FORMAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA DOCENTE: ASPECTOS DE FORMAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE Crestine Rebellato 1 Inês Aparecida de Paula Dias
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- Maria de Lourdes Pinho Bernardes
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1 FORMAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA DOCENTE: ASPECTOS DE FORMAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE Crestine Rebellato 1 Inês Aparecida de Paula Dias RESUMO Quando um jovem decide cursar este ou aquele curso ele toma certas decisões que transformarão sua vida, que vai evoluindo através da sua jornada de estudos quando descobre e desenvolve outras capacidades e habilidades e deseja caminhar nesta nova direção. Sabe-se, entretanto, que muitas vezes ele não encontra na universidade o respaldo teórico prático para o que ele deseja. Esta pesquisa tem como objetivo verificar se é possível capacitar o profissional da Fisioterapia para atender com competência às exigências do profissional da saúde, mas igualmente estar apto a ser também um profissional que poderá atuar na docência e formação dos futuros fisioterapeutas apresentando uma visão humanista sem que as especificidades do curso sejam relegadas a somenos importância. Utilizou-se como metodologia à pesquisa qualitativa em uma abordagem etnográfica, evidenciando, o processo vivenciado durante o trabalho de campo e o emprego dos instrumentos de coleta de dados: entrevista participativa e observação direta em sala de aula. Como resultado desta pesquisa pode-se destacar que na grande maioria das universidades pesquisadas os métodos pedagógicos aprendidos durante a formação têm pouca relação com os princípios que se supõem que os docentes devem aplicar no exercício da sua profissão. Dá-se maior importância à formação puramente acadêmica em vez de favorecer a observação e as práticas inovadoras. Conclui-se, a partir dos resultados obtidos, que os intensos avanços das novas tecnologias, os ambientes de aprendizagem informatizados, desafiam as principais instâncias responsáveis pela preparação dos cidadãos. 1 Atividade: Diretora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão. Titulação: Doutoranda em Educação: Currículo. Instituição: Faculdade de Cascavel FADEC. crerebel@bol.com.br Telefone: (45)
2 PALAVRAS-CHAVE: Fisioterapeuta docente; formação; contemporaneidade INTRODUÇÃO Quando um jovem decide cursar este ou aquele curso ele toma certas decisões que transformarão sua vida, que vão evoluindo através da sua jornada de estudos, quando descobre e desenvolve outras capacidades e habilidades e deseja caminhar nesta nova direção. Desta forma utiliza o acervo de dados que tem o privilégio de absorver diariamente, para formar algo de belo com a sua vida e as atividades a que se dedica. Sabe-se, entretanto, que muitas vezes ele não encontra na universidade o respaldo teórico prático para o que ele deseja. Destaca-se que na formação inicial não há uma preocupação com a formação do docente, pois esta formação é vislumbrada posteriormente através da formação continuada. Pode-se dizer que este é o caso dos estudantes de Fisioterapia que, no decorrer de seus estudos, descobrem-se maravilhados ao ato da docência, mas não encontram na universidade respaldo para saírem habilitados a exercer as funções de fisioterapeutas, e também de professores destes mesmos cursos. Portanto quando estes se tornam docentes, seja por opção ou oportunidade, precisam retornar à etapa da formação inicial. Nessa via de raciocínio, ressalta-se Imbernón (2002) quando evidencia que, Nas últimas décadas fizeram-se muitas pesquisas sobre o conhecimento profissional dos professores. Sabemos que dificilmente o conhecimento pedagógico básico tem um caráter muito especializado, já que o conhecimento pedagógico especializado está estreitamente ligado à ação, fazendo com que uma parte de tal conhecimento seja prático, adquirido a partir da experiência que proporciona informação constante processada na atividade profissional. A formação inicial deve fornecer as bases para poder construir esse conhecimento pedagógico especializado. (IMBERNÓN, 2002, p. 57) O autor supracitado destaca que, na fase de formação inicial, a maioria dos diagnósticos indica que o problema mais importante reside no imenso abismo que
3 existe entre a formação e o que se espera na realidade de um docente competente. Cabe aqui ressaltar as novas demandas dos cursos para formação na área da saúde, quanto a capacidade do profissional fisioterapeuta para formar novos profissionais da área no que concerne ao aspecto pedagógico (perfil do aluno, currículo, práticas avaliativas, dentre outros), e as exigências de uma população que luta por melhores condições de saúde. O ensino na área da saúde passa por processos de avaliação, a fim de reorientar seus rumos e objetivos, exigindo maior qualidade e cuidados com a formação. Nesse processo, há uma compreensão de que qualquer transformação das escolas na área médica implica em reordenar todo o processo educativo de formação do profissional fisioterapeuta, o que torna o professor de Fisioterapia um membro de cunho fundamental na tarefa de não apenas desencadear reformas curriculares, mas de assumir outros eixos além da instrumentalização técnica, como por exemplo, o humanismo, a cidadania, a autonomia para aprender, a competência para o trabalho em equipe. As pesquisas que abordam o processo educativo concretizado no curso de Fisioterapia apresentam ênfase em relatos baseados nas experiências docentes, mas sem uma perspectiva de compreensão mais ampla e complexa dos determinantes que têm presidido as práticas pedagógicas em Fisioterapia, o que indica a fragilidade do conhecimento acumulado na área. Na grande maioria das universidades os métodos pedagógicos aprendidos durante a formação têm pouca relação com os princípios que se supõem que os docentes devam aplicar no exercício da sua profissão. Dá-se maior importância à formação puramente acadêmica em vez de favorecer a observação e as práticas inovadoras; dá-se prioridade à formação individual em detrimento do trabalho em equipe e acentuam-se os aspectos puramente cognitivos em detrimento dos afetivos. Isso nos leva a questionar este modo do fazer pedagógico da universidade, especificamente neste caso, da universidade formadora de fisioterapeutas que, muito embora queiram obter uma formação também como docentes, não encontram alternativas para tanto. Saviani (1999) identifica que esta pedagogia tecnicista advoga a reordenação do processo educativo de maneira a torná-lo objetivo e operacional onde o elemento principal passa a
4 ser a organização racional dos meios (...) A organização do processo converte-se na garantia da eficiência, compensando e corrigindo as deficiências do professor e maximizando os efeitos de sua intervenção. (SAVIANI, 1999, p ) A nova revolução tecnológica, prenhe de elementos desafiadores e instigantes, obriga a universidade a repensar suas responsabilidades e compromissos no que concerne à formação de profissionais em geral. E a partir daí reexaminar seus currículos e seu fazer pedagógico, no sentido de possibilitar essa formação competente e adequada ao tempo em que vive, sob pena de não formar mais profissionais capacitados a lidar com a complexidade da vida e da ciência pós Einstein. Dessa maneira vale lembrar Dalmolin (2003) quando afirma que Construir um outro modo de Aprendência leva-nos a mudar a maneira de nos relacionarmos no espaço escolar, abandonando a rigidez e sisudez que tem permeado o fazer pedagógico, reconhecendo que o papel dos educadores é o de orientar os alunos, e, principalmente, sentir-se um dos aprendentes que com maior conhecimento e experiência ensina, estando, todavia, aberto ao aprender, às trocas, a um relacionamento mais cooperativo. Professor e aluno empenhados em interpretar e selecionar a enorme gama de informações, conhecimentos e fontes disponíveis, dentro daquilo que representará a essência para os seus contextos vivenciais. A formação educativa mais adequada ao conhecimento do mundo hoje é a que busca articular, conectar entre si os diversos saberes, de modo que cada um ilumine o outro e igualmente se deixe iluminar, pois adquirir conhecimento ou saberes essenciais significa, antes de tudo, ser capaz de organizá-los em torno de eixos de idéias, num determinado contexto que seja significativo para os aprendentes e para seu entorno. (DALMOLIN, 2003, p ) Para a autora acima citada, aprendência 2 é entendida como um processo que, muito embora expresse naturezas de um fazer diferenciado, apresenta o ensinar e o aprender de modo intimamente ligado e condizente com um outro modelo de escola que se quer e se necessita para fazer jus a um tempo de desafios e avanços cada vez mais exigentes e velozes. No processo de aprendência, pois, coloca-se ênfase no jogo de alternância uma vez que quem aprende ensina e quem ensina, por sua vez também aprende, num processo continuo de construção. Desse modo, enfocando os 2 O termo aprendência é utilizado por Hugo Assmann, em sua obra Reencantar a Educação, e quer assim tratar do processo educativo de modo que, traduza um estado perene de estar em processo de aprender, uma função do ato de aprender que constrói e se constrói, e seu estatuto de ato existencial caracterize efetivamente o ato de aprender, indissociável da dinâmica do vivo.
5 cursos de formação de educadores dentro do que afirma a autora acima, pode-se dizer que existe uma grande possibilidade da universidade repensar a natureza de seus cursos e especialmente rever a questão da formação do docente de Fisioterapia e, numa proposta transversal, flexível e cooperativa, elaborar um currículo que dê conta da formação do futuro docente na área da Fisioterapia. Enfatiza-se, então, que o bom professor, longe de ser uma abstração, é uma construção contínua de todo o docente comprometido com uma formação profissional que extrapole a mera aprendizagem de procedimentos e técnicas. Ele não reúne magicamente todos os atributos citados, mas pensa sobre, organiza e traça uma intervenção pedagógica atenta à complexa rede de dimensões que permeia sua função social. A formação do profissional da Fisioterapia que exerce também a profissão de docente deste mesmo curso deve ser fundamentada em princípios que atendam às demandas do seu contexto histórico e isto implica entender que, sempre que a humanidade passa por uma grande crise, é necessário buscar e apresentar novas soluções. Historicamente sempre ocorreu desta forma. Os intensos avanços das novas tecnologias, os ambientes de aprendizagem informatizados desafiam as principais instâncias responsáveis pela preparação dos cidadãos. Todavia, as instituições de ensino e, principalmente, as universidades não têm acompanhado na mesma proporção às demandas postas pelo contexto científico e societário. A velocidade de produção e mudança nos conhecimentos põe em cheque suas estruturas curriculares fechadas, com disciplinas compartimentadas, definidas antes mesmo que se conheça a natureza da composição das turmas nas quais serão trabalhadas e, muitas vezes, distanciadas da realidade oferecem, assim, um parco espaço para a criação, autonomia, e criatividade dos acadêmicos. Destaca-se que a familiaridade com os processos e os produtos da pesquisa científica torna-se imprescindível na formação docente, pois se encontra muito incipiente nos dias de hoje em quase toda educação superior no Brasil. O comprometimento dos docentes em ambientes de produção científica do conhecimento possibilita-lhes o exame crítico de suas atividades docentes, contribuindo para aumentar sua capacidade de inovação bem como para fundamentar suas ações. Destaca-se Pereira (1999) quando descreve que
6 Os formadores precisam ser, também, pesquisadores, para poderem tratar o conteúdo como um momento no processo de construção do conhecimento, ou seja, trabalhar o conhecimento como objeto de indagação e investigação. Precisam ser, finalmente, investigadores de sua própria ação de formadores, dos processos de aprendizagem que ocorrem durante o processo de formação, investigadores de seu próprio processo de ensino. (PEREIRA, 1999, p.119) De acordo com a visão do autor acima, salienta-se que a inserção do docente nas atividades de pesquisa permite uma mudança de olhar para o futuro docente em relação aos processos pedagógicos em que se envolve a universidade, à maneira de perceber os discentes e suas aprendizagens, ao modo de conceber e desenvolver o seu trabalho em sala de aula. Desta maneira cabe ao profissional ser crítico, consciente e atuante em seu meio, pois este deve estar apto a agir sobre as estruturas discriminatórias e injustas. Essa aptidão exige o desenvolvimento de várias potencialidades mentais e afetivas que possibilite atuar como pesquisador da realidade, com capacidade de um perene aprendizado que permita encontrar saídas e soluções individuais e sociais para os novos procederes que exigirão trocas de conhecimentos, aplicação e desempenho de competências e habilidades. Defende-se para os profissionais da saúde e também para os docentes formadores de novos profissionais oportunidades para repensar que o processo de ensino-aprendizagem deve propiciar o entendimento das relações entre sujeitos, sociedade, formação profissional e formação para a docência na tentativa de superar a visão tecnicista e o paradigma da objetividade e da neutralidade nas práticas cotidianas de sala de aula e de atuação profissional. É necessário formar profissionais que, ao lidar com os educandos e seus pacientes, percebam que deve existir antes e acima de tudo uma interação e pertinência de conceitos e sujeitos em contínuo intercâmbio e desenvolvimento. Ser sujeito do conhecimento implica ser um sujeito autônomo que se sabe navegante de uma autonomia instável, relativa, provisória, veloz; ser sujeito em permanente estado de construção quer de si, quer do outro, quer do espaço com o qual dialoga, interage e interfere. Muda, neste contexto, o compromisso de educar.
7 Permanece e cresce a responsabilidade, relevância e força da atuação do educador que passa a ser essencial. OBJETIVO Esta pesquisa tem como objetivo verificar se é possível capacitar o profissional da Fisioterapia para atender com competência às exigências do profissional da saúde, mas igualmente estar apto a ser também um profissional que poderá atuar na docência e formação dos futuros fisioterapeutas apresentando uma visão humanista sem que as especificidades do curso sejam relegadas a somenos importância. METODOLOGIA Nesta pesquisa trabalhou-se com oito professores de Fisioterapia sendo quatro docentes de uma Instituição Privada de Ensino Superior e quatro docentes de uma Instituição Pública de Ensino Superior que, por razões éticas não serão identificados. A investigação foi realizada em duas etapas: na primeira, utilizou-se uma entrevista semi-estruturada respondida por oito docentes e, na etapa seguinte, foi realizada a observação de aulas de quatro docentes da Instituição Pública de Ensino Superior, respectivamente. Esta pesquisa desenvolveu-se no pólo prático, através da abordagem qualitativa de pesquisa englobando todos os recursos necessários da pesquisa quantitativa a fim de atingir o intento a que se propôs. A abordagem qualitativa de pesquisa usada para o desenvolvimento desta investigação procurou o contato direto com os sujeitos, os fatos, e os locais que se constituíram em objetos de pesquisa, para retirar desse convívio os significados pertinentes que, desse modo, foram interpretados e transcritos com as competências científicas. Dentro da abordagem qualitativa, a estratégia de pesquisa mais adequada para essa investigação é a abordagem etnográfica, uma vez que a mesma deve
8 envolver uma preocupação entre atrelar o ensino e a aprendizagem dentro de um amplo contexto cultural, ou seja, verificar até que ponto é possível construir uma formação pedagógica continuada para o docente fisioterapeuta sem deixar de dar atenção para as questões profissionais. Sabe-se que não se denomina etnográfica uma pesquisa apenas porque utiliza observação participante, já que a mesma tem sentido próprio: descrição de significados culturais em um determinado grupo. Segundo Ludke; André (1986): um teste bastante simples para determinar se um estudo pode ser chamado de etnográfico, é verificar se a pessoa que lê esse estudo consegue interpretar aquilo que ocorre no grupo estudado tão apropriadamente como se fosse um membro desse grupo. (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 14) O estudo do tipo etnográfico usa as técnicas tradicionalmente associadas à etnografia: a observação participante, a entrevista e a análise de documentos. Desse modo, para a observação se tornar um instrumento fidedigno de investigação, necessita segundo Ludke; André (1986), ser antes de tudo controlada e sistemática. Isso implica a existência de um planejamento cuidadoso do trabalho e uma preparação rigorosa do investigador. (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 25) Assim sendo, a observação nessa pesquisa possibilitará a que se chegue mais perto da perspectiva dos sujeitos. Na medida em que se acompanha a experiência diária dos sujeitos, pode-se compreender a visão de mundo de cada um e assim analisar o significado que atrelam a realidade e suas próprias ações. Segundo Ludke; André (1986): é importante atentar para o caráter de interação que permeia a entrevista. Mais do que outros instrumentos de pesquisa, que em geral estabelecem uma relação hierárquica entre o pesquisador e o pesquisado, como na observação unidirecional, por exemplo, ou na aplicação de questionários ou de técnicas projetivas, na entrevista a relação que se cria é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde. (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 33) Assim sendo, uma das vantagens da entrevista é a rápida captação das informações desejadas. Nessa pesquisa utilizou-se uma entrevista semi-estruturada,
9 com um roteiro de questões que permitiram ampla margem de respostas por parte dos entrevistados. Tal roteiro conteve dados como indicadores sociais: idade, sexo, tempo de formação, tempo de atuação como profissional fisioterapeuta e como docente na área de Fisioterapia, formação didático-pedagógica, pós-graduação stricto-sensu, entre outros. RESULTADOS Como resultado desta pesquisa pode-se destacar que na grande maioria das universidades pesquisadas os métodos pedagógicos aprendidos durante a formação têm pouca relação com os princípios que se supõem que os docentes devem aplicar no exercício da sua profissão. Dá-se maior importância à formação puramente acadêmica em vez de favorecer a observação e as práticas inovadoras; dá-se prioridade à formação individual em detrimento do trabalho em equipe e acentuam-se os aspectos puramente cognitivos em detrimento dos afetivos e isso nos leva a questionar este modo do fazer pedagógico da universidade, especificamente aqui, da universidade formadora de fisioterapeutas que muito embora queiram obter uma formação também para docentes, não encontram alternativas para tanto. A nova revolução tecnológica prenhe de elementos desafiadores e instigantes obriga a universidade a repensar suas responsabilidades e compromissos no que concerne à formação de profissionais em geral. E a partir daí reexaminar seus currículos e seu fazer pedagógico, no sentido de possibilitar essa formação competente e adequada ao tempo em que vive, sob pena de não formar mais profissionais capacitados a lidar com a complexidade da vida. A formação do profissional da Fisioterapia que exerce também a profissão de docente deste mesmo curso necessita-se fundamentar em princípios que atendam às demandas do seu contexto histórico e isto implica entender que, sempre que a humanidade passa por uma grande crise, necessita-se buscar e apresentar novas soluções. Nesse sentido, o desejo do ser corresponde à busca da realização da vida, como propósito primordial de cada um, constitui-se para a educação não só um ponto
10 de partida, mas um ponto para o qual, devem convergir toda a intencionalidade, a ação educativa e a tomada de decisões para as mediações com o mundo em que se vive. CONCLUSÕES Conclui-se, a partir dos resultados obtidos, que os intensos avanços das novas tecnologias, os ambientes de aprendizagem informatizados, desafiam as principais instâncias responsáveis pela preparação dos cidadãos. Todavia, as instituições de ensino, e principalmente, as universidades não têm acompanhado na mesma proporção às demandas postas pelo contexto científico e societário. A velocidade de produção e mudança nos conhecimentos põe em cheque suas estruturas curriculares fechadas, com disciplinas compartimentadas, definidas antes mesmo que se conheça a natureza da composição das turmas nas quais serão trabalhadas, e muitas vezes, distanciadas da realidade oferecendo, assim, um parco espaço para a criação, autonomia, e criatividade dos acadêmicos. Destaca-se que a familiaridade com os processos e os produtos da pesquisa científica torna-se imprescindível na formação docente, pois se encontra muito incipiente nos dias de hoje em quase que toda educação superior no Brasil. O comprometimento dos docentes em ambientes de produção científica do conhecimento possibilita-lhes o exame crítico de suas atividades docentes, contribuindo para aumentar sua capacidade de inovação e para fundamentar suas ações. A inserção do docente nas atividades de pesquisa permite uma mudança de olhar para o futuro docente em relação aos processos pedagógicos em que se envolve a universidade, à maneira de perceber os discentes e suas aprendizagens, ao modo de conceber e desenvolver o seu trabalho em sala de aula. Desta maneira cabe ao profissional ser crítico, consciente e atuante em seu meio; pois este deve estar apto a agir sobre as estruturas discriminatórias e injustas exige o desenvolvimento de várias potencialidades mentais e afetivas que possibilite atuar como pesquisador da realidade, com capacidade de um perene aprendizado que permita encontrar saídas e
11 soluções individuais e sociais para os novos procederes que exigirão trocas de conhecimentos, aplicação e desempenho de competências e habilidades. Defende-se que deverá haver para os profissionais da saúde e também para os docentes formadores de novos profissionais, oportunidades para repensar que o processo de ensino-aprendizagem deverá propiciar o entendimento das relações entre sujeitos, sociedade, formação profissional e formação para a docência na tentativa de superar a visão tecnicista e o paradigma da objetividade e da neutralidade nas práticas cotidianas de sala de aula e de atuação profissional. É necessário formar profissionais que ao lidar com os educandos e seus pacientes percebam que deve existir antes e acima de tudo uma interação e pertinência de conceitos e sujeitos em contínuo intercâmbio e desenvolvimento. Ser sujeito do conhecimento implica ser um sujeito autônomo que se sabe navegante de uma autonomia instável, relativa, provisória, veloz. Ser sujeito em permanente estado de construção quer de si, quer do outro, quer do espaço com o qual dialoga, interage e interfere. Muda, neste contexto, portanto o compromisso de educar. Permanece e cresce a responsabilidade, relevância e força da atuação de educador que passa a ser essencial. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DAL MOLIN, B. H. DO TEAR A TELA: Uma Tessitura de Linguagens e Sentidos para o Processo de Aprendência. UFSC/CTE f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção/Mídia e Conhecimento). Universidade Federal de Santa Catarina. IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. 3. ed. São Paulo: Cortez, LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.coleção: Temas básicos de educação e ensino. São Paulo: EPU, 1986.
12 PEREIRA, J. E. D. As licenciaturas e as novas políticas educacionais para a formação docente. Educação & Sociedade nº 68, ano XX, dez SAVIANI, D. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. 32. ed. Campinas: Autores Associados, 1999.
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