Antenas compactas baseadas em lentes com feixe orientável para terminais de Terra na banda-ka
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- Rafaela de Miranda Camilo
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1 1 Antenas compactas baseadas em lentes com feixe orientável para terminais de Terra na banda-ka J. Santos Silva, E. Brás Lima, J. Rodrigues da Costa, C. Cardoso Fernandes Instituto de Telecomunicações, ISCTE-IUL / IST-UTL, Av. Rovisco Pais 1, Lisboa, Portugal tel: , fax: , joana.santos.silva@ieee.org Resumo Neste trabalho desenvolve-se uma antena de baixo custo e compacta para comunicações com satélites na banda-ka. A antena destina-se a ser usada em plataformas móveis tais como aviões ou comboios de alta velocidade. O ganho elevado obriga a orientar permanentemente o feixe na direção do satélite. Para a Europa é necessário assegurar uma cobertura angular de 30 a 65 em relação ao Zénite. Para o efeito a antena é composta por uma lente dielétrica que pode inclinar e rodar em frente a uma fonte primária estacionária. A orientação do eixo da lente determina a inclinação do feixe. A fonte primária usada é uma corneta com uma abertura inclinada a 45 em relação ao eixo de forma a facilitar uma maior inclinação do feixe. Esta configuração apresenta uma diferença máxima de ganho entre todas as possíveis direções do feixe de radiação da antena de 3 db. Esta solução é bastante simples e não requer o uso de juntas rotativas em ondas milimétricas que são caras e sujeitas a falhas. Índice de Termos Comunicações via satélite, banda-ka, orientação mecânica do feixe, lente dielétrica colimada. O I. INTRODUÇÃO S sistemas de satélites têm sido utilizados como uma forma fiável e eficaz de complementar as comunicações onde as infraestruturas são limitadas ou inexistentes e também para assegurar comunicações de alto débito com terminais móveis, como por exemplo, aviões, carros e comboios. Desde os anos 90, os satélites da banda-l (1 a 2 GHz) oferecem serviços de comunicações móveis para o grande público com larguras de banda semelhantes ao GSM [1], o que se vem tornando insuficiente para serviços emergentes. Os satélites da banda-ku (12 a 18 GHz) que originalmente foram concebidos para serviços fixos começaram a oferecer, na última década, vários serviços móveis para carros, barcos, comboios e aviões, abrangendo desde o rádio digital e televisão até à internet de banda larga. Na área militar os serviços são fornecidos em UHF (300 MHz a 3 GHz) que oferece uma boa conectividade em terrenos difíceis mas é limitada em termos de largura de banda; e em banda-x (8 a 12 GHz) que parte do espectro é usado para comunicações seguras. Nenhum destes sistemas e serviços é suscetível de oferecer uma largura de banda suficiente para responder às necessidades dos utilizadores na próxima década [2]. Este motivo impulsionou um investimento significativo numa nova geração de satélites, a funcionar junto à banda-ka (20 a 40 GHz). A Inmarsat já anunciou o grande investimento nestes sistemas que, de acordo com a mesma, serão capazes de oferecer velocidades de download acima dos 50 Mbps e velocidades de upload na ordem dos 5 Mbps através de terminais cujo tamanho irá variar entre os 20 e os 60 cm [3]. A nova geração de satélites em banda-ka (Eutelsat s KA- SAT) permite cobrir toda a Europa com 82 células, tendo cada célula cerca de 250 km de diâmetro [4]. A frequência da ligação descendente é de 20 GHz, a frequência da ligação ascendente é de 30 GHz e a polarização é circular. Atualmente já foram projetados e lançados alguns satélites a funcionar em banda-ka, no entanto, nos próximos anos serão lançados novos satélites [2]. Esta nova geração de satélites irá contribuir para uma redução considerável nos custos operacionais. Atualmente, existe uma norma de terminais compactos para comunicações por satélite (terminais VSAT) [5]. O desenvolvimento de terminais móveis VSAT para serviços de banda larga começou com o objetivo de proporcionar melhores serviços a bordo de transportes marítimos, terrestres e de alta velocidade. Um dos mais recentes projetos da Eutelsat denominado Connexion TGV (cujo nome comercial é Box TGV ) visa a implementação de uma rede de acesso à Internet e serviços multimédia a bordo de comboios de alta velocidade. Para este tipo de aplicações é relevante ter em consideração o peso, o volume, a robustez e o impacto aerodinâmico da antena [4]. A antena desenvolvida no âmbito deste artigo destina-se a oferecer uma solução compacta e barata para comunicações de alto débito com satélites da banda-ka a partir de plataformas móveis. O movimento da plataforma terrestre obriga a antena a reorientar permanentemente um feixe bastante diretivo para conseguir manter uma ligação fiável com o satélite. A orientação do feixe pode ser conseguida de forma eletrónica ou mecânica. As antenas com feixe orientável eletronicamente são normalmente baseadas em agregados faseados (phased arrays) [6], [7]. Estas configurações permitem um varrimento muito rápido e normalmente são soluções compactas. No entanto a alimentação destas estruturas tende a ser complexa o que tem impacto no custo do terminal. Além desta desvantagem, estas configurações
2 2 tendem a apresentar perdas elevadas por dissipação nos circuitos de alimentação. As antenas com orientação mecânica do feixe são soluções que tradicionalmente incluem refletores [8], [9] ou lentes [10], que normalmente têm algum movimento de rotação e/ou translação a fim de direcionar o feixe. Estas soluções são bastante simples e têm um melhor comportamento ao nível de perdas por dissipação do que as soluções baseadas em phased arrays, ou seja, apresentam melhor eficiência de radiação. Além disto são soluções de baixo custo, o que se revela uma importante vantagem, especialmente em soluções mecânicas simples e especificas como as apresentadas em [11], [12]. No entanto, estas configurações apresentam também alguns pontos negativos, a saber, requerem uma maior manutenção e a orientação do feixe não é tão rápida quando comparadas com as soluções baseadas em phased arrays e a estrutura tende a ser volumosa. Após uma análise das duas opções, foi adotada uma solução com orientação mecânica do feixe para favorecer o baixo custo sem sacrificar muito o desempenho. Nesta fase do trabalho considera-se apenas a frequência da ligação descendente em 20 GHz. Pretende-se também que a antena funcione em toda a Europa o que significa que é necessário um varrimento em elevação pelo menos entre 30 e 65 em relação ao Zénite e um varrimento em azimute de 360. O presente artigo está organizado em quatro secções. A descrição do conceito é apresentada na Secção II. O desempenho da solução com a lente dielétrica colimada é apresentado na Secção III. Nesta secção são ainda apresentados os resultados dos testes do protótipo realizados em laboratório. As conclusões são apresentadas na Secção IV. II. DESCRIÇÃO DO CONCEITO O presente trabalho deriva do conceito apresentado em [12]. O princípio de funcionamento da estrutura é bastante simples, sendo a antena composta por uma corneta que é a fonte primária e por uma lente dielétrica que colima o feixe de radiação e que é responsável pela sua inclinação. A corneta, fonte primária, é o elemento fixo da estrutura de forma a evitar o uso de juntas rotativas que são componentes cujo custo é elevado e têm um rápido desgaste. Por sua vez, a lente dielétrica é projetada para que os raios saiam paralelos ao seu eixo independentemente da inclinação da lente. Para se obter este efeito é necessário que o ponto focal da lente esteja coincidente com o centro de fase da corneta. Com esta estratégia consegue-se que o ângulo de inclinação do feixe seja praticamente o mesmo que o ângulo de inclinação da lente. No entanto, não é possível a utilização direta da configuração apresentada em [12] porque esta se destina à banda-v (60 GHz) e apenas permite um varrimento angular do feixe entre 0 e 45 medidos em relação ao Zénite. Assim não basta escalar toda a estrutura para a banda-ka visto que para a aplicação deste artigo é necessário um intervalo angular varrimento do feixe entre α = 30 e α = 65 (Fig. 1 ). A solução também não é tão simples como inclinar toda a estrutura cerca de 20 (Fig. 1 ) porque a corneta deve permanecer fixa a fim de evitar o recurso a juntas rotativas e deve estar alinhada segundo o eixo dos ZZ. Fig. 1 Conceito da antena: conceito correto; conceito errado uma vez que para se efetuar o varrimento do feixe em azimute a corneta não ficaria fixa. A solução adotada neste trabalho envolve uma modificação de abertura da corneta para permitir a inclinação do seu diagrama de radiação sem ser necessário inclinar o eixo da corneta. Para o efeito a corneta passa a incluir uma parte móvel sem contacto com a parte fixa, como indicado genericamente na Fig. 1. A parte da lente dielétrica usada na nova configuração de antena apresentada neste artigo é a mesma que foi desenvolvida em [12] (denominada por L2), mas escalada para a frequência de 20 GHz. Trata-se de uma lente com feixe colimado, constituída por duas superfícies de refração que dependem uma da outra. A forma destas duas superfícies de refração oferece dois graus de liberdade para otimização das características de colimação e orientação angular do feixe produzido pela lente. III. SOLUÇÃO COM LENTE DIELÉTRICA COLIMADA A. Configuração de base Como já foi referido anteriormente, nos satélites da banda- Ka a frequência da ligação descendente é de 20 GHz e a frequência da ligação ascendente é de 30 GHz em polarização circular. A grande separação entre estas frequências cria um forte desafio para se conseguir que uma única antena funcione bem nas duas bandas desejadas. Neste artigo apresenta-se uma primeira abordagem para a aplicação em causa, pelo que se restringe o estudo apenas a uma das bandas, a de 20 GHz. Na configuração proposta em [12] não é possível estender o ângulo de varrimento do feixe em elevação até 65 apenas com base na inclinação da lente uma vez que a lente deixaria de ser iluminada eficientemente pela corneta para inclinações superiores a 45 e criar-se-iam as condições para a excitação
3 3 na lente de ondas superficiais que deterioram o seu desempenho. Para comprovar esta conclusão escala-se a solução apresentada em [12] para 20 GHz, multiplicando todas as dimensões quer da fonte primária quer da lente por um fator de 3. A configuração em questão é simulada no CST Microwave Studio TM [13] para diferentes inclinações da lente ao longo do plano =90º: a posição central (0 ), a posição a 50 que foi a última posição apresentada em [12] e para as posições 60 e 70. Na Fig. 2 são apresentados os correspondentes diagramas de radiação para as componentes copolar (polarização circular direita) e cruzada (polarização circular esquerda) em 20 GHz. Fig. 2 Resultados simulados para os diagramas de radiação das componentes copolar e cruzada no plano =90 em 20 GHz para α = 0, 50, 60 e 70. recurso a juntas rotativas e por uma corneta com uma abertura inclinada a 45 (Fig. 3). O guia de ondas e a corneta são dois componentes separados, ou seja, não entram em contacto um com o outro. A corneta é o componente móvel que permite o desejado varrimento de 360 em azimute. A solução do corte da corneta a 45 permite que a abertura radie segundo um certo ângulo β em relação ao eixo do guia. O ângulo de 45 foi o que maximizou a inclinação β em toda a gama de testes realizados, atingindo-se β = 9. A corneta apresentada na Fig. 3, foi reproduzida e simulada no CST para a frequência de 20 GHz. A espessura definida na simulação para o material de ambos os componentes foi 0.75 mm. A distância entre a parede do guia de ondas e da corneta é 0.3 mm. Esta pequena separação contribui para que a quantidade de radiação que volta para trás seja insignificante. O valor do fator de reflexão à entrada do guia de ondas na frequência de 20 GHz ronda os -30 db, conforme se comprova pela Fig. 4. Para apresentar estes resultados a configuração foi simulada para duas polarizações lineares ortogonais, com desfasagem relativa de 90, à semelhança do que tem de ser feito nos testes experimentais uma vez que não se dispõe de polarizadores circulares nesta banda de frequência. Na Fig. 5 são apresentados os diagramas de radiação das componentes de polarização circular direita e esquerda para a frequência de 20 GHz. É possível constatar a inclinação do feixe de 9. Verifica-se que o feixe vai-se deformando significativamente e o ganho vai reduzindo à medida que a lente inclina. Na Tabela I estão resumidos os resultados obtidos com esta configuração, onde α é a inclinação da lente, β é a inclinação do feixe, G é o ganho, G é a diferença para o ganho mais elevado, D é a diretividade e, por fim, XPol é a polarização cruzada no plano =90, ou seja, é a diferença entre o máximo das componentes PCD e PCE. Tabela I Resultados simulados da corneta circular e da lente dielétrica colimada no plano =90 em 20 GHz para α = 0, 50, 60 e 70. Corneta Circular e Lente Dielétrica α [ ] β [ ] G G XPol D [dbi] Fig. 3 Guia de ondas e corneta cónica com abertura a 45 : modelo CST; modelo CST com um corte a 45 segundo o plano YZ. Como se pode ver na Tabela I, para se atingir a abertura angular necessária usando a configuração apresentada em [12] resultam umas perdas de ganho de 6.34 db que são incomportáveis. Assim é necessário modificar a fonte primária para estender o intervalo de inclinação do feixe. B. Corneta de excitação da lente A solução adotada como fonte primária da lente é composta por um guia de ondas que permanece fixo a fim de evitar o Fig. 4 Resultados simulados para o fator de reflexão à entrada do guia de ondas.
4 4 Fig. 5 Diagramas de radiação simulados para a corneta cónica com abertura a 45. Representação das componentes de polarização circular direita e cruzada no plano =90, em 20 GHz. C. Lente dielétrica A lente dielétrica tem como função aumentar a diretividade e o ganho do feixe e ainda controlar a inclinação do feixe. De forma a respeitar o conceito apresentado, o ponto focal da lente tem de ficar coincidente com o centro de fase da corneta. Calculou-se o fator de reflexão na entrada do guia de ondas para a lente na posição central em frente da corneta, usando o CST. Denomina-se posição central aquela em que a lente se encontra alinhada com o ângulo de saída do feixe da corneta, ie, com a lente rodada de 9 em relação ao eixo dos ZZ (Fig. 6). O resultado pode ser visto na Fig. 7. O valor de s 11 obtido para este caso é de cerca de -15 db, portanto superior ao registado para a corneta isolada o que mostra que a base da lente reflete alguma energia de volta para a corneta. Note-se que este efeito é atenuado à medida que se inclina a lente como comprova a Fig. 7. passo de 10. Os resultados correspondentes às componentes copolar e cruzada são apresentados na Fig. 8. Salienta-se que o feixe deforma-se pouco com a inclinação da lente. O valor mais elevado do ganho (21.81 db) corresponde ao caso em que a lente está rodada -10 em relação à sua posição central. À medida que se inclina mais a lente, o valor do ganho diminui. No entanto a perda de ganho associada ao varrimento do feixe é da ordem dos 3 db, valor muito inferior ao encontrado na Secção III.A. Quanto à polarização cruzada, é sempre inferior a db. No entanto, este resultado é um pouco pior do que o obtido com a corneta circular original (Secção III.A). A intensificação do nível de polarização cruzada é devido ao efeito de alguma despolarização introduzida pela corneta com a abertura da 45, vide Fig. 5. Na Tabela II encontram-se resumidos todos estes resultados para a frequência de 20 GHz. Consegue-se pois um máximo de inclinação do feixe de 65, cumprindo o requisito para a utilização da antena na Europa. Fig. 7 Resultados simulados para o fator de reflexão à entrada do guia de ondas para a posição central da lente (0 ) e para a posição extrema (70 ). Fig. 8 Resultados simulados dos diagramas de radiação das componentes copolar e cruzada no plano =90 em 20 GHz para α de -10 a 70. Fig. 6 Modelo CST da antena para a posição central da lente. O diagrama de radiação foi simulado em 20 GHz para várias inclinações da lente no intervalo de =-10 a 70 com
5 5 Tabela II Resultados simulados da corneta e da lente dielétrica no plano =90 em 20 GHz para α de -10 a 70. Corneta com abertura a 45 e Lente Dielétrica α [ ] β [ ] G G XPol D [dbi] D. Medidas experimentais De forma a simplificar o fabrico do protótipo da antena no laboratório, optou-se por tornar solidários os dois componentes da fonte primária, guia de ondas e corneta, numa única estrutura. Assim, o protótipo não terá qualquer parte móvel o que, devido à sua assimetria, não permite fazer um varrimento de 360 em azimute. No entanto, o objetivo principal do fabrico do protótipo é provar que o conceito é viável principalmente em elevação. Por isso não é relevante nesta fase demonstrar o varrimento de 360 em azimute. Dado que os acessórios em guia de ondas existentes no laboratório do IT para medidas na banda-ka têm secção retangular, foi necessário construir uma transição de guia de ondas retangular para circular. Foi necessário projetar e construir também outra peça para suportar a lente, permitindo ao mesmo tempo os seus movimentos de inclinação já referidos. Por sua vez a lente foi fabricada por maquinação, usando uma fresadora CNC (Controlo Numérico Computadorizado) de três eixos. Deixaram-se na base da lente duas pequenas abas para permitir a sua integração com o sistema de fixação da lente e da fonte primária. Antes de toda a estrutura ser fabricada foi reproduzida e testada no CST. Na Fig. 9 estão representados o modelo CST e o modelo físico de toda a estrutura. A corneta e a transição foram fabricadas em latão. Quanto à estrutura de suporte da lente que integra a fonte primária foi fabricada em alumínio. Em relação à lente o material usado foi polietileno cuja permitividade é r = 2.35 em 20 GHz e a tangente de perdas é O material usado para o fabrico da lente nesta aplicação é igual ao material usado no fabrico da lente apresentada em [12]. O processo de medida do fator de reflexão na entrada do guia de ondas pressupõe uma calibração prévia do sistema de medidas, para retirar a influência dos equipamentos (Analisador Vetorial Agilent E8361A), da transição de coaxial para guia de ondas e dos cabos de RF. Não havendo no laboratório do IT um kit de calibração em guia de ondas da banda-ka nem cargas do tipo curto-circuito ou circuito aberto, utilizou-se um procedimento aproximado que se revelou no entanto suficiente: começou-se por medir o fator de reflexão da transição coaxial-guia de ondas quando terminada por uma corneta padrão. Esta corneta pode ser entendida como uma boa carga adaptada praticamente independente da frequência. Posto isto, todas as medidas de s 11 apresentadas neste artigo foi retirada a resposta de frequência medida no passo anterior. Desta forma conseguese isolar razoavelmente o comportamento da corneta em teste. A estrutura foi simulada em polarização linear. Como o objetivo era apresentar os resultados em polarização circular, no fim as duas polarizações lineares foram somadas com desfasagem de 90 para dar a polarização circular. Estes cálculos foram efetuados em Matlab [14]. Assim, a estrutura foi simulada e medida para duas orientações do campo elétrico a que denominámos Plano-E e Plano-H (Fig. 10). Estes dois planos estão relacionados com a direção do plano de corte da corneta e com a rotação da lente. Fig. 10 Protótipo: Plano-E; Plano-H. As medições do protótipo foram realizadas numa câmara anecoica. Na passagem das medidas do Plano-E para o Plano- H para além de ter sido rodada a transição de guia de ondas retangular para guia de ondas circular (Fig. 10), a sonda presente na câmara anecoica foi igualmente rodada de 90. Na Fig. 11 é mostrada uma imagem da configuração de medida de diagramas de radiação dentro da câmara anecoica do IT. Fig. 9 Protótipo: modelo CST; modelo físico.
6 Na Fig. 14 são apresentados os diagramas de radiação simulados e medidos das componentes copolar e cruzada para duas posições da lente, a 0 e a Fig. 11 Sistema de montagem para medições na câmara anecoica de ondas milimétricas do IT, Lisboa. A lente foi simulada e medida em cinco inclinações distintas, a saber, a 0, 15, 30, 45 e 60. Nesta fase, tanto no modelo testado no CST como nas medidas feitas no laboratório, a lente não foi inclinada segundo a inclinação do feixe da corneta de forma a simplificar as medidas. Assim, a lente foi inclinada segundo β e não α, ou seja, em relação ao eixo dos ZZ representado na Fig. 9. Na Fig. 12 é apresentado o gráfico dos valores de s 11 para o Plano-E para todas as posições da lente. Na Fig. 13 é apresentado o mesmo mas para o Plano-H. Para ambos os planos e para todas as posições da lente, a 20 GHz, foi alcançado um s 11 sempre abaixo dos -10 db na banda de interesse (17.7 a 21.2 GHz). Fig. 14 Resultados simulados e medidos dos diagramas de radiação das componentes copolar e cruzada no plano =90 a 20 GHz: lente a 0 ; lente a 60. Da Fig. 14 podemos concluir que os resultados simulados e os medidos são bastante semelhantes. Para todas as posições da lente, as curvas simuladas e medidas são praticamente iguais, exceto na posição da lente a 0, onde se podem ver umas ligeiras diferenças no ganho. No entanto, a diferença é de pouco mais de 1 db, por isso pode-se afirmar que não é significativa. Estas diferenças podem ser explicadas por um pequeno erro de posicionamento da corneta em relação ao foco da lente. Na Fig. 15 estão sobrepostas as curvas medidas do diagrama de radiação das componentes copolar e cruzada para todas as posições da lente já referidas. Os correspondentes parâmetros característicos são apresentados na Tabela III (modelo simulado) e na Tabela IV (modelo experimental). Fig. 12 Medidas de s 11 para todas as posições da lente no Plano-E. Fig. 15 Resultados medidos dos diagramas de radiação das componentes copolar e cruzada no plano =90 a 20 GHz para todas as posições da lente (0, 15, 30, 45 e 60 ) Fig. 13 Medidas de s 11 para todas as posições da lente no Plano-H.
7 7 Tabela III Resultados simulados do protótipo no plano =90 a 20 GHz para todas as posições da lente lente (0, 15, 30, 45 e 60 ) Protótipo simulado a 20GHz α [ ] β [ ] G G XPol Tabela IV Resultados medidos do protótipo no plano =90 a 20 GHz para todas as posições da lente lente (0, 15, 30, 45 e 60 ) Protótipo medido a 20GHz α [ ] β [ ] G G XPol Como se verifica pelas tabelas acima, os resultados simulados e medidos são bastante semelhantes. Em termos de inclinação do feixe, os resultados são mesmo coincidentes, tal como se comprova na Fig. 14. Relativamente ao ganho, os valores medidos são ligeiramente superiores aos simulados, no entanto, a perda de ganho em função da inclinação da lente é inferior nas simulações. Como referido acima, esta diferença (embora marginal) pode dever-se a um pequeno desacerto no alinhamento do centro de fase da corneta. IV. CONCLUSÃO Apresentou-se uma antena simples, compacta e de baixocusto que permite orientar eficazmente o feixe de radiação dentro de um ângulo sólido amplo, cumprindo simultaneamente vários requisitos para terminais móveis de Terra destinados a comunicações baseadas em satélites da banda-ka. A solução apresentada baseou-se no conceito anteriormente introduzido em [12] e foi modificada para permitir a utilização da antena para latitudes entre 0 e 65, estendendo o ângulo de cobertura original. Para o efeito foi necessário repensar a configuração para que não só a lente mas também a fonte primária contribuísse para a inclinação do feixe. O objetivo foi cumprido recorrendo a uma corneta com abertura inclinada a 45 em relação ao eixo. O guia de ondas da fonte primária permanece fixo e a corneta responsável pela pré-inclinação do feixe é que roda solidariamente com a lente, permitindo assim um varrimento do feixe de 360 em azimute. Com esta antena foi possível cobrir uma elevação de 0 a 65 com uma diretividade de a dbi em 20 GHz. O conceito ficou demonstrado embora o protótipo fabricado tenha sido feito como uma peça única, o que impede a rotação de 360 do feixe. Mas como se percebe da configuração, o desafio desta configuração refere-se principalmente ao varrimento do feixe em elevação e esse está comprovado. A rotação de 360, embora essencial para o cumprimento das especificações, não acrescenta nenhum desafio do ponto de vista de radiação. Face aos resultados obtidos para esta estrutura simplificada funcionando numa única banda está-se em condições de avançar para o fabrico da solução de banda dupla que é compatível com a configuração proposta. Este será o trabalho a desenvolver no futuro, para se atingir a solução final com potencial para competir em termos de tamanho, custo e desempenho com as soluções tradicionais. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao António Almeida a colaboração na fabricação da lente por maquinação CNC e nas medições dos protótipos e ao Sr. Farinha a colaboração na fabricação da corneta. REFERÊNCIAS [1] S. D. Ilcev, Global Mobile Satellite Communications For Maritime, Land and Aeronautical Applications, Springer, The Netherlands, [2] R. Pearson, J. Vazquez, M. Shelley, A. Payne, V. Stoiljkovic, and M Steel, Next Generation Mobile SATCOM Terminal Antennas for a Transformed World, 5th European Conference in Antennas, Rome, Italy, April [3] Digital Ship [Online]: [January 2012]. [4] E. Feltrin, J. Freixe and E. Weller, Mobility in Ku and Ka bands: the Eutelsat s point of view, 5th European Conference in Antennas, Rome, Italy, April 2011 [5] Recommendation ITU-R S.465-5, Reference Earth-station Radiation Pattern for Use in Coordiation and Interference Assessment in The Frequency Range from 2 to About 30 GHz. [6] R. Gatti, L. Marcaccioli, E. Sbarra, R. 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