EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE. PEDIDO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA (Art.
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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA PEDIDO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA (Art. 311, II, do NCPC) Nome e prenome da requerente, nacionalidade, estado civil (a existência de união estável), profissão, portador do RG/SP n., inscrita no CPF/MF sob nº, endereço eletrônico, residente e domiciliado na Rua n., bairro, CEP, nesta Capital, por intermédio de seu advogado que esta subscreve (instrumento de mandato incluso), vem, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência propor a AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA ABUSIVA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA (PEDIDO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA) CUMULADA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS em face de Nome e prenome da requerida, CNPJ n., endereço eletrônico, sediada na Rua n., no bairro
2 de, CEP, nesta Capital, pelos motivos de fato e de direito abaixo articulados: I DOS FATOS 1. A requerente possui o plano de saúde, desde, conforme demonstram cópias reprográficas da carteira do plano de saúde. (Docs 01 e 02). Sempre quitou mensalmente os valores referentes às mensalidades do plano, cumprindo, portanto, com sua obrigação contratual. (Docs. 03-4) 2. No mês de junho de 2014, a requerente sofreu uma queda em sua residência, necessitando ser atendida no Pronto Socorro do Resgate, local mais próximo de atendimento pelo convênio da requerente. Foi prestado atendimento, foram administrados medicamentos analgésicos e realizada a imobilização da perna da requerente com tala por dez dias. 3. Em meados de agosto, a requerente começou a sentir fortes dores em sua perna direita, na parte lateral abaixo do joelho acidentado, o que a levou, inclusive, a começar a manquejar. 4. Em consulta com o ortopedista, foi requisitada uma ressonância magnética que detectou uma lesão (doc. 05) O ortopedista indicou que consultasse um especialista em joelho, para que fosse realizado o tratamento mais adequado. (Doc. 06) 5. Aos 20/11/2014, em consulta médica, o especialista confirmou a presença da lesão, indicando a realização de uma artroscopia para corrigir o problema da requerente. (Doc. 07) 6. Nessa mesma data - 20/11/ a requerente foi encaminhada para preencher os documentos necessários para a realização da cirurgia. Foi enviada uma Solicitação de Internação ao Hospital, para que o procedimento fosse realizado no dia 14/01/2015. (Doc. 8). Todo procedimento foi encaminhado ao Plano de Saúde, para autorização
3 da cirurgia. (Docs ). Todos os exames foram tempestivamente realizados (docs ), e a requerente necessitou afastar-se de suas atividades profissionais. (Doc.19). 7. No dia 13/01/2015, a requerente foi comunicada por que requerida solicitara relatório médico para enviar à auditoria em saúde, suspendendo o agendamento da cirurgia prevista para o dia 14/01/15. (Docs.20) 8. O cancelamento da cirurgia agendada para o dia 14/01/2014 ocorreu sem previsão de nova data, pois a cada contato com a requerida, novas exigências foram feitas com a alegação de que o caso estaria em análise. Em reiterados contatos, o Hospital informou que estava aguardando a emissão de uma senha por parte da requerida. 9. Funcionários do hospital disseram à requerente que a cirurgia somente poderia ser marcada com a autorização da requerida e esta ainda não tinha dada a autorização, justificando que a documentação estava sempre sob análise. 10. Essa estressante e prolongada situação trouxe várias e graves consequências, afetando a qualidade de vida, a saúde física e psicológica, o trabalho e a rotina da requerente. Ela teve seu estado de saúde agravado, uma vez que as dores tornaram-se muito intensas e insuportáveis, quase lhe impossibilitando o caminhar, sendo obrigada a utilizar muletas em razão do agravamento da enfermidade que lhe acometia. 11. O esforço realizado pela requerente para mover-se minimamente mesmo com o auxílio das muletas - acarretou uma sobrecarga na coluna da requerente, afetou seu quadril, ocasionando fortes dores nesses locais, o que agravou de maneira generalizada o quadro de sofrimento da requerente, conforme consta do documento do médico especialista Dr., datado em 05/02/15. (Doc. 21). 12. No dia de hoje, a requerida informou à requerente que não irá realizar a cirurgia, porque não há previsão contratual, cancelando o procedimento cirúrgico.
4 13. Ora, Ilustre Magistrado, nota-se que a requerida nunca esteve disposta a cumprir o contrato firmado entre ela e a requerente. Simplesmente postergou a negativa, causando à requerente dor e sofrimento. 14. O sofrimento da requerente vai além do físico o que por si só já embasaria e seria suficiente para motivar a presente ação. A requerente é mãe de família, com dois filhos menores em idade escolar; é contadora autônoma e a atividade profissional que desenvolve exige uma mobilidade eficaz para que possa cumprir seus compromissos nos órgãos públicos, clientes, bancos etc., o que é impossível no estado em que se encontra atualmente. Em razão disso, está impossibilitada de desenvolver suas atividades laborais há mais de 03 (três) meses, pois aguarda a realização da cirurgia para tratar sua lesão, aliviar sua dor e retomar o curso normal de sua vida. 15. A requerente foi aprovada em vestibular para um curso oferecido pela Fundação, e as aulas tiveram início na segunda semana de fevereiro. Corre o risco de perder a vaga nesse curso designer de interiores uma vez que foi informada que a Instituição de Ensino não poderá segurar a vaga ou efetuar o trancamento da matrícula. Se a cirurgia tivesse sido feita na data inicialmente programada, a requerente já estaria praticamente recuperada, e não correria o risco perder o curso. (Docs ). 16. A dor que a lesão agravada lhe causa desencadeou um processo de estresse e irritação constante. A requerente não consegue dormir direito, desempenhar suas atividades diárias, causando-lhe um dano irreparável em sua vida. Em suma, o grave dano causado à requerente pela inadimplência contratual por parte da requerida atinge a vida da requerente de forma profundamente grave em múltiplos aspectos, a saber: a) físico: sofrimento intenso causado pela dor; sequer pode dar um passo sem que sinta dor; agravamento da lesão e suas consequências na coluna e quadris da requerente pelo adiamento indefinido da cirurgia;
5 b) psicológico: estresse resultante da própria dor, irritação e desgaste emocional pelos contatos incessantes com o desrespeito da requerida para com a dor da requerente; c) rotina: dificuldade e por vezes impossibilidade na realização das atividades profissionais e domésticas rotineiras; o que afetará também as finanças da requerente, já que se está impossibilitada de executar suas atividades não receberá o pagamento de seus clientes; d) futuro incerto: a requerente corre o risco de perder a vaga duramente conquistada no curso de designer de interiores que sonhava em realizar, o que ocasionará uma frustração para a requerente. 17. Como a requerida não aprova a cirurgia da requente, as dores no joelho e outros problemas físicos têm se agravado. A requerente não pode se submeter aos processos burocráticos da requerida para liberação da cirurgia, o que representa uma verdadeira negativa de cobertura ao tratamento da requerente que sempre este adimplente com suas obrigações financeiras para com a requerida. II DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS E LEGAIS 18. Os fatos narrados acima caracterizam o inadimplemento contratual por parte da requerida e apresentam todos os requisitos legais que ensejam a indenização por dano moral. 19. Com relação ao descumprimento contratual, a requerida nunca explicitou à requerente a metodologia para aprovação de cirurgias, conforme exige o artigo 17-A, 2º, III, da Lei n /98 que dispõe o seguinte: 2 o O contrato de que trata o caput deve estabelecer com clareza as condições para a sua execução, expressas em cláusulas que definam direitos, obrigações e responsabilidades das partes, incluídas, obrigatoriamente, as que determinem:
6 III - a identificação dos atos, eventos e procedimentos médico-assistenciais que necessitem de autorização administrativa da operadora. 20. Há de se considerar também que a requerida não pode sequer negar atendimento à requerente com base em qualquer cláusula contratual, pois são nulas de pleno direito entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: estabeleçam obrigações consideradas iníquias, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade. (Cf. Art. 51, IV, CDC). 21. Além disso, a Súmula 96 do Tribunal de Justiça de São Paulo esclarece que: Havendo expressa indicação médica de exames associados a enfermidade coberta pelo contrato, não prevalece a negativa de cobertura de procedimento. 22. Por fim, a adoção da medida de auditoria pela requerida é vedada pelo o art. 2º, inciso V, da Resolução n. 08/1998 do Conselho de Saúde Suplementar (CONSU) afirma peremptoriamente que: Art. 2º Para adoção de práticas referentes à regulação de demanda da utilização dos serviços de saúde, estão vedados: IV utilizar mecanismos de regulação, tais como autorizações prévias, que impeçam ou dificultem o atendimento em situações caracterizadas como urgência ou emergência. 23. Conforme os documentos acostados à inicial, verifica-se que a requerente necessita de atendimento de urgência. A Resolução CFM n /95 define urgência como a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata. 24. Como se pôde observar, a requerente transgrediu os direitos básicos do consumidor. A demora em submetê-la à cirurgia intensificou suas dores, além dos problemas emocionais que teve, ultrapassando o mero aborrecimento. Neste sentido:
7 CIVIL E PROCESSUAL. RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. COBERTURA. NEGATIVA. PROCEDIMENTO DE URGÊNCIA. DANO MORAL. CABIMENTO. RECURSO PROVIDO. I. A recusa da cobertura de procedimento médico-cirúrgico por parte de prestadora de plano de saúde enseja dano moral quando aquela se mostra ilegítima e abusiva, e do fato resulta abalo que extrapola o plano do mero dissabor. II. Caso em que a situação do autor era grave e o risco de sequelas evidente, ante a amputação, por necrose, já ocorrida em outro membro, que necessitava urgente de tratamento preventivo para restabelecer a adequada circulação. II. Recurso especial conhecido e provido. (REsp /RS, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, DJe de ) 25. O Acórdão n. 2012/ , da 4ª Turma do STJ cujo relatório é da lavra da eminente Ministra Maria Isabel Gallotti, ao analisar negativa do plano de saúde no tratamento de consumidora, fixou o valor indenizatório em R$ ,00 (trinta mil reais). 26. Tomando como parâmetro essa quantia, e verificando que o caso da requerente não é tão grave quanto o do Acórdão 2012/ , entende que tem direito à indenização por danos morais no valor de R$ ,00 (quinze mil reais). 27. Neste caso, o direito indenizatório encontra respaldo na possibilidade jurídica do pedido, conforme se pode verificar do art. 6º, VI, do CDC, art. 186 do CC e art. 5º, X, da CF. 28. Por fim, há de se considerar que a responsabilidade civil da requerida, no presente caso, é inteiramente objetiva, conforme dispõe o art. 14 do CDC, devendo responder pelos danos causados à requerente. III DO PEDIDO Diante do exposto, requer a Vossa Excelência que, de declarar abusiva a cláusula que exclui a cirurgia do joelho da requerente, determinando-se, inicialmente, que conceda a tutela antecipada, inaudita altera parte, com base no art. 273, II, do CPC, (conceda a tutela de evidência, com base no art. 311, III, do NCPC) a fim de compelir a requerida a submeter a
8 requerente à cirurgia de que necessita para restabelecer sua saúde, aplicando multa cominatória, caso se faça necessário. Requer também que a requerida seja condenada ao pagamento de R$ ,00 (quinze mil reais), a favor da requerente a título de danos morais cuja quantia deverá ser acrescida de juros e correção monetária, além das despesas, custas processuais e honorários advocatícios. Requer, ainda, a citação da requerida, na pessoa de seu representante legal, para contestar a presente, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato, bem como para acompanhá-la até decisão final que, certamente, julgará procedente o pedido da requerente. Requer a Vossa Excelência que se digne de determinar segredo de justiça, porque foi juntado o prontuário médico da requerente, cujos documentos são sigilosos, com fulcro no art. 155, I, do CPC (Art. 189, III, NCPC) Requer também prioridade no presente feito, visto que a requerente é portadora de doença grave, conforme dispõe o art A do CPC. (Art , I, do NCPC) Por derradeiro, requer a inversão do ônus da prova, de acordo com o art. 6º, VIII, do CDC. Protesta provar o alegado por todo os meios de prova admitidos em direito, especialmente pelo depoimento pessoal da requerida, sob pena de confissão, oitiva de testemunhas, juntada de novos documentos e outras provas que se fizerem necessárias para o deslinde da demanda. Dá-se à causa o valor de R$ ,00 (quinze mil reais) para efeito de alçada. Nestes termos, pede deferimento. Local e data. Nome e OAB do Advogado
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