Palavra-chave: densidade de árvores, Eucalyptus urophylla, sistemas agroflorestais
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- Luiz Felipe Godoi Nobre
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1 INTERAÇÕES ENTRE ESPAÇAMENTO DE ÁRVORES DE EUCALIPTO, PRODUÇÃO DE SERRAPILHEIRA E NÍVEIS DE PH NO SOLO DE UM SISTEMA AGRISSILVIPASTORIL Igor Murilo Bumbieris Nogueira 1 ; Omar Daniel 2 ; Antônio Carlos Tadeu Vitorino 3 ; Murilo Veloso 4 ; Flávia Araujo Matos 5 1 Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq, Acadêmico do curso de Agronomia FCA/UFGD 2 Orientador, Prof. Titular da Faculdade de Ciências Agrárias/UFGD 3 Co-orientador, Prof. Associado da Faculdade de Ciências Agrárias/UFGD 4 Acadêmico do curso de Agronomia, bolsista PET/Agronomia, UFGD/FCA 5 Doutoranda do PPG em Agronomia, UFGD/FCA RESUMO Com o objetivo de estudar a influência da densidade de árvores de Eucalyptus urophylla sobre a deposição de serrapilheira e sua interferência no ph de um Latossolo Vermelho distroférrico, o presente trabalho foi conduzido em um Sistema Agrissilvipastoril consorciado com Brachiaria decumbens implantado em diferentes arranjos espaciais no município de Dourados, Mato Grosso do Sul. Foram coletadas amostras de solo a 0-5 cm de profundidade e recolhida a serrapilheira depositada na superfície do solo, em pontos distanciados a 2,5 m e 5,5 m das linhas das árvores. Observou-se que o acúmulo de serrapilheira decresceu linearmente com a redução da densidade das árvores. Menor foi a acidez do solo nas maiores densidades de árvores. Conclui-se que a deposição de serrapilheira pelas árvores de E. urophylla aumenta com a diminuição dos espaçamentos sob pastagens consorciadas com B. decumbens, influenciando positivamente os níveis de ph na camada superficial do solo e nas proximidades das árvores. Palavra-chave: densidade de árvores, Eucalyptus urophylla, sistemas agroflorestais INTRODUÇÃO A integração da árvore em sistemas agropecuários é válida por proporcionar maior aporte de serrapilheira estimulando o processo de ciclagem de nutrientes, que por sua vez altera as características físicas, químicas e biológicas do solo, refletindo sobre a qualidade e
2 quantidade produzida nos diversos componentes, conduzindo o agroecossistema a um modelo caracterizado por uma maior sustentabilidade (CASTRO et al., 2009). A decomposição da serrapilheira varia conforme sua composição, quantidade de material depositado e condições ambientais. Nos trópicos apresentam rápida liberação de nutrientes, promovendo uma reciclagem contínua durante o ano todo (ARATO, 2003). Normalmente, este material vegetal é rico em bases, que minimizam a condição ácida dos solos tropicais, influenciando sobre o nível de ph do solo, principalmente nas camadas superficiais. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o aporte e a interferência da serrapilheira produzida em variados arranjos espaciais de árvores de Eucalyptus urophylla sobre os níveis de ph do solo em um sistema agrissilvipastoril. MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi conduzido na Fazenda Campo Belo, localizada no Município de Dourados MS, sobre um Latossolo Vermelho distroférrico, de textura argilosa e topografia plana coberto por Brachiaria decumbens. A implantação do sistema foi realizada em novembro de 2000, utilizando como componente arbóreo o Eucalyptus urophylla. Foram implantadas quatro linhas de árvores espaçadas 16 metros, no sentido Leste-Oeste, sendo desenhadas em quatro espaçamentos distintos de 12 plantas cada um: 1,5 m; 3,0 m; 4,5 m e 6,0 m (DANIEL et al., 2004). Nos primeiros anos foram realizadas quatro safras de milho nas entre linhas das árvores. Em janeiro de 2010, foi realizada a locação dos pontos de coleta de solo e serrapilheira da árvore na área a partir de uma grade de 8 m x 8 m, de modo que as amostras fossem coletadas a 2,5 m e 5,5 m de distância das linhas de árvores. As amostras de solo para avaliação química foram obtidas a partir de oito sub-amostras por ponto, na profundidade de 0-5 cm, com auxílio de trado tipo holandês. Para a serrapilheira foi utilizado um quadrado delimitador de 0,5 m x 0,5 m, onde foram coletadas da superfície do solo: folhas, galhos com diâmetro < 2 cm, cascas, restos florais e frutos oriunda das árvores. O ph foi determinado em CaCl 2 por potenciometria, segundo metodologia proposta por Claessen (1997). As amostras de serrapilheira foram submetidas ao secamento em estufa
3 de ventilação forçada a 65ºC durante 72 horas, para estimativa de matéria seca. Para as análises estatísticas foram aplicadas regressões, representadas graficamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados indicam que, nas amostras coletadas mais próximas das árvores (2,5 m), onde houve maior acúmulo de serrapilheira (Figura 1), a tendência foi de redução dos níveis de ph em relação direta com a diminuição da densidade arbórea. Também foi notável a correlação positiva (0,9393) existente entre a quantidade de serrapilheira produzida e o ph, indicando que quanto maior a massa de restos vegetais do eucalipto, maior a tendência de redução da acidez do solo. FIGURA 1 - Valores médios de massa de serrapilheira coletadas a 2,5 m e 5,5 m das linhas das árvores de E. urophylla em função de diferentes espaçamentos entre plantas. Por outro lado, nas amostras coletadas a 5,5 m de distância das linhas das árvores, que receberam menor aporte de serrapilheira (Figura 1) quando comparada com as amostras de 2,5 m, a correlação entre serrapilheira e ph considerando os espaçamentos crescentes foi inversa (- 0,9878). Há possibilidade de que, para que haja efeito de redução da acidez do solo a partir da influência da serrapilheira do eucalipto, a quantidade desta deve apresentar um valor mínimo, que não foi atingido quando a coleta de dados foi realizada a maior distância das árvores.
4 FIGURA 2 - Níveis médios de ph em CaCl 2 na profundidade de 0-5 cm na distância de 2,5m e 5,5 m das linhas de E. urophylla em função de diferentes espaçamentos entre plantas. Observando a Figura 2 foi possível notar também que na camada superficial do solo (0-5 cm), o espaçamento de 4,5 m foi o ponto de equilíbrio para o ph, tanto na distância de coleta de 2,5 m quanto de 5,5 m. Neste espaçamento, o valor de ph foi de aproximadamente 5,10. A partir da Figura 1 e considerando a distância entre indivíduos arbóreos de 4,5 m, foi possível determinar que a massa de serrapilheira mínima para que houvesse efeito de elevação do ph do solo próximo às árvores foi de aproximadamente 170 g m -2, enquanto a maiores distâncias o valor foi de 120 g m -2. Segundo Gama-Rodrigues & Barros (2002) a serrapilheira de povoamentos de E. grandis e E. urophylla é composta principalmente por N > Ca > K > Mg > P. Esta maior presença de bases (Ca, Mg e K) na composição da serrapilheira pode ter influenciado sobre os níveis de ph do solo. CONCLUSÕES O aumento da densidade de E. urophylla promove aumento no aporte de serrapilheira depositado sobre a superfície do solo. O aumento da proporção de resíduos arbóreos do eucalipto na serrapilheira influencia de forma direta os níveis de ph na camada superficial do solo.
5 REFERÊNCIAS ARATO, H. D.; MARTINS, S. V.; FERRARI, S. H. de S. Produção e decomposição de serapilheira em um sistema agroflorestal implantado para recuperação de área degradada em Viçosa-MG. Revista Árvore, Viçosa, v.27, n.5, p , CASTRO, C. R. T.; PACIULLO, D. S. C.; GOMIDE, C. A. M.; MÜLLER, M. D.; JUNIOR, E. R. N. Características agronômicas, massa de forragem e valor nutritivo de Brachiaria decumbens em sistema silvipastoril. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, n. 60, p , dez CLAESSEN, M. E. C. Manual de métodos de análise de solo. Rio de Janeiro, 2ª ed. 212p DANIEL, O.; BITTENCOURT, D.; GELAIN, E. Avaliação de um sistema agroflorestal eucalipto-milho no Mato Grosso do Sul. Agrossilvicultura (Viçosa), v.1, n.1, p.15-28, GAMA-RODRIGUES, A. C.; BARROS, N. F. Ciclagem de nutrientes em floresta natural e em plantios de eucalipto e de dende no sudeste da Bahia, Brasil. R. Árvore,Viçosa, v.26, n.2, p , 2002.
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