29º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul A LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA EM PACIENTES DA 13ª REGIONAL DE SAÚDE DO ESTADO DO PARANÁ

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1 29º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul A LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA EM PACIENTES DA 13ª REGIONAL DE SAÚDE DO ESTADO DO PARANÁ Área temática: Saúde Sandra Mara Alessi Aristides (Coordenador da Ação de Extensão) Aryádne Larissa de Almeida 1, Nádia Ratti Baggio 2, Meiri Vanderlei Nogueira de Lima 3, Paulo Donizeti Zanzarini 4, Eneide Aparecida Sabaini Venazzi 4, Regiane Bertin de Lima Scodro 4, Thaís Gomes Verzignassi Silveira 5, Maria Valdrinez Campana Lonardoni 5, Sandra Mara Alessi Aristides 6 Palavras-chave: Leishmaniose tegumentar americana, intradermorreação de Montenegro; imunofluorescência indireta, pesquisa direta. Resumo O Laboratório de leishmanioses (UEM) realiza o diagnóstico e o acompanhamento de pacientes com leishmaniose cutânea. De 1/3/1 a 31/3/11 foram atendidos 314 pacientes da 13ª Regional de Saúde. Utilizou-se a imunofluorescência indireta (IFI), pesquisa do parasito na lesão e intradermorreação de Montenegro. Homens em idade produtiva; forma cutânea; presença de uma lesão com duração de 1 a 2 meses foram os mais frequentes. A associação das técnicas torna mais seguro o diagnóstico e a utilização da IFI é confiável no acompanhamento de pacientes de retorno. Introdução: A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença endêmica no Brasil, com ocorrência em todos estados. No período de 198 a 23 foram notificados casos de LTA, dos quais na Região Sul, sendo (99,3%) no Estado do 1 Bolsista Projeto Extensão, Curso graduação em Farmácia, Depto. Análises Clínicas e Biomedicina, Universidade Estadual de Maringá 2 Estagiária Projeto Extensão, Curso graduação em Farmácia, Depto. Análises Clínicas e Biomedicina, Universidade Estadual de Maringá 3 Enfermeira, Mestre, 13ª Regional de Saúde do Paraná 4 Farmacêutico Bioquímico, Depto. Análises Clínicas e Biomedicina 5 Professor, Doutor Depto. Análises Clínicas e Biomedicina 6 Professor, Coordenador do Projeto, Doutor, Depto. Análises Clínicas e Biomedicina, smaaristides@uem.br

2 Paraná (Lima e cols, 22, Ministério da Saúde, 27). No Paraná atinge quase todos seus municípios, especialmente Norte e Oeste (Lima e cols, 22; Silveira e cols, 1996). Desde 1986 o Laboratório de Ensino e Pesquisa em Análises Clínicas da Universidade Estadual de Maringá (LEPAC/UEM) tem atendido pacientes suspeitos de LTA, totalizando até 21, 4889 pacientes (Silveira e cols, 1999; dados laboratoriais LEPAC). Entre os municípios do Paraná envolvidos e relatados por Silveira e cols (1999), destacam-se o de Cianorte e Jussara atendidos pelo LEPAC. A LTA é uma doença que preocupa os órgãos responsáveis pela saúde, pela possibilidade do desenvolvimento de lesões mutilantes na mucosa nasal, bucal e faríngea (Marsden, 1986). O aumento do número de casos de LTA no Brasil requer cuidados imediatos que privilegiem o preparo de profissionais da área de saúde para a identificação da doença e o suprimento de recursos laboratoriais e medicamentos, pois a deficiência destes fatores tem prejudicado o diagnóstico e tratamento adequados da doença (Lainson, 1985; Marsden, 1985; Ward, 1977). Em áreas endêmicas, o diagnóstico da LTA, na maioria das vezes, ainda é clínico, sujeito a erros que podem ser reduzidos com auxílio de métodos parasitológicos e imunológicos. É possível a realização de um diagnóstico laboratorial seguro da LTA pela realização de um conjunto de técnicas laboratoriais (Furtado, 198; Teodoro e cols, 1987). Entre estas, a microscopia direta de material de lesão (PD), a intradermorreação de Montenegro (IDRM) e a imunofluorescência indireta (IFI) (Furtado, 198; Guimarães e cols, 1974; Marsden, 1985; Pessoa e Martins, 1982). Os títulos de anticorpos detectados pela técnica de IFI, segundo alguns autores, decrescem e se negativam após a cicatrização da lesão e cura clínica, podendo ser usada como critério e avaliação de cura (Furtado, 198; Pessoa e Martins, 1982). O objetivo deste trabalho foi propiciar um diagnóstico seguro com a aplicação das técnicas de diagnóstico laboratorial em pacientes suspeitos de LTA em municípios que compreendem a 13ª Regional de Saúde do Paraná, e também acompanhar laboratorialmente os pacientes com diagnóstico positivo após tratamento. Metodologia Foram incluídos neste estudo 314 pacientes os quais os materiais para análise foram encaminhados, pela 13ª Regional de Saúde do Paraná, ao Laboratório de Ensino e Pesquisa em Análises Clínicas da Universidade Estadual de Maringá (LEPAC/UEM), no período de 1/3/21 a 31/3/211 para o diagnóstico laboratorial e acompanhamento da LTA. Para cada paciente foi preenchida uma ficha epidemiológica com dados como idade, sexo, forma da doença (cutânea, muco-cutânea e mucosa), tempo de evolução, número das lesões, e resultados dos exames laboratoriais. Do material dos pacientes foi realizado teste sorológico pela imunofluorescência indireta (IFI); a pesquisa direta de Leishmania sp (PD) realizada nos que apresentaram lesões suspeitas, coletando-se amostras por escarificação. Deste material foi feito esfregaços em lâminas de vidro, coradas pelo Giemsa e examinadas ao microscópio. A IDRM foi realizada pela inoculação de,1 ml do antígeno (Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos CPPI, Estado do Paraná) na face anterior do antebraço do paciente. Este antígeno é constituído por uma suspensão de formas promastigotas de L. (Leishmania) amazonensis, na concentração de 4 µg/ml de nitrogênio protéico. A leitura foi realizada h após e considerada positiva pela formação de uma enduração cutânea de diâmetro igual ou superior a 5 mm. A técnica de IFI foi realizada utilizando-se formas promastigotas

3 de L. (Viannia) braziliensis. O soro foi diluído a partir de 1/2 em razão dois e foi utilizado conjugado anti-imunoglobulina G humana marcada com fluoresceína. Foram consideradas positivas as amostras que apresentaram títulos iguais ou superiores a 4. 48% 52% Positivos Negativos Figura 1. Situação clínica dos 314 pacientes atendidos pela 13ª RS, entre 1/3//21 e 31/3/ IFI PD IDRM Figura 2. Resultado da reação de imunofluorescência indireta (IFI), pesquisa direta do parasito na lesão (PD) e intradermorreação de Montenegro (IDRM), entre os pacientes com diagnóstico laboratorial positivo para LTA atendidos pela 13ª RS, entre 1/3/21 e 31/3/ Cutânea Mucosa Figura 3. Formas clínicas da LTA dos pacientes que apresentavam algum tipo de lesão, atendidos pela 13ª RS, entre 1/3//21 e 31/3/211.

4 6; 4% 15; 1% 16; 11% ; 75% Figura 4. Número de lesões cutâneas entre os 22 pacientes suspeitos de LTA atendidos pela 13ª RS, entre 1/3//21 e 31/3/ Masculino Feminino Figura 5 Prevalência quanto ao sexo dos 314 pacientes atendidos pela 13ª RS, entre 1/3//21 e 31/3/211. A 1; 2% 2; 4% 5; 1% 26; 51% 17; 33% a a 29 3 a 49 >=5 Figura 6A. Faixa etária das 52 mulheres entre os 22 pacientes suspeitos de LTA, atendidos pela 13ª RS, entre 1/3//21 e 31/3/211. B 6; 4% 1; 7% 4; 27% 36; 24% a a 29 3 a 49 >=5 58; 38% Figura 6B. Faixa etária dos 15 homens entre os 22 pacientes suspeitos de LTA atendidos pela 13ª RS, entre 1/3//21 e 31/3/211.

5 menor 1 mês 1 a 3 meses 3 a 6 meses 6 a 12 meses 1 a 6 anos 6 a 1 anos maior 1 anos Figura 7. Tempo de evolução da lesão cutânea entre os 22 pacientes suspeitos de LTA atendidos pela 13ª RS, entre 1/3//21 e 31/3/211. Conclusões Dos 314 pacientes atendidos, suspeitos de LTA, 163 (51,91%) obtiveram resultado positivo em pelo menos um dos testes realizados. Destes 314, foram positivos na IFI 158 (5,31%), na PD em 72 (22,92%) e na IDRM em 47 (15,46 %). Dos 314 pacientes, 164 apresentavam lesão no momento do diagnóstico, sendo que a maioria apresentava lesão cutânea, correspondendo a 151 (92,7%); 13 (7,93%) apresentavam lesão mucosa e nenhuma lesão cutâneo-mucosa. Dentre os 151 pacientes que apresentavam lesão cutânea, 114 (75,49%) tinham apenas uma; 16 (1,59%) tinham duas; 6 (3,97%) apresentavam três lesões e não determinada 15 (9,93%). Do total de 314 pacientes, 23 (67,64 %) eram homens e 84 (27,63%) eram mulheres. Em relação à faixa etária, a mais atingida entre os homens com suspeita de leishmaniose foi a de 3 a 49 anos, representando 58 (38,67%) do total de 15 homens, e entre as mulheres com suspeita de leishmaniose foi na faixa etária das maiores de 5 anos, equivalendo a 26 (5,98%) do total de 52 mulheres. Com relação ao tempo de duração da lesão primária (cutânea) entre os pacientes suspeitos de leishmaniose, o maior número de pacientes apresentava a lesão entre 1 e 3 meses, ou seja, 11 (53%) pacientes. Em relação aos pacientes que retornaram ao laboratório para o acompanhamento laboratorial após tratamento, observou-se resultado positivo para IFI em 28 (57,14%) dos 49 pacientes que retornaram uma vez e 13 (46,42%) dos 27 que retornaram pela 2ª vez. Referências Bibliográficas: -FURTADO T. Critérios para o diagnóstico da Leishmaniose Tegumentar Americana. Anais brasileiro de Dermatologia, v.55, n.2, p.81-86, GIMARÃES MCS, GIOVANNINI VL, CAMARGO ME. Antigenic standardization for mucocutaneous leishmaniasis immunofluorescence test. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.16, p.45-8, LAINSON R. Our present knowledge of the ecology and control of leishmaniasis in the Amazon region of Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.18, p , LIMA AP, MINELLI L, TEODORO U, COMUNELLO E. Distribuição da leishmaniose tegumentar por imagens de sensoriamento remoto orbital, no Estado do Paraná, Brasil. An. Bras. Dermatol., v.77, p , 22.

6 -MARSDEN PD. Pentavalent antimonials: old drugs for new diseases. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.18, p , MARSDEN PD. Mucosal leishmaniasis ("espundia" Escomel, 1911). Transaction of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v.8, p , MINISTÉRIO DA SAÚDE. Leishmaniose tegumentar americana. 2º Edição atualizada Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 27. -PESSÔA SB & MARTINS AV. Parasitologia Médica, 11ª edição. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, SILVEIRA TGV, ARRAES SMAA, BERTOLINI DA, TEODORO U., LONARDONI MVD, ROBERTO ACS, RAMOS M, NERILO SOBRINHO A, ISHIKAWA E, SHAW, J. Observações sobre o diagnóstico laboratorial e a epidemiologia da leishmaniose tegumentar no Estado do Paraná, sul do Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.32, n.4, p , SILVEIRA TGV, TEODORO U, LONARDONI MVC, GUILHERME ALF, TOLEDO MJO, RAMOS M, ARRAES SMAA, BERTOLINI DA, SPINOSA RP, BARBOSA OC. Aspectos epidemiológicos da leishmaniose tegumentar em área endêmica do Estado do Paraná, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v.12, p.141-7, TEODORO U, PEREIRA D & VERZIGNASSI, TG. Leishmanioses Tegumentares Americanas: Doenças cada vez mais freqüentes no Brasil. Universidade e Sociedade, v.8, p.16-2, WARD RD. New world leishmaniasis: a review of the epidemiological changes in the last three decades. In: 15 th International Congress of Entomology. Washington, DC. Proceedings. p , 1977.