Recall Fevereiro

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1 Recall Fevereiro

2 Empresas do interior se destacam na área de saúde Com tecnologia de ponta, elas oferecem à população o que de mais moderno há neste setor e, ao mesmo tempo, ajudam a alavancar o crescimento de cidades como Cravinhos e Hortolândia Quando ouvimos dizer que o interior paulista é um polo tecnológico, logo nos vem à mente a ideia de que toda esta tecnologia está ligada, essencialmente, às áreas de engenharia e computação. De fato, é verdade, pois nesta região estão instaladas fábricas de empresas com atuação global. Porém, quando falamos em tecnologia, outro setor que também desponta é o da saúde. No interior, por exemplo, estão algumas das maiores companhias de medicamentos e aparelhos ortodônticos e hospitalares, além de algumas das melhores faculdades de medicina e odontologia do Brasil. E se engana quem pensa que toda esta estrutura concentra-se apenas nos grandes centros, como Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Bauru, entre outros. Claro que eles são os principais fornecedores de mão de obra e sedes de empresas e faculdades desta área, mas também é possível ver toda esta tecnologia em cidades como Cravinhos e Hortolândia, dois exemplos de municípios que, mesmo colados a Ribeirão Preto e Campinas, respectivamente, encontram espaço para se desenvolver e ganhar os holofotes da mídia. Cravinhos possui uma população de aproximadamente 30 mil habitantes e está despontando como um grande polo industrial do interior paulista, pois em seu território estão instaladas empresas dos mais variados segmentos. Na área da saúde, o destaque é a Aditek, uma das principais fabricantes de produtos ortodônticos do Brasil. Fundada em 1990, é responsável pelo fomento de boa parte da economia da cidade. Ao longo de sua trajetória, sempre investiu em pesquisa e desenvolvimento de produtos que possuem a 10 Fevereiro 2012 Recall

3 A laserterapia possibilita aliviar dores e aftas na boca de pacientes oncológicos mais alta tecnologia. A Aditek produz linhas completas de brackets, tubos, fios, arcos, entre outros produtos ortodônticos. Este polo tecnológico abriga, ainda, outras companhias de grande porte, como Paletrans, Thermoval Indústria de Válvulas, Ouro Fino Agronegócio, Noxon Divisão Veterinária, Cicopal, Renk Zanini, Trans Serrano Transportes, Santal, Frango Assado, entre outras. Assim como Cravinhos, Hortolândia também está se tornando um polo industrial, principalmente nas áreas química e farmacológica. Emancipada de Sumaré em 1991, a cidade possui quase 200 mil habitantes e, graças à emancipação, conseguiu se desenvolver calcada nas grandes empresas, responsáveis até então por 45% dos impostos arrecadados por Sumaré. É lá que estão instaladas companhias como IBM, Dow Corning (fabricante de silicones), Belgo-Mineira, Magneti Marelli e o laboratório farmacêutico EMS, referência na produção de medicamentos genéricos, entre outras empresas. Fundada há 50 anos e com capital 100% nacional, a EMS possui dois complexos industriais, sendo que o outro fica em São Bernardo do Campo. O laboratório foi um dos primeiros a produzir, no país, medicamentos genéricos, em 2000; a exportar para a Europa, em 2005; e a disponibilizar ao mercado brasileiro as versões genéricas de importantes produtos que perderam a patente, em Recentemente, a EMS assinou um acordo com a empresa sul-coreana ISU ABXIS para licenciamento de um medicamento utilizado como terapia de reposição enzimática em pacientes com diagnóstico de Doença de Gaucher. O tratamento, que pode chegar a R$ 400 mil/ano por paciente, é totalmente coberto pelo SUS. Atualmente, o Ministério da Saúde é responsável pela aquisição e distribuição do medicamento importado, Recall Fevereiro

4 classificado como de alto custo. O lançamento significará considerável redução dos custos com o tratamento. O Brasil investe, hoje, aproximadamente R$ 200 milhões por ano com os pacientes desta doença cadastrados no SUS. Estima-se que haja uma redução de, no mínimo, 35% nesse valor, o que levará o governo a economizar pelo menos R$ 70 milhões anuais. A EMS produz medicamentos para praticamente todas as áreas da medicina. Seu moderno complexo industrial em Hortolândia inclui o centro de Pesquisa & Desenvolvimento, considerado Daiane Thais Meneguzzo, coordenadora dos cursos de Especialização e Capacitação em Laser da Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic um dos maiores da América Latina. Seus medicamentos também são exportados para 30 países. Sua preocupação em desenvolver medicamentos mais eficazes e inovadores faz com que destine 6% do seu faturamento anual à área de pesquisa e desenvolvimento. Em 2011, a EMS realizou um investimento de aproximadamente R$ 3 milhões em novos equipamentos e na ampliação das instalações do setor de pesquisa. As inovações criadas pela empresa já geraram pelo menos 60 patentes em todo o mundo, incluindo Estados Unidos e países europeus. Em franca expansão, já anunciou a construção de mais três outras fábricas em Manaus, onde as obras já foram iniciadas, Brasília e em Jaguariúna, além da construção de uma nova unidade de embalagens na sede da EMS em Hortolândia. Serão cinco fábricas EMS pelo país, incluindo a sede já existente de São Bernardo do Campo. Na região de Campinas também há outras empresas da área de saúde que investem pesado em tecnologia. Em Valinhos está localizado o escritório corporativo da indústria farmacêutica Airela, cujo parque fabril fica na cidade catarinense de Pedras Grandes. Abrimos o escritório em janeiro de 2011 com base em vários fatores, primeiro porque em Valinhos há vazão para os principais aeroportos e rodovias, o que facilita muito a locomoção da alta diretoria e do corpo gerencial da empresa. Segundo, porque a maioria das reuniões é realizada no eixo Rio-São Paulo e nas principais capitais, e as negociações com os grandes varejistas farmacêuticos brasileiros também se concentram nestas localidades. Outro ponto decisivo foi o fato de que o custo-benefício desta região, afastada cerca de 80 km da capital, é muito atrativo. A instalação da Airela nesta região se deu por um custo bem mais baixo do que se estivesse em São Paulo, explica a gerente de marketing da empresa, Larissa Mango. A Airela é nova no mercado, tendo sido fundada em outubro de 2010, e trabalha com produtos de venda livre, ou seja, sem a necessidade de prescrição médica, além de medicamentos fitoterápicos e nutracêuticos (produtos nutricionais com valor terapêutico). Trabalhamos apenas com matérias-primas de ponta, desde os componentes até as cartonagens, e nosso esforço em estudos de design é grande. A começar pelas embalagens, que são diferenciadas do que há no mercado e autoexplicativas. Outra sacada foi desenvolver uma bula com diagramação leve, com letras grandes, e de fácil compreensão. São detalhes que a indústria farmacêutica, geralmente, não olha e nem dá importância, comenta Larissa. De acordo com o presidente e fundador da Airela, Gerson de Souza, há um movimento no mercado por conta da alavancagem da economia, de fusões e aquisições, gerando oportunidades em toda a cadeia. Para esse cenário, a Airela aposta na estratégia de inovar na forma de se comunicar, de apresentar os produtos e de se relacionar com o mercado. Neste ano, a Airela lançou seu primeiro nutracêutico, um suplemento de vitaminas e minerais. Além de investir em tecnologia, ela aposta no marketing para posicionar sua marca. Para isso, foi a pioneira no uso de audiobranding entre as principais empresas do setor. Trata-se de uma logomarca sonora que acompanha a marca. Você pode estar de olhos fechados, mas se ouvir o plim plim de uma grande empresa de comunicação, com certeza saberá qual é. O sound logo é justamente isso: faz com que qualquer pessoa lembre da empresa apenas ao ouvir a música ou o som que está atrelado a ela. E, mais do que isso, remete a sensações dos pilares de construção que a marca quer transmitir ao público por meio do som, diz Larissa. Na mesma região também está 12 Fevereiro 2012 Recall

5 instalada a Medley. A empresa, que ocupa a segunda posição no ranking das indústrias farmacêuticas do Brasil, possui duas fábricas, uma em Campinas e outra em Sumaré. Seu bom desempenho deve-se, essencialmente, ao sucesso do mercado de genéricos. Sempre inovando e em busca de novos segmentos de atuação, a empresa lançou, recentemente, seu primeiro produto da linha de colírios. Trata-se de genérico indicado para redução da pressão intraocular em pacientes com glaucoma de ângulo aberto ou pressão ocular elevada. Com este lançamento, a Medley espera conquistar uma grande fatia deste mercado, que atualmente movimenta R$ 30 milhões por ano, com mais de um milhão de unidades vendidas nesse mesmo período. Segundo recente levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 900 mil brasileiros já foram diagnosticados com glaucoma. Na maioria dos casos, a pessoa não sabe que tem a doença e só percebe quando já começa a perder a visão. O glaucoma não apresenta sintomas muito definidos, e a perda da visão lateral do olho é gradual. O Vale do Paraíba, um dos polos tecnológicos do Estado de São Paulo e onde estão situadas empresas do porte da Embraer, Jonhson & Jonhson, entre outras, também abriga a sede da LM Farma, que possui capital 100% nacional e atua, há 20 anos, no segmento hospitalar. A sede da companhia fica em São José dos Campos e se dedica ao desenvolvimento, fabricação e comercialização de produtos voltados à área da saúde. Odontologia Não são somente as empresas que se destacam nos avanços tecnológicos neste setor. As faculdades também seguem o mesmo caminho. A São Leopoldo Mandic, de Campinas, desenvolveu um tratamento de laserterapia, procedimento acessível à população A Airela, cujo parque fabril fica na cidade catarinense de Pedras Grandes, abriu um escritório em Valinhos, em janeiro de 2011 dentro da faculdade de odontologia, e mantém um centro de radiologia com equipamentos digitais, tomógrafo e clínicas para o ensino prático. Esta inovação permite aliviar dores e aftas na boca de pacientes oncológicos, ajudando a reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia e da radioterapia. A odontologia avançada tem permitido aos dentistas não apenas detectar precocemente alguns tipos de câncer que se manifestam na boca, como também auxiliar no alívio da dor e no controle de efeitos colaterais da quimioterapia e da radioterapia. O tratamento, embora com eficácia comprovada na literatura internacional, ainda é desconhecido por muitos pacientes oncológicos. Prova disso é que, embora a faculdade ofereça esse serviço desde 2008, apenas 20 pacientes foram submetidos à laserterapia até hoje, explica Daiane Thais Meneguzzo, coordenadora dos cursos de Especialização e Capacitação em Laser da Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic. De acordo com a especialista, a laserterapia alivia a dor e melhora a qualidade de vida do paciente ao permitir que ele passe a se alimentar mais adequadamente, tenha um aumento na salivação e melhore o paladar, ajudando em sua recuperação. Os tratamentos convencionais são paliativos e de eficácia bastante inferior aos benefícios alcançados pela laserterapia. A luz laser de baixa intensidade atua de forma indolor, alivia a dor e não apenas promove a aceleração da cicatrização das úlceras como ainda previne futuros episódios de mucosite oral, afirma Daiane. Ao mesmo tempo em que muitas empresas e instituições de ensino investem tempo e dinheiro em novas tecnologias na área da saúde, também têm o desafio de fazer com que todos esses recursos e novidades sejam disponibilizados aos usuários do Sistema Único de Saúde. Mas aí já é uma outra história. Recall Fevereiro