REFORMA TRIBUTÁRIA E O PAPEL DO NOVO CONTADOR

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2 Editorial REFORMA TRIBUTÁRIA E O PAPEL DO NOVO CONTADOR A carga tributária excessiva que incide sobre as empresas no Brasil tem sido objeto de inúmeras discussões nesse primeiro semestre de governo da presidente Dilma Rousseff. A tentativa de realizar uma reforma tributária vem em boa hora, já que os custos do atual código impedem um desenvolvimento maior e mais rápido da economia brasileira. A perda de competitividade das empresas nacionais, que arcam com os custos de uma legislação ultrapassada, é apenas uma das consequências negativas da ausência de reforma tributária. Junto com um crescimento menor das empresas em comparação ao que seria possível com uma legislação eficiente, há também a perda de arrecadação do governo e menos capital disponível para investimento público. Pode-se até mesmo debitar parte das deficiências que a economia brasileira apresenta, como ausência de estradas de qualidade, a um código tributário que não contribui para o crescimento do país. Em ambiente de grandes custos fiscais, a figura do contador se torna cada vez mais necessária. Por meio de amplo conhecimento técnico e humano, o contador precisa ser capaz de contribuir para que a legislação não diminua o lucro empresarial. Nessa edição, o boletim do Sescon Campinas trata sobre os novos desafios para os profissionais da contabilidade. Consultamos profissionais de excelência que indicam qual deve ser o perfil do contador na atualidade e nos tempos que vem por aí. Também falamos sobre o estudo do Banco Mundial que mostrou o rápido envelhecimento da população brasileira e publicamos um artigo de Luís Antônio Balaminut sobre a extrema necessidade da reforma tributária. Uma matéria sobre hobbies dos contadores e as vantagens de usar o tempo de descanso proveitosamente complementa a edição. Caso você tenha sugestões e críticas para o boletim, mande uma mensagem para sesconcampinas@uol.com.br. Boa leitura! José Homero Adabo - Presidente do Sescon Campinas EXPEDIENTE Sescon Campinas Av. Irmã Serafina, 863, 2º andar, CJ 21 e 22 - Centro - CEP Tel./Fax: (19) sesconcampinas@uol.com.br Diretoria Presidente: José Homero Adabo Vice Presidente: Rodrigo de Abreu Gonzales Vice Presidente Financeiro: Carlos José Tozzi Diretor Financeiro: Edison Ferreira Rodrigues Vice Presidente Administrativo: Osvijomar de Seixas Queiroz Jr Diretor Administrativo: Marcelo Viaro Berloffa Vice Presidente Social: Carlos Luiz Barroso Ehrenberg Suplentes da Diretoria Executiva Antônio Cândido Vieira de Almeida Barbosa; Breno Acimar Pacheco Correa; Edevaldo Pereira de Souza; Júlio Fabretti Filho; Wilson Roberto Anselmi. Membros do Conselho Fiscal Efetivos: Flávio Antonio Baptista; Gervásio de Souza; Luis Antonio Ercoles. Suplentes: Antônio Carlos Daniele; Dalmo Otacílio Arten; Valdessir Javaroni. Produção editorial e gráfica Happy Hour Comunicação contato@happyhourcom.com.br Tel. (19) Jornalistas responsáveis Carlos Eduardo Moura (MtB ), Vânia Correia (MtB ) e Felipe Camargo. Editoração e produção gráfica Caio Buzatto 2

3 Notas do Sescon Sescon Campinas presente no Fórum Social e do Trabalho Realizado pela Prefeitura de Campinas nos dias 2 e 3 de maio, o Fórum Social e do Trabalho contou com a presença de autoridades e ministros. O Sescon Campinas foi representado por José Homero Adabo, presidente da entidade; Carlos Barroso Ehrenberg, vice-presidente social; Edson Ferreira Rodrigues, diretor-financeiro; Breno Acimar Pacheco Correa, suplente da diretoria executiva; e Dalmo Otacílio Arten, membro do conselho fiscal. O presidente do Sescon Campinas também foi palestrante e participou da mesa de discussão O EI (Empreendedor Individual) como instrumento de apoio ao empreendedor. No evento, foram debatidos diversos temas em palestras, mesas de discussão e oficinas. Entre os assuntos abordados, a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016, o Trem de Alta Velocidade (TAV) e a ampliação da Replan. Consequentemente, temas como qualificação profissional, distribuição de renda e novos rumos do emprego brasileiro também estiveram em pauta. José Homero Adabo (ao centro), presidente do Sescon Campinas, foi palestrante no evento Dia do Contabilista na PUC-Campinas Para celebrar o dia do contabilista, comemorado no dia 25 de abril, a PUC-Campinas convidou Ricardo Lopes Cardoso, doutor em controladoria e contabilidade pela Universidade de São Paulo (USP), para ministrar uma palestra a alunos e convidados. O presidente do Sescon Campinas, José Homero Adabo, representou a entidade no evento, realizado no auditório Dom Gilberto. O tema da palestra foi Competências e Desafios do Contador Contemporâneo, e contou com a presença de alunos, docentes e diretores do Centro de Economia e Administração (CEA) da PUCC, a qual a faculdade de ciências contábeis faz parte. Sescon Campinas participa das comemorações do Dia do Contabilista no Sindcont-SP As comemorações do dia do contabilista, na sede do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), foram pautadas pelos discursos de Domingos Orestes Chiomento, presidente do CRC SP, e de Victor Domingos Galloro, presidente do Sindcont-SP. Em seu pronunciamento, Chiomento fez questão de enaltecer os Contabilistas: Estamos atravessando um ano privilegiado. O ano em que os profissionais da contabilidade brasileira equiparam-se aos contabilistas das maiores economias do mundo, disse. Já Galloro ressaltou que o sindicato tem se destacado por oferecer cursos e treinamentos específicos, que abrangem temas contábeis, fiscais, trabalhistas e outros de interesse dos profissionais contábeis, sempre com o intuito de auxiliar os contabilistas a evoluírem cada vez mais e a se adequarem às constantes mudanças da profissão. Representando o Sescon Campinas, estiveram presentes no evento Carlos Luiz Barroso Ehrenberg, vice-presidente social, e Flávio Antonio Baptista, membro do conselho fiscal. Notas Contábeis Devolução de crédito tributário será acelerada O governo federal quer acelerar a devolução dos créditos tributários gerados nas exportações e nos investimentos. O objetivo é elevar a competitividade das empresas brasileiras, que entraram em sinal de alerta dada a conjuntura cambial. No plano dos investimentos, a ideia é reduzir gradualmente o prazo atual de 12 meses para que o empresário tenha de volta o que pagou pelo Programa de Integração Social (PIS) e pela Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). O objetivo é ir até o ponto onde a devolução é imediata. Inflação sobe 6,51% em 12 meses e supera meta do governo O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou inflação de 0,77% em abril, praticamente estável em relação a março, quando a variação foi de 0,79%. Em abril de 2010, a taxa havia ficado em 0,57%. Desta forma, no acumulado do ano, o índice ficou em 3,23%. Em 12 meses encerrados em abril, o IPCA soma variação de 6,51%, superior ao centro da meta do governo, de 4,5%, e acima do teto, que prevê dois pontos de tolerância. O índice acumulado em 12 meses é o mais alto desde julho de 2005, quando havia sido de 6,57%. Já o indicador mensal registrou a maior variação para um mês de março desde 2003 (1,23%), quando o país sentia os efeitos do choque cambial provocado pela crise de confiança decorrente das eleições presidenciais de

4 DESAFIOS CRESCENTES FORÇAM A EMERGÊNCIA DE UM NOVO CONTADOR José Ricardo Manini Pilhas de papéis amontoados sem análises consistentes. Programas computacionais ineficazes para ajudar o contabilista a prever cenários de rendas e despesas futuras. Escritórios contábeis sem profissionais capazes de se expressar de forma clara e objetiva. Tudo isso em um mundo de enorme velocidade de informações, competição acirrada entre empresas e altíssima carga tributária. Em suma, um pesadelo. Para evitar esse cenário, os empresários que buscam obter sucesso não podem prescindir de um serviço competente e criativo por parte dos contadores. A profissão, que é antiga e teve seus primeiros métodos disseminados principalmente durante o renascimento italiano (século XV), passou por transformações relevantes nas duas últimas décadas. O contabilista de hoje e o que terá bom desempenho no futuro em pouco lembram aquele profissional cuja única tarefa era ordenar os gastos e acertar as contas da empresa, comum até a década de O profissional que só faz registros contábeis corre sério risco de ficar alienado, afirma Antônio Carlos da Silva, proprietário do Grupo Empresarial Project Business. Fala-se atualmente em um empregado de sólida formação acadêmica, que combine conhecimento estatístico com habilidades em informática, visão global sobre os rumos da economia e atualização constante em legislação tributária, além de criatividade para antever dificuldades e sugerir caminhos para as empresas. Com a maior entrada de empresários estrangeiros no mercado nacional, falar outros idiomas será um diferencial importante. O domínio do inglês e do espanhol, em razão do Mercosul, são de grande valia. O que se espera não é apenas mais um escritório de contabilidade, mas um grupo de fomento de negócios, analisa Silva. O contador precisa saber, por meio de análises de custos, sugerir caminhos para que as empresas aumentem seus lucros. Ou ajuda o empresário a fazer escolhas lucrativas ou está fadado a ser uma peça acessória no cotidiano empresarial, indica José Vicente de Souza Filho, professor da Faculdade de Ciências Contábeis da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Mudanças na lei Na busca por aumentar a arrecadação e induzir o crescimento econômico, o governo muda constantemente a legislação tributária. A alteração das normas relativas a taxas sobre bens e serviços exige acompanhamento constante do contador. Segundo o presidente da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), Abram Szajman, foram editadas algo entre 4 e 5 milhões de normas tributárias 4

5 desde a Constituição de Em um ambiente assim, quem não se atualiza está fadado ao fracasso. Em alguns assuntos mais complexos, o diálogo com advogados tributaristas se torna necessário. Assim, o contador não precisa ser um especialista em direito tributário, mas deve ter noções básicas, o que pode agilizar seu trabalho. Para José Homero Adabo, presidente do Sescon Campinas, o profissional de contabilidade não deve procurar substituir o advogado tributário, mas um conhecimento básico nessa área ajuda muito no cotidiano. Como não trabalha sozinho, espera-se que o contador tenha bom relacionamento interpessoal e saiba trabalhar em equipe. Para orientar os rumos de uma empresa, precisa ser assertivo, ter comunicação clara e sintética, saber ouvir e em que momentos opinar. Entre as competências pessoais requisitadas, também cobra- -se conduta ética impecável. A ética é fundamental, pois, além de envolver aspectos como a confiança de chefes e subordinados, o contador trabalha em uma área sensível, cuja ausência de lisura pode prejudicar a credibilidade da empresa no mercado. A conduta ética é fundamental em qualquer profissão, mas, no caso do contador, é ainda mais necessária. O contador que não preza pela honestidade quase sempre se queima no mercado, diz Adabo. Neste sentido, o planejamento tributário deve buscar a elisão fiscal, prática legal e que em tudo difere da indecorosa evasão fiscal. Evitar que o lucro da empresa diminua em função da cobrança de impostos, utilizando-se do conhecimento tributário e de técnicas analíticas, constitui a meta principal da atividade. O contador precisa conhecer os meios necessários para evitar a diminuição da renda das empresas. Uso da informática é fundamental Neste contexto, o uso da informática se torna fundamental. Um escritório moderno de contabilidade deve dispor de computadores com ampla capacidade de processamento e nos quais os softwares sejam constantemente atualizados. A internet pode automatizar o atendimento de necessidades dos clientes e contribuir para o aumento da produtividade. Com plataformas próprias, é possível dobrar o número de atendimentos sem mexer no quadro de funcionários. O uso de programas de CRM (Customer Relationship Management, ou Gerenciamento de Relações com o Consumidor, em tradução livre) facilita o aumento de produtividade. Por meio desses sistemas, o contador fica disponível para o cliente boa parte do tempo e o entendimento entre os dois é mais fácil. Mas ganhar produtividade não é a única razão para o conhecimento de informática. Diversos sistemas eletrônicos criados pelo governo solicitam preenchimento de dados das empresas de contabilidade. Pode-se dizer que é praticamente impossível ser contador hoje sem lidar com computadores. Antônio Carlos da Silva: Profissão de contador está cada vez mais complexa QUAL A FORMAÇÃO IDEAL? Se em épocas passadas a formação de técnico em contabilidade era a mais indicada para quem queria seguir a carreira contábil, hoje o conhecimento adquirido nesses concursos parece ser insuficiente. Escritórios competentes contam com pessoal com nível de graduação, e, em alguns casos, de pós-graduação. Buscar uma especialização pode ser um passo importante para se diferenciar, diz Souza Filho. Mas alguns profissionais querem seguir carreira acadêmica. Nesse caso, o melhor é optar por um mestrado, complementa. Um diploma na parede, porém, não torna ninguém hábil à profissão. É preciso o conhecimento de técnicas básicas e avançadas, sem as quais não se logra sucesso, independente de onde o profissional seja formado. O esforço no aprimoramento profissional costuma ser recompensado. Depois de uma graduação exigente, alguns cursos adicionais e experiência adquirida em empresas ou no serviço público, o contador encontra atualmente um mercado que privilegia a qualificação de excelência e com demanda aquecida. 5

6 OS BENEFÍCIOS DE FAZER O QUE SE GOSTA Buscar uma atividade prazerosa pode fazer bem a você e aos outros. Veja os exemplos da reportagem e inspire-se a algo novo Vânia Correia A correria do cotidiano tem tomado conta da humanidade. Cada vez mais aparecem estímulos, tarefas, afazeres intermináveis. Falta tempo para quase tudo. No entanto, é feliz quem consegue arrumar uma horinha para fazer o que gosta. Como é o caso dos três personagens selecionados para essa reportagem do Boletim Sescon Campinas, que escolheram hobbies bem diferentes, mas que são como um presente para mente, corpo e alma. Cavalgada pela fé O contador Wilson Roberto Anselmi, da Anselmi e Trovatti, tem 58 anos e ama sua profissão. No entanto, reserva todos os anos, uma semana na agenda para uma viagem muito especial. Uma cavalgada em mulas de Valinhos, cidade onde mora, até a cidade de Aparecida (SP). São 300 quilômetros percorridos em 6 dias de cavalgadas por trilhas em propriedades rurais até a chegada ao Santuário de Aparecida. Os 13 participantes levam 26 mulas, escolhidas por serem mais dóceis que os burros. Faço esse percurso há nove anos e tenho uma sensação de missão cumprida. É como se esperasse essa data para agradecer as graças alcançadas, comenta Wilson. Nos trilhos da imaginação A arte do ferromodelismo passatempo que se destina a reproduzir em escala as ferrovias, trens e tudo mais que pode ser visto ao longo de uma linha férrea reflete o interesse por um trabalho que o contador e diretor do Sescon Campinas, Gervásio de Souza, desenvolveu ainda jovem, em 1968, na ferrovia Cia. Mogiana de Estradas de Ferro. Desde aquela época as locomotivas diesel, elétricas e as a vapor já me despertavam curiosidade, destaca. O ferromodelismo requer de seu praticante habilidades manuais e conhecimento em eletrônica, mecânica e marcenaria, já que é preciso reproduzir, com o máximo de fidelidade todos os trechos de uma linha férrea com pontes, estruturas, riachos etc. Tenho diversos amigos aqui em Campinas que possuem maquetes que são verdadeiras preciosidades, diz Souza. Preservando vidas Respeito e compaixão pelos animais. Esse é o hobby cultivado pela assistente da diretoria do Sescon, Lúcia Helena Pereira. Ela é voluntária há cinco anos no GAAR Grupo de Apoio ao Animal de Rua. Amo animais. Esse foi o principal motivo pelo qual comecei a trabalhar na entidade. Nessa ONG conheci pessoas que realmente fazem algo em benefício destes seres que não podem falar e nem se defender, aponta Lúcia. A ONG atua no sentido de educar a sociedade sobre o trato com os animais e oferece apoio para os que são encontrados sob maus- -tratos. Senti que só gostar não basta. Descobri o quanto uma criatura pode sofrer com o descaso e a ignorância humana. Aí mergulhei no mundo das protetoras, destaca Lúcia. Grupo de tropeiros em frente à Basílica de Aparecida, em outubro de Wilson é o primeiro da esquerda para a direita, montado na mula. Lúcia com seu animal de estimação: proteção aos animais no GAAR 6

7 BRASIL ENVELHECE RÁPIDO SEM TER ALCANÇADO AINDA O DESENVOLVIMENTO Estudo divulgado pelo Banco Mundial alerta para o rápido crescimento do número de idosos Um estudo divulgado pelo Banco Mundial (Bird) em abril mostra perspectivas de envelhecimento rápido da população brasileira. As consequências do grande aumento do número de idosos para a sociedade dizem respeito ao crescimento econômico, à saúde, à educação e à Previdência Social. Somente o tempo e as políticas públicas implementadas dirão se os resultados das mudanças no perfil etário serão positivos. O número absoluto de idosos aumentou 7,5 vezes desde As pessoas com mais de 60 anos eram apenas 2,6 milhões naquele ano. Hoje, representam 19,6 milhões e devem chegar a 64 milhões em Em termos percentuais, a quantidade de idosos dobrou desde o início da década de Eles constituem hoje pouco menos de 10% dos brasileiros. Daqui a 40 anos serão quase 30% da população, o que mudará a cara da sociedade brasileira de modo profundo. O ritmo de crescimento da população idosa também aumentou consideravelmente. Em 2050, o Brasil terá duas vezes mais idosos do que crianças. O número de nascimentos está em declínio, tendo caído quase 10% no período comparado ao quinquênio anterior ( ). A grande diferença entre o processo demográfico pelo qual passa o Brasil com a maior parte dos países desenvolvidos é que o envelhecimento ocorre sem que o país tenha atingido o desenvolvimento. Além disso, o envelhecimento no Brasil é muito mais rápido. Países como França, Espanha e Estados Unidos, por exemplo, levaram ao menos 40 anos para que a população com mais de 60 anos passasse de 7% para 14% do total. Em alguns casos, o processo ocorreu em 70 anos. No Brasil, essa transição demorou menos de duas décadas. O país tem condições de envelhecer e enriquecer ao mesmo tempo, mas deve realizar a tarefa com êxito maior caso efetue políticas eficientes de controle fiscal, nem sempre populares. As despesas do governo com idosos estão, em relação à renda, em patamar semelhante ao de países desenvolvidos, como o Japão. Os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) têm um benefício previdenciário de 30,4% em relação ao salário médio. No caso brasileiro, esse benefício é de 66,5% da média salarial. DICAS DE LEITURA Antonio Jonas, da Jonas & Jonas Escritório de Contabilidade: Caçador de Pipas : É um dos grandes sucessos dos últimos tempos. Escrito por Khaled Hosseini, mostra a humanidade que existe nos relacionamentos entre as pessoas. Conta a surpreendente amizade de dois homens nascidos no Afeganistão, de classes sociais diferentes. Um livro para não se esquecer. João Messias da Silveira, da Silveira Assessoria e Consultoria Contábil: O Maior Vendedor do Mundo. O livro de OG Mandino é um dos mais vendidos da história e me marcou muito. Mostra um ideal de luta profissional e serve como inspiração e motivação para nossa jornada. Haydée Pagotto de Souza, do Escritório de Contabilidade Gervásio de Souza: Serviços, Marketing e Gestão. Christopher Lovelock e Lauren Wright escreveram esse livro, que é muito abrangente e importante para quem trabalha com gestão e marketing avançado. Traz uma excelente visão do futuro do marketing e é certamente muito útil. 7

8 Artigo REFORMA TRIBUTÁRIA E O PACTO FEDERATIVO Luiz Antonio Balaminut A reforma tributária está novamente na pauta. O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, afirmou esta semana que o governo quer ver aprovadas no Congresso, ainda no primeiro semestre, medidas que unifiquem a legislação do ICMS, com gradual desoneração da folha de pagamento das empresas. O ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega escreveu um belo artigo à revista Veja que dá um panorama sobre o caos que é o sistema tributário nacional e a barreira que ele estabelece comprometendo sobremaneira o crescimento do país. No artigo Tributos: menor independência ou morte o economista demonstra que o Brasil é o campeão em tributação entre os emergentes, ficando à frente inclusive do Reino Unido, Suíça e EUA. E desbarata a tese de que a Dinamarca, por exemplo, tributa mais pesado que nós, o que daria um álibi ao governo. Segundo ele, a qualidade do imposto nacional é ruim e prejudica sempre os mais pobres, além de comprometer o desempenho da economia. Muito diferente do que acontece no país nórdico. O sistema tributário nacional chegou a tal ponto com arrecadação de 35% do PIB por questões políticas e de interesses regionais, fortalecidos pela falta de um pacto federativo. Sem definição clara sobre os limites de cada instância de poder, no que diz respeito às suas obrigações públicas, município, estado e governo federal brigam pelo controle de fontes de recursos e estabelecem verdadeira guerra fiscal para atrair investimentos privados. O economista Luis Carlos Vitali Bordin levanta os motivos que têm levado a reforma tributária ao imobilismo, por dificuldade de acomodar três tipos de interesses existentes:» Conflito entre o setor público e privado, sendo que o primeiro quer mais dinheiro para investimentos sociais e o segundo quer pagar menos, por ver sua eficiência e competitividade sendo comprometida.» Conflitos entre federação, estado e municípios. Sendo os dois primeiros brigam pela hegemonia legislativa em relação ao principal imposto da federação, o ICMS. E os três querem autonomia financeira, com fontes de receita individuais.» O conflito distributivo, entre as regiões num mesmo nível de governo, como é o caso da tributação do ICMS na origem ou no destino, opondo estados produtores do Sul e os estados consumidores do Norte e Nordeste. Os estudos têm levado a um ponto em comum: não dá mais para conviver com tantos impostos e uma legislação caótica. A burocracia para administrá-los compromete tanto o desempenho do governo como dos contribuintes. As empresas precisam dispor A qualidade do imposto nacional é ruim e prejudica sempre os mais pobres, além de comprometer o desempenho da economia de especialistas em gestão tributária só para enfrentar o cipoal de normas baixadas diariamente pelas secretarias de Fazenda, o que resulta em perda de tempo e dinheiro. A saída, para o senador Francisco Dorneles e para o economista José Roberto Afonso, seria a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA amplo), ao estilo dos 27 países da União Europeia, com alguns ajustes pontuais. Há quem diga que esta proposta também tem suas limitações, porque acabaria fortalecendo a briga entre estado e federação pelo controle do tributo. Mailson fecha com Dorneles e acredita em um IVA com gestão e normatização partilhada entre todos os membros da federação. Amarrado a isso, é preciso repensar as políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico. Como é o caso da industrialização, para por fim à guerra fiscal, que vem dos anos 80. O governo sabe de tudo isso. Tanto é que Pimentel reforçou na conversa com os jornalistas esta semana que o trabalho será feito por partes, para evitar que o excesso de expectativa acabe comprometendo as mudanças. Vamos aguardar! Luiz Antonio Balaminut é contador e advogado Endereço de devolução: Sescon Campinas R. Irmã Serafina, 863, 2º andar, sl 21/ Campinas (SP) 8