100 ANOS DE SELEÇÃO BRASILEIRA

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1 100 ANOS DE SELEÇÃO BRASILEIRA

2 Seleção Brasileira: A Alegria do Povo O Futebol chegou ao Brasil, em 1894, por meio de Charles Miller, filho de ingleses, o qual ao voltar de um intercâmbio, que havia feito na Inglaterra (local, em que o Futebol moderno foi concebido, em 1863), trouxe a bola, a bomba e a regras (13 normas, atualmente, possui 17) do esporte bretão. Não obstante, para muitos historiadores, o Futebol chegou aqui, em 1874, por meio de marinheiros ingleses cujos navios aportavam no país. A primeira partida teria sido realizada na praia da Glória (Rio de Janeiro), em uma apresentação à Princesa Isabel. Já a primeira partida da Seleção Brasileira, um combinado de jogadores de São Paulo e do Rio de Janeiro, foi realizada em 21 de julho de 1914, no estádio das Laranjeiras (campo esportivo do Fluminense), no dia em que o clube completava 12 anos de fundação. O Brasil, escalado com Marcos Carneiro de Mendonça; Píndaro e Nery; Lagreca, Rubens Salles e Rolando; Abelardo, Osvaldo Gomes, Friedenreich (principal jogador da equipe), Osman e Formiga, venceu o Exeter City (equipe da terceira divisão inglesa), por 2 x 0, com dois gols de Osvaldo Gomes. Cinco anos depois, em 1919, o escrete nacional venceu o primeiro campeonato: o sul-americano (atual Copa América) de 1919, com três vitórias e um empate. Na final, bateu o Uruguai, por 1 x 0, com gol de Arthur Friendenreich (primeiro mestiço a vestir a camisa Canarinho). O El tigre, como era conhecido Friendenreich, abriu caminho para que jogadores negros pudessem jogar nas equipes de Futebol profissional, já que à época, crioulos e mulatos eram vetados nestes times. Tanto que o Vasco, campeão carioca de 1923, foi o primeiro time miscigenado do Brasil (o pioneirismo da esquadra carioca foi narrado no livro - Futebol Arte: A Cultura e o Jeito Brasileiro de Jogar, organizado por Jair de Souza, Lúcia Rito e Sérgio Sá Leitão). A música 1 x 0, de Pixinguinha, Benedito Lacerda e Nelson Ângelo, faz uma homenagem à conquista do campeonato sul-americano, de Copa de 30 A primeira Copa do Mundo foi realizada no Uruguai, em homenagem ao centenário de independência do país e pelo bicampeonato olímpico de Futebol, conquistado nas Olimpíadas de 1924 e de A Seleção Brasileira foi representada pelos cariocas apenas, devido à rivalidade e às desavenças entre 1

3 paulistas e cariocas. O escrete nacional terminou o campeonato em sexto lugar, com uma vitória (Brasil 4 x 0 Bolívia) e 1 derrota (Brasil 1 x 2 Iugoslávia). Preguinho marcou o primeiro gol do país em Mundiais. Já a equipe anfitriã venceu o torneio, com uma vitória sobre a Argentina, por 4 x 2. País-sede: Uruguai Campeão: Uruguai Vice-campeão: Argentina Chuteira de Ouro (artilheiro): Guillermo Stábile (Argentina), 8 gols Jogos: 18 Gols: 70 Média de gols: 3,89 por jogo Copa de 34 Desfalcada, devido à rixa entre paulistas e cariocas, rachada, entre jogadores amadores e profissionais, a Seleção Brasileira protagonizou a participação mais curta do Brasil em uma Copa do Mundo, já que a equipe nacional jogou apenas um jogo e o perdeu, para a Espanha, por 3 x 1, sendo eliminada ainda na primeira fase. Leônidas da Silva marcou o único gol brasileiro na Copa de 34. Os uruguaios, então campeões, não disputaram o Mundial, em represália à ausência de diversas seleções europeias na Copa de 30 (apenas 4 jogaram o certame). A alegação para não participarem do torneio era à distância; uma vez que, para tais países, o Uruguai era tão distante quanto o Polo Sul. Já a anfitriã Itália, sagrou-se campeã, ao vencer a Tchecoslováquia, por 2 x 1. 2

4 País-sede: Itália Campeão: Itália Vice-campeão: Tchecoslováquia Chuteira de Ouro (artilheiro): Oldřich Nejedlý (Tchecoslováquia), 5 gols Jogos: 17 Gols: 70 Média de gols: 4,12 por jogo Copa de 38 Em 1938, o Brasil levou uma equipe profissional, completa (composta por paulistas e cariocas) e miscigenada. Tal formação reafirmou a harmonia nacional, ideal propalado pelo Estado Novo ( ), período em que Getúlio Vargas governou o país. Domingos da Guia e Leônidas da Silva, o homem borracha, comandaram o escrete nacional. A Seleção Brasileira jogou cinco partidas, venceu três (Brasil 4 x 2 Suécia, Brasil 2 x 1 Tchecoslováquia e Brasil 6 x 5 Polônia), empatou uma (Brasil 1 x 1 Tchecoslováquia) e perdeu uma (Brasil 1 x 2 Itália). A equipe terminou em terceiro lugar, com uma vitória sobre a Suécia, por 4 x 2. Já a Itália sagrou-se bicampeã, ao vencer a Hungria, por 4 x2. O terceiro lugar conquistado pela Seleção Brasileira foi o pontapé inicial, para o Pentacampeonato e também, para a conquista da hegemonia futebolística. E, mormente, a partir de então, o Futebol tornou-se parte da identidade nacional, devido à mestiçagem, termo usado por Gylberto Freire ( , sociólogo e antropólogo, criador do conceito de "Democracia Racial" brasileira, 3

5 expresso na obra: Casa Grande & Senzala 1933), para explicar e exemplificar o homem brasileiro, já que para o autor, o mulato era a síntese do homem brasílico. Leônidas, artilheiro da Copa com oito gols (um destes marcado com o pé descalço), imortalizou o gol de bicicleta e tornou-se o primeiro craque da Era do rádio, já que à época, só era possível acompanhar os jogos por este meio. Porquanto, a primeira transmissão, via satélite, no Brasil, foi realizada na Copa de 70. Deixa falar, composta por Nélson Petersen e interpretada por Carmen Miranda, é uma homenagem do compositor a Leônidas, já que o atleta foi chamado de vendido pelos brasileiros, por não ter jogado a semifinal contra a Itália. Leônidas não disputou tal partida, pois foi poupado para a decisão, a qual a Seleção Brasileira nem jogou, por ter perdido para a Itália, por 2 x 1. País-sede: França Campeão: Itália Vice-campeão: Hungria Chuteira de Ouro (artilheiro): Leônidas da Silva (Brasil), 8 gols Jogos: 18 Gols: 84 Média de gols: 4,67 por jogo 4

6 Nome: Deuses da Bola Anos da Seleção Brasileira Autores: Eugenio Goussinsky e João Carlos Assumpção Edição: 2014 Editora: DSOP Copa de 58: a Taça do Mundo é nossa! A sexta edição da Copa do Mundo foi disputada, pela primeira vez, na Suécia. O Mundial teve como grande destaque, o surgimento de um novo Rei, no palácio real sueco. Visando conquistar a Copa de 58; o Brasil, pela primeira vez, organizou-se e levou uma equipe composta por dentista, psicólogo, cozinheiro e podólogo. Além destes, o escrete nacional era formado apenas jogadores que atuavam no Brasil, portanto, Julinho Botelho, o qual jogava na Fiorentina (Itália) e Evaristo Macedo, que jogava no Barcelona (Espanha) não foram chamados. Em seus lugares, foram convocados Pelé e Garrincha. A seleção de 58, mesmo sendo um modelo de organização e método, preteria jogadores negros no time titular. A alegação de Vicente Feola, técnico brasileiro, era, de que não eram disciplinados. A Seleção Brasileira estreou contra a Áustria. Comandado por Didi, o Folha Seca, o escrete nacional venceu os austríacos, por 3 x 0. No segundo jogo, empatou com a Inglaterra, por 0 x 0 (primeiro empate na história das Copas) e, deste modo, decidiu a vaga com a União Soviética, do Futebol Científico. Pelé e Garrincha estrearam nesta partida (jogando juntos não perderam um jogo sequer, pelo país, em mais de 10 anos). Os brasileiros bateram os soviéticos por 2 x 0. Nas quartas de final, venceu o País de Gales, por 1 x 0, com um gol de placa de Pelé (tento parecido com o da final, quando o atleta deu um chapéu no jogador sueco). Este foi o primeiro gol dele 5

7 em Copas. Ao todo, o Rei marcou 12 gols em Copas e 97, no total, tornando-se o maior artilheiro do Brasil. Na semifinal, o Brasil enfrentou a França (até então, sensação do torneio e a melhor equipe da época), a qual tinha o melhor ataque e o artilheiro da Copa, Just Fontaine, com oito gols marcados até enfrentar o escrete nacional, (ao todo, marcou 13 gols, tornando-se assim o maior artilheiro em um único Mundial, seguido pelo húngaro Péter, com 11 tentos, anotados em 1954). Os franceses jogaram com 10, já que Bob Jonquet, capitão da equipe, contundiu-se e não pôde ser substituído, uma vez que não havia substituição àquela época. Pelé marcou três gols, Didi e Vavá anotaram um cada e, assim, a Seleção Brasileira venceu por 5 x2. Final da Copa de 58 Mesmo o Brasil sendo favorito a conquistar a Copa de 58, havia desconfiança e receio, de que 1950 se repetisse. À época, havia um complexo de vira-latas (termo cunhado por Nelson Rodrigues, para descrever o complexo de inferioridade brasileiro) e um sentimento, de que a Seleção Brasileira nunca ganharia nada, dado os resultados em Copas anteriores e também pelos jogadores serem vistos como covardes, pelos brasileiros. Tal temor foi confirmado quando a Suécia abriu o placar aos 4 minutos do primeiro tempo, porém, Didi (grande condutor da equipe e eleito o melhor jogador da Copa) assumiu a responsabilidade, ao pegar a bola dentro do gol adversário, atravessar o campo com a pelota e reiniciar o jogo. Tanto que 5 minutos depois, Vavá empatou, e virou, aos 32 minutos do primeiro tempo. Pelé marcou, aos 10 minutos do segundo tempo e Zagallo, aos 23. A Suécia descontou com Simonsson, aos 35, e o Rei (termo cunhado por Nelson Rodrigues na crônica A realeza de Pelé) marcou nos segundos finais, selando assim, a conquista do primeiro mundial, pelo Brasil. A Seleção Brasileira venceu cinco jogos e empatou um, marcou 16 gols e sofreu quatro. Com tal triunfo, acabou com a fama de falhar em decisões e, ademais, inventou uma nova forma de jogar futebol: com alegria e gingado e, mormente, estabeleceu uma identidade própria, por meio do Futebol mestiço, já que a Seleção Brasileira era formada por brancos, negros e europeus. E o mais importante, reafirmou-se, como equipe e, mormente, como nação. Porquanto, a conquista da Copa de 58 era a síntese do país do futuro, dos aclamados anos dourados, que compreenderam, desde a criação da Bossa Nova e 6

8 da nova Capital Federal (Brasília), até o projeto desenvolvimentista, de Juscelino Kubitschek. A conquista da Copa de 58 foi embalada ao som de A Taça do Mundo é nossa, de Mageri Sobrinho, Wagner Mageri Sobrinho, Victor Dagô e Lauro Muller. Curiosidades O Brasil é o único país não europeu a vencer a Copa do Mundo na Europa. O tradicional gesto de levantar a taça foi concebido na Copa de 58, pelo capitão da Seleção Brasileira, Belini. Das três goleadas por 5 x 2, do Brasil em Copas do Mundo, duas foram marcadas nesta edição (Brasil 5 x 2 França e Brasil 5 x 2 Suécia). Djalma Santos foi eleito o melhor lateral-direito da Copa de 58, mesmo jogando apenas a final. Já Pelé, o qual substituiu Zizinho, ídolo do Rei, tornou-se o mais jovem campeão (17 anos) e também foi eleito o melhor jogador jovem do Mundial. Mazzola, atacante brasileiro campeão mundial em 1958, naturalizou-se italiano e jogou a Copa de 62, pela Itália. País-sede: Suécia Campeão: Brasil Vice-campeão: Suécia Chuteira de Ouro (artilheiro): Just Fontaine (França), 13 gols Jogos: 35 Gols: 126 Média de gols: 3,6 por jogo 7

9 A Taça do Mundo é Nossa Mageri Sobrinho, Wagner Mageri Sobrinho, Victor Dagô e Lauro Muller A taça do mundo é nossa Com brasileiro não há quem possa Êh eta esquadrão de ouro É bom no samba, é bom no couro A taça do mundo é nossa Com brasileiro não há quem possa Êh eta esquadrão de ouro É bom no samba, é bom no couro O brasileiro lá no estrangeiro Mostrou o futebol como é que é Ganhou a taça do mundo Sambando com a bola no pé Goool! A taça do mundo é nossa Com brasileiro não há quem possa Êh eta esquadrão de ouro É bom no samba, é bom no couro A taça do mundo é nossa Com brasileiro não há quem possa Êh eta esquadrão de ouro É bom no samba, é bom no couro O brasileiro lá no estrangeiro Mostrou o futebol como é que é Ganhou a taça do mundo Sambando com a bola no pé Goool! Copa de 62: a Era Garrincha e Pelé A Copa de 62 foi realizada, pela primeira vez, no Chile. Uma das atrações do Mundial era a dupla Pelé e Garrincha. 8

10 O Brasil, a fim de conquistar o bicampeonato mundial, manteve a base de 58, já que nove jogadores campeões mundiais formavam a equipe, cuja base era o Santos e o Botafogo, como em 58. A Seleção Brasileira, comandada, pelo técnico Aymoré Moreira, estreou contra o México. Bateu os mexicanos, por 2 x 0. No segundo jogo, a equipe enfrentou a Tchecoslováquia e empatou (0 x 0). Nesta partida, Pelé se contundiu aos 25 minutos do primeiro tempo (distensão na virilha) e, assim, não jogou o restante da Copa de 62. Coutinho, reserva do Rei não o substituiu, pois também estava contundido. Em seu lugar, entrou Amarildo, o qual liderou o time ao bicampeonato. No segundo embate, o Brasil empatou com a Tchecoslováquia (0 x 0). Na terceira partida, venceu a Espanha, por 2 x 1, com grande atuação de Amarildo (2 gols). Tal embate foi decisivo na campanha de 62. Envelhecido, já que a média de idade era de 29 anos, o escrete não fez uma boa primeira fase. Não obstante, nas quartas, bateu a Inglaterra, por 3 x 1, gols de Vavá (1) e Garrincha (2). Classificado à semifinal, o Brasil bateu o Chile, por 4 x 2. Neste jogo, o ponta Garrincha, marcou dois gols e também foi expulso ao revidar as faltas de Rojas. No entanto, jogou a final, devido à manobra de Paulo Machado de Carvalho, chefe de delegação. O dirigente agiu, a fim de retirar Esteban Marino (bandeirinha Uruguaio, único a ver o lance, que levou à punição de Garrincha) do julgamento. Esteban não prestou depoimento e, assim, o Mané foi absolvido e pôde jogar a decisão. Pela primeira vez, a Seleção Brasileira disputava uma final de Copa do Mundo, com a camisa amarela, uniforme concebido por Aldir Schle em concurso criado pela CBD (Confederação Brasileira de Desportos, entidade máxima do futebol brasileiro), após 1950 e usada, pela primeira vez, na Copa de 54. Final da Copa de 62 Na final, o Brasil enfrentou a Tchecoslováquia. A equipe adversária abriu o placar, aos 15 minutos do primeiro tempo, com Masopust, porém, a Seleção Brasileira, do capitão Mauro, empatou 2 minutos depois, com Amarildo. Virou, aos 24 minutos, do segundo tempo, com Zito e selou a vitória, aos 33 minutos, com Vavá. O Mané, no auge da sua carreira, foi o grande responsável pela conquista da Copa de 62 (com seus dribles sobre os jogadores adversários, os quais eram chamados de João, por Garrincha), marcando gols de cabeça até, como na semifinal contra o Chile. 9

11 Curiosidades Garrincha, artilheiro do Mundial, com cinco gols, foi eleito o melhor jogador da Copa de 62. Já Gilmar tornou-se o primeiro e único (até hoje) goleiro bicampeão mundial (Copas de 58 e 62). A conquista do bicampeonato mundial (cinco vitórias e um empate, quatorze gols a favor e cinco gols contra) foi retratada no livro: Copa do Mundo, 1962 (1962), de Mario Filho. O opúsculo relata os bastidores, como a intervenção de Paulo Machado de Carvalho, para que Garrincha jogasse a final e a reação de Pelé ao comemorar o gol de Vavá, tento do título. País-sede: Chile Campeão: Brasil Vice-campeão: Tchecoslováquia Chuteira de Ouro (artilheiro): Valentin Ivanov (União Soviética), Leonel Sanchez (Chile), Vavá (Brasil), Garrincha (Brasil), Dražan Jerković (Iugoslávia), 5 gols Jogos: 32 Gols: 89 Média de gols: 2,78 por jogo Copa de 70: Pra frente, Brasil A nona edição da Copa do Mundo foi realizada, pela primeira vez, na América do Norte (México). A Copa de 70 também foi a primeira transmitida, em cores, para o mundo todo. 10

12 Após o vexame no Mundial de 1966, em que o Brasil foi eliminado ainda na primeira fase, o regime militar interferiu (tanto que João Saldanha, técnico nas eliminatórias, pediu demissão, às vésperas da Copa; devido à interferência de Médici, então presidente), a fim de evitar novo fracasso e também de capitalizar politicamente uma possível vitória da Seleção Brasileira. A interferência era tão grande, a ponto de Médici ligar, para Rivellino, a fim de falarem sobre Futebol e a atuação do Brasil na Copa. Para atingir tal objetivo, formou uma comissão técnica composta por civis e militares (o preparador físico Admildo Chirol, e seus auxiliares Cláudio Coutinho e Carlos Alberto Parreira tinham passagem pela Escola de Educação Física do Exército). Antes do início da Copa de 70, Pelé era questionado e muitos diziam que estava em fase descendente e a Seleção Brasileira desacreditada, já que muitos achavam que não passaria da primeira fase, uma vez que havia caído em um grupo difícil, composto por Inglaterra atual campeã mundial -, Tchecoslováquia vicecampeã em 1962, e a Romênia. Comandado por Zagallo, o escrete nacional, cuja base era a equipe do Santos estreou contra a Tchecoslováquia e venceu por 4 x 1, com gols de Rivellino, Jairzinho (2) e Pelé. Na segunda partida, venceu a atual campeã, a Inglaterra, por 1 x 0, gol de Jairzinho. No terceiro e último jogo da primeira fase, o Brasil venceu a Romênia, por 3 x 2, gols Jairzinho(1) e Pelé (2), terminando assim, em primeiro lugar, com 8 gols marcados e 3 sofridos, com 100% de aproveitamento. Já a Itália, também se classificou em primeiro lugar, porém, com 1vitória e dois empates, com um aproveitamento de 66%. Nas quartas de final, o Brasil enfrentou o Peru, de Cubillas (grande astro da seleção peruana, eleito o melhor jogador jovem da Copa de 70) e venceu por 4 x 2, gols de Rivellino(1), Tostão (2) e Jairzinho(1). Na outra quarta de final, a Itália enfrentou os anfitriões, e os venceu por 4 x 1, gols de Rivera(1), Riva (2) e Pena (contra). Na semifinal, o Brasil enfrentou o Uruguai, algoz de O Uruguai abriu o placar, aos 19 minutos do primeiro tempo, revivendo o drama brasileiro em 1950, porém, o escrete nacional empatou, aos 44 minutos da primeira etapa, com Clodoaldo, virou, aos 21 minutos do segundo tempo, com Jairzinho e selou a vitória, com um gol de Rivellino, a um minuto do final. E ademais, devolveu a derrota sofrida na final da Copa de 50. Na outra semi, em jogo emocionante e decidido na prorrogação, a Itália venceu a Alemanha Ocidental (do capitão Franz Beckenbauer, o qual jogou com o ombro direito deslocado), por 4 x 3. Tal embate é conhecido como 11

13 o jogo do século e o único a ter cinco tentos marcados no tempo extra. Final da Copa de 70 Pela primeira vez, brasileiros e italianos se enfrentavam em uma final. Até então, haviam jogado apenas dois jogos em Mundiais, com uma vitória para cada. Em um duelo pela posse definitiva da Taça Jules Rimet, já que havia sido estabelecido décadas antes, que o primeiro tricampeão ficaria com a Taça permanentemente, o Brasil venceu a Itália (desgastada pela semifinal épica, contra a Alemanha, terceira colocada), por 4 x 1. O escrete nacional abriu o placar, aos 18 minutos do primeiro tempo, com Pelé. Os italianos empataram, aos 37 minutos, com Boninsegna. Aos 21 minutos do segundo tempo, a Seleção Brasileira abriu nova vantagem, com Gerson e selou a vitória com gols de Jairzinho, aos 71 minutos, e de Carlos Alberto Torres, a 4 minutos do final da partida. O Brasil venceu os seis jogos, realizando assim a sua melhor campanha em Copas, com 20 gols marcados e sete sofridos. Outrossim, a Seleção de 70 (Félix, Carlos Alberto Torres, Brito, Everaldo, Piazza, Rivellino, Gerson, Clodoaldo, Tostão, Jairzinho e Pelé - único jogador a vencer três Copas), comandada por Zagallo, (primeiro a vencer uma Copa, tanto como atleta, como técnico), foi eleita a melhor de todos os tempos e, destarte, conquistou a hegemonia do esporte e criou o mito da camisa canarinho. A conquista ocorrida à época do milagre brasileiro ( , período em que houve crescimento econômico sem precedentes na história do país - taxa média anual de 11,2%) foi usada politicamente, a fim de legitimar a Ditadura brasileira. Curiosidades A conquista da Copa de 70 foi embalada ao som de Pra frente Brasil, de Miguel Gustavo. A canção tornou-se símbolo do tricampeonato e, até hoje, é a mais lembrada, dentre todas as músicas compostas, para Copas do Mundo. No quarto gol marcado, por Carlos Alberto Torres, contra a Itália, nove brasileiros tocaram na bola. Jairzinho tornou-se o primeiro e único brasileiro a marcar gols em todos os jogos de uma Copa, com sete gols em seis jogos. O apelido de patada atômica, dado a Rivellino, foi cunhado na Copa de

14 País-sede: México Campeão: Brasil Vice-campeão: Itália Chuteira de Ouro (artilheiro): Gerd Müller (Alemanha Ocidental), 10 gols Jogos: 32 Gols: 95 Média de gols: 2,97 por jogo Pra Frente Brasil Composição: Miguel Gustavo Noventa milhões em ação Pra frente Brasil Do meu coração Todos juntos vamos Pra frente Brasil Salve a Seleção De repente é aquela corrente pra frente Parece que todo o Brasil deu a mão Todos ligados na mesma emoção Tudo é um só coração! Todos juntos vamos Pra frente Brasil, Brasil Salve a Seleção 13

15 Copa de 94: O Tetra é nosso! A décima quinta Copa do Mundo foi realizada, pela primeira vez, nos Estados Unidos. Uma das atrações da Copa de 94 era a Argentina, de Maradona (em seu quarto e último Mundial. O jogador pretendia aposentar-se com o título, porém, foi pego no exame antidoping, no jogo contra a Nigéria - estreante em Copas e foi suspenso) e a Argentina eliminada nas oitavas, pela Romênia, por 3 x 2. Outra sensação era a Colômbia, que chegou bem cotada, após vencer a Argentina, por 5 x 0, em Buenos Aires. Não obstante, foi eliminada ainda na primeira fase. Em sua estreia, a Seleção Brasileira, do técnico Carlos Alberto Parreira, venceu a Rússia, por 2 x 0. Na segunda partida, enfrentou Camarões e venceu, por 3 x 0; e no terceiro e último jogo da primeira fase, empatou com a Suécia (1 x 1). Nas oitavas de final, o Brasil jogou com os Estados Unidos no dia 4 de julho (efeméride de independência norte-americana), e venceu por 1 x 0, com um gol de Bebeto. Já a Itália, de Roberto Baggio, eleito o melhor jogador do mundo, em 1993, venceu a Nigéria, por 2 x 1, na prorrogação. Nas quartas de final, o Brasil enfrentou a Holanda, do Futebol Total. Aos 6 minutos do segundo tempo, a Seleção Brasileira abriu o placar, onze minutos depois, ampliou a vantagem, para 2 x 0, com um gol de Bebeto, o qual comemorou embalando um bebê, em homenagem a Mateus, seu filho, que acabara de nascer. Tal gesto foi criado por Roberto Rivellino, em 1971, a fim de celebrar o nascimento da sua filha Roberta. A Holanda empatou 14 minutos após. Não obstante, a 10 minutos do final, o escrete nacional marcou um tento de falta com Branco, após Romário se desviar da trajetória da bola e, assim, venceu a partida, por 3 x 2, e se classificou a primeira semifinal em 16 anos. Já a Itália venceu a Espanha, novamente, de virada (virou a partida a 2 minutos do final), por 2 x 1. Na semifinal, o Brasil enfrentou a Suécia, como na primeira fase, e ganhou por 1 x 0, gol de cabeça de Romário. Era a primeira final do Brasil em 24 anos. Já na outra semi, a Itália venceu a Bulgária (surpresa da Copa), por 2 x 1. O time italiano chegou à decisão, graças a Roberto Baggio, o qual havia marcado cinco gols, até então. 14

16 Final da Copa de 94 Na final, realizada em 17 de julho, no estádio Rose Bowl, em Pasadena, o Brasil enfrentou a Itália, como em As equipes já haviam se enfrentado cinco vezes em Copas do Mundo, com duas vitórias para cada e um empate. Em um jogo sem muitas emoções e muito tenso, os times empataram sem gols, no tempo normal e na prorrogação (primeiro tempo extra em 16 anos). A Seleção Brasileira chegou mais perto de marcar, já que Pagliuca, goleiro italiano, espalmou um chute de Mauro Silva, que depois tocou na trave e saiu. O arqueiro até beijou a forquilha. Não obstante, a final foi decidida nos pênaltis, a primeira da história. O Brasil perdeu um, com Marcio Santos, e a Itália, dois; com Massaro e o último com Baggio, o qual chutou para fora. Romário, Branco e Dunga marcaram e deram o título ao Brasil (3 x 2, nos pênaltis). O Brasil, liderado por Romário (o qual marcou cinco gols e foi eleito o melhor jogador da Copa de 94) e pelo capitão Dunga, terminou o torneio invicto, com cinco vitórias e dois empates (10 gols marcados e 3 sofridos). O Tetra é nosso! O país tornou-se o primeiro tetracampeão mundial. À época, a nação ainda chorava a morte de Ayrton Senna. Portanto, o título foi um catalizador, pois amenizou a perda, lavou a alma e os corações e também pôs fim à Era Dunga, geração tachada pela derrota na Copa de 90. E, mormente, recuperou a hegemonia futebolística e sintetizou um novo país, devido ao ciclo de prosperidade iniciado em 1994, com a implantação do Real, que se estende até hoje. Curiosidades A Seleção Brasileira entrou de mãos dadas em todas as partidas da Copa de 94. Tal gesto foi criado por Ricardo Rocha no jogo contra a Bolívia em Recife, pelas Eliminatórias. 15

17 País-sede: Estados Unidos Campeão: Brasil Vice-campeão: Itália Chuteira de Ouro (artilheiro): Hristo Stoichkov (Bulgária) e Oleg Salenko (Rússia), 6 gols Bola de Ouro (melhor jogador): Romário Faria (Brasil) Jogos: 52 Gols: 141 Média de gols: 2,71 por jogo Copa de 2002: Brasil Pentacampeão! Após 16 Copas e três continentes, o torneio chegou à Ásia. A Copa de 2002 foi realizada em duas sedes: Japão e Coréia do Sul. A França e a Argentina chegaram como favoritas, já que os franceses eram os atuais campeões mundiais e também haviam conquistado a Euro 2000 e a Copa das Confederações, já os argentinos haviam vencido as eliminatórias sul-americanas. O Brasil chegou desacreditado, já que havia terminado as eliminatórias em terceiro lugar, com nove vitórias em 18 jogos. A Alemanha também era muito questionada, pois havia se classificado com muita dificuldade, para a Copa de Zidane, o jogador mais caro do mundo, até então, contundiu-se cinco dias antes da estreia da França na Copa de A seleção francesa, com duas derrotas e um empate, foi eliminada ainda na primeira fase, com a pior campanha de um campeão mundial. A Argentina também foi eliminada na primeira fase, com uma vitória, um empate e uma derrota. Apenas Brasil e Espanha venceram os três jogos da primeira fase, sendo que os brasileiros marcaram 11 gols e tomaram três (Brasil 2 x 1 Turquia, Brasil 4 x 0 China, Brasil 5 x 2 Costa Rica) e os 16

18 espanhóis venceram todos os jogos com 3 gols de diferença (Espanha 3 x 1 Eslovênia, Espanha 3 x 1 Paraguai e Espanha 3 x 2 África do Sul). Nas oitavas, o Brasil venceu a Bélgica, por 2 x 0 (gols de Rivaldo e Ronaldo) e a Turquia bateu o Japão. Já a Coreia do Sul (a qual se classificou em primeiro no seu grupo) bateu a Itália na prorrogação, com um gol marcado a 3 minutos do final do tempo extra. Nas quartas de final, o Brasil, melhor ataque, enfrentou a Inglaterra, a melhor defesa. A Seleção Brasileira venceu, de virada, por 2 x 1, com excelente atuação de Ronaldinho, o qual deu um passe para Rivaldo marcar um tento e também anotou um gol de falta, no segundo tempo. Porém, minutos depois, foi expulso. Ainda nas quartas de final, a Coreia do Sul venceu a Espanha nos pênaltis, tornando-se o primeiro país asiático a chegar a uma semifinal, já a Alemanha venceu os Estados Unidos, por 1 x 0, chegando a sua décima semifinal. Na semi, a Seleção Brasileira venceu a esquadra turca por 1 x 0, gol de bico de Ronaldo e classificou-se para a sua sétima final. Já a Alemanha bateu a Coreia do Sul, por 1 x 0, gol de Ballack (o qual levou o terceiro cartão amarelo e, por este motivo, não disputou a final), a sétima dos teutos. Final da Copa de 2002 A final foi o primeiro jogo e também a primeira decisão entre os dois países. O Brasil venceu com dois gols de Ronaldo. Em 2002, Ronaldo igualou o recorde de Pelé, ao marcar 12 tentos em Copas. Ao todo, anotou 15 em Mundiais. Liderados por Ronaldo e Rivaldo baleados, e por Cafu, capitão da equipe; o Brasil tornou-se o primeiro campeão do século XXI e o primeiro pentacampeão mundial, com sete vitórias em sete jogos. Curiosidades Ronaldo confessou não ter dormido dormiu um minuto sequer na noite anterior à final da Copa de 2002, com medo que ocorresse o mesmo, que em 1998, quando teve um colapso nervoso horas antes da final contra a França. Dos 23 jogadores que defenderam a Seleção Brasileira na Copa de 2002, 21 atuaram, apenas os goleiros reservas não jogaram o torneio. Tanto que no pôster, estão os 23 jogadores e, não, apenas os 11 titulares, como de praxe. Por este e outros motivos, a equipe ficou conhecida como a Família Scolari. 17

19 Luiz Felipe Scolari, técnico do escrete nacional, o qual aceitou o cargo, que outros haviam recusado, fato inédito até então, ficou feliz e aliviado ao vencer os ingleses, pois assim cumpriu a promessa de ficar entre os quatro primeiros. Para ele, tal vitória foi mais importante que o título até. Com o triunfo, o Brasil alcançou o recorde de 60 vitórias em Copas. País-sede: Japão e Coreia do Sul Campeão: Brasil Vice-campeão: Alemanha Chuteira de Ouro (artilheiro): Ronaldo Nazário (Brasil), 8 gols Bola de Ouro (melhor jogador): Oliver Kahn (Alemanha) Jogos: 64 Gols: 161 Média de gols: 2,52 por jogo Dúvidas e comentários 18