O termo "celulite" foi primeiro usado na década de 1920, para descrever uma alteração estética da superfície cutânea (ROSSI & VERGNANINI, 2000).
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- Ana Laura de Carvalho Varejão
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1 O termo "celulite" foi primeiro usado na década de 1920, para descrever uma alteração estética da superfície cutânea (ROSSI & VERGNANINI, 2000). Desde então alguns termos são utilizados para designá-la, na tentativa de adequar o nome a características histomorfológicas encontradas: lipodistrofia localizada, fibro edema gelóide, hidrolipodistrofia ginóide, paniculopatia edemato-fibroesclerótica e paniculose, lipoesclerose nodular, lipodistrofia ginóide. Contudo, a denominação fibro edema gelóide (FEG) tem-se demonstrado como o conceito mais adequado para descrever o quadro historicamente conhecido e erroneamente denominado de celulite (GUIRRO & GUIRRO, 2004).
2 O FEG, conhecido como celulite, é uma desordem metabólica localizada no tecido subcutâneo que provoca alterações na forma do corpo, desencadeando modificações na derme, na microcirculação e nos adipócitos. É uma afecção do tecido conjuntivo subcutâneo caracterizado histologicamente por uma infiltração edematosa, não inflamatória, seguida de polimerização da substância fundamental produzindo reações fibróticas, podendo ser até dolorosas no aspecto clínico, e que se manifestam em forma de nódulos ou placas, apresentando ainda topografia localizada, sendo de incidência quase exclusiva do sexo feminino
3 Descompensação histoangiológica, advinda de um ciclo vicioso envolvendo alteração bioquímica do interstício (aumento de viscosidade), estase vênulocapilar com hipo-oxigenação e conseqüente transformação do tecido adiposo em celulítico, e que evolui em quatro fases, iniciando por uma estase venosa e permeabilidade capilar anormal, progredindo até a fase fibrocicatricial com alteração de capilares.
4 Ulrich apud Borges 1ºgrau: a celulite só é visível através da compressão do tecido entre os dedos ou da contração muscular voluntária. 2º grau: as depressões são visíveis mesmo sem a compressão dos tecidos. 3º grau: o acometimento tecidual pode ser observado quando o indivíduo estiver em qualquer posição 4º grau: tem as mesmas características do grau 3 com nódulos mais palpáveis, visíveis e dolorosos, aderência nos níveis profundos e aparecimento de um ondulado óbvio na superfície da pele.
5 Carboxiterapia ; Método novo, promissor no tratamento do FEG. A técnica é definida como a administração terapêutica do anidro carbônico (também denominado gás carbônico ou CO2) através de injeção hipodérmica no tecido subcutâneo diretamente nas áreas afetadas
6 O mecanismo de ação do gás carbônico é, sobretudo, na microcirculação vascular do tecido conectivo, promovendo uma vasodilatação e um aumento da drenagem veno-linfática. Com a vasodilatação, melhora-se o fluxo de nutrientes, entre eles, as proteinases necessárias para remodelar os componentes da matriz extracelular e para acomodar a migração e reparação tecidual
7 Outros mecanismos de atuação incluem fratura direta da membrana adipocitária e alteração na curva de dissociação da hemoglobina com o oxigênio (efeito Bohr), promovendo assim uma verdadeira ação lipolítica oxidativa. Esta ação lipolítica oxidativa atua diretamente na etiologia do FEG, quebrando o círculo vicioso que envolve alteração bioquímica do interstício (aumento de viscosidade), estase vênulocapilar com hipo-oxigenação e conseqüente sofrimento do adipócito, levando a lipogênese e hipertrofia
8 Efeitos fisiológicos -Estimulo circulatório sanguíneo A resposta inflamatória diante uma agressão física é imediata e atua no sentido de destruir, diluir ou bloquear o agente agressor, mas, por sua vez, desencadeia uma série de eventos no tecido conjuntivo vascularizado, inclusive no plasma, nas células circulantes, nos vasos sangüíneos e nos componentes extravasculares do tecido conjuntivo, com o objetivo de cicatrizar e reconstituir o tecido lesado
9 Aspectos histológicos no processo de reparação mostraram a proliferação de pequenos vasos sanguineos neoformados e de fibroblastos. Robbins et al há também alterações no calibre vascular, que conduzem ao aumento do fluxo sangüíneo, alterações estruturais na microcirculação e emigração dos leucócitos da microcirculação e seu acúmulo nos focos de agressão. Atua, sobretudo na microcirculação vascular do tecido conjuntivo, promovendo uma vasodilatação e um aumento da drenagem veno-linfática
10 Efeito Bohr A afinidade da hemoglobina pelo oxigênio depende do ph do meio, a acidez estimula a liberação de oxigênio diminuindo assim esta afinidade. Além disso, o aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) no meio também abaixa a afinidade por oxigênio. A presença de níveis mais altos de CO2 e prótons (H+) nos capilares de tecidos em metabolismo ativo promove a liberação de O2 da hemoglobina, o efeito recíproco ocorre nos capilares dos alvéolos do pulmão, a alta concentração de O2 libera CO2 e H+ da hemoglobina. Essas relações são conhecidas como efeito Bohr
11 Aumento significativo da concentração de oxigênio (O2) local após a infusão subcutânea de CO2, consequentemente há um aumento da pressão parcial de O2. Diminuição da afinidade da hemoglobina pelo O2 na presença de gás carbônico disponibilizando mais oxigênio às células, o que favoreceria o metabolismo dos tecidos da região tratada (potencialização do efeito Bohr)
12 Ação bioquímica O CO2 é um potente vasodilatador, ocasionando aumento do fluxo sanguíneo no local de sua aplicação Com a infusão do gás, ocorre uma distenção tecidual, com um importante aumento da concentração de oxigênio local. Além disso, provoca ativação de barorreceptores, corpúsculos de Golgi e Paccini devido a esta distenção tecidual e conseqüente liberação de substâncias alógenas - quais sejam a bradicinina, catecolamina, histamina e serotonina Essas substâncias atuam em receptores betaadrenérgicos ativando a Adenilciclase, promovendo assim aumento do AMPc tissular e conseqüente quebra dos triglicérides
13 Carbolipólise A gordura localizada vem sendo tratada de várias formas, e a carboxiterapia vem se constituindo num recurso de valor para a redução de medidas ocasionadas por acumulo de adiposidades. o tecido adiposo é constituído basicamente por lipídeos e que contém ou são derivados de ácidos graxos sob a forma de triglicerídeos, onde cada triglicerídeo é constituído por 3 moléculas de ácidos graxos esterificados em glicerol
14 Ação no tecido conjuntivo Após a ação mecânica ocorrida na carboxiterapia, provocada pelo trauma da agulha e pela introdução do gás, há a produção de um processo inflamatório e conseqüente migração de fibroblastos para a região da agressão e sua posterior proliferação estimulando a síntese de colágeno e de outras moléculas do tecido conjuntivo, como a fibronectina, glicoproteína encontrada no sangue, associada a vários processos biológicos como adesão e diferenciação celular, reparação de tecidos, servindo como substrato para enzimas fibrinolíticas e da coagulação.
15 Celulite Segundo Weimann, no tecido celulítico há um mau funcionamento dos adipócitos, que retém um maior teor de lipídios, diferentes e alternados e que estimulam a retenção de líquidos, levando assim ao aumento de volume da célula, gerando compressão dos vasos e comprometendo a circulação sanguínea. Sabe-se que o gás carbônico no tecido subcutâneo atua na microcirculação, na curva de dissociação da hemoglobina e está ligado a ação lipolítica oxidativa, o que nos faz pensar na histologia do tecido celulítico que apresenta uma alteração bioquímica do interstício (aumento da viscosidade), estase vênulo-capilar, com hipo-oxigenação, até um estágio de fibrose cicatricial, atrófica, irreversível
16 Por sua virtude de melhorar a microcirculação arterial da pele e subcutâneo, por aumentar a perfusão tecidual e a pressão parcial de oxigênio (PO2), a carboxiterapia é indicada para o tratamento da lipodistrofia ginóide, tratando principalmente o tecido celular subcutâneo que se encontra congestionado por retenção de líquido e toxinas não eliminadas por comprometimento da microcirculação periferica
17 Pós-cirurgia plástica No ramo da cirurgia-plástica, a carboxiterapia tem sido empregada para correção de irregularidades pós lipoaspiração, ou mesmo, no pré-operatório para melhorar a vascularização de retalhos cirúrgicos. No estudo de Brandi et al, foi verificado uma melhora estatisticamente significativa no que diz respeito à elasticidade da pele e as irregularidades cutâneas pós lipoaspiração. Com isso, podemos esperar efeitos positivos da terapia com CO2 sobre a adiposidade localizada e elasticidade cutânea da pele em pacientes que realizaram lipoaspiração
18 Estrias e Flacidez Cutânea As estrias caracterizam-se por afecções dermatológicas que no início apresentam um processo inflamatório, com elastólise e desgranulação de mastócitos, seguidos de afluxo de macrófagos em torno das fibras elásticas A estimulação fibroblástica tem importante papel no processo regenerativo da atrofia tecidual na estria O eletrolifting, terapia utilizada no tratamento das estrias, através de estímulo elétrico de baixa intensidade, provoca uma inflamação aguda na estria com um leve edema e hiperemia a fim de aumentar a capacidade de replicação dos fibroblastos e produção de fibras colágenas na pele estriada O peeling químico é um procedimento bastante utilizado no tratamento das estrias, tendo como princípio provocar um processo inflamatório, e a partir daí iniciar o processo de reparo do tecido lesado
19 Efeitos Adversos e/ou Secundários Com base na literatura, a carboxiterapia pode ser considerada um tratamento seguro, sem efeitos adversos ou complicações importantes, tanto locais, como sistêmicas. O gás carbônico é um metabólico presente na circulação sanguínea, e a quantidade de gás injetado durante o tratamento está abaixo do volume produzido pelo organismo. Além disso, pacientes submetidos a injeções subcutâneas de CO2 não mostraram nenhum dano em seu tecido conectivo, vascular e estrutura nervosa
20 os efeitos secundários apresentados pela carboxiterapia se limitam em dor no local da aplicação, pequenos hematomas ou equimoses devido às várias punturas e sensação de crepitação devido à formação de um enfisema local que desaparece em no máximo 30 minutos Contra-indicações Como foi dito, a carboxiterapia é considerada uma técnica segura, mas devemos atentar para algumas contraindicações citadas por alguns autores: infarto agudo do miocárdio, angina instável, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, tromboflebite aguda, gangrena, infecções localizadas, epilepsia, insuficiência respiratória, insuficiência renal, gravidez, distúrbios psiquiátricos
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