Regulação de Utilidades Públicas Avaliação & Gestão de Ativos Auditoria & Riscos SEPEF 2015
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1 Regulação de Utilidades Públicas Avaliação & Gestão de Ativos Auditoria & Riscos SEPEF 2015
2 1 O que foi a MP579
3 11 de setembro de 2012 O dia que fez o setor parar
4 Para entender a razão da MP 579 ter sido tão desastrosa, precisamos voltar e entender: (a) Qual foi o objetivo do governo? (b) Quais as medidas que foram tomadas? (c) Por que deu errado?
5 Qual foi o objetivo do governo com a MP 579? Baixar tarifa! Valendo-se de quais informações este objetivo foi definido? - 11,8 GWm em concessões no fim ( ) - 8,6 GWm de contratos com as distribuidoras vencendo em dezembro de 2012 Acho que dá para cancelar o A-1!!
6 Mas faltou combinar com os russos. - Apenas 7,8GWm foram renovados (Eletrobras) - A demanda real das DISCOs era de 9,8GW - 2 GWm ficaram descontratados
7 Bastaria fazer contas - As simulações REALISTAS mostravam PLD acima dos R$300,00 nos anos seguintes - Exemplo Três Irmãos: - Valor de remuneração ofertado: R$3 milhões - 20 anos de renovação = ganho apenas em Como se não bastasse: a indenização dos ativos não depreciados não era suficiente e os custos operacionais calculados cobrem apenas metade dos custos reais das usinas
8 A ideia do governo foi, em vez de licitar, modelar uma tarifa discricionária. Por quê?? Alguém matou aula Regulação Contratual Alta previsibilidade de CAPEX, OPEX e Mercado Eficiência absorvida no leilão Não se sabe de onde vem a eficiência o que importa é o resultado final Ideal para projetos como: rodovias, usinas geradoras, linhas de transmissão, aeroportos Regulação Discricionária Baixa previsibilidade de CAPEX, OPEX ou Mercado Eficiência absorvida pelo benchmarking e/ou Fator X O regulador tenta opinar em cada parcela da tarifa, decidindo o retorno ideal Ideal para indústria de rede: distribuição de água, gás e energia Era para ser assim. Mas ficou assim.
9 Mas por que o governo não licitou? (a) Porque tudo foi deixado para última hora (b) Porque ele acreditava que tinha maior poder de barganha com as concessões atuais, que sem as usinas velhas perderiam parte importante de seu parque gerador (c) Porque não acredita na concorrência privada
10 E nos últimos 3 anos, o que foi feito para resolver o problema? (a) Obrigou-se a Eletrobras e renovar as concessões, gerando R$18 bi de prejuízos (2013-1T2015) (b) Reduziu-se na caneta o PLD para R$388 / MWh (c) Publicou-se, sem consulta pública, a MP 688/2015 no dia 18 de agosto. No dia seguinte a ANEEL abriu uma AP (054/2015) considerando todas as novas regras da 688
11 2Quanto custou a MP579
12 Portanto: + 61 bilhões TCU + 20 bilhões em RBSE + 9 bilhões em juros do ACR + 1 bilhão em ativos geração = 91 bilhões / (1 37%) [ICMS, PIS, COFINS] = 144 bilhões Fonte: Relatório TCU /2014-6
13 O resultado de cada medida (impacto no IEE) MP 577 e 579 Redução do PLD MP 688 Mas isso nós já sabíamos!!!
14 O que ninguém demonstra é que o SEB levou o resto do mercado para o buraco Boa parte da crise econômica atual é reflexo da MP579: Tem o tarifaço, que encareceu a produção, mas sobretudo a confiança quebrada no SEB se arrastou para todos os demais setores
15 Ou seja: O custo financeiro da MP 579 foi de R$144 bilhões (= orçamento de 2015 da saúde [88 bi] + educação [38 bi] + cidades [12 bi]) Porém, o maior custo foi a quebra de confiança
16 3 O que poderia ter sido feito de diferente?
17 1) Ter começado a discussão no tempo correto com todo o mercado 2) Não ter cancelado o A-1 (poderia ter comprado energia por ~200 em vez de ~800 / MWh) 3) Não ter proposto uma antecipação da renovação, mantendo o período regulamentar do contrato 4) Ter criado regras coerentes para a renovação: a) Regulação contratual b) Conceito de investidor, e não de operador (remuneração adequada para o risco associado) c) Indenização calculada corretamente
18 Além de ter sido adotado o conceito de regulação discricionária, alguns conceitos foram mal usados 1) Depreciação amortização 2) Com relação ao VNR: a) Injusto para ativos antigos b) Não há metodologia para GER c) Discussões metodológicas no RBSE 3) Inserção de um Fator X sem sentido algum 4) Benchmarking com usinas mais novas Problema: Há uma receita de bolo que está sendo usada em todos os casos, em todas as situações. O modelo inglês foi deturpado pela Argentina (mesmo o original já não existe mais) e o Brasil insiste em usá-lo.
19 Os inteligentes aprendem com os próprios erros. Os mais inteligentes aprendem com o erro dos outros. Indonésia: Identificando a necessidade de investir em novas rodovias, o governo resolveu lançar um programa de concessões para atrair o capital privado. No entanto, a empresa estatal dominante concorreu e ganhou as principais concessões. Os privados desistiram e saíram do país. Quando o dinheiro da estatal acabou, a expansão do sistema foi paralizada pois não havia mais interessados.
20 Mas não existem estatais em outros países desenvolvidos? Sim! Nos EUA, os três maiores operadores hidrelétricos são federais. Na Noruega, a estatal federal também controla a maior parte das usinas. No Canadá, as empresas estaduais são públicas. Porém, há duas características fundamentais que diferenciam estas empresas do caso brasileiro: (a) Elas são 100% estatais; e (b) Elas não concorrem em novos leilões contra empresas privadas.
21 4 Quais as semelhanças e diferenças com a MP688?
22 Tema MP 579 MP 688 ( v2 ) Outorga Não há Há, e é reconhecida pela RAG. Na concorrência, pode haver deságios neste reconhecimento na receita. OPEX Não diz se será ou não revisado a cada ciclo Fator X Aplica-se sobre OPEX e CAPEX Não há Deixa claro que não será revisado a cada ciclo (eficiência absorvida no leilão) CAPEX Incremental Base de Remuneração Valor fixo anual (com deságio no leilão) Garantia Física É integralmente para o ACR 70% ACR, 30% livre Risco hidrológico Não há Há, para a parcela dos 30% do ACL Ou seja: Acaba novamente com a tarifa discricionária, e volta ao modelo contratual
23
24 160.00% TIR das usinas cotistas MP % % % 80.00% 60.00% Pergunta: O que fazer com os 7,8GW enquadrados na regra antiga? Qualquer decisão desagrada alguém 40.00% 20.00% 0.00% , , , , , , , Simulação apenas para fins comparativos (dados médios e públicos): a) OPEX real = (0,0099x3-44,83x x) * 106,83% (onde x = Potência Instalada) b) Preço médio da energia livremente comercializada (após encargos e impostos) de R$80,00 / MWh c) Depreciação média contábil = 2,4% ao ano d) Investimento anual de 2% do valor pago como outorga e) VNR = VOC Atualizado (para fins de indenização ao final da concessão)
25 O volume de dinheiro agora é aderente ao tamanho do projeto Alguns projetos pela MP 579 eram rentáveis no papel (TIR elevada), porém não tinham massa crítica para compensar o risco (margem do cafezinho ) Outros projetos eram um desastre deste a MP579 Todos eles tornavam-se inviáveis quando a liquidação de jan/2013 até o final do contrato era considerada a PLD
26 Principal problema do modelo do leilão 12/2015: Não há plano de investimentos!!! Os irresponsáveis terão vantagem sobre aqueles que fariam a modernização da usina (GAG-Melhoria: vira Ativo ou vira Resultado? Sem um plano claro, impossível prever) Nos EUA, é bastante claro (nas renovações brownfield) o que precisará ser feito / onde haverá investimento
27 5 E agora???
28 É hora de retomar o diálogo técnico (independência da ANEEL) A renovação das distribuidoras foi completamente atropelada O projeto de lei 1884/2015 tem potencial de ser a próxima 579 É ABSURDA a ideia de se propor um mercado 100% livre sem antes haver um diálogo geral e uma revisão completa do setor é novamente colocar um elefante na sala para depois pensar o que ele vai comer. O mesmo vale para a microgeração distrib. O ideal seria aprender com o erro dos outros. Mas, se não for possível, que pelo menos aprendamos com os próprios erros.
29 Regulação de Utilidades Públicas Avaliação & Gestão de Ativos Auditoria & Riscos OBRIGADO! Diogo Mac Cord de Faria Sócio de Regulação Econômica
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