUNICIPAIS DO BRASIL COLÔNIA Eram restritas às Câmaras Municipais, órgãos inferiores da administração geral das capitanias. Exprimiam os interesses dos senhores locais, distâncias imensas e falta de comunicação as colocavam distantes das ordens do Governo da Capitania ou da Coroa.
2 Desde o sec. XVII, as atribuições eram fixadas pelas ordenações Filipinas, o sistema de eleição compunha de: um juiz, três ou quatro vereadores, um escrivão, as vezes um tesoureiro. Realizadas três em três anos, no natal. Quem votava eram os homens bons, homens das classes nobres e privilegiadas. Havia o segredo de escolha. Excluídos os homens sem qualidade, o resultado era uma operação jurídica e social onde agiam atores perfeitamente identificados e que não podiam se desviar do trabalho comum de reprodução social e transmissão do poder local entre eles mesmos. (p 522) AS ELEIÇÕES GERAIS PARA A CORTE DE LISBOA A transformação dos homens de qualidade em homens iguais se deu pela primeira vez para a escolha dos representantes da população nas cortes de Lisboa, em 1821, seis anos após o Brasil ter sido elevado à categoria de Reino Unido ao de Portugal e Algarves. Entrada para o mundo do Constitucionalismo moderno, que tinha como modelo a constituição espanhola de CADIZ: cidadão, sem idade definida, pessoa de respeito na comunidade, podia ser analfabeto, representava a povoação a que pertencia. Excluídos ai negros, índios e mestiços. O laço entre o voto e a soberania territorial foi estabelecido pelo peso da paróquia no sufrágio indireto (...)Todas as cerimônias eram precedidas por missa solene na igreja católica ( ) em 1821 saiu um elevado número de padres eleitos (30%). (p 523) A construção da cidadania brasileira, portanto, se iniciou baseada num território não mensurável controlado pelas culturas políticas locais. O laço com a soberania se efetuou através de um filtro de uma hierarquia de poderes transitórios as eleições por graus. (p 524) AS ELEIÇÕES NO IMPÉRIO ( ) Após a independência o grande desafio para os políticos encarregados da construção do estado brasileiro foi tentar modelar as instituições liberais europeias à realidade brasileira. Terá que definir: O que é ser brasileiro? Havia um país chamado Brasil, mas absolutamente não havia brasileiros, escreveu o botânico francês Saint-Hilaire em (p 524) A organização Constitucional do Estado, portanto, vai necessitar regulamentar o registro
3 oficial do cidadão brasileiro fora da órbita religiosa, legitimá-lo frente a população, para assim, formar um corpo eleitoral neutro. (p 525) A constituição de 1824, estabeleceu os representantes a serem votados para ocupar postos no sistema político. Votava-se para juiz de paz, vereadores, para Assembleia Provincial e Câmara de Deputados. Para os cargos locais eram diretas e para os outros, indireta. Às Mulheres, escravos e indígenas, filhos vivendo com os pais não era facultado votar. Podiam votar homens nascidos no Brasil e naturalizados com mais de 25 anos, oficiais militares com mais 21 anos, bacharéis e padres, estes últimos sem limite de idade. A PRÁTICA DO VOTO DURANTE O PRIMEIRO PERÍODO REPUBLICANO 1889 República foi proclamada. O novo regime nada inovou em matéria de igualdades civis. Sufrágio censitário (concessão do direito do voto apenas àqueles cidadãos que atendem certos critérios que provem condição econômica satisfatória) foi abolido. Para ser eleitor, precisava ler e escrever. Ser independente social e econômica. Excluídos: menores de 21 anos, alienados mentais, mendigos, religiosos de ordem monástica, mulheres e praças de pré. Ou seja 80% da população brasileira estava afastada do direito ao voto. O judiciário foi afastado do alistamento eleitoral. Eleição não era coisa que merecesse respeito. Nem na monarquia, nem na primeira república, escreveu o respeitável jornalista Assis Barbosa, ao se referir ao alistamento fictício, incompleto ou defeituoso, e às atas de votação falsificadas. (p 532) Em 1916 o judiciário voltou a ter responsabilidade exclusiva pela qualificação dos eleitores nas eleições federais. As eleições passaram a ser feitas por sessões do município e não mais por paróquia. Separa-se igreja do estado. Foi garantido o voto secreto, a cédula era colocada em envelope. A partir da faculdade de direito em São Paulo e da criação do partido democrático ocorreram programas de moralização eleitoral (voto secreto, verificação de resultados, representação proporcional etc...). Foi crescendo o sentimento cívico e a vontade de participar da vida política entre as camadas médias urbanas das principais capitais do país (p 235) OS ANOS 1930 E A NACIONALIZAÇÃO DA CIDADANIA Criação do Código Eleitoral em Governo Provisório de Getúlio Vargas. Criação da Justiça Eleitoral. Tribunal Superior, Tribunais Regionais nos estados e Juízes
4 Eleitorais nas comarcas. Alistamento, eleições reconhecimento e proclamação dos resultados ficou a cargo do Tribunal Superior Eleitoral TSE. Exigência de registro do candidato antes do pleito. Obrigatoriedade do envelope para garantir o sigilo do voto, em cédula devidamente rubricada e garantir que o eleitor votasse em local indevassável garantia do voto secreto. Direito do voto estendido às mulheres. Alistamento feito pelo eleitor (ex officio). Título com fotografia. Pela primeira vez quem não se inscrevesse sofreria sanções. Foi introduzido o sistema proporcional misto (proporcional e majoritário) Golpe de estado - Estado Novo. O Estado Novo consagrou o nacionalismo, unificando a cultura, os códigos jurídicos e linguísticos. Homogenizou as formas de comunicação burocrática (formulários impressos, concursos para funcionários públicos etc ). Sem falar nos procedimentos para a unificação das estruturas escolares. (P 537) A DEMOCRACIA ELEITORAL APÓS voto obrigatório para alfabetizados. Implantação dos partidos políticos nacionais de massa, com programas definidos Lei Agamenon alistamento e votos obrigatórios. Idade para votar 18 anos. Estabeleceu critérios para organização dos partidos. Sistema proporcional de votos. Constituição de 1946 proibiu o analfabeto de votar. (aspecto restritivo à cidadania, em % da população não sabia ler e escrever). O dado mais importante a observar aqui é a tentativa de que, com o tempo, vai encorajar a promoção dos pretendentes de origens modestas. É o caso do Presidente eleito no Brasil em 2002, ex-operário Luiz Inácio Lula da Silva. (p 537) Até 1964, 23 partidos chegaram a participar das eleições. Distribuir apertos de mão, empenhar-se para realizar pequenos serviços aos eleitores com marcas de simpatia torna-se imprescindível. Com isso, surge a indústria do panfleto, dos comícios, dos cartazes, das visitas nas feiras, das campanhas nos morros, ou seja, conquistar o eleitor. Não basta mais ser apenas um respeitável representante da comunidade local. (P 538) 1950-Novo Código foi promulgado Todo cidadão maior de 18 anos era obrigado a votar, o título
5 era tirado no cartório eleitoral. Criação da Cédula oficial única confeccionada pela Justiça Eleitoral votavam com um X frente ao nome do candidato Eleitor teve que escrever o nome do candidato. (muitos votos invalidados). O VOTO E A DEMOCRACIA O golpe de estado de 1964 e os vinte anos que lhe seguiram, servem bem de ilustração para derrubar uma idealização possível quanto a uma história da cidadania resumida a uma sucessão de etapas legais, ou conquistas populares, caminhando dentro de um plano preestabelecido para o direito ao voto, fruto de uma opinião individual. (p 540) Abolição dos partidos existentes permitindo apenas dois novos partidos. Fechamento do Congresso Nacional por duas vezes. Eleições presidenciais e para governadores Indiretas O cidadão Selvagem precisava ser dominado pelo estado. (p 541) Multa de até três salários-mínimos para eleitores que não se alistassem e não votassem. Exigência de comprovação do voto para retirar passaporte, carteira de identidade, inscrever-se para concurso e para obter empréstimos de órgãos públicos. Com isso a participação eleitoral cresce vertiginosamente. Votos de cacarecos Volta da Democracia movimento das Diretas Já Maior mobilização popular da história brasileira. Ambiente de otimismo pela crença na força da Instituição Eleitoral como expressão de poder popular. Eleições de 1986 Convocadas para formar a Assembleia Nacional Constituinte. Novo recadastramento Eleitoral. Informatização Unificação dos eleitores nacionalmente no TSE. Por tudo isso, a Constituição de 1988 trouxe a ideia de uma instituição eleitoral duramente conquistada. Trouxe o direito do voto para analfabetos e o fim de uma série de discriminações: a econômica (voto censitário), a racial (escravos), a sexual (mulheres), a cultural (analfabetos). A introdução da urna eletrônica, por sua vez, com motivo alegado de dar cabo às fraudes, contribuiu para que os eleitores fortalecessem a ideia da virtude do seu papel de eleger seus representantes. Um maior número de eleitores se sentiu estimulado a votar, com redução dos votos nulos. (p 542)
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