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1 Para citar esse documento: CARVALHO, Carla; FURMANN, Ivana Deeke; SOUZA, Marco Aurélio Cruz e. Livro de artista: ensino e poética no curso de dança. V Congresso Nacional de Pesquisadores em Dança. Manaus: ANDA, p

2 LIVRO DE ARTISTA: ENSINO E POÉTICA NO CURSO DE DANÇA Carla Carvalho 1 Ivana Deeke Furmann 2 Marco Aurélio Cruz e Souza 3 RESUMO: Analisa uma experiência docente/artística realizada numa Licenciatura em Dança e envolve a poética visual e o ensino da Dança/Arte. Parte do desenvolvimento e análise de um Livro de Artista compreendido aqui também como livro/objeto ou skechtbook. O desafio foi: criar um Livro de Artista : que relacione o tema da disciplina Arte na Educação com sua história em dança. Os dados indicam: os livros trouxeram aspectos que relacionam a Dança na vida, na escola e no contexto profissional dos acadêmicos. Suas experiências em dança na grande maioria foi extra escolar. Elementos teóricos transversalizaram as produções artisticas. Em relação aos aspectos formais utlizaram signos da dança na forma para dar volume à visualidade. Palavras-Chave: LIVRO DE ARTISTA. DANÇA. VISUALIDADE. 1 PALAVRAS INICIAIS Esta experiência aconteceu no Curso de Dança do Departamento de Artes, do Centro de Ciências da Educação, Artes e Letras da Universidade Regional de Blumenau, Blumenau/ SC. Foi realizada nos componentes curriculares de Arte na Educação e História da Dança da primeira fase do curso. Cabe mencionar ainda, que a referida instituição oferece a primeira Graduação em Dança do estado, com início da primeira turma em 2017/2. 1 ca_carvalho@icloud.com, Doutora em Educação pela UFPR, professora do Programa de Pós-Graduação em educação (PPGE) e do departamento de Artes da FURB; 2 ivanacontemporaneo@hotmail.com, Mestre em Educação pela FURB, professora do departamento de Artes da FURB; 3 marcoaurelio.souzamarco@gmail.com, Doutorando em Dança pela Universidade de Lisboa, Portugal. Coordenador e professor do curso de licenciatura em Dança da FURB. 583

3 Esta breve experiência intitulada Livro de Artista: ensino e poética no curso de Dança propõem aliar aspectos de ensino e o processo de produção artistica em disciplinas que são de discussão teórica nos cursos de Artes do Departamento de Artes da FURB. O componente curricular Arte na Educação faz parte do eixo comum de componentes que integram os cursos da area de Arte, no Centro de Ciências da Educação, Artes e Letras de nossa instituição. Ele acontece logo no inicio do curso e tem como objetivo geral: Estudar a arte na educação, conhecendo seu contexto histórico no Brasil, refletindo sobre as tendências pedagógicas que influenciaram e continuam influenciando o ensino da arte no cotidiano da escola de Ensino Básico, assim como conhecer os principais teóricos desta area. O outro componente curricular envolvido é História da Dança que faz parte do eixo específico do curso de Dança Licenciatura. Apresenta como objetivo geral: Distinguir a estética corporal e do movimento articulando aos contextos históricos e cutturais das concepções de dança no ocidente, estabelecendo relação com a prática na educação Básica. Para alcançar ambos os objetivos dos componentes curriculares são realizados diversos estudos teóricos práticos com o intiuito de discutir aspectos relacionados à Arte. A ementa de Arte na Educação é: A inserção da arte na educação e seu contexto histórico no Brasil. Tendências pedagógicas do ensino da arte. Teóricos da arte na educação. (FURB, 2017) Já a ementa de História da dança além de estudar a dança desde as culturas primitivas até a dança pós-moderna/contemporânea, propõe a conscientização da construção da história da dança pessoal de cada aluno. Ou seja, refletir como foi a aproximação com a dança e a trajetória de cada um na habilidade da disposição artística dança. Tal dinâmica envolve um relato por escrito, bem como, dança pessoal onde por meio de uma improvisação dançada com uso de texto ou não, o acadêmico conta a sua história na dança. A atividade além de conscientizar cada qual sobre suas articulações na dança, oportuniza conhecer o perfil dos acadêmicos da Graduação de Dança e o conhecimento das vivências dos colegas de classe entre os mesmos. A proposta relatada acontece nas primeiras aulas do semestre e serve de fio condutor para a criação dos Livros de Artista que são confeccionados ao final das atividades do componente curricular Arte na Educação. 584

4 Assim sendo, a atividade do Livro do Artista é a última avaliação realizada no processo do componente curricular Arte na Educação. Entretanto, os acadêmicos a recebem logo no início do semestre e durante o semestre se estruturam para alimentar a proposta. Figura 01: apresentado aos acadêmicos de Dança Fonte: Registros da professora Essa é uma provocação que vem sendo discutida durante o semestre e neste percurso o acadêmico desenvolve propostas, apresenta, faz e refaz seus projetos de livros de artista. Percebemos assim a estreita relação entre os componentes curriculares mencionados onde ambas trabalharam sobre a história da dança dos acadêmicos. 2 O LIVRO DE ARTISTA Inicialmente discutimos com os acadêmicos o conceito de livro, buscando no dicionário aspectos que sustentassem essa compreensão: conjunto de folhas impressas e reunidas em 585

5 volume encadernado ou brochado. Obra em prosa ou verso, de qualquer extensão. Divisão de uma obra, especialmente epopéia. Na sequência discutimos o conceito de livro de artista que são obras de arte realizadas sob a forma de um livro. Habitualmente publicados em pequenas edições, são por vezes produzidos como obras de arte únicas. A partir do formato de um livro como o reconhecemos, o artista o transforma na própria obra através de uma experimentação poética e visual, como novas relações entre a imagem e a palavra ou entre a imagem e o formato. Sua principal marca é remeter à forma do livro, que pode ser o registro de um processo criativo ou o próprio objeto artístico (Constança Lucas) Silveira (2001) apresenta em A pagina Violada a historia dos livros de artista e nos provoca a pensar esse objeto que historicamente se transforma e ganha espaço na arte contemporânea. O autor discute o livro de artista como uma categoria na Arte visual que dialoga com outras linguagens e se relaciona dialeticamente com o objeto, com outras possibilidades e formas de apresentação do conceito de livro. É parte da arte contemporânea, mas o autor nos remete a historia desse tipo de livro. Para compreender o que é o Livro de Artista trouxemos diversas limagens que pudessem relacionar historia e poética, para que os estudantes possam relacionar no processo de produção. Figura 1: Livro de Leonardo Da Vinci Fonte: 586

6 Figura 2: Museu móvel de Marcel Duchamp Fonte: O Centro Cultural de São Paulo em 1985 discute numa exposição as tendências dos livros de artistas no Brasil sob curadoria de Fabris e Costa (1985). Foi um momento importante para olhar essa categoria de Arte e sua relevância no cenário então Brasileiro. Provocam o leitor a pensar o quanto é fechado no contexto internacional o livro como manifestam que rompa e transgrida com os conceitos tradicionais de arte visual. SOBRE OS LIVROS E O PROCESSO Um olhar sobre os livro realizados pelos academicos do Curso de Dança. Os livros trouxeram aspectos que relacionam a Dança na vida, na escola e no contexto profissional dos acadêmicos. Em relação a essa linguagem da Arte, suas experiências em dança na grande maioria foi extra escolar. Os elementos teóricos discutidos em aula transversalizaram as produções artísticas. 587

7 Em relação aos aspectos formais, os acadêmicos de dança utlizaram signos da dança na forma para dar volume à visualidade. Houve um livro que lidou com relações entre linguagens com movimento. Um livro lidou especialmente com questões de sexualidade e gênero. Todos os aspectos mencionadas já haviam transparecido nas improvisações dançadas desenvolvidas na disciplina História da Dança. Figura 3: capa de um livro de artista Fonte: os pesquisadores Figuras 4 e 5 : livro de um acadêmico de dança e instalação de um acadêmico de Artes visuais lugar de partilha Fonte: os pesquisadores 588

8 Figura 6: livro em formato de caixão com espelho 589

9 Figura 8: página de livro com experiência em dança Fonte: os pesquisadores Figura 9: livro com sapatilha Fonte: os pesquisadores 590

10 Figuras 10 e 11: capa e folhas que discutem a experiência/não experiência em escola Fonte: os pesquisadores Figura 12: livro Tutu Fonte: Os pesquisadores Percebemos assim que a concepção do skechtbook, aqui compreendido como Livro de Artista, passa a ser alimentado desde as primeiras aulas de História da Dança e é amplamente 591

11 lapidado na disciplina Arte na Educação. Em ambas disciplinas vários capitais são acionados onde pensamentos, sentimentos, reflexões, origens, criação, inspiração e inconsciente vem à tona em forma de uma configuração complexa que une mecanismos econômicos, escolares, culturais, sociais e simbólicos. Tais capitais e mecanismos instauram um processo que se entrelaça pois, é na interdependência das condições, ações, relações e interações sociais que acontece a construção da disposição artística dança. A relevância desse trabalho justifica-se uma vez que se pretende contribuir para o conhecimento dos modos pelos quais se organizam as concepções sobre a arte e em especial a dança, como prática cultural educativa e a construção social das disposições artísticas. O termo disposição segundo Bourdieu (2004), designa uma maneira de ser, estabelecida pelas posições e condições sociais nas quais se vive. Ou seja, as disposições artísticas estão relacionadas com atitudes e ações para perceber, sentir, fazer, e pensar que levam a possibilitar maior ou menor envolvimento e compreensão com o campo artístico. As imagens que ilustram este escrito nos permitem refletir sobre tal combinação, bem como, todo trabalho desenvolvido possibilita a compreensão mais ampla da construção na dança para cada aluno. Os momentos de concílio de memória com história em forma de arte enriquecem o campo de conhecimento da dança. A receptividade do trabalho no V Congresso Nacional de Pesquisadores em Dança ANDA/2018 nos oportunizou conjeturar sobre a importância de refletirmos sobre a necessidade de conhecermos, guardarmos e divulgarmos nossa própria história. E que seja da forma mais artística possível. REFERÊNCIAS BOURDIEU, Pierre. Coisas Ditas. São Paulo: Brasiliense, SILVEIRA, Paulo. A página violada: da ternura à injúria na construção do livro de artista. Porto Alegre, RS: UFRGS, FABRIS, Annateresa e COSTA, Cacilda Teixeira da. Os livros de arte no Brasil. São Paulo: Centro Cultural São Paulo,