TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Transcrição

1 ACÓRDÃO Registro: XXXX Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº XXXXXX- XX , da Comarca de Carapicuíba, em que são apelantes P1 EUROPA EMPREENDIMENTOS LTDA e RGL INCORPORAÇÕES E EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA, é apelado SAMARA (Omitido). ACORDAM, em 10ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JOÃO CARLOS SALETTI (Presidente sem voto), CESAR CIAMPOLINI E CARLOS ALBERTO GARBI., 16 de dezembro de ELCIO TRUJILLO RELATOR Assinatura Eletrônica

2 10ª Câmara Seção de Direito Privado Apelação com Revisão n XXXXXX-XX Comarca: Carapicuíba Ação: Compromisso de Venda e Compra e cobrança Apte(s).: P1 Europa Empreendimentos Ltda. (e outros) Apdo(a)(s).: Samara (Omitido) Voto nº 23XXX ILEGITIMIDADE PASSIVA Restituição de comissão de corretagem - Responsabilidade solidária da empreendedora e de suas parceiras prestadoras de serviços por todos os valores envolvidos na transação, pela aplicação das normas do CDC - PRELIMINAR REJEITADA. COMPROMISSO COMPRA E VENDA DE IMÓVEL Rescisão pleiteada pela compradora Distrato amigável operado, com restituição somente dos valores pagos diretamente à empreendedora Pretensão de restituição dos demais valores, como a comissão de corretagem e taxa de assessoria, não abrangidas pelo acordo - Cabimento Contratação induzida, configurando venda casada - Ausência de informação clara e precisa sobre os serviços e a possibilidade de aferição de efetiva prestação Abusividade caracterizada Restituição devida Sentença confirmada RECURSO NÃO PROVIDO. Trata-se de ação de cobrança proposta pela promissária compradora para haver o recebimento dos valores pagos a título de comissão de corretagem e taxa de assessoria julgada procedente pela r. sentença de fls. 180/187, de relatório adotado. acolhidos (fls. 194/195). Embargos declaratórios opostos (fls. 189/192) e Apelam as corrés alegando, preliminarmente, ilegitimidade passiva; no mérito, que os serviços foram prestados e, portanto, devidos; pedem o provimento do recurso (fls. 200/214). 2

3 226/233). Recurso recebido (fls. 223) e respondido (fls. É o relatório. O recurso não comporta provimento. De início, sustentam as corrés a sua ilegitimidade passiva para responderem pela restituição dos valores. Sem razão. A adquirente pagou as comissões de corretagem e taxa de assessoria diretamente às parceiras prestadoras de serviços envolvidas no negócio somente em razão de ajuste entre a empreendedora corré e suas parceiras, o que não afasta a responsabilidade e a solidariedade de todas elas pela restituição dos pagamentos envolvidos na transação, segundo o Código de Defesa do Consumidor. ilegitimidade passiva invocada. Rejeitada, portanto, a preliminar de Quanto à falta de interesse de agir apontada pelas rés é matéria que se confunde com o mérito que, de outra parte, merece ser afastada. Distrato do compromisso de venda e compra de bem imóvel operado com a restituição à autora dos valores pagos à empreendedora (fls. 13/14). Pretende a autora a restituição dos demais valores pagos e que não foram restituídos. Acordo entabulado entre a autora e a corré Veronez Assessoria Habitacional Ltda. para restituição dos valores pagos a título de assessoria imobiliária (fls. 156), prosseguindo a ação com relação às corrés P1 Europa e RGL Incorporação com relação à restituição dos valores pagos a título de comissão de corretagem. A r. sentença julgou procedentes os pedidos da autora para condenar as corrés à restituição dos valores pagos a título de comissão de corretagem, diante da contratação forçada e ausência de informações claras e precisas acerca dos serviços pagos, tudo com correção monetária a partir dos respectivos desembolsos e com juros de mora de 1% ao mês a partir da citação. 3

4 Daí os apelos das corrés. De início, quanto à responsabilidade pelo pagamento da comissão de corretagem em casos de intermediação de venda de imóveis na planta, passo a adotar a posição da douta Câmara, de ser devida a restituição dos valores pagos a esse título aos compradores, caracterizada a abusividade pela imposição forçada de contratação do respectivo serviço. O distrato firmado pela autora e corré P1 Europa tratou da resolução contratual e restituição apenas dos valores recebidos pela empreendedora, não cuidando dos valores recebidos pelos seus parceiros. Patente, portanto, o interesse de agir da autora à pretensão de restituição dos demais valores pagos dos quais não tratou o distrato firmado, como o pagamento de comissão de corretagem e a taxa de assessoria. A escolha dos corretores é realizada pelas incorporadoras e construtoras, sem oportunidade dos compradores de escolherem o corretor de vendas que lhes conviessem, ficando sujeitos às relações mantidas entre os parceiros fornecedores. Diante da evidente vulnerabilidade a que ficam sujeitos os adquirentes, evidente que os empreendedores é que devem arcar com referida despesa, devendo os compradores serem indenizados por qualquer dos fornecedores em virtude da solidariedade existente entre eles no dever de reparar, com direito à restituição simples dos valores pagos a título de comissão de corretagem, corrigidos desde o efetivo desembolso e com incidência de juros de mora desde a citação. Referente ao tema posto em debate, este Egrégio Tribunal de Justiça vem assim decidindo: Compra e venda - Pagamento do sinal e da comissão de corretagem pelos autores - Ulterior distrato, por força da não obtenção de financiamento pela Caixa Econômica Federal - Restituição do valor da comissão de corretagem que é encargo dos vendedores - Apelo desprovido. (7ª Câmara D. Privado, Apelação cível nº , Rel. Des. Ramon Mateo Júnior, j , v.u.); PRELIMINARES - Impossibilidade jurídica do pedido - Não configurada - Pedido que não encontra óbice no ordenamento jurídico - Legitimidade passiva Demandadas guardam pertinência subjetiva com o 4

5 negócio jurídico objeto da ação, com atuação em parceria na maximização do lucro do empreendimento - Inteligência do artigo 7º, parágrafo único, do CDC - Preliminares rejeitadas. COMPROMISSO DE VENDA E COMPRA DE IMÓVEL DISTRATADO - Pretensão dos compradores desistentes de reaver o valor pago a título de corretagem, despesas de contratação e indenização por danos morais e materiais - Habite-se que foi expedido muito antes do distrato a demonstrar que tal motivo não pode ser considerado para responsabilizar a outra parte contratante - Cobrança de valores referentes à comissão de corretagem e taxa SATI - Serviços vinculados à compra e venda do imóvel sem oportunidade dos adquirentes de recusálos ou de contratar outro prestador - Ausência de informação adequada aos consumidores - Contrato de adesão e operação casada - Caracterização - Infringência ao art. 39, I, do CDC - Sucumbência recíproca - Recurso parcialmente provido a fim de condenar as rés na devolução dos valores pagos pelos autores referentes à comissão de corretagem e taxa SATI, e repartir o ônus da sucumbência. (7ª Câmara D. Privado, Apelação cível nº , Rel. Des. Mendes Pereira, j , v.u.); Ação cominatória para restituição de valores. Instrumento particular de promessa de venda e compra de imóvel. Questão inerente à rescisão contratual, formalizada por meio de distrato. Acordo judicial homologado por sentença que restou irrecorrida, onde estabelecida a restituição dos valores a título de sinal envolvendo a Autora e a Incorporadora do empreendimento. Persistência da pretensão à devolução da comissão de corretagem pelo desfazimento do negócio. Possibilidade. Verba que integra o preço do negócio. Precedentes da jurisprudência. Sentença reformada. Preliminar de negativa de prestação jurisdicional rejeitada e recurso provido em parte. (3ª Câmara D. Privado, Apelação cível nº , Rel. Des. João Pazine Neto, j , v.u.). Quanto ao pleito das rés de redução do valor dos honorários advocatícios, da forma prudente como foram fixados, atende aos preceitos legais relativos à matéria e remunera condizentemente o trabalho dos nobres patronos, estando em conformidade ao previsto no artigo 20, parágrafo 3º do Código de Processo Civil, não havendo, portanto, nenhum equívoco a ser sanado. 5

6 Assim, cumpre a integral manutenção da r. sentença, inclusive por seus próprios e jurídicos fundamentos. PROVIMENTO ao recurso. Ante o exposto, rejeitada a preliminar, NEGO ELCIO TRUJILLO Relator Assinado Digitalmente 6