POLÍTICAS PÚBLICAS: Combate ao racismo e inclusão racial no Brasil
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- Cristiana Fartaria Caiado
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1 1 POLÍTICAS PÚBLICAS: Combate ao racismo e inclusão racial no Brasil INTRODUÇÃO As Políticas Públicas são resultantes de atividade política. Atividade política consiste na resolução pacífica de conflitos. Logo, tem-se que as políticas públicas são efetivadas a partir das demandas apresentadas pela sociedade. Como exemplos citam-se bens e serviços de saúde, segurança pública, previdência social, dentre outros. (RUA, 2009) No presente trabalho o tema abordado será a educação inclusiva, especialmente no tocante à demanda para a elaboração, implementação e avaliação de políticas públicas que possibilitem o acesso e permanência de negros, homens e mulheres, nos sistemas de ensino em todos os níveis. Para a realização do trabalho, todas as fases de implantação de políticas públicas serão contempladas, porém, será dado maior enfoque à fase número cinco: Avaliação. A Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1968, em seu parágrafo primeiro, estabelece: Para os fins da presente Convenção, a expressão "discriminação racial" significará toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto ou resultado anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública. (Adotada pela Resolução A (XX) da Assembléia Geral das Nações Unidas, em ratificada pelo Brasil em )
2 2 DESENVOLVIMENTO Desde a Constituição da República Federativa do Brasil de 1891, o Brasil adota o princípio da igualdade entre todos perante a Lei. No período pós abolição, começou a existir por parte dos governantes e da sociedade elitizada, uma necessidade premente de embranquecimento da sociedade brasileira, em geral. A abolição foi uma política excludente, pois libertava os negros do regime escravagista, porém não lhe oferecia alternativas de sobrevivência. Havia, naquele momento, um processo de estímulo à imigração, sendo assim forjado um cenário no qual a mão-de-obra negra passou a ser uma condição de força de trabalho excedente, forçando os negros, em sua maioria, a sobreviver através de pequenos serviços ou da agricultura de subsistência. Em THEODORO, tem-se que: Efetivamente, o racismo, que nasce no Brasil associado à escravidão, consolida-se após a abolição, com base nas teses de inferioridade biológica dos negros, e difunde-se no país como matriz para a interpretação do desenvolvimento nacional. As interpretações racistas, largamente adotadas pela sociedade nacional, vigoraram até os anos 30 do século XX e estiveram presentes na base da formulação de políticas públicas que contribuíram efetivamente para o aprofundamento das desigualdades no país. (2008, p. 28) Pode-se perceber que, no Brasil, a questão da desigualdade racial não é só na área do trabalho. Há carência de políticas públicas efetivas para o negro na saúde, na igualdade de gênero e também na educação. Poucas políticas oferecem condições para a população negra construir uma posição de dignidade e de rompimento com as práticas racistas e discriminatórias tão comuns no país, no âmbito educacional. Promulgada em 1961, a Lei foi a primeira Lei de Diretrizes e
3 3 Bases da Educação Nacional LDB. Esta Lei condenava qualquer tipo de tratamento desigual por motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem como quaisquer preconceitos de classe ou de raça. No entanto, não orientava para a construção de um processo que visasse a valorização da diversidade étnico-racial na sociedade e tampouco orientou para a eliminação das desigualdades raciais que deixaram fora do sistema educacional brasileiro as crianças e jovens negros do país. (CAVALHEIRO) As LDBs que surgiram após a de 1961 podem ser consideradas omissas com relação à condição do negro na educação. Ignoraram totalmente as reivindicações do movimento negro e os tratados internacionais que argumentavam incessantemente para que o Estado brasileiro adotasse as medidas necessárias para eliminar todas as formas de discriminação. Em 1965, a ONU reconheceu que a discriminação baseada em raça, cor ou origem étnica continuava a ser causa de graves problemas internos em diversos países, além de prejudicar as relações internacionais. Neste mesmo ano, em 21 de dezembro, a Assembléia-Geral da ONU aprovou a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. Cabe ressaltar a orientação desta Convenção, que é um Tratado Universal, destacada de seu Artigo Segundo: 1. Os Estados Partes condenam a discriminação racial e comprometem-se a adotar, por todos os meios apropriados e sem demora, uma política de eliminação de todas as formas de discriminação racial, e de promoção da harmonia entre todas as raças, e, para este fim: a) Os Estados Partes comprometem-se a não apoiar qualquer ato ou prática de discriminação racial contra pessoas, grupos de pessoas ou instituições, e a proceder de modo que todas as autoridades e instituições públicas, nacionais e locais se conformem com esta obrigação; b) Os Estados Partes comprometem-se a não incitar, defender ou apoiar a discriminação racial praticada por qualquer pessoa ou organização;
4 4 c) Os Estados Partes devem tomar medidas eficazes a fim de rever as políticas governamentais nacionais e locais e para modificar, revogar ou anular as leis e qualquer disposição regulamentar que tenha como efeito criar a discriminação racial ou perpetuá-la onde já existir; d) Os Estados Partes devem, por todos os meios apropriados - inclusive, se as circunstâncias o exigirem, com medidas legislativas -, proibir a discriminação racial praticada por quaisquer pessoas, grupos ou organizações, pondo-lhe um fim; e) Os Estados Partes comprometem-se a favorecer, quando for conveniente, as organizações e movimentos multirraciais, e outros meios próprios, visando suprimir as barreiras entre as raças e a desencorajar o que tende a reforçar a divisão racial. (Adotada pela Resolução A (XX) da Assembléia Geral das Nações Unidas, em ratificada pelo Brasil em ) Embora aprovada em 1965, na Assembléia-Geral da ONU, no Brasil, a Convenção somente passou a ter efeito como instrumento com força legal, a partir de 27 de março de Até a promulgação da Constituição Federal de 1988, pode-se perceber que o Estado Brasileiro se negava em afirmar os direitos sociais tanto da população negra quanto das mulheres. A Constituição de 1988 foi e ainda é considerada por muitos como um instrumento ímpar de democracia no país. Basta ver em seu Art. 30, inciso IV, o estabelecimento de um de seus primordiais objetivos, ou seja, promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Se for considerada a realidade educacional brasileira, este artigo permitiria que o Ministério da Educação MEC cuidasse de elaborar políticas articuladas sob a luz do combate ao racismo e a outras formas de discriminação. Dessa forma, seria possível construir-se um sistema educacional que, de fato, cumprisse o preceito constitucional acima citado. Não obstante, o disposto na Constituição Federal, os sistemas de
5 5 educação não formularam políticas públicas específicas e reparatórias à situação da população negra e das mulheres que, historicamente, viveram fora do direito básico a uma educação de qualidade. É importante salientar que a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB, Lei nº 9394 de 1996, permite uma redefinição de atores e responsabilidades na elaboração de políticas públicas que contemplem a autonomia das escolas, bem como tornem real a flexibilização dos conteúdos curriculares e estimulem a qualificação do magistério. Porém, constatou-se, com o decorrer do tempo, que uma educação com caráter anti-racista e anti-discriminatório só foi possível a partir da alteração na Lei Federal nº , de janeiro de 2003, a qual tornou obrigatória a inclusão, no currículo das escolas de ensino fundamental e médio (públicas e privadas), o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, além de instituir o dia 20 de novembro como data comemorativa do calendário escolar. Para a regulamentação da citada Lei, o Conselho Nacional de Educação CNE elaborou o parecer CNE/CP nº 03, de 10 de março de 2004, o qual instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileiras e Africanas. Contudo, o MEC, em 1996, ao elaborar os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN, não contemplou efetivamente a problemática racial. Nos PCNs em questão, a problemática racial é tratada de maneira superficial e muito distinta da realidade apresentada à época. A partir da leitura do documento, pode-se perceber que a discriminação racial em relação à população negra é tratada como algo que aconteceu apenas no passado, distante da realidade de então.
6 6 Observe-se que o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) prevê que seja garantido que, até 2015, as crianças de todas as regiões do país, independentemente de cor/raça e sexo, concluam o ensino fundamental. Ou seja, elaborar políticas públicas que garantam a educação de todos, independentemente da cor da pele, não é exclusividade do Brasil. É prerrogativa mundial. A partir de 09 de janeiro de 2003, quando foi sancionada a Lei nº , que alterou a LDB de 1996, são evidenciados esforços para o fortalecimento da temática étnico-racial e de gênero no âmbito educacional. Com o avanço no desenvolvimento do Programa Diversidade na Universidade e a construção de uma política educacional anti-racista, da Unesco; a partir da constituição da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade SECAD, em janeiro de 2004; a partir da criação de uma Diretoria de Diversidade e Cidadania bem como de uma Coordenação Geral de Diversidade e Inclusão Educacional é que se pode notar a concretização das políticas públicas de combate ao racismo no âmbito escolar. Nos últimos anos houve o surgimento de iniciativas que promovessem a melhora na inserção dos estudantes negros no âmbito da Educação Superior, porém, no tocante à Educação Fundamental e Média, tais iniciativas têm sido mais limitadas. Cabe destacar o impacto da aprovação da Lei nº /2003, que estabelece a obrigatoriedade da inclusão, no currículo do Ensino Básico, do estudo da História e da Cultura Afro-Brasileira. Além de promover maior conhecimento sobre a cultura africana e das raízes da sociedade brasileira, a Lei pretende também preencher uma lacuna na formação dos estudantes. A Lei tem ainda como objetivo contribuir para eliminar preconceitos e
7 7 a reprodução de valores racistas, e a efetivação de um comportamento que respeite a diversidade. Embora a Lei tenha sido implementada, há falta, no Brasil, de professores especialistas em história e cultura africana. Há poucos cursos de graduação em História que incluem em seus currículos a disciplina de História da África. Essa circunstância fez com que o MEC procurasse desenvolver ações de capacitação dos professores para esse conteúdo. Em parceria com a Universidade de Brasília, foi organizado o curso Educação-Africanidades-Brasil. Oferecido na modalidade de extensão universitária à distância, o curso foi realizado no período de junho a outubro de 2006 com carga horária de 120 horas/aula. O Propósito inicial era capacitar 50 mil professores das escolas públicas. Para THEODORO: Dos 25 mil inscritos, devido a problemas de ordem pedagógica e tecnológica, foram capacitados apenas professores. Diante da baixa efetividade do Educação-Africanidades-Brasil em relação aos objetivos propostos, o MEC realizou, ainda no final de 2006, uma primeira avaliação do programa e evitou abrir novas turmas no ano de Além dos resultados até o momento limitados dos esforços de formação de professores visando a implementação da Lei no /2003,30 outras dificuldades têm sido encontradas. Algumas instituições de ensino, tanto públicas quanto privadas, e secretarias estaduais e municipais de educação ofereceram resistência à incorporação desses estudos, obrigando o Ministério Público, sob demanda de entidades do Movimento Negro, a adotar medidas para exigir o cumprimento da referida Lei. Não há dúvidas de que essas resistências apontam não somente a ausência de uma normatização sobre os critérios e conteúdos necessários à implementação da Lei, assim como a disponibilidade de material didático para uso nos cursos de capacitação e em sala de aula. Contudo, essa é uma experiência importante, cujas lições podem abrir novas perspectivas para o trabalho com os temas do preconceito, racismo em sala de aula, e para a capacitação dos professores para lidarem com situações de discriminação direta ou indireta dentro do espaço escolar. (2008, p )
8 8 O MEC viu-se ainda forçado a estabelecer parcerias de maior representatividade visando ações mais efetivas. Neste caso, a partir de uma parceria com a SESU Secretaria de Educação Superior deu-se origem ao programa UNIAFRO, que contou com o apoio de organizações do movimento negro, sobretudo dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros NEABs. O MEC, a partir da instituição da SECAD, deu andamento a uma política pedagógica da diversidade, que culminou em parcerias estabelecidas com os sistemas de ensino, através de apoio técnico, recursos humanos e financeiros, contribuindo-se assim para a solidificação da Lei nº /03. Lançando mão de uma política que leve em consideração os cinco eixos da política educacional: formação de professores; formação de gestores; elaboração e distribuição de material didático e paradidático; currículo escolar e projeto político-pedagógico, O MEC visa o combate tanto ao racismo institucional, quanto ao individual. A partir de 2006, com o do prazo de execução do Programa Diversidade na Universidade, há uma redefinição de formas de financiamento dos programas e ações. Percebe-se, a partir disso, uma ruptura nas ações em andamento. A interrupção dos trabalhos ocorre em questões fundamentais para a aplicação da Lei nos sistemas de ensino, bem como para a configuração de uma educação anti-racista nas unidades escolares. Como exemplo dessa ruptura, pode-se citar a suspensão de recursos e de materiais didáticos específicos e o rompimento de agendas que previam a realização de reuniões nos estados e municípios. Este corte no repasse de verbas e a ruptura do cumprimento da agenda geraram o enfraquecimento das políticas focadas na implementação da Lei
9 9 e fragilizaram aqueles trabalhos que já estavam em andamento das secretarias estaduais e municipais de Educação. Considerando a persistência e abrangência do racismo na sociedade brasileira, o seu combate deveria se configurar como um eixo estruturador das políticas educacionais. Além dessa série de fatores, o MEC constrói o Plano de Desenvolvimento da Educação PDE, que prevê uma mudança na agenda do Ministério. O documento norteador do Plano apresenta um esvaziamento conceitual da temática racial e dos objetivos a serem alcançados. Todavia, nesse contexto, é sensível a falta de referências sobre as desigualdades na educação, sobretudo as raciais. Não são contemplados os propósitos de uma política de igualdade nem em documentos que norteiam os princípios políticos, os fundamentos teóricos e os métodos educacionais do MEC, como apontado no Plano de Desenvolvimento da Educação PDE de Sendo assim, o PDE se constitui num claro exemplo do esvaziamento da temática racial na agenda do Ministério da Educação. No Plano, é feito referência apenas à necessidade de uma educação própria para as populações de áreas remanescentes de quilombo, deixando de considerar o racismo e as desigualdades raciais como realidade em todas as camadas da sociedade brasileira. Dar atendimento às especificidades das nações quilombolas é necessário e dever do Ministério da Educação, porém não se vislumbra, assim, a eliminação do racismo e da discriminação em todo o país. As políticas públicas têm se constituído, mas não dão conta de eliminar o caráter excludente que ainda têm. Em contraposição à fragilidade das políticas do MEC, pode-se notar que existe avanço referente à combinação da temática racial e de gênero,
10 10 evidenciado no II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres - PNPM (2007) que estabelece como diretrizes: a) Instituição de políticas, programas e ações de enfrentamento do racismo, sexismo e lesbofobia e assegura a incorporação da perspectiva de raça/etnia e orientação sexual nas políticas públicas direcionadas às mulheres; b) Ampliar o conhecimento sobre a dimensão ideológica do racismo, sexismo e lesbofobia; c) Superar as dimensões de desigualdades baseadas no racismo, sexismo e lesbofobia; d) Reduzir os índices do racismo institucional contra mulheres, garantindo o acesso equitativo às diferentes políticas públicas. Essa articulação evidencia um trabalho efetivo a favor da promoção da igualdade racial e de gênero, que considera e valoriza a participação de mulheres negras e brancas como atrizes na elaboração dessas políticas. Nessa luta constante por igualdade e equidade, percebe-se a presença, participação e inflexão de novas atrizes políticas. Cite-se como exemplo a mobilização das Negras Jovens Feministas, e o documento Carta Aberta das Negras Jovens Feministas a qual expressa os anseios das jovens negras que sofrem e gritam por causa para a ausência de políticas do Estado brasileiro, no que se refere a práticas de discriminação racial e de gênero e de outras formas semelhantes de discriminação. Dentre as bandeiras defendidas na Carta, observe-se a preocupação com a educação ainda fortemente presente, em pleno século XXI. Note-se também que, embora existam políticas públicas que contemplem esta demanda, muito ainda há que se fazer: (...) 2. Implementação de Políticas de Ação Afirmativas e Cotas para estudantes negros nas Universidades Públicas e Privadas como
11 11 instrumento de Reparações Históricas a população Negra; (...) 8. Implementação a nível nacional da História da África (Lei 10639/03) e da Lei Maria da penha (Lei nº , de 7 de Agosto de 2006.) garantindo mecanismos de controle social. CONCLUSÃO Com o desenvolvimento do presente trabalho, pôde-se perceber que as cinco fases seqüenciais do processo de produção dessas políticas foram contempladas. A formação da agenda consiste no reconhecimento da discriminação racial como um problema político. A discussão foi trazida à luz do conhecimento, principalmente, pelos movimentos de combate ao racismo. De posse desse reconhecimento e de estudos realizados, foi contemplada a formação de alternativas. Os atores passam a construir uma agenda e a oferecer alternativas/propostas para a solução do problema, de maneira que seja atingido o maior número possível de cidadãos, por essas políticas. A partir das propostas apresentadas, há a tomada de decisão que implica no consenso sobre a política a ser implementada. A implementação consiste em um conjunto de decisões a respeito da operação das rotinas executivas das diversas organizações envolvidas em uma política (RUA, 2009) e normalmente se faz acompanhar de monitoramento a fim de facilitar a consecução dos objetivos pretendidos com a política. Por fim, a avaliação dos resultados obtidos com a implementação da política. A partir da conclusão da avaliação é que se definem os ajustes necessários a fim de que sejam obtidos os resultados esperados. É extremamente necessário que haja uma política consistente e
12 12 efetiva de combate ao racismo, sexismo e afins no âmbito da educação. Acima de tudo, é preciso reconhecer que esses exemplos de segregações existem e estudar, a contento, as práticas discriminatórias no cotidiano escolar e os efeitos nocivos dessas práticas. Tarefa de casa que deve ser passada para as equipes técnicas da Administração Pública, pelas equipes técnicas da Administração Pública. A desconsideração sobre a problemática pode ocorrer tanto em nível individual como institucional. Em ambos os casos, é dificultado o direcionamento dos recursos financeiros e humanos para a realização do trabalho necessário para combater/eliminar a problemática. É ainda imprescindível fortalecer a elaboração, monitoramento e avaliação das políticas públicas com foco nas temáticas étnicoraciais e de gênero, no âmbito da educação. Há todo o desprendimento de grupos organizados a fim de conquistarem políticas públicas que atendam seus anseios, porém, se as Leis não são cumpridas, não há previsão de formas de punição ou de ações de conscientização da importância do cumprimento dessas políticas. Ainda que o Estado ofereça as políticas, nem sempre é possível que elas sejam de fato conduzidas a contento, pois, pôde-se observar através da pesquisa realizada, que há uma série de entraves que dificultam o desempenho efetivo das mesmas. É necessário que haja uma política sistemática contínua e de longo prazo além de que o Estado possibilite que as Leis, por ele estabelecidas, sejam de fato cumpridas. Embora as políticas públicas de cunho anti-racista e anti-sexista, na educação, existam, é fundamental que sejam eficazes e eficientes a fim de que a discriminação, em todas as suas formas, seja erradicada dos espaços escolares em todos os níveis de ensino. A avaliação dos resultados somente poderá ser
13 13 positiva a partir do momento que forem oferecidas condições ideais para que os trabalhos sejam levados adiante e de maneira global, eliminando-se ações apenas pontuais e de momento. A discriminação é uma prática história no Brasil e o combate a ela deve se tornar uma prática comum, cultural e histórica também, em toda a sociedade, a fim de que os resultados positivos sejam efetivamente alcançados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RUA, M. G. Políticas Públicas. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC; Brasília: CAPES: UAB, 2009 Instituto AMMA Psique e Negritude. Identificação e Abordagem do Racismo Institucional. DFID, PNUD, CRI LOURO, Guacira L. Gênero, Sexualidade e Educação: Uma perspectiva pósestruturalista. Editora Vozes, THEDORO, M. (org.) As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil: 120 anos após a abolição. Brasília: Ipea, 2008, 2 ed. ONU. Declaração do Milênio. Cimeira do Milênio, Nova Iorque, 6-8 de setembro de Published by United Nations Information Centre, Lisbon VALE, G. (org.). II Plano Nacional de políticas para as mulheres. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres/Presidência da República, Brasília, 2008 BRAGA, M. L. S. e SILVEIRA, M. H. V. (org.). O Programa Diversidade na Universidade e a Construção de uma Política Educacional Anti-Racista. 1ª ed.
14 14 Brasília, 2007 CAVALHEIRO, E. in: Postado em 26/05/2009. Acesso em Acesso em Relatório sobre o desenvolvimento humano no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA; Brasília, DF: PNUD, htm. Acesso em
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