O Falcão Maltês. Aspectos do romance policial noir.

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Arthur do Amaral Conceição
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1 O Falcão Maltês Aspectos do romance policial noir. O romance policial noir surgiu no século XX nos Estados Unidos, seus proponentes são Dashiell Hammett e Hemmingway; apresenta à fusão de duas histórias, a narrativa do crime coincide com a do inquérito, é comum também que no romance noir a objetividade e a brutalidade sejam comuns nos contos, assim como a sagacidade do detetive. Os temas do romance noir são: tramas obscuras, traição, vingança, personagens de moral ambígua e atmosfera sombria e também a presença de uma Femme Fatale que causa a ruína ou a morte de um bom homem. No romance O falcão maltês, matar era algo simples, mata-se e vive-se em pró do dinheiro, o assassinato e as coisas que o articulam não eram refinados, logo a linguagem não precisaria ser refinada também. Substrato da época O noir surgiu no pós crack da bolsa de valores dos Estados Unidos (1929), que foi quando a sociedade começou a ficar mais materialista e a corrupção social e moral da sociedade ficou em evidencia, assim como a ascensão do crime organizado. - Senhor Spade, será que o senhor ou senhor Archer poderiam cuidar disso? Ela fez um gesto de apelo com as duas mãos. Algum dos senhores poderia cuidar disso pessoalmente? Não quero dizer que o homem enviando pelos senhores seria incompetente, mas... Ah! Tenho tanto medo do que possa acontecer a Corine. Tenho medo dele. Os senhores poderiam? Eu ficaria... É claro, sei eu vou ter que pagar mais por isso. Abriu a bolsa com os dedos nervosos e pôs duas notas de cem dólares na escrivaninha de Spade. Será que é bastante? - É, sim disse Archer. Eu mesmo vou cuidar disso.( Pág: 15).

inquérito, é comum também que no romance noir a objetividade e a brutalidade sejam comuns nos contos, assim como a sagacidade do detetive.

2 -Olhe para mim disse ela e me diga a verdade. Você teria feio isso comigo se o falcão fosse autentico e tivesse recebido o dinheiro? - Que diferença isso faz agora? Não tenha tanta certeza de que sou tão canalha quanto se espera de mim. Esse tipo de reputação pode ser uma grande vantagem, atrai serviços de custo elevado e torna mais fácil lidar com o inimigo. Ela olhou para Spade sem falar nada. Ele mexeu os ombros um pouco e disse: - Bem, um monte de dinheiro teria sido pelo menos um item a mais no outro prato da balança. (Pág: 291). O Narrador. O narrador é chamado de observador câmera este narrador não tem a ciência do que se passa nas mentes dos personagens da história, mas conhece tudo sobre o enredo e sobre qualquer outra informação que não sejam intimas da psique dos personagens, geralmente era frio e passivo. Spade atravessou a calçada entre alçapões com balaustradas de ferro que se abriam acima de escadas feias e nuas, foi até o parapeito e, apoiando as mãos na borda úmida, olhou para baixo, na direção da rua Stockton. (Pág: 19). Spade aproximou-se da porta e escutou com atenção. Não conseguiu ouvir nada. Tentou espiar através do vidro da porta. Não havia cortina para barrar o seu olhar, mas apenas a escuridão interna. Seguiu nas pontas dos pés até uma janela e depois até uma outra. Assim como a porta, elas não tinham cortinas, mas apenas a escuridão interna. Verificou as duas janelas. Estavam trancadas. Verificou a porta. Estava trancada. (Pág: 223). Nesses dois trechos podemos perceber o narrador observador, que parece estar próximo a matéria narrada, porém, passivo. Os personagens Personagens possuem moral ambígua, a projeção da alma dos personagens tem como base o expressionismo, deformidade espiritual, são comuns nesse romance que o detetive seja sagaz em suas deduções e tenha o poder de

Ela olhou para Spade sem falar nada. Ele mexeu os ombros um pouco e disse: - Bem, um monte de dinheiro teria sido pelo menos um item a mais no outro prato da balança. (Pág: 291). O Narrador.

3 persuasão de seus argumentos e suas habilidades em manobrar os interesses que se entre devoram à sua volta derivam em boa parte da luta pela sobrevivência. Os detetives desse tipo de narrativa não usavam apenas a cabeça, mas também os punhos. As mulheres lânguidas e falsas, presença de uma femme fatale que causa a ruína ou a morte de um bom homem e policiais embrutecidos e avarentos. - Sei qual é a minha situação, agora disse ele, fitando com os olhos amistosos ora um policial, ora outro. Desculpem por eu ter posto as garras de fora, mas vocês aparecem aqui sem mais nem menos e tentam me pôr contra a parede é uma coisa que só podia mesmo me deixar nervoso. O Miles ser queimado desse jeito já me deixou um bocado alterado, e depois vocês chegam aqui cheios de onda pra cima de mim. Mas agora está tudo bem, sei o que vocês querem. (Pág: 30). -Quero que você me salve de...de tudo isso respondeu ela com voz trêmula. Pôs a mão tímida na manga do paletó de Spade. Senhor Spade, eles sabem a meu respeito? - Ainda não. Eu queria falar com você antes. -O que...o que eles vão pensar se souberem do modo como eu o procurei...com todas aquelas mentiras? - Vão ficar desconfiados. Por isso eu me esquivei deles, até poder conversar com você. Pensei que talvez não fosse necessário deixar que eles soubessem de tudo isso. Temos de ser capazes de forjar uma história que os embale e os ponha para dormir, se necessário. - Vocês não acha que tive alguma coisa a ver com os...os assassinatos...acha? (Pág: 48). Caracterização do espaço Os espaços cheios de tramas, espaços obscuros e sombrios ficam claros nos trechos a seguir. O nevoeiro noturno de San Francisco, fino, viscoso e penetrante, toldava a rua. A poucos metros do local onde Spade deixar o táxi, um pequeno grupo de homens se achava parado, todos olhavam para um beco. Duas mulheres estavam do outro lado da Rua Bush, com um homem, e olhava para o beco. Havia rostos nas janelas.

As mulheres lânguidas e falsas, presença de uma femme fatale que causa a ruína ou a morte de um bom homem e policiais embrutecidos e avarentos.

4 Spade atravessou a calçada entre alçapões com balaustras de ferro que se abriam acima de escadas feias e nuas, foi até o parapeito e, apoiando as mãos na borda úmida, olhou para baixo, na direção da Rua Stockton. (Pág: 19). -Hã-hã. Eu poderia ter apagado o Miles para ficar com a mulher dele e depois ter matado o Thursby, para pôr a marte de Miles nas costas dele. Esse é um esquema formidável, ou seja, assim que eu poder dar cabo de mais alguém para pôr na minha conta todos os assassinatos ocorridos em San Francisco, daqui para frente? (Pág: 97). O autor Samuel Dashiell Hammett nascido em 1894 (Maryland, EUA), no seio de uma família de poucos recursos, Dashiell Hammett começou a trabalhar aos catorze anos para ajudar a sustentar a família. Durante a Primeira Guerra Mundial contraiu tuberculose, da qual nunca recuperou totalmente, o que foi agravado pela sua adição ao álcool. Mais tarde, foi contratado pela Agência de Detetives Pinkerton ( ) e nesta buscou a fonte de inspiração dos seus policiais. No início dos anos 20, Hammett casou-se com uma enfermeira e teve duas filhas. Contudo, a mulher da sua vida foi indiscutivelmente a dramaturga Lillian Hellman, com quem viveu até ao fim dos seus dias. No seu tumultuoso relacionamento, não faltaram drama, cocktails, política e arte. Hammett viveu em Nova Iorque, lecionando Criação de Textos, até 1956, ano em que Lillian Hellman o levou para o seu apartamento a fim de cuidar da sua saúde. Morreu a 10 de Janeiro de Contudo, o mito do detetive privado que se tornou escritor ainda continua vivo. Juntamente com Raymond Chandler, Hammett deu início ao realismo nas histórias de detetives e é considerado o pai do gênero hard-boiled, noir para os franceses¹. Não se destacou como detetive, mas os oito anos em que exerceu a profissão lhe deram a matéria-prima de sua literatura.

Esse é um esquema formidável, ou seja, assim que eu poder dar cabo de mais alguém para pôr na minha conta todos os assassinatos ocorridos em San Francisco, daqui para frente? (Pág: 97).

5 Bibliografia HAMMETT, Samuel Dashiell, O Falão Maltês; tradução Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, CHANDLER, Raymond. Almas no Cyrano s & outras histórias. Porto Alegre: L&PM, 2001 PIGLIA, Ricardo, O Laboratório do Escritos. São Paulo: Iluminuras, Dia 10/11/2009

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