Milho São Francisco: Uma Variedade Precoce para o Nordeste Brasileiro

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1 3 ISSN 3 Dezembro, 200 Aracaju, SE Milho São Francisco: Uma Variedade Precoce para o Nordeste Brasileiro Hélio Wilson Lemos de Carvalho 2 Manoel Xavier dos Santos Ana Alexandrina Gama da Silva 3 Milton José Cardoso Denis Medeiros dos Santos José Nildo Tabosa Miguel Michereff Filho 5 Marcelo Abdon Lira 6 Manoel Henrique Cavalcante Bonfim Evanildes Menezes de Souza Giderval Vieira Sampaio Ana Rita de Moraes Brandão Brito Valfredo Vilela Dourado José Álvares Tavares José Guilherme do Nascimento Neto Marta Maria Amâncio do Nascimento José Jorge Tavares Filho 3 Aderson Soares de Andrade Júnior Benedito Carlos Lemos de Carvalho A insuficiência de variedades de milho que aliem boa adaptação às diferentes condições ambientais do Nordeste brasileiro e características agronômicas desejáveis (precocidade, tolerância ao acamamento e quebramento do colmo e empalhamento), contribui para a baixa produtividade da cultura na região. Freqüentes importações de milho de outras partes do país são, então, necessárias para o abastecimento regional. Dentro deste contexto, temse introduzido no Nordeste brasileiro, desde 2, diversos germoplasmas de milho tropical, que vêm sendo avaliados em uma rede de ensaios, distribuída entre os Estados da região. Dentre os germoplasmas avaliados, a população de milho CMS 2 destacouse, em termos de adaptação e precocidade, tolerância ao acamamento e quebramento do colmo e empalhamento. Ela foi lançada oficialmente para exploração comercial na região, em, com a denominação de São Francisco, com o objetivo de melhorar o rendimento dos sistemas de produção vigentes nos diferentes ecossistemas da Região Nordeste do Brasil. Além disso, por ser uma variedade, as sementes desse milho podem ser reutilizadas em novos plantios, desde que alguns cuidados básicos sejam observados. O objetivo deste trabalho foi o de verificar o comportamento produtivo da variedade São Francisco em diversos ambientes do Nordeste brasileiro, para fins de recomendação. Pesquisador, Embrapa Tabuleiros Costeiros, Caixa Postal, CEP Aracaju, SE, helio@cpatc.embrapa.br, anagama@cpatc.embrapa.br, denis@cpatc.embrapa.br, miguel@cpatc.embrapa.br 2 Pesquisador, Embrapa Milho e Sorgo, Caixa Postal 25, CEP 3500, Sete Lagoas, MG, xavier@cnpms.embrapa.br 3 Pesquisador, Embrapa MeioNorte, Duque de Caxias, 5650, CEP , Teresina, PI, milton@cpamn.embrapa.br, aderson@cpamn.embrapa.br Pesquisador, IPA, Caixa Postal 22, CEP 50600, Recife, PE, tabosa@ipa.br 5 Pesquisador, M.Sc., EMPARN/Embrapa, Rua Chile, 2, CEP 50250, Natal, RN 6 Pesquisador, Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento e Pesca do Estado de Alagoas, Rua Domingos Correia, 50, Bairro São Luiz, Arapiraca, AL, CEP: Estagiária da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Caixa Postal, CEP 02500, Aracaju, SE, eva@cpatc.embrapa.br Pesquisador, M.Sc., EBDA/Embrapa, Av. Dorival Caymmi, 6, CEP 6350, Salvador, BA

2 2 São Francisco: Uma Variedade Precoce para o Nordeste Brasileiro Os ensaios foram instalados em 5 municípios do Nordeste brasileiro, distribuídos em todos os Estados dessa região, entre as latitudes 2º 63, em Parnaíba, no Piauí, a º 36, no município de Barra do Choça, na Bahia (Tabela ). Na Tabela 2 constam os índices pluviais médios registrados no decorrer do período experimental (quatro meses). Foram utilizados 3 ambientes, no período de a 2003, para a realização dos ensaios. Em todos esses ensaios utilizouse o delineamento em blocos ao acaso, com três repetições. As parcelas constaram de quatro fileiras de 5,0m de comprimento. Nos anos agrícolas de e mantevese a distância de 0,0m entre fileiras. Entre os anos de 2000 e 2003 essa distância foi reduzida para 0,0m. Colocaramse três sementes/cova, deixandose, após o desbaste, duas plantas/cova. As adubações realizadas nesses ensaios seguiram os resultados das análises de solo das respectivas áreas experimentais. Em todos os ensaios foram tomados os pesos de grãos, os quais foram submetidos à análise de variância obedecendo ao modelo em blocos ao acaso. O florescimento masculino médio foi alcançado entre 6 e dias, no Estado do Piauí e cerca de 5 dias, nos ensaios desenvolvidos no Rio Grande do Norte, após o plantio (Tabela 3), revelando a precocidade dessa variedade nas condições ambientais desses Estados. O florescimento feminino médio ficou entre 6 e 62 dias nos Estados de Pernambuco e Sergipe, evidenciando também a precocidade desse material. Essa característica assume papel de destaque no sucesso das lavouras de milho no semiárido nordestino. Na Tabela estão os rendimentos médios de grãos da variedade São Francisco obtidos em nível de ensaios, bem como as médias de rendimentos de grãos de todos os ensaios, o percentual de rendimento da variedade em relação à média do ensaio e os coeficientes de variação. Estes foram baixos e conferiram boa precisão aos ensaios. Os rendimentos médios registrados atestaram o alto potencial para a produtividade da variedade São Francisco, justificando assim sua recomendação para exploração comercial nos diferentes sistemas de produção em execução nos distintos ecossistemas do Nordeste brasileiro. Em se tratando de uma variedade, as suas sementes, além de baratas e constituírem tecnologia de fácil adoção, podem ser reutilizadas em plantios subseqüentes, desde que alguns cuidados básicos sejam observados, o que faz dessa variedade uma excelente alternativa para os pequenos agricultores do Nordeste brasileiro. Características da Variedade de Milho São Francisco Variedade de milho de polinização aberta, selecionada no Nordeste brasileiro Ciclo precoce * Do plantio ao florescimento masculino, nas condições dos Estados do Piauí e Rio Grande do Norte: 6 a 5 dias * Do plantio ao florescimento feminino, nas condições ambientais dos Estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia: 60 a 62 dias Colheita: 0 a 5 dias *Altura média da planta: 200 a 2 cm *Altura média da espiga: 0 a 5 cm *Empalhamento: Bom *Tolerância ao acamamento e quebramento do colmo: bom *Tipo de grãos: semidentados *Coloração dos grãos: amarelalaranja *Rendimento médio de grãos: 500 kg/ha, com potencial para.000 kg/ha *Abrangência: Região Nordeste do Brasil

3 São Francisco: Uma Variedade Precoce para o Nordeste Brasileiro 3 Tabela. Coordenadas geográficas dos municípios onde foram realizados os experimentos. Região Nordeste do Brasil, a Locais Latitude (S) Longitude (W) Altitude (m) São R. das Mangabeiras/MA º22 5º Paraibano/MA 6º 3º5 2 Colinas/MA 6º0 º Barra do Corda/MA 5º3 5º Brejo/MA 3º 2º5 55 Anapurus/MA 3º55 3º30 Sambaíba/MA º0 5º20 2 5º5 2º 2 Eliseu Martins/PI Baixa G. do Ribeiro/PI º32 5º 325 Floriano/PI 6º6 3º0 5 Rio Grande/PI º56 3º 20 6º 2º5 55 Palmeiras/PI º3 º 20 Itaueira/PI º3 3º Uruçuí/PI Parnaíba/PI 2º63 º Guadalupe/PI 6º56 3º50 0 Canindé/CE Quixadá/CE º 3º0 360 Barreira/CE Mauriti/CE Limoeiro do Norte/CE 5 0 3º06 0 Brejo Santo/CE 30 3º5 30 Porteiras/CE Canguaretama/RN 6º22 35º 5 5º3 36º50 0 Cruzeta/RN Apodi/RN Itaporanga/PB 3º0 2 Riacho do Cavalo/PB º33 0º3 620 º 3º º3 36º22 65 Caruaru/PE º3 3º00 53 Vitória de Santo Antão/PE º 32º3 350 Itambé/PE º22 35º0 0 Teotônio Vilela/AL º0 36º2 0 Arapiraca/AL Igacy/AL Santana do Ipanema/AL União dos Palmares/AL º06 36º0 6 Umbaúba/SE º22 3º0 Propriá/SE º 36º05 25 Nossa Sra. das Dores/SE º30 3º 200 Simão Dias/SE º 3º 23 Paripiranga/BA º32 3º0 250 º0 º5 35 Riachão das Neves/BA º º Lapão/BA º2 º 5 Euclídes da Cunha/BA Jussara/BA João Dourado/BA Ibititá/BA º32 º 00 Barra do Choça/BA º36 0º36 0 ND Não Disponível

4 São Francisco: Uma Variedade Precoce para o Nordeste Brasileiro Tabela 2. Índice pluvial médio (mm) do período de cultivo da variedade de milho (quatro meses). Parte dos municípios do Nordeste brasileiro onde foram realizados ensaios com a variedade entre a Estado Maranhão Piauí Ceará Paraíba Rio Grande do Norte Pernambuco Alagoas Sergipe Bahia Município Número de anos considerados Índice pluvial médio (mm) São Raimundo das Mangabeiras 2 Barra do Corda 6 Brejo 2 2 Colinas 2 2 Paraibano 30 Anapurus 0 Sambaíba 2 5 Floriano Rio Grande do Piauí Teresina 56 Angical do Piauí Itaueira 3 50 Uruçuí 2 5 Bom Jesus 3 5 Palmeiras do Piauí 3 Parnaíba 66 Bom Princípio 6 Guadalupe 5 66 Baixa Grande do Ribeiro 3 Eliseu Martins 3 Canindé 2 Quixadá Missão Velha Russas 636 Barreira 6 Mauriti 3 Limoeiro do Norte Brejo Santo 556 Porteiras Itaporanga 2 55 Riacho do cavalo 32 Ipanguassu 5 Apodi 52 Canguaretama 56 Cruzeta 55 Araripina 6 Serra Talhada 5 5 São Bento do Una 366 Caruaru 3 0 Vitória de Santo Antão 3 63 Itambé 25 Igacy 3 Arapiraca 532 Santana do Ipanema 52 Nossa Senhora das Dores 5 Umbaúba 2 6 Propriá 3 Simão Dias 3 6 Paripiranga 2 6 Adustina Euclides da Cunha Ibititá 3 3 Lapão Jussara Barra do Choça 5 Barreiras 3 2 Riachão das neves 650 João Dourado

5 São Francisco: Uma Variedade Precoce para o Nordeste Brasileiro 5 Tabela 3. Número de dias para o florescimento observado em ensaios com a variedade São Francisco (média por Estado onde os ensaios foram realizados). Período de a 200. ANO Piauí (masculino) Rio Grande do Norte (masculino) Pernambuco (feminino) Sergipe (feminino) Bahia (Adustina) masculino Tabela. Rendimentos médios de grãos (kg/ha) da variedade São Francisco, rendimento médio por ensaio, percentagens em relação à média dos ensaios. Nordeste brasileiro, Ambientes Rendimento médio da variedade Rendimento médio do ensaio Percentagem em relação à média do ensaio C.V. (%) Eliseu Martins/PI Canindé/CE Quixadá/CE Igacy/AL Santana do Ipanema/AL Euclides da Cunha/BA Itaueira/PI Urucuí/PI Canindé/CE Quixadá/CE Apodi/RN Cruzeta/RN Igacy/AL Santana do Ipanema/AL

6 6 São Francisco: Uma Variedade Precoce para o Nordeste Brasileiro Continuação da Tabela. Guadalipe/PI Itaueira/PI Uruçuí/PI Russas/CE Barreira/CE Quixadá/CE Itaporanga/PB União dos Palmares/AL Cruz das Almas/BA Guadalupe/PI Itaueira/PI Brejo Sto./CE Porteiras/CE Mauriti/CE Limoeiro do Norte/CE Canguaretama/RN Riacho do Cavalo/PB Itaporanga/PB Umbaúba/SE Paripiranga/BA Jussara/BA João Dourado/BA Barra do Choça/BA Itambé/PE Vitória de Sto. Antão/PE Floriano/PI Guadalupe/PI Cruzeta/RN Itambé/PE Vitória de Sto. Antão/PE União dos Palmares/AL Propriá/SE Umbaúba/SE Paripiranga/BA

7 São Francisco: Uma Variedade Precoce para o Nordeste Brasileiro Continuação da Tabela. Rio Grande/PI Floriano/PI Guadalupe/PI Vitória de Sto. Antão/PE União dos Palmares/AL Propriá/SE Barra do Choça/BA Ibititá/BA Lapão/BA Barra do Corda/MA Arapurus/MA Rio Grande/PI Guadalupe/PI () (2) () (2) Canguaretama/RN Vitória de Sto. Antão/PE Caruaru/PE Propriá/SE Barra do Choça/BA Lapão/BA Ibititá/BA Riachão das Neves/BA Sambaíba/MA Brejo/MA Palmeiras/PI Caruaru/PE Propriá/SE Lapão/BA S.R. das Mangabeiras/MA Barra do Corda/MA Bom Jesus/PI Baixa G. do Ribeiro/PI Canguaretama/RN Simão Dias/SE Barra do Choça/BA

8 São Francisco: Uma Variedade Precoce para o Nordeste Brasileiro Continuação da Tabela Caruaru/PE Ibititá/BA S.R. das Mangabeiras/MA Paraibano/MA Brejo/MA Barra do Corda/MA Arapiraca/AL Simão Dias/SE Colinas/MA Brejo/MA Paraibano/MA S. R. das Mangabeiras/MA Teresina /PI Teresina 2/PI Teresina 3/PI Baixa G. do Ribeiro/PI Canguaretama/RN Teotônio Vilela/AL Nossa Sra das Dores /SE Nossa Sra das Dores 2/SE Nossa Sra das Dores 3/SE Simão Dias /SE Simão Dais 2/SE Comunicado Técnico, 3 Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Tabuleiros Costeiros Endereço: Avenida Beira Mar, 3250, CP, CEP 02500, Aracaju, SE. Fone: () Fax: () sac@cpatc.embrapa.br ª edição ª impressão (200): 500 exemplares Disponível também em < Comitê de Publicações Expediente Presidente: Edson Diogo Tavares SecretárioExecutivo: Maria Ester Gonçalves Moura Membros: Emanuel Richard Carvalho Donald, Amaury Apolonio de Oliveira, Dalva Maria da Mota, João Bosco Vasconcellos Gomes, Onaldo Souza. Supervisora editorial: Maria Ester Gonçalves Moura Revisão de texto: Jiciára Sales Damásio Tratamento das Ilustrações: Nilton Otávio de O. Gomes Editoração eletrônica: Nilton Otávio de O. Gomes