Direito Penal. Penas privativas de liberdade Terceira fase da dosimetria - Parte 2. Prof.ª Maria Cristina

Transcrição

1 Direito Penal Penas privativas de liberdade Terceira fase da dosimetria - Parte 2 Prof.ª Maria Cristina

2 Sentença: Relatório / Fundamentação / Dispositivo. Terceira fase da dosimetria. Ante o exposto julgo parcialmente procedente a pretensão punitiva constante da denúncia para condenar o réu... nas sanções do artigo 155, 4º, inciso IV, c/c o artigo 14, inciso II, e c/c o artigo 61, inciso I, todos do Código Penal. Em obediência aos preceitos contidos nos artigos 59 e 68 do Código Penal, passo à dosimetria da pena a ser aplicada ao ora condenado.

3 O réu é imputável, possuía o potencial conhecimento da ilicitude de seu ato, sendo-lhe, pois, exigível um atuar em conformidade com o Direito. Sua conduta, porém, não ultrapassou os limites do próprio tipo penal ao qual foi amoldada. Por isso, a circunstância concernente à culpabilidade não será considerada em seu desfavor.

4 A certidão de f. 78/79 informa que o réu já teve contra si uma condenação com trânsito em julgado antes da prática do delito ora analisado, o que, em tese, autorizaria fosse tomado como desfavorável a circunstância judicial referente aos antecedentes criminais. Entretanto, esta condenação será tomada como agravante, por configurar reincidência, razão porque, evitando a configuração do bis in idem, consigno que o réu terá em seu favor a segunda circunstância judicial analisada.

5 Não há nos autos nada que desabone a conduta social e a personalidade do agente, por isso tais circunstâncias serão tidas em seu favor. Da mesma forma, não há nos autos dados que informem sobre os motivos do crime, por isso, tal circunstância será tida em favor do réu. As circunstâncias e consequências do crime são aquelas que já lhes são inerentes, razão porque tais circunstâncias serão tidas em seu favor.

6 Embora o comportamento da vítima não tenha contribuído para o delito, tal circunstância será tida como favorável ao réu, porque adoto o entendimento segundo o qual esta circunstância somente pode ter aplicação para o fim de beneficiar o réu e nunca para prejudicá-lo, uma vez que a vítima, como regra, não contribui para a ocorrência do crime e o entendimento em contrário importaria em negar ao réu o direito à pena mínima, já que basta que uma das circunstancias judiciais seja desfavorável ao réu para que a pena base seja retirada do mínimo legal.

7 Com base nas circunstâncias anteriormente examinadas e considerando que nenhuma delas é desfavorável ao réu, fixolhe a pena base em 2 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) diasmulta. Inexistem circunstâncias atenuantes a serem consideradas. Por ter reconhecido no réu a condição de reincidente, uma vez que, ao praticar o delito em exame, já possuía contra si uma condenação transitada em julgado, consoante certidão de f. 78/79, aumento as penas para 2 (dois) anos e 6 (seis) meses de reclusão e 15 (quinze) dias-multa.

8 Inexistem causas de diminuição a serem examinadas, salvo aquela referente à tentativa, a qual, entretanto, somente haverá de ser considerada após a fixação das penas para a hipótese do delito consumado. Inexistem causas de aumento a serem consideradas.

9 Em obediência ao artigo 14, parágrafo único, do Código Penal e, estando estabelecidas as penas para o delito na forma consumada, aplico a causa de diminuição correspondente à tentativa, reduzindo as penas em 2/3 (dois terços), passandoas, pois, para 10 (dez) meses de reclusão e 05 (cinco) diasmulta, haja vista que a execução do delito apenas se iniciou, tendo os policiais chegado ao local muito antes da possibilidade de sua consumação.

10 Assim, torno definitivas as penas em 10 (dez) meses de reclusão e 05 (cinco) dias-multa, fixando o valor do diamulta em 1/30 (um trinta avos) do salário mínimo vigente à época do crime, ante a ausência de dados nos autos que me permitam analisar a condição econômica do réu, a qual tenho, portanto, como não sendo boa.