Universidade Cândido Mendes Pós Graduação Lato Sensu Instituto à Vez do Mestre
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- João Pedro Guterres Carneiro
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1 Universidade Cândido Mendes Pós Graduação Lato Sensu Instituto à Vez do Mestre Os desafios do Serviço Social na Política de Segurança Pública do Rio de Janeiro Por: Antonia Francismary Paredes Celleri Orientador Prof. Eduardo Brandão Rio de Janeiro 2011
2 2 Universidade Cândido Mendes Pós Graduação Lato Sensu Instituto à Vez do Mestre Os desafios do Serviço Social na Política de Segurança Pública do Rio de Janeiro Apresentação de Monografia ao Instituto à Vez do Mestre Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção de grau de especialista em Psicologia jurídica. Por: Antonia Francismary Paredes Celleri
3 3 Agradecimento Ao Poder Superior por assegurar minha força, quando o desgaste físico e mental, pareciam atrapalhar o desenvolvimento desse estudo. A minha família, pelo apoio e incentivo todo esse tempo, em especial a minha mãe, a quem eu devo muito. Aos colegas de trabalho e aos usuários da Política de Segurança Pública, que permitiram que o exercício do meu trabalho, fosse um laboratório de estudo. Em especial a Supervisora Sônia Magalhães que compartilha comigo dos mesmos ideais. Aos meus amigos e colegas de profissão que sempre me incentivaram a buscar novos horizontes. Aos companheiros e amigos da ONG Preservando o Amanhecer que compreenderam minha ausência durante todo esse tempo. Agradeço aos colegas de turma que se tornaram grandes companheiros, aos profissionais da instituição de ensino, em especial ao meu orientador, Eduardo Brandão pela paciência e colaboração para a realização desse trabalho.
4 4 Dedicatória Aos profissionais da segurança pública com quem tive a oportunidade de conviver, em especial a um policial que me ensinou significado do lema força e honra. Profissionais estes, que entregam suas vidas na árdua missão de servir e proteger a sociedade, enfrentando situações de perigo, a desvalorização com baixos salários e a deteriorada imagem da corporação.
5 5 Oração da Serenidade Concedei-nos senhor, a serenidade necessária, para aceitar as coisas, que não podemos modificar. Coragem para modificar aquela que podemos e sabedoria para distinguir, uma das outras. Autor desconhecido.
6 6 Resumo Trata-se de um estudo de caso, que objetiva analisar os desafios do Serviço Social na Política de Segurança Pública do Rio de Janeiro, bem como a compreender a dinâmica da sociedade no enfrentamento do fenômeno da violência. Ele apresenta serviços das políticas atuais e potencialidades da prática profissional para garantir a promoção social. Palavras Chave: Política de Segurança Pública; Serviço Social e Desafio.
7 7 Metodologia O Método Geral utilizado para proporcionar as bases lógicas da investigação é o Método Dialético. Vale ressaltar que esse método permite bases para uma interpretação dinâmica e total da realidade, pelo fato de estabelecer que os fatos sociais não podem ser observados isoladamente, sendo necessário considerar os fatores externos, para compreender todo o contexto, privilegiando mudanças qualitativas não permitindo que o quantitativo se estabeleça como norma, de acordo com Gil (1999). O método de Pesquisa escolhido para o trabalho é o Estudo de Caso, realizado através da observação sistemática da prática empírica e pesquisa bibliográfica relacionadas ao assunto.
8 8 Sumário Introdução 9 Capítulo 1 - Política de Segurança Pública Contexto Histórico Políticas Pontuais da Polícia Civil e da Polícia Militar 12 Capítulo 2 Sociedade Contemporânea Aspectos da Globalização Criminalização da Pobreza Violência Urbana 20 Capítulo 3 Os Desafios e potencialidades do Serviço Social Atuação do Serviço Social no campo Sócio Jurídico Prática do Profissional de Serviço Social no Programa Delegacia Legal Os desafios do Serviço Social 26 Considerações Finais 29 Referências Bibliográficas 30 Outras Fontes 31
9 9 Introdução O presente trabalho tem por objeto de estudo, a análise dos desafios do Serviço Social na política de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Deste modo, vamos explorar a dimensão da política pública no enfrentamento das questões da sociedade tendo o profissional de Serviço Social como principal mediador. Nessa análise, vamos compreender o que é política pública, o que se destina a segurança pública e quais os desafios e potencialidades do Assistente Social no atendimento aos usuários dentro desse contexto. O interesse por esse estudo surgiu através da percepção da conjuntura atual da sociedade por intermédio da experiência profissional como Técnica de Atendimento Social no Programa Delegacia Legal onde foi possível observar que a segurança pública, ela deve ser de fato encarada como uma política de direitos, fazendo cumprir o seu papel nessa sociedade contemporânea que vê na polícia um mediador de conflitos sociais. Nele podemos observar, que Segurança Publica, é uma política social que garante a proteção dos direitos individuais para o pleno exercício da cidadania através do respeito às leis assegurando a ordem pública. Nesse contexto, o profissional de Serviço Social fica incumbido de estabelecer a relação com as demais redes para satisfazer as novas demandas da sociedade na mediação dos conflitos sociais. No trabalho, também vamos poder observar as potencialidades do trabalho do Assistente Social dentro dessa dinâmica da sociedade no enfrentamento do fenômeno da violência, ressaltando a importância da sua atuação para a garantia da promoção social.
10 10 Capítulo 1 Política de Segurança Pública Contexto Histórico Reza no Artigo 144 da Constituição Federal de 1988, que a Segurança Publica é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida a prevenção da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio (BRASIL, 2008, p.74). No Brasil ela se aplica através dos seguintes órgãos: I Polícia Federal II Polícia Rodoviária Federal III Polícia Ferroviária Federal IV Polícias Civis V Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares No Estado do Rio de Janeiro as instituições policiais onde se aplicam as políticas de Segurança Pública é a Polícia Civil do Estado de Rio de janeiro (PCERJ) e a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) que tem desde o seu surgimento, uma imagem de repressão diante da sociedade e que são subordinadas ao Governo do Estado. O surgimento das forças policiais aconteceu no Brasil no início do séc XIX devido às arbitrariedades cometidas pelo Exército para dar uma resposta civilizada e para a disseminação da violência. No ano de 1808, Dom João VI cria a Intendência Geral da Polícia da Corte, formada por moradores locais atuando como milícias atendendo as elites brasileiras. Ela não tinha como objetivo principal a repressão aos crimes e sim de atuar como um corpo político que informaria a corte sobre as possíveis manifestações de movimentos dos revolucionários franceses e de disciplinar o comportamento das pessoas que fugiam dos padrões aceitos, garantindo a ordem pública. Mais tarde essa força policial vem a se denominar Polícia Civil. Com a chegada da Família Real no país se cria uma nova polícia, denominada Guarda Real da Polícia, militarmente organizada agindo de forma ostensiva com a finalidade de repressão aos crimes e com o objetivo de coibir atitudes de desvio de condutas, para garantir a ordem social. Para tal finalidade, a
11 11 instituição implantou políticas que exacerbaram a relação com as comunidades, devido ao uso de força em suas ações. Essa instituição, mais tarde foi denominada Policia Militar. Diante da Constituição de 1988, foi consolidado os marcos jurídicos dos papéis de cada instituição: 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia Judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. 5º às policias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbem a execução de atividades de defesa civil.(brasil, 2008, p.74) Nesse berço histórico de violência as forças policiais, tiveram um caráter repressor de braço armado com o Estado, garantindo a idéia de que as forças de segurança pública foram criadas para manter as condições de produção e reprodução de desigualdades, dos privilégios e de dominação política de acordo com Minayo (2003). Esses aspectos criam um distanciamento com a sociedade devido a sua imagem de instituição violenta e de controle social, transmitindo uma falsa idéia de segurança. A Política de Segurança Pública está enraizada nas estruturas políticas, sociais e culturais da conjuntura histórica do nosso país. Deste modo podemos compreender como se constituem os fenômenos da violência e da criminalidade resultantes das consequências de um sistema capitalista, em paralelo com as políticas de enfrentamento e controle desses fenômenos, onde se observa uma falta de investimento do Estado nas políticas das demais esferas que deveriam amenizar essas consequências. Essa política, pertence à esfera do Poder Executivo do nosso Estado e suas instituições, atuam como aparelhos de repressão e controle social, e consequentemente, os policiais muitas vezes acabam se tornando um profissional alienado pelo sistema. Na década de 1980, após um longo período de ditadura com o estabelecimento da democracia a partir da promulgação da Constituição Federal, essa nova sociedade não permitia mais que ações violentas e repressivas fossem aplicadas para o controle social, começando uma exigência por mudanças nas
12 12 políticas públicas. 1.2 Políticas Pontuais da Polícia Civil e da Polícia Militar Programa Delegacia Legal No ano de 1998, foi decretada a falência da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, sendo necessária uma reformulação da Política de Segurança Pública para enfrentar essa turbulência. Como saída, o Governo do Estado do Rio de Janeiro cria um Projeto de Política de Segurança Pública Integrada (PSPI), abrangendo uma série de sub projetos entre eles o Programa Delegacia Legal com a finalidade de remodelar a Polícia Civil com uma instituição democrática, baseada na inovação na tecnologia, nos direitos humanos, na inteligência e na informação. Este Projeto surgiu a partir de uma análise realizada por um grupo multidisciplinar formado por policiais, delegados e técnicos do meio acadêmico, integrantes da Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (Coppetec-UFRJ). A parte técnica dos programas e sistemas do Programa Delegacia Legal ficou sobre a responsabilidade dos sociólogos, antropólogos e cientistas políticos, que elaboraram o Projeto e pertenciam a UERJ. Em 22 de setembro de 1999 através do decreto nº , foi criado o Grupo Executivo do Programa Delegacia Legal pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho que inaugurou no bairro do Centro do Rio de Janeiro o Projeto Piloto do Programa Delegacia Legal, e a fim de gerenciar a implantação do projeto. Com o objetivo de reformular radicalmente a atuação da Polícia Civil, desde a estrutura física até a rotina interna das delegacias, a criação desse programa teve três bases para modificar o modelo da polícia, sendo: a confiança, o que depende de resultados e esforços visíveis de moralização institucional; coleta e processamento de informações, o que exige tecnologia e a modernização do aparato policial; e a agilização das investigações, o que requer uma nova forma de gestão como apresentado por Soares (2000).
13 13 Atualmente, os policiais lotados nas Delegacias Legais, recebem uma gratificação e para a permanência na unidade, os profissionais fazem regularmente cursos online sobre diversos temas. A estrutura física das delegacias integrantes do Programa tem um modelo unificado e toda a sua arquitetura foi projetada para dar visibilidade ao trabalho dos policias e de todas as ações realizadas naquele ambiente, talvez com o objetivo de coibir alguma conduta violenta dos policiais. Esse método pode ser analisado a partir do modelo arquitetônico panóptico de Bentham onde a sensação de vigilância traz uma nova postura da prática institucional. O panóptico funciona como uma espécie de laboratório de poder. Graças a seus mecanismos de observação, ganha em eficácia e em capacidade de penetração no comportamento dos homens: um aumento de saber vem se implantar em todas as frentes do poder, descobrindo objetos que devem ser conhecidos em todas as superfícies onde este se exerça. (FOUCUALT, 2009: 194) A rotina de trabalho das delegacias era toda segmentada por setores, mas o mais inovador nesse programa foi à introdução de profissionais e estudantes de Serviço Social e Psicologia que realizavam um trabalho de Atendimento Social tratando das demandas que não tinham cunho policial, dando uma humanização ao atendimento das delegacias. Inegavelmente, essa reformulação, trouxe uma melhor aceitação da polícia Civil na nossa sociedade, na medida em que foi desconstruída aquela imagem de ambiente perigoso e desagradável da delegacia, a população se aproximou mais do policial. Programa DEDIC (Dedicação Integral ao Cidadão) Em 1 de março de 2010, na unidade da 12ªDP - Copacabana, foi inaugurado o Projeto da Delegacia de Dedicação Integral ao Cidadão, com o objetivo de proporcionar conforto e rapidez no atendimento à população. Modelo inovador no atendimento policial do país, as unidades que contam com o Programa, tem um diferencial em estrutura de equipes e equipamentos. O Programa permite o agendamento de atendimento policial na residência
14 14 dos usuários que residam na circunscrição das unidades onde o Programa é implantado ou se preferir, já deixar marcada data e hora para fazer Registro de ocorrência na Delegacia, desde que o crime também tenha ocorrido na mesma circunscrição, através do site do Programa. Com atendimento de 8:00 às 00:00 h em escala de expediente de segunda à sexta feira nas Delegacias correspondentes, as equipes que atuam no programa, tem um treinamento específico para esse tipo de atendimento ao público, regularmente fazem cursos de qualificação, incluindo de idiomas como inglês e espanhol e para tal permanência, recebem uma gratificação junto ao salário. E como objetivo principal do trabalho é a eficácia da investigação policial, o efetivo trabalhará totalmente descaracterizado. Segundo o Chefe de Polícia Civil, delegado Allan Turnowski, o cidadão que fizer o registro na internet solicitando a visita de agentes, das delegacias que participam do programa, recebe um com a identificação dos policiais e o modelo do veículo que irá até sua residência ou no endereço de sua preferência. O chefe de polícia afirmou ainda que após o atendimento, um delegado entrará em contato com a vítima para saber se ela foi bem atendida, além de mantê-la informada por telefone ou pela internet sobre o andamento do seu registro de ocorrência 1. O que permite a eficácia do trabalho são os recursos em equipamentos como laptop e impressora e com equipes policiais com várias especialidades técnicas. Por exemplo: se acontece um Homicídio, uma equipe vai até o local fazer o registro de ocorrência e no mesmo momento um perito que pertence a equipe vai poder emitir um laudo, se a vítima não tiver identificação, já tem um papiloscopista para colher a digital, enfim todo um trabalho que habitualmente leva horas para ser feito, pode ser resolvido num espaço menor de tempo. Unidades Policiais que o Programa já está instalado: 12ª DP - Copacabana 14ª DP Leblon 15ª DP Gávea 16ª DP Barra 19ª DP Tijuca 35ª DP Campo grande 1 - Declaração de Allan Turnowski, Chefe da Polícia Civil do RJ no lançamento do Programa DEDIC. Disponível em:
15 15 41ª DP - Inhaúma 77ª DP Icaraí Unidade de Polícia Pacificadora A primeira Unidade de Polícia Pacificadora foi inaugurada no dia 19 de dezembro de 2008 na Comunidade Santa Marta, atendendo aos bairros Botafogo e Humaitá na Zona Sul do Rio de janeiro. Comandada pela Capitã PM Priscilla, a unidade foi à primeira experiência da Secretaria de Segurança Pública nesse novo modelo de polícia comunitária, com mais proximidade da população, com o objetivo de pacificar e manter a ordem pública em comunidades populares. O projeto consiste na retomada de território, visto que os locais onde se propõem a implantação das unidades são locais onde o poder paralelo se faz presente pelo comando do tráfico. Poder esse, que fazia os moradores reféns dos confrontos pelo domínio de vendas de droga e como o Estado era impedido de atuar dentro das comunidades, os moradores muitas vezes eram largados a própria sorte. Em geral a população aceita bem a implantação das unidades, mas outras pessoas descrentes da polícia e das políticas públicas acham que isso é um trabalho eleitoreiro e que não vai se solidificar, mudando em nada a realidade daquelas pessoas que estão esquecidas pelo poder público. Há relatos de moradores das comunidades dizendo que ainda é possível ver venda de drogas no interior das comunidades onde as UPP estão instaladas, mas os policiais garantem que o tráfico com aquela presença de homens fortemente armados, já não existe mais. O que fica claro, é que muitas atitudes estão enraizadas no cotidiano daquelas pessoas e que só a entrada da polícia não vai resolver o problema é necessário a entrada de outros serviços para trazer novas oportunidades para aquela população. Nesse contexto, surge o projeto UPP Social a ser implantada nas Unidades de Polícia Pacificadora para dar entrada ao poder público nas ações de políticas sociais além das ações de segurança pública com o objetivo de garantir uma integração das comunidades a cidade do Rio de Janeiro.
16 16 Atualmente treze comunidades receberam a implantação das unidades, sendo elas: No Centro: UPP Providência No bairro Gamboa, Santo Cristo e Saúde compreendendo as comunidades: Providência, Morro do Pinto e Pedra Lisa. Na Zona Norte: UPP Andaraí No bairro Grajaú e Andaraí compreendendo as comunidades: Nova Divinéia, João Paulo II, Juscelino kubitscheck, Jamelão, Santo Agostinho, Borda do Mato, Rodo e Arrelia. UPP Borel No bairro Tijuca compreendendo as comunidades: Morro do Borel, Chácara do Céu, casa Branca, Indiana, Catrambi e Bananal. da Formiga. UPP Formiga No bairro Tijuca compreendendo a comunidade: Morro UPP Macacos No bairro Vila Isabel compreendendo as comunidades: Morro dos Macacos, Pau da Bandeira e Parque Vila Isabel. Morro do Salgueiro. UPP Salgueiro No bairro Tijuca compreendendo a comunidade: UPP Turano No bairro Tijuca e Rio Comprido compreendendo as comunidades: Turano, Chacrinha, Matinha, 117, Liberdade, Pedacinho do Céu, Paula Ramos, Rodo e Sumaré. Na Zona Oeste: Jardim Batam. UPP Batam No bairro Realengo compreendendo a comunidade: UPP Cidade de Deus No bairro Jacarepaguá compreendendo a comunidade: Cidade de Deus. Na Zona Sul: comunidade: Santa Marta. UPP Santa Marta No bairro Botafogo e Humaitá compreendendo a UPP Babilônia/Chapéu-Mangueira No bairro Leme compreendendo as comunidades: Babilônia e Chapéu-Mangueira. UPP Pavão-Pavãozinho / Cantagalo No bairro Ipanema e
17 17 Copacabana compreendendo as comunidades: Pavão-Pavãozinho e Cantagalo. UPP Tabajaras / Cabritos No bairro Copacabana e Botafogo compreendendo as comunidades: Ladeira dos Tabajaras, Morro dos Cabritos, Pico do Papagaio e Mangueira (em Botafogo).
18 18 Capítulo 2 Sociedade Contemporânea Aspectos da Globalização A globalização traz a idéia de expansão e igualdade dos países, seja pelo mercado ou pelos serviços, garantindo o acesso de toda a população global, porém a estrutura de alguns países como o Brasil, impede a efetivação do propósito. Dentro desse processo de globalização, nos deparamos com o sistema político econômico denominado como capitalismo que tem os meios de domínios da propriedade privada com fins lucrativos, determinando sobre a relação de oferta, demanda e preço, com a concentração de capital na mão de poucos. Isso traz uma relação de poder sobre as classes trabalhadoras, menos favorecidas. Deste modo ele incentiva o crescimento econômico, mas causa desigualdade na medida em que ele tem uma diferente distribuição de renda, não permitindo que o desenvolvimento social acompanhe. Nos países periféricos existe um grande número de indivíduos excluídos do sistema, pois não estão ligados ao mercado produtivo e consumidor, visto a acentuação de capitais e tecnologia nas mãos da elite global que compreende pouca parte da população mundial. A desqualificação da mão-de-obra, a redução do número de empregos, o encarecimento dos serviços básicos e o aumento do crescimento demográfico (seja pelo aumento da natalidade ou acentuação dos fluxos migratórios). São os principais pontos para o aumento da exclusão da população do Brasil. Com isso o crescimento das atividades ilícitas tornam-se inevitáveis, tanto para alimentar as elites locais e globais como: a produção da droga, a falsificação de CD's (Pirataria), Tráfico de órgãos, entre outras atividades. O Estado do Rio de Janeiro é a segunda maior Metrópole do nosso país e devido essa dimensão ela não consegue garantir o desenvolvimento social para toda a sua população. Dentro desse contexto, o nosso Estado historicamente atrai imigrantes de outros estados brasileiros que estão à procura de emprego e de uma melhor qualidade de vida, acreditando que aqui é mais fácil. Chegando ao Estado sem condições de se manter, esses imigrantes
19 19 procuravam locais esquecidos pelo Governo, onde construíam de forma ilegal, pequenas casas para morar, trazendo assim a expansão das favelas, denominadas hoje como comunidades e a expansão delas, está diretamente ligada à imigração que é atraída pelo processo de industrialização e urbanização. Essas pessoas que vinham para o Estado, em sua maioria não tinham estudo e qualificação profissional dificultando o acesso ao emprego fazendo com que as pessoas partissem para o trabalho informal para a sua subsistência. Por conta dessa instalação ilegal das favelas, o Estado não se faz presente através dos serviços públicos, como se aquele fosse um lugar à margem do Estado aumentando a vulnerabilidade dos moradores, que estão entregues à própria sorte. Com essa ausência do poder público, o poder paralelo encontra nas favelas um excelente território para o tráfico de drogas que traz consequências para a segurança e a saúde pública de toda a população Criminalização da Pobreza A pobreza não é a causa da violência, mas quando aliada a dificuldade dos governos em oferecer melhor distribuição dos serviços públicos, torna os bairros mais pobres mais atraentes para a criminalidade e para a ilegalidade. Para analisarmos os aspectos da pobreza, devemos compreender que antes de ser classificado como pobre, o indivíduo deve ser visto como cidadão e como tal, é necessário que a sociedade tenha ciência que cidadania é um conjunto de direitos e deveres da pessoa, não é uma concessão do Estado mas uma conquista do povo. A cidadania só se constrói dentro do Estado de direito democrático, respeitando-se as instituições estabelecidas pelo povo nas suas constituições, e não é isso que pretendem os segmentos mais conservadores da sociedade brasileira. A classe menos favorecida, classificada como a classe pobre, passa por um processo de criminalização na medida em que ela não se encaixa nos padrões exigidos pela classe econômica dominante, com relação ao seu comportamento o seu modo de viver e das suas instituições. Pessoas com menor poder aquisitivo e que em sua maioria, moram em
20 20 comunidades, que não tem possibilidade de usufruir de determinados serviços e produtos, acabam sendo excluídos de determinadas práticas, ficando a margem da sociedade e nesse contexto, podemos nos questionar por qual motivo as pessoas são incriminadas, quando na verdade elas são as primeiras vítimas desse modelo de sociedade que vivemos. O que podemos compreender é que esse julgamento acontece pelo conjunto de saberes que formam os nossos conceitos dentro da subjetividade particular de cada indivíduo. Na verdade somos efeito do meio em que vivemos, e na medida em as situações passam pelos nossos conceitos, deixamos o senso comum falar mais alto. De acordo com Bicalho (2005) o que constrói esse perfil, é a sensação de perigo que as pessoas, dotados de poder e saber tem sobre essa classe da sociedade e atrelados a falha das políticas públicas, facilitam o julgamento e a punição dessas pessoas A criminalização vem do ciclo de vitimização e uma sociedade justa e igualitária é impossível nesse sistema que está aliado a uma exploração midiática sobre as mazelas da miséria formando uma opinião pública generalizada. Esse código jornalístico, com as exceções de praxe, não funciona, quando o tema tratado é complexo, pouco conhecido e, por sua natureza, rebelde ao modelo de explicação corrente. Modelo que não nasceu na mídia, mas que orienta as visões aí predominantes Violência Urbana Violência é uma palavra ícone da modernidade em crise, uma expressão do novo modelo comportamental da sociedade. A violência existe como uma unidade exterior ao campo social, ela é a própria negação da sociabilidade. Não é só no Brasil que a violência cresce. Nos países como África do Sul, Colômbia e Estados Unidos também aumenta a violência. No Brasil, Recife é a 2 - A crise no Rio e o pastiche midiático. Disponível em:
21 21 cidade mais violenta, mas o Rio de Janeiro ganha visibilidade devido sua influência externa. Existem vários tipos de violência, dentre elas: a falta de assistência do Estado com saneamento básico, saúde, educação, energia elétrica, lazer/cultura, segurança pública, transporte, sistema viário, entre outros serviços; as impessoalidades das relações nas grandes metrópoles, como violência no trânsito, contra animais domésticos, entre outras; a desestruturação familiar provoca a violência doméstica conjugal, contra criança, adolescente e idoso, entre outras e a violência armada pelo domínio do tráfico de drogas. O diagnóstico das causas da violência é conhecido. Passa pela desigualdade de renda, pela impunidade, pela corrupção. As saídas são apontadas pelos especialistas: é preciso atacar as raízes sociais e econômicas do problema. A curto prazo, é necessário frear o colapso na segurança com ações inteligentes no âmbito da polícia (LUCENA, 2002). O fenômeno da violência, cada vez mais está presente em nossa sociedade por diversos motivos, quando ela acontece no ambiente privado, as pessoas que estão próximas, preferem não se envolver, porém quando ela acontece num ambiente coletivo, à intervenção da segurança pública se torna uma exigência da sociedade. A violência, em todos as suas manifestações é hoje, sem dúvida alguma, o principal problema que estamos enfrentando. Deixou de ser um fato exclusivamente policial para ser um problema social que afeta a sociedade como um todo. A criminalidade elevou a níveis intoleráveis. O fenômeno criminal está presente no âmago do corpo social, por ele gerado, dele nasce e nele produz os seus efeitos. Estudar e pensar sociedade (OLIVEIRA, 2002) Muitos ligam o fenômeno da violência e da criminalidade como consequência do rápido crescimento econômico causado pelo sistema capitalista e da globalização, onde não há tempo hábil o desenvolvimento social acompanhar, estabelecendo a desigualdade social. Num Estado como o Rio de Janeiro, as políticas públicas intersetoriais funcionam muito mais na prevenção a violência, pois cada região tem a sua estruturação e particularidades. Caso não se implementem políticas públicas inteligentes,
22 22 pluridimensionais, intersetoriais e sensíveis às especificidades locais, em larga escala, capazes de interceptar as microdinâmicas imediatamente geradoras da criminalidade violenta, sobretudo de natureza letal, em um cenário caracterizado pela manutenção dos atuais indicadores de desigualdade, pobreza, qualidade de vida degradada, deficiências na escolaridade e precariedade no acesso aos direitos, facilitando crises familiares, e gerando vulnerabilidade, baixa auto-estima, sentimento de exclusão, estigmatizações, invisibilidade social e dupla mensagem cultural, as conseqüências só podem ser o agravamento do atual quadro de violência criminal, que já constitui uma tragédia, particularmente quando afeta a juventude pobre e negra, do sexo masculino, provocando verdadeiro genocídio 3. Recentemente em novembro do ano passado, tivemos na cidade do Rio de Janeiro um grande acontecimento na área de segurança pública, que surgiu a partir de uma onda de ataques violentos comandados pelo crime organizado que modificou toda a rotina da população carioca, ocasionando em uma retomada de território do Complexo do Alemão, uma das maiores áreas dominadas pelo poder paralelo que impedia a entrada do poder público, deixando os seus moradores órfãos do Estado. Nesse episódio, ficou claro que a união das polícias na luta contra o crime, foi de grande aceitação da população que estava cansada de ser refém de um sistema perverso. Traficantes se rebelam e a cidade vai à lona. Encena-se um drama sangrento, mas ultrapassado. O canto de cisne do tráfico era esperado. Haverá outros momentos análogos, no futuro, mas a tendência declinante é inarredável. E não porque existem as UPPs, mas porque correspondem a um modelo insustentável, economicamente, assim como social e politicamente Segurança Pública: presente e futuro Luiz Eduardo. Disponível em: Acesso em: 16/05/ A crise no Rio e o pastiche midiático. Disponível em:
23 23 Capítulo 3 Os Desafios e potencialidades do Serviço Social 3. 1 Atuação do Serviço Social no campo Sócio Jurídico A história da atuação do Serviço Social no Campo Sócio Jurídico é considerada recente. Ela tem início a partir das atividades desenvolvidas nos Juizados dos Menores desde quando vigorava o Código de Menores na década de 1930 nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. No sistema Penal, ela tem início na de década de 1950, mas sua expansão e reconhecimento, só veio no começo do século XXI, onde se percebe a importância dessa intervenção profissional. A denominação desse campo de atuação como Sócio Jurídico, surge no 10º Congresso brasileiro de Assistentes Sociais realizado no ano de 2001 sobre a discussão da temática Serviço Social e Sistema Sócio Jurídico. Nesse encontro, todos os assuntos discutidos resultaram na Revista Serviço Social e Sociedade nº67, aprovando uma agenda política nacional sobre o tema. Desde então, muitas iniciativas foram realizadas com o objetivo de consolidar a atuação desse campo, como a criação da Comissão Sócio Jurídica do CRESS 7ª Região (Conselho Regional de Serviço Social do RJ) no ano de 2002, para que os profissionais que atuam na área possam discutir questões relacionadas; a deliberação no Encontro Nacional CFESS / CRESS, realizado no Estado da Bahia no ano de 2003; Encontro Nacional no campo de Serviço Social no Campo Sócio Jurídico em 2004; a incorporação da disciplina sobre o campo sócio jurídico no curso de graduação de Serviço Social que se iniciou na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro); entre outras. Com o reconhecimento da atuação, surgiram outros desafios para os profissionais que trabalham nesse campo, como as próprias questões que permeiam essa área direcionando as práticas realizadas. Se analisarmos esse campo como uma área ligada a Justiça, e o Assistente Social como um profissional responsável pela garantia de direitos num país carente de políticas públicas eficazes, favorecendo a lógica do favor ligada ao assistencialismo e a politicagem, onde se estabelecem as desigualdades sociais como efeito do contexto neoliberal em que a nossa sociedade vive, de acordo com Peovens (2004), vamos compreender as dificuldades dessa prática.
24 24 Nas instituições desse campo, o papel do Assistente Social é a redução de danos através da garantia de direitos, muitas vezes ele exerce um poder moral na instituição, devido a proximidade com o usuário que geralmente está em conflito com a lei através da humanização do seu atendimento, trazendo confiança ao trabalho do profissional que auxiliando na resolução dos processos de um Estado que deixa de ser Providência para ser Penal. Atualmente, é possível encontrar o Assistente Social no campo sócio jurídico, nas instituições: DEGASE (Departamento Geral de Ações Sócio Educativas) MP (Ministério Público) OAB (Ordem dos Advogados Brasileiros) SEAP (Secretaria do Estado de Administração Penitenciária) TJ (Tribunal da Justiça) Legal 3. 2 Prática do Profissional de Serviço Social no Programa Delegacia O profissional de Serviço Social que atua no Programa Delegacia Legal recebe a denominação de Técnica de Atendimento Social. A seleção dos profissionais acontece através de uma seleção pública, e seu contrato segue o regime da CLT de forma terceirizada. Para atuar como Técnico de Atendimento Social, é necessário ter o curso de graduação em Serviço Social ou Psicologia, já para os estagiários de Atendimento Social, é preciso estar cursando a graduação de psicologia, pedagogia ou ciências sociais. O setor de Atendimento Social das delegacias do Estado do Rio de Janeiro, surgiu a partir da percepção de que muitos fatos que chegam as delegacias, não eram de cunho policial e sim fruto de conflitos sociais e também para auxiliar na reconstrução da imagem da polícia através da humanização do atendimento aos usuários. com problemas que nada têm a ver com o trabalho policial. Nessas situações os esclarecimentos necessários são dados pelos atendentes que só encaminham aos agentes
25 25 os casos que realmente são casos de polícia (GAROTINHO, 2005: 16) Durante a prática como Técnica de Atendimento Social, foi possível notar que a população em geral, procura a delegacia por ser o único órgão público disponível 24h por dia durante todos os dias do ano. Muitos fatos que chegam à delegacia não envolvem crimes, eles são oriundos de conflitos sociais e a sociedade espera da polícia uma intervenção como mediador da questão, talvez pela imagem autoritária que a polícia construiu ao longo da sua história. O trabalho cotidiano da polícia, em diversos países do mundo consiste em intervir em problemas ou dificuldades diversas que não se constituem necessariamente, em problemas legais ou penais, para os quais nem a legislação, nem quaisquer outras instituições da sociedade oferecem respostas satisfatórias para as demandas desejadas. Na quase totalidade dos casos, a polícia é o único serviço ao qual qualquer pessoa pode recorrer em caso de necessidade urgente, em particular o segmento mais pobre da população. Ela é um serviço público, ou seja, é um serviço gratuito e é ininterrupto, funcionando 24h por dia. Em países como o Brasil, onde a pobreza e a inoperância das organizações de instituições de bem-estar e de justiça são parte significativa da vida social..., o trabalho diário da polícia volta-se para suprir as carências existentes nos demais serviços públicos (MOTA, 1995: 25-26). Essa situação, de forma geral traz uma insatisfação a classe policial que alienado pelo sistema institucional, não está preparada para conciliar as suas reais tarefas com a resolução das chamadas feijoadas, que é denominação dada pela classe para os assuntos de conflitos sociais que não envolvem área criminal. Como citado anteriormente, sobre o modelo da estrutura predial que traz uma sensação de vigilância, seguindo o modelo arquitetônico panóptico de Bentham. Podemos avaliar que nessa dinâmica organizacional, a atuação do Atendimento Social, fica um pouco prejudicada no que se refere a privacidade do atendimento ao usuário. Muitas vezes ele quer expor uma situação delicada, e que por mais que ele seja levado a uma sala reservada, essa sala tem portas e janelas em vidro, que permite visualização externa. È como se tudo que fosse feito, tinha que ser controlado e isso é tão ruim para quem está sendo atendido, como para quem está atendendo. O trabalho da equipe de atendimento é destinado aos usuários da delegacia
26 26 que necessitam de acolhimento, informações de serviços, direitos e orientações sobre os trâmites institucionais. Mas observando a dinâmica da delegacia, poderia afirmar que os primeiros usuários do nosso serviço são os próprios policiais que precisam de um mediador para certas situações e de acolhimento, pois também são vítimas do sistema. No trabalho, são realizadas atividades como: recepção personalizada aos usuários, triagem de ocorrências policiais, registros e comunicações dos fatos as autoridades policiais, encaminhamento à instituições específicas, orientações psicológicas e sociais aos usuários e seus familiares, treinamento e supervisão aos estagiários de Atendimento Social. 3.3 Os desafios do Serviço Social O Assistente Social é um profissional multidisciplinar que atua com a perspectiva da totalidade e de maior contato com as políticas públicas de saúde, assistência Social e de educação, que pertencem a esfera de prevenção primária dentre as mazelas da sociedade criando possibilidades de enfrentamento para as demais questões evitando maiores consequências. O Assistente Social se defronta, cotidianamente, com candidatos a cidadãos, que buscam ajuda para satisfação de necessidades básicas de sobrevivência. Trata se de uma profissão que lida com as misérias humanas, com produto da exploração do homem pelo homem, fazendo aflorar e trazendo para o confronto reflexões sobre os valores de nossa realidade, exigindo um posicionamento ético e político frente à realidade, em todas as suas possibilidades, na tentativa de buscar a sua transformação. (PAVEZ e OLIVEIRA, 2002: 89). O objetivo dos profissionais de Serviço Social nas Instituições executoras da Política de Segurança Pública pode ser visto em primeiro momento, para oferecer um atendimento de qualidade, possibilitando que os usuários tenham um maior
27 27 conhecimento sobre os seus direitos civis, políticos e sociais através, fortalecendo o usuário no acesso e no processo de mudança da realidade na qual se insere, com vista à ampliação dos seus direitos e efeitos da cidadania. Seus maiores desafios consistem em: Contribuir para melhoria da imagem dos serviços prestados nessa política assegurando um atendimento humanizado e ético ao cidadão; Propiciar uma intervenção reflexiva das problemáticas sociais para que os usuários dos serviços possam ampliar suas informações acerca dos seus direitos sociais e encontrar alternativas de enfrentamento das suas demandas; Propiciar um espaço privilegiado para atendimento, orientação e reflexão das problemáticas relacionadas aos conflitos sociais como: crise nas relações, violência intra familiar; Estabelecer uma articulação entre Instituições da Rede e com os movimentos da sociedade civil para garantir um melhor atendimento as problemáticas trazidas as instituições; Desenvolver atividades de Mediação de conflitos e desenvolver a Técnica da Resiliência no indivíduo que procura essas instituições amenizando o seu sofrimento. Entre esses desafios apresentados, podemos destacar o uso da mediação e o desenvolvimento da Resiliência no trabalho com os usuários. A presença da mediação no cotidiano da atuação do Serviço Social como instrumento de trabalho é muito importante, e não sendo uma técnica reconhecida, acaba caindo num discurso sobre a prática assistencialista. Contudo, a categoria profissional luta para ressaltar a sua importância, pois ela acredita no seu poder sobre a resolução de conflitos, ser estabelecida uma comunicação funcional entre as partes envolvidas no processo e em muitos casos, que envolvem famílias e casais, tentando estabelecer uma relação harmônica para resgatar e preservar os vínculos afetivos. Mediação portanto é a categoria que dá direção e qualidade à pratica, baseada no método dialético marxista, resultado de um processo dinâmico e ativo desenvolvido pela interação entre as pessoas, objetos, conceitos, preconceitos, instituições, enfim uma rede de associações em que o usuário é tido como sujeito engajado na
28 28 construção de sua própria história 5. Já a Resiliência, que é uma terminologia usada na Física, sobre a capacidade que os materiais tem de resistirem aos choques, nas ciências humanas e em específico na cadeira do Serviço Social, pode ser utilizado como instrumento de trabalho para auxiliar as pessoas a criar no seu íntimo, condições de superar traumas vividos e desenvolver capacidade de sobreviver a situações adversas buscando sempre algo melhor, trazendo uma qualidade de vida e bem estar físico, mental e social, na medida em que ele funciona como mecanismo de proteção. Trata-se do desenvolvimento do capacidade de resistir e construir estratégias em ambientes desfavoráveis e condições difíceis e estressantes que auxiliam o indivíduos a superar as adversidades e problemas cotidianos, construindo mecanismos de proteção 6. Nas instituições executoras da Política de Segurança Pública, é comum a presença do sofrimento, afinal seus usuários são vítimas da violência, e essa aplicada em diversas segmentos, e ter um profissional para dar Assistência faz todo o diferencial. 5 - Eva Maria, Assistente Social: O significado da categoria mediação no Serviço Social. Disponível em: Afirmação feita no artigo: Resiliência, Serviço Social e o CRAS: Traçando caminhos para a construção de redes de proteção. Disponível em:
29 29 Considerações Finais Segurança Pública é um assunto atual e muito intrigante, analisado como política pública, ele se torna ainda mais complexo. Tendo as instituições policiais como os principais aparelhos executores dessa política, a sua discussão na sociedade, tem uma posição distinta visto que historicamente, temos uma imagem violenta sobre a prática policial, que está enraizada em nossos conceitos e desconstruí-lo é uma tarefa difícil e necessária. Nessa dinâmica da sociedade de enfrentamento do fenômeno da violência, a Política de Segurança Pública se desdobra em realizar ações que atendam as necessidades de apelo geral como o controle da violência, fruto do crime organizado e que para tal, somente a atuação da força policial não é suficiente, visto que é necessário ações de investimento social em vários segmentos; e desenvolver trabalhos que reaproximem a polícia da população, trazendo confiança e cooperação com o trabalho desenvolvido pelas instituições. O serviço Social nesse contexto surge para auxiliar nessa reformulação da prática das instituições policiais, mas seguindo os princípios da sua ética profissional, ele busca efetivar sua atuação para garantir um espaço de promoção social no atendimento aos usuários, para desenvolver suas potencialidades com os indivíduos, permitindo que estes possam criar condições de superar condições adversas e serem os próprios autores de suas histórias.
30 30 Referências Bibliográficas BRASIL, Constituição Constituição da República Federativa do Brasil. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, BICALHO, Pedro Paulo. Subjetividades e abordagem policial: por uma concepção de direitos humanos onde caibam mais humanos. Rio de Janeiro: UFRJ, FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 36ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, GAROTINHO, Anthony. Delegacia Legal: tecnologia a serviço da polícia. In: Coleção Políticas Públicas. Rio de Janeiro: Fundação Ulisses Guimarães 005, 2. GIL, Antonio Carlos; Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª ed. São Paulo: Atlas, MINAYO, Maria Cecília de S. e Edinilsa R. de Souza. Missão Investigar: entre o ideal e a realidade de ser policial. Rio de Janeiro: Garamond, MOTA, Paula Poncioni. A Polícia e os pobres: representações sociais e praticas em delegacias de polícia do Rio de Janeiro. Dissertação apresentada no Curso de Mestrado em Serviço Social de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro: UFRJ, PAVEZ, Graziela Acquaviva e Isaura Isolde de Mello Castanho e Oliveira. Vidas nuas, mortes banais. Revista Serviço Social e Sociedade ano XXIII, nº 7. Rio de Janeiro: Cortez, PEOVENS, Andréia Cristina Alves. O Serviço Social e o Sistema Sociojurídico. Revista em foco, nº 2. RJ: CRESS, SOARES, Luiz Eduardo. Delegacia Legal: uma guerra sem quartel. In: Meu Casco de General: 500 dias front da segurança pública no Rio de Janeiro. São
31 31 Paulo: Cia das Letras, Outras fontes A crise no Rio e o pastiche midiático. Disponível em: Acesso em 26/11/2010. Declaração de Allan Turnowski, Chefe da Polícia Civil do RJ no lançamento do Programa DEDIC. Disponível em: Acesso em: 01/03/2010. LUCENA, Eleonora. Assassinato do Estado. Folha de São Paulo, Caderno Folha Opinião, p. A2. MIRANDA, Lúcia e FERRO, Marcela Coladello. Artigo: Resiliência, Serviço Social e o CRAS: Traçando caminhos para a construção de redes de proteção. Disponível em: Acesso em 01/07/2010. OLIVEIRA, Antonio Cláudio Mariz de. O crime nosso de cada dia. Folha de São Paulo, Caderno Tendências/Debates/p. A3. O significado da categoria mediação no Serviço Social. Disponível em: Acesso em: 09/05/2010. Segurança Pública: presente e futuro Luiz Eduardo. Disponível em: Acesso em: 16/05/2010.
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