Escola de Artes, Ciências e Humanidades EACH/USP
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- Isabel de Sá Gabeira
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1 Escola de Artes, Ciências e Humanidades EACH/USP CURSO DE GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS TRABALHO DE GESTÃO DE PROCESSOS E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 1º SEMESTRE DE 2010 PROFESSOR JOSÉ CARLOS VAZ São Paulo, Junho de 2010
2 TRABALHO DE GESTÃO DE PROCESSOS E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO TEMA: INCLUSÃO DIGITAL DISCENTES Indira Mabel U. Vargas Renato Adriano Rosa Resumo: O trabalho aborda o tema inclusão digital - não se limita a definir o equipamento, computador como política de inclusão, mas a conexão existente entre a rede de computadores e o ensino/apoio à forma de uso.
3 Inclusão digital. "... Estamos vivendo um desses raros intervalos da história. Um intervalo cuja característica é a transformação de nossa cultura material pelos mecanismos de um novo paradigma tecnológico que se organiza em torno da tecnologia da informação [...]". Manuel Castells A nova era informacional trouxe consigo mais do que a mera introdução da tecnologia ao cotidiano. Trouxe, também, mudanças que afetam a estrutura organizacional da sociedade por meio de uma reestruturação do processo econômico que, conseqüentemente, causa impactos no comportamento individual, coletivo, político e social dos cidadãos. O dinamismo propiciado pela maior eficiência e agilidade na transferência de dados junto com a flexibilização do modo de produção são aspectos relevantes no desencadeamento de um processo sem precedentes chamado de Globalização. A revolução informacional foi o grande alicerce responsável pela evolução do modo de produção capitalista, pois redefiniu o papel do Estado, criou novas relações trabalhistas e influenciou na dinâmica geral das sociedades que compactuam com essa revolução global. Interatividade e conectividade são conceitos cada vez mais aprimorados pela presença de novas tecnologias que reconfiguraram o mundo da comunicação, entretenimento e informação. A aparente sensação de diminuição do mundo foi potencializada pelo que o pensador Manuel Castells chama de rede informacional, ou seja, a criação de canais ao redor do mundo capazes de amplificar o alcance e a velocidade do intercâmbio de capital, informações e pessoas. Diante deste cenário, torna-se pertinente a inserção gradativa de um número maior de indivíduos conectados a essa nova sociedade da informação. Todavia, a inclusão de novos atores sociais implica, impreterivelmente, no aumento da disponibilização/ facilitação ao acesso de novas tecnologias digitais, bem como a capacitação adequada para sua efetiva utilização. Além de acompanhar a evolução e o crescimento global no que tange às tecnologias e comunicação, outras razões estratégicas motivaram os programas para inclusão digital da população, entre elas a viabilização de competitividade econômica dos países por meio da renovação das estruturas tradicionais de produção e comercialização de bens e serviços. Porém, o mero acesso ao computador e à internet não pode ser confundido com inclusão digital, pois incluir, nesse sentido, envolve o uso
4 efetivo da vasta capacitade intriseca na Tecnología da Comunicação e Informação, bem como o apoderamento dos recursos que esta disponibiliza. Hardwares e softwares são, portanto, apenas as ferramentas para maximização de objetivos muito mais complexos. Cabe aqui questionar o que significa incluir digitalmente, ou melhor, como se dará essa inclusão. Incluir indivíduos para o mercado facilitando seu acesso ao mundo do consumo virtual? Incluir indivíduos preparando-os para as novas relações de trabalho advindas do novo paradigma informacional? Ou, ainda, incluir digitalmente significa modificar os padrões de interação entre o Estado e a sociedade civil propiciando aos indivíduos novos canais para o exercício da cidadania? Na relação de inclusão digital para o mercado o foco fixa-se na criação de alternativas que viabilizem as transações entre empresas e o usuário-consumidor. Nesse sentido o indivíduo é encarado como cliente em potencial e incluí-lo digitalmente significa disponibilizar o uso do computador com acesso à internet para que este possa adquirir hábitos de consumo não presenciais ou virtuais. A inclusão digital voltada única e exclusivamente para o mercado de trabalho estabelece uma relação normativa com os equipamentos da T.I., regrando os usuários, minando a criatividade e as possibilidades de intervenção que a interação com a tecnologia é capaz de provir. Embora o uso da tecnologia possa servir aos interesses do mercado com a formação de consumidores e de mão-de-obra o novo paradigma informacional encontra seu maior desafio na formação de cidadãos. A inclusão digital com vistas para cidadania implica na capacitação capaz de gerar o empoderamento da sociedade civil através da utilização de ferramentas da T.I. que ampliem o controle mantenedor da transparência dos governos. Incluir digitalmente é, antes de mais nada, uma ação que envolve governos, a sociedade civil e a iniciativa privada na construção de ações que viabilizem o acesso e a assimilação das informações disponíveis nos meios digitais, de modo a estimular a produção de conhecimento que acarrete em melhorias a qualidade de vida dos cidadãos. A urgência de viabilizar a democratização do acesso à informação visando contribuir para o exercício pleno da cidadania passa, também, pela necessidade de uma infra-estrutura avançada de redes e de computação para dar suporte a todas as atividades do país, perpassando desde a educação até políticas públicas que amortizem a exclusão socioeconômica, uma vez que as causas provenientes desta tem correspondência direta com a maior ou menor acessibilidade dos indíviduos aos meios comunicacionais. A inclusão, tanto de indivíduos como das organizações da sociedade civil, carecem,
5 para sua sustentabilidade, que o Estado, em parceria com empresas e ONG's, articule o agregamento de três variáveis relevantes, a saber: A) a provisão dos meios (a disponibilização de equipamentos e da infra-estrutura tecnológica necessária), B) a educação e C) renda. A formulação de políticas que visem a inclusão digital deve, além da compra de equipamentos e do redesenho de infra-estruturas institucionais, correlacionar-se à medidas de ações educativas, intregrando os cidadãos às novas tecnologias através da qualificação que estimule a autonomia no uso do acesso às redes computacionais. Para que as benesses da educação surtam efeito na inclusão digital é imperativo a atuação das instituições de ensino, públicas e privadas, escolas e universidades, para construção e aperfeiçoamento de conhecimento por meio da inserção de conteúdos inerentes à tecnologia da informação nos seus respectivos projetos pedagógicos. As inovações que as tecnologias oferecem deve ser o alvo de um projeto pedagógico adequado à realidade vigente, não se limitando apenas ao ensino do uso das máquinas. A educação gera a ampliação do potencial da tecnologia assim como, segundo o ponto de vista do autor Manuel Castells, a T.I. pode contribuir significativamente para a expansão do conhecimento e da capacidade de progresso pessoal, promovendo melhorias socioeconômicas e o aumento da habilidade no manejo dos recursos informacionais. A escolaridade dos indivíduos também influencia na utiilização dos recursos tecnológicos tais como a internet. Segundo dados do Pnad 2008: Os usuários da Internet eram mais escolarizados (10 anos de estudo em média) que aqueles que não a utilizavam (5,5 anos de estudo), e a proporção de pessoas que acessavam era maior quanto maior era a escolaridade. Entre aqueles com 15 anos ou mais de estudo, o percentual de usuários da rede era de 80,4%; entre os com 11 a 14 anos de estudo, 57,8%; com 8 a 10 anos de estudo, 38,7%; com 4 a 7 anos de estudo, 23,4%; e entre as pessoas sem instrução ou com menos de 4 anos, 7,2%. Em todos os níveis de escolaridade, foi observado aumento do acesso em relação a 2005, mas o crescimento foi mais intenso na população com menos escolaridade. 1 1 Os números são do Suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2008 sobre Acesso à Internet e Posse de Telefone Móvel Celular para Uso Pessoal.
6 Com relação a variável Renda como fator determinante na inclusão digital, nota-se que a exclusão socioecônomica corrobora para a exclusão digital. Assim, como a falta de recursos tecnológicos agrava-se o fosso da exclusão social. A insuficiência de renda para compra de computador e manutenção de linha telefônica em casa são empecilhos para inclusão social de grande parte da população brasileira. De acordo com autor William Mitchell em sua obra E Topia Comunidades de baixa renda tendem a atrair menos investimentos em infra estruturas de telecomunicações e tecnologias, gerando menos motivação de empresas e governos. Em lugares assim, há um risco óbvio de diminuir ainda mais as ofertas de bons empregos e serviços para todos daquela comunidade Ou seja, o autor tenta mostrar que a exclusão socioeconômica gera a exclusão digital e vice-versa. De acordo com os dados do Suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2008: A proporção de pessoas com acesso à Internet também crescia conforme avançavam as classes de rendimento mensal domiciliar per capita. Na faixa de mais de 5 salários mínimos, 75,6% acessavam a Internet, enquanto na faixa dos sem rendimento a ¼ do salário mínimo, o percentual era de 13,0%. Esse comportamento foi observado em todas as regiões, sendo que no Norte e no Nordeste a diferença entre as proporções de usuários das faixas mais baixa e mais alta de rendimento era maior. As regiões Sudeste (40,3%), Centro-Oeste (39,4%) e Sul (38,7%) registravam os maiores percentuais de usuários, e as regiões Norte (27,5%) e Nordeste (25,1%), os menores. Ou seja, a renda insuficiente de grande parte da população se reflete no acesso e utilização dos meios advindos da Tecnologia de Informação para inclusão digital. A inclusão de um percentual maior de indivíduos as benesses do mundo digital é, indissociavelmente, um problema de desenvolvimento econômico. Quanto à provisão dos meios ressalta-se o desnível de infra estrutura para utilização dos recursos tecnológicos. Os dados favoráveis à inclusão digital se concentram majoritariamente nas áreas urbanas deixando as zonas rurais praticamente na escuridão digital. A concentração de provedores na região sudeste do Brasil e a falta de uma infra-estrutura básica faz com que parte exponencial dos municípios fora dessa zona de cobertura tenha que arcar com os custos onerosos de ligações interurbanas para
7 ter acesso a internet. Em suma, em locais onde o investimento em infra-estrutura são mais escassos tendem a ter um desenvolvimento sócio-econômico proporcionalmente pequeno. Constatá-se, portanto que o fator econômico é decisivo, pois existe uma correlação entre inclusão digital e exclusão social. Conclusão Somente expandir a oferta de serviços através da internet não abrange todo o potencial revolucionário que a tecnologia da informação e comunicação podem dispor. Na nova sociedade da informação é necessário o uso da criatividade como mola propulsora de mudanças que levem ao aperfeiçoamento tecnológico, humano e social. A formulação e implementação de políticas públicas para inclusão digital devem ter como fim precípuo a maximização das habilidades dos cidadãos em lidar com as ferramentas das novas tecnologias, fazendo destas instrumentos de arrojo democrático. Cabe ao governo providenciar medidas para ações que incluem o acesso a terminais de computadores e correio eletrônico a toda a população; a redução de tarifas para uso dos sistemas de telecomunicações; redesenho de processos institucionais com fins de adequar a burocracia a agilidade requerida pelo avanço tecnológico; estímulo ao uso de software livre; subsídio a ampliação da aquisição de computadores e investimento em infra-estrutura e incremento tecnológico. Contudo, é imprescindível a participação de todas as esferas do governo (municipal, estadual e federal) e o estímulo de parcerias junto a Organizações não governamentais, escolas, universidades, empresas privadas, sem se abster da participação popular para o construto de uma sociedade devidamente informatizada. Bibliografia CASTELLS, Manuel A sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 2007 Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) Suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2008 sobre Acesso à Internet e Posse de Telefone Móvel Celular para Uso Pessoal. Fonte: - Consultado em 31/05/2010
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