IV REQUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO URBANO DA CIDADE DE ÁGUA
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- Jessica Lagos Figueira
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1 22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro Joinville - Santa Catarina IV REQUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO URBANO DA CIDADE DE ÁGUA PRETA-PE APÓS AS CHEIAS DE José Mariano de Sá Aragão Professor do Depto. de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco, Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo; Chefe do Departamento de Engenharia Civil da UFPE. Membro do Comitê de Resíduos Sólidos da ABES. mariano@ufpe.br Luiz Gonzaga Arquiteto da FIDEM Ivan H. Soriano da Silva Estudante de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco e bolsista do CNPq Introdução O Programa de Parceria Voluntária Agenda da Reconstrução composta pelo Governo do Estado de Pernambuco, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), meios de comunicação e Prefeituras Municipais - foi criado com o objetivo de elaborar propostas de reconstrução para as cinco cidades mais atingidas pelas enchentes da Região de Desenvolvimento da Mata Sul do Estado de Pernambuco: Água Preta, Barreiros, Belém de Maria, Catende e Palmares, estudando as alternativas para melhor ocupação e requalificação do espaço urbano. O compromisso com a reconstrução das cidades atingidas pelas enchentes nos meses de julho e agosto de 2000, não se limitou apenas a reerguer imóveis danificados pela força das águas. A reconstrução proposta deverá resultar em um novo direcionamento para o desenvolvimento, levando em conta estudos de alternativas para manter a ocupação e
2 requalificar o espaço urbano, de forma integrada com o meio ambiente, especialmente com o Rio Una e seus afluentes. Na construção de uma nova cidade é essencial a (re)descoberta do rio como patrimônio natural e de paisagem e indutor de espaços diferenciados, que permitirão ao novo ordenamento urbano, contar com áreas que privilegiem a convivência social e democrática, articulando com maior qualidade o funcionamento da cidade. Vale ressaltar que a valorização do rio como patrimônio da cidade, inclusive como fonte de subsistência de segmentos da população local, integra, em algumas ocasiões, o discurso da sociedade organizada. Entretanto, a forma como aconteceu a ocupação das cidades contradiz, na prática, o objeto do discurso. As edificações são numerosamente construídas ao longo das margens, invadindo até o próprio leito do rio, constituindo-se numa cortina opaca que faz o rio desaparecer do cenário da cidade. Segregado e com o leito parcialmente reduzido, o rio transforma-se em canal de escoamento de dejetos produzidos pelos assentamentos ribeirinhos e pelas demais áreas adjacentes. Esta forma de ocupação e de tratamento se constitui no principal obstáculo ao novo paradigma de desenvolvimento das cidades, considerando o rio como elemento principal na nova organização urbana. Desse modo, o conceito de reconstrução propõe uma nova cidade, levando em conta o rio não mais como ameaça permanente ao patrimônio e à vida das pessoas, mas sim como elemento integrado ao cenário urbano e indutor de espaços de qualidade que privilegiem as atividades de convivência social e, ao mesmo tempo, seja seu referencial de identidade e de valores urbanos e ambientais. Objetivo O presente trabalho tem como objetivo principal diagnosticar a situação do município de Água Preta após o desastre ocasionado pelas enchentes e propor alternativas para uma melhor ocupação do espaço urbano considerando o rio como um elemento do meio ambiente. Metodologia Etapas do Trabalho Levantamento de Campo Todos os dados necessários para o desenvolvimento do trabalho foram obtidos por estudantes da Universidade Federal de Pernambuco que estiveram no município durante
3 duas semanas acompanhados de docentes da UFPE e de técnicos do governo do Estado de Pernambuco O levantamento de campo considerou as seguintes etapas: Estabelecimento do polígono de trabalho (superfície e população estimada); Tendência de expansão urbana. Pesquisa sobre tipologia habitacional. Elementos marcantes: rios, acidentes geográficos e sítios históricos. Áreas de risco: molhadas (sujeitas a enchentes) ou encostas; Identificação com plotagem em mapa do uso do solo atual e de grandes equipamentos; Identificação das características socioeconômicas: traçar um perfil simplificado; Identificação de áreas a serem remanejadas. Levantamento do sistema viário existente; Mapeamento dos aspectos ambientais relevantes: lixo ou pontos de colocação de lixo, esgoto a céu aberto, problemas de drenagem. Propostas As propostas foram definidas em conjunto com a comunidade e discutidas em oficina que contou com a participação de seus representantes. Resumidamente essas propostas tiveram como diretrizes: Definir como "non aedificandi" as áreas de risco permanente; Definir as áreas de expansão urbana (política, comércio, serviço lazer, etc.); Propor soluções para problemas ambientais; Propor intervenções para valorização da paisagem urbana; Alocar os espaços públicos a serem requalificados (critérios de requalificação); Hierarquizar o sistema viário. Resultados e Discussão Os resultados obtidos são apresentados a seguir. Mapa da Situação Atual - Levantamento em campo das áreas alagáveis periodicamente, das áreas inundadas pelas enchentes de julho e agosto de 2000, dos assentamentos em situação de risco permanente e em situação irregular. Estas áreas estão identificadas e delimitadas em planta da cidade. Nesta mesma planta, encontra-se a estruturação urbana atual, inclusive
4 com algumas atualizações, complementando o mapeamento que serviu de base para o trabalho de campo. Também está indicado o sistema de abastecimento d'água, constituído pelo manancial, ponto de captação, estação de tratamento e distribuição. Um aspecto relevante destacado nesta fase do trabalho foi a identificação de áreas propícias ao desenvolvimento urbano, inclusive com acentuado valor paisagístico, denominadas Barra do D'Ouro ao longo da margem direita do rio (continuação da área urbana atual) e Alegrete, sítio que mantém característica rural (pecuária e cultivo de cana-de-açúcar), localizado à margem esquerda do rio, o que possibilitará a expansão, induzindo ao rebatimento da cidade atual, promovendo a travessia do Una em local de desejo da própria população (nesta área havia uma ponte pênsil que foi levada pela enchente, a travessia se faz atualmente por jangada). A área de requalificação, também se encontra delimitada e corresponde ao território ocupado pelos assentamentos em situação de risco e de implantação irregular. Nesta fase, foram identificadas potencialidades em vários segmentos da cidade. A principal delas é o Rio Una, com extraordinário valor paisagístico pela suas dimensões (margem a margem), desenho, (sinuosidade), potencial turístico e de lazer (ilhotas, corredeira, pequenas praias, etc.). O Centro Histórico, o Mercado, a Feira, as Olarias e o Parque Ecológico, importante área verde à margem do Rio, preservada e mantida pela administração local, são elementos marcantes no potencial encontrado na cidade. Pesquisa de Campo - atividade desenvolvida através da aplicação de questionários abordando temas relativos aos aspectos físicos dos imóveis pesquisados e socioeconômicos da população visitada. Figura 1 Informações sanitárias obtidas no levantamento de campo Proposições - mapa da cidade indicando, entre outros, os vetores de expansão urbana (Barra do D' Ouro e Alegrete), plano de requalificação das áreas alagáveis, com proposta de implantação de parques, jardins, teatro ao ar livre, praça do forró, praça da convenção, quadras esportivas, passeio de pedestres ao longo de toda a área, destacando o rio como elemento central da organização territorial e na sua identidade com a cidade; Documentação Fotográfica - contendo painéis com imagens das áreas de risco, indicadas no mapeamento de situação atual; imagens dos aspectos do saneamento básico - abastecimento d'água, esgoto e lixo; imagens do potencial da cidade - o Rio, a feira, o Centro Histórico, o Parque Ecológico, Barra do D' Ouro, Alegrete, entre outras. Figura 2 Vista Geral das Áreas Críticas
5 Considerações Finais As considerações finais aqui apresentadas apontam para a importância da elaboração de instrumentos que viabilizem a continuidade do processo de planejamento ora iniciado, a exemplo da elaboração da planta diretora, que possibilitará a legislação urbana mínima indispensável à gestão da cidade. De modo semelhante, a resolução das questões relativas à limpeza urbana e tratamento de esgoto são inadiáveis. Por último, espera-se que este trabalho seja o primeiro passo para a definição de uma política urbana dirigida à Mata Sul, associada à política estadual de recursos hídricos e integrada ao plano de desenvolvimento sustentável da região. BIBLIOGRAFIA 1 GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO, Projeto de Reconstrução da Região de Desenvolvimento da Mata Sul Água Preta, Recife, 2000, 37p
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