TÓPICOS DE RESPONSABILIDADE CIVIL Autoria: Clara Angélica G. Dias

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1 TÓPICOS DE RESPONSABILIDADE CIVIL Autoria: Clara Angélica G. Dias NOÇÕES BASILARES O homem é um animal político. Político no sentido de que não pode viver fora da polis, da sociedade. Dessa forma, há uma propensão inata do homem para a vida em sociedade, como meio de satisfazer as necessidades, calcado no instinto de sobrevivência. De logo a racionalidade humana comprovou a imprescindível necessidade para que o homem pudesse viver em sociedade, de criar regras que viessem a normatizar o seu relacionamento social. Os romanos já afirmavam que ubi homminis, ib societas, ubi societas, ib jus, ou seja, onde está o homem, está à sociedade, onde está à sociedade está o direito. Assim sendo, indubitável a existência de normas de conduta social que determinam o comportamento do homem no seu conviver social. Diante dessas ponderações, toda vez que uma norma de conduta social for descumprida, gerará uma punição, uma sanção, a qual corresponde a gravames e ônus, obrigações e penas, provenientes da violação da norma. Para que haja uma convivência viável no seio da sociedade, mister a obediência da norma jurídica, disciplinadora das condutas. E nesse diapasão, no campo civilista, entre as fontes geradoras de obrigação, além do contrato e do ato unilateral de vontade, está o ato ilícito, gerando para seu autor a obrigação de reparar o dano causado inferindo-se a responsabilidade. Então, como regra geral, aquele que, por ato ilícito, causa dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. A noção de responsabilidade civil nos tempos modernos assume uma imperiosa difusão na sua aplicabilidade nas mais variadas situações do cotidiano que possam acarretar dano a outrem, gerador de um desequilíbrio em sua esfera moral ou patrimonial, requerendo meios plausíveis para remediar a lesão sofrida. A importância crescente desse instituto nos remete à restauração do status quo ante, ou seja, na busca do equilíbrio moral e patrimonial abalados pela conduta, sendo dessa forma, a mola propulsora da justiça social em garantir o direito do lesado à segurança, funcionando como uma sanção civil que busca compensar o dano sofrido pela vítima. CONCEITO Diante dessas ponderações preliminares, haja vista que, se um sujeito causa dano a outrem, nada mais justo o surgimento da obrigação daquele de repor os prejuízos advindos de sua ação ou omissão. Conforme Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho: A palavra responsabilidade tem sua origem no verbo latino respondere, significando a obrigação que alguém tem de assumir com as conseqüências jurídicas de sua atividade, contendo, ainda, a raiz latina de spondeo, fórmula através da qual se vinculava no direito romano, o devedor nos contratos verbais. (GAGLIANO, PAMPLONA, 2006, p.1-2). Diante da etimologia da palavra, Maria Helena Diniz conceitua o instituto: A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal. (DINIZ,2003,p. 36).

2 Dessa forma, será cabível o ressarcimento, mediante indenização por parte daquele que deu causa, ou por parte de terceiro, ligado ao ofensor. Nesse sentido, aquele que pratica uma conduta ilícita, reprovável responderá pelas conseqüências produzidas, surgindo o dever de compensar à vítima do dano, na tentativa de retornar ao status quo ante. O instituto da responsabilidade civil é abarcado no campo do direito obrigacional, já que é de sua essência o dever de reparar o dano causado, onde a vítima, credora, poderá demandar o autor do ato ilícito ou de terceiro por quem é responsável, uma determinada prestação consistente no ressarcimento do prejuízo sucedido através de seu patrimônio. Assim sendo, nota-se que a idéia de responsabilidade liga-se estritamente a noção de responder pela ação ou omissão danosa ensejadora da devida compensação patrimonial. ESCORÇO HISTÓRICO Historicamente, a responsabilidade civil atravessou por uma evolução sistemática no campo de seus pressupostos, dinâmica e abrangência. A noção da responsabilidade decorrente do dano verifica-se desde os primórdios civilizacionais onde predominava a vingança privada como meio de reparação do dano sofrido, valendo-se, dessa forma, de uma reação primitiva para a satisfação do mal advindo. Não havia, nesse momento, nenhuma diferença entre a responsabilidade civil e a responsabilidade penal, vislumbrando-se a reparação do mal pelo mal, fazendo justiça pelas próprias mãos, posto que, nesse período não existia um Estado maior, que interviesse nas relações particulares, prevalecendo à lei do mais forte. Seguindo-se a esse período, tem-se a Tábua de Nippur vigente em 2050 a.c., sendo considerado o primeiro marco legal que constava indícios relativos a indenização aos danos auferidos. Em 1750 a.c., a história viu resplandecer o Código de Hamurabi, imposto pelo célere imperador babilônico, que concedia o direito ao ofendido ou aos seus parentes de opor-se contra os atos danosos ou criminosos, valendo-se da fórmula olho por olho dente por dente, atingindo o patrimônio e até mesmo a própria vida ou a de terceiros. Superada essa fase da vingança privada, sobreveio a composição voluntária, mediante a edição da Lei das XII Tábuas, na qual se facultava ao ofendido a aplicação da pena (retaliação do agente) ou transigir com o ofensor, percebendo uma certa quantia (poena) como meio de ressarcimento do dano. A Lei das XII Tábuas foi uma conquista da luta dos plebeus romanos que reclamavam uma lei que se estendesse a todos, não ficando ao alvedrio dos costumes patrícios, que normatizasse a vida em sociedade, sendo sua importância incontestável, posto que, possuía um conteúdo diversificado, versando sobre direito sagrado, direito público e direito privado. Nesse período, a responsabilidade era objetiva não se cogitava a culpa, interessava apenas a comprovação do dano sofrido. Posteriormente, a composição voluntária passa a ser obrigatória sendo que, é mais viável o pagamento pecuniário, havendo, nesse ínterim, o recebimento pelo Estado ou pela vítima, conforme tratasse de delitos públicos (atingindo direitos relativos à res publica) ou privados (atingindo direitos particulares) respectivamente, sendo que nestes o poder

3 público intervinha apenas para fixar a composição, enquanto naqueles, o ofensor recolhia a favor dos cofres públicos. Durante essa fase, há uma tarifação dos danos, mediante um preço para cada tipo de lesão. Na Idade Média, evolui-se a noção romana de responsabilidade, concatenando o dolo e a culpa como pressuposto da indenização. Dessa forma, com a adoção da solução do mal sofrido pela reparação pecuniária, abstraindo a vingança privada, adveio a Lex Aquilia de Damno, século III a.c., acentuando essa noção e pela primeira vez contempla a idéia de culpa como fundamento da responsabilidade civil, retirando do agente o dever de reparar o dano, caso agisse sem culpa. Conforme Maria Helena Diniz: (...) A Lex Aquilia de Damno estabeleceu as bases da responsabilidade extracontratual, criando uma forma pecuniária de indenização do prejuízo, com base no estabelecimento de seu valor. Esta lei introduziu o damnum iniuria datum, ou melhor, prejuízo causado a bem alheio, empobrecendo o lesado, sem enriquecer o lesante. Todavia, mas tarde, as sanções dessa lei foram aplicadas aos danos causados por omissão ou verificados sem o estrago físico e material da coisa (...) (DINIZ, 2003, p. 10). Com base nessa lei, para que haja a indenização é salutar, a existência da conduta, nexo causal, dano e a culpa, consagrando-se a responsabilidade subjetiva. Segundo Silvio de Salvo Venosa: (...) A Lei Aquilia foi um plebiscito aprovado provavelmente em fins do século III ou inicio do século II a.c., que possibilitou atribuir ao titular de bens o direito de obter o pagamento de uma penalidade em dinheiro de quem tivesse destruído ou deteriorado seus bens. Como os escravos eram considerados coisas, a lei também se aplicava na hipótese de danos ou morte deles. Punia-se por uma conduta que viesse a ocasionar danos. A idéia de culpa é centralizadora nesse instituto de reparação. Em principio, a culpa é punível, traduzida pela imprudência, negligência ou imperícia, ou pelo dolo. Mais modernamente a noção de culpa sofre profunda transformação e ampliação. (VENOSA, 2004, p.22-23). Dando um salto na evolução histórica, com o advento da Revolução Francesa, século XVIII, Napoleão Bonaparte assume o Consulado, momento marcado pela incerteza jurídica, posto que vigia diversas soluções ou normas para a mesma situação em caso concreto. Diante disso, sobreveio o Código Francês de 1804, o chamado Código de Napoleão, proporcionando a unificação almejada do direito francês, visando à segurança jurídica. Dessa forma, o Código Civil Francês de 1804, com base nos ensinamentos romanos, no campo da responsabilidade civil, foi responsável pela inserção da noção de culpa no direito moderno, alastrando-se para as legislações de todo o mundo, inclusive para a nossa legislação. A partir daí foram difundidos certos preceitos, como o direito a reparação sempre que houver culpa, ainda que leve, bem como a culpa contratual. Aferindo-se essa influência do direito francês no nosso Código Civil de 1916 em seu artigo 159 preceitua: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano. Esse artigo foi substituído pelo artigo 186 do novo Código Civil de 2002 trata-se da base da responsabilidade extracontratual ou aquiliana, ou seja, introduziu-se no direito brasileiro a base da responsabilidade civil subjetiva ou clássica.

4 Conforme preceitua Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho: Todavia, tal teoria clássica da culpa não conseguia satisfazer todas as necessidades da vida em comum, na imensa gama de casos concretos em que os danos se perpetuavam sem reparação pela impossibilidade de comprovação do elemento anímico. (GAGLIANO, PAMPLONA, 2006, p.12). Assim sendo, nos últimos tempos, vem se adotando a teoria do risco, além da teoria da culpa, ou melhor, em certos casos previstos o dever de indenizar não prescindirá da culpa por parte do agente, retornando, dessa forma, a idéia da responsabilidade objetiva. Subsistindo tanto a responsabilidade subjetiva, como a responsabilidade objetiva paralelamente no ordenamento jurídico brasileiro, em virtude da insuficiência da teoria da culpa em atender todos os casos geradores de dano. Em decorrência do exercício de certas atividades é que se funda a teoria do risco, ou seja, quando o agente aufere proveito dessa atividade deverá arcar com os danos dela advindos, independentemente da culpa, garantindo, dessa forma, todo o risco. Desse modo, alude Carlos Roberto Gonçalves: Na teoria do risco se subsume a idéia do exercício de atividade perigosa como fundamento da responsabilidade civil. O exercício de atividade que possa oferecer algum perigo representa um risco, que o agente assume, de ser obrigado a ressarcir os danos que venham resultar a terceiros dessa atividade. (GONÇALVES, 2003, p. 7). Nesse caso, o agente somente se eximirá da responsabilidade, caso demonstre que, apesar de todas as cautelas tomadas, o dano ocorreria. O Código Civil de 2002 consagra a responsabilidade objetiva em vários dispositivos como, por exemplo, o artigo 927, parágrafo único: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano à outrem, fica obrigado a repara-lo. Parágrafo único: Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. RESPONSABILIDADE CIVIL: DISTINÇÕES RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL A responsabilidade, conforme aludido, vincula-se a idéia que se imputa a alguém em reparar ou compensar o mal cometido. Assim sendo, o instituto em apreço não é exclusivo do direito civil, estendendo-se a outros ramos do direito, dentre eles o penal. A responsabilidade penal decorre da ação ou omissão humana que se subsume a fato descrito como crime ou contravenção pelo legislador, a qual impõe ao agente uma sanção, que conforme a natureza do bem jurídico violado, pode ser privativa de liberdade, restritiva de direitos ou pecuniária. Trata-se, portanto, de infringência à norma de direito público, maculando-se o interesse da sociedade, ocasionando, dessa forma, uma reação desta, no sentido de obter a devida compensação.

5 Já a responsabilidade civil tem por escopo estabelecer a obrigação de ressarcir à vítima do dano decorrente do ato ilícito (dever legal ou contratual), a fim de restabelecer o status quo ante e não a imposição de uma pena. Tratando-se, dessa forma, de transgressão ao interesse privado ou metaindividuais. Vale ressaltar, ainda, que diante de um mesmo ato, pode o autor ser compelido a responder tanto no campo civil, como no penal, ou a somente uma ou outra, tendo por conseqüência, no primeiro caso, aplicação da pena, como também a indenização pelo dano sofrido, respondendo perante a sociedade, bem como perante a vitima, não ocasionando o bis in idem, posto que dizem respeito às esferas jurídicas distintas e independentes entre si, apesar da ilicitude jurídica ser uma só. Nesse sentido alude Caio Mário da Silva Pereira: Nesta análise cabe toda espécie de ilícito, seja civil, seja criminal. Não se aponta, em verdade, uma diferença ontológica entre uma e outra. Há em ambos o mesmo fundamento ético: a infração de um dever preexistente e a imputação do resultado à consciência do agente. Assinala-se, porém, uma diversificação que se reflete no tratamento deste, quer em função da natureza do bem jurídico ofendido, quer em razão dos efeitos do ato. Para o direito penal, o delito é um fator de desequilíbrio social, que justifica a repressão como meio de restabelecimento; para o direito civil o ilícito é um atentado contra o interesse privado de outrem, e a reparação do dano sofrido é a forma indireta de restauração do equilíbrio rompido. (PEREIRA, 1992, p ). Além disso, é oportuno denotar, que a responsabilidade penal incide apenas na pessoa do infrator, ou seja, não ultrapassa a pessoa do autor, enquanto na responsabilidade civil, o agente poderá responder por danos cometidos por outrem, em virtude de imposição legal ou convencional. E ainda, para que se possa inferir a alguém a responsabilidade penal, mister a observância da imperiosa adequação típica ao caso concreto, ao passo que na responsabilidade civil basta qualquer ação ou omissão danosa que ocasione o dever de indenizar. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL É salutar a diferenciação entre a responsabilidade contratual e extracontratual, apesar de que os pressupostos para ambos serem idênticos, quais sejam: conduta (ato ilícito), nexo de causalidade e dano. No entanto, na responsabilidade contratual, o dever de reparar o dano decorre do descumprimento de uma obrigação contratualmente estipulada, devendo, dessa forma, arcar com perdas e danos. Em se tratando de responsabilidade extracontratual ou aquiliana, o dever de reparar o dano decorre, não do descumprimento de um contrato, mas da prática de um ato ilícito extracontratual, ou seja, de um comportamento desabonador que cause dano e viole dever geral de conduta. Conforme preceitua Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho: Três elementos diferenciadores podem ser destacados, a saber, a necessária preexistência de uma relação jurídica entre o lesionado e o lesionante; o ônus da prova quanto à culpa; e a diferença quanto à capacidade. (GAGLIANO, PAMPLONA, 2006, p.18).

6 Assim sendo, nota-se que a responsabilidade contratual provém de um acordo de vontades, com claúsulas pré-estabelecidas, cuja inobservância gera a obrigação de suportar os prejuízos advindos pela outra parte contratante, enquanto que, a responsabilidade aquiliana emana da lei (art. 186 C.C) Importante consideração diz respeito à prova. Nesse diapasão na responsabilidade contratual, o credor deve provar o inadimplemento do devedor, e este na tentativa de eximir-se da obrigação deve demonstrar a ocorrência de alguma excludente de responsabilidade, ao passo que, na responsabilidade aquiliana, recai na vítima o ônus de demonstrar a ocorrência do dano, nexo de causalidade e a conduta culposa do agente. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL A teoria geral da responsabilidade civil pressupõe o princípio de que a ninguém é dado causar prejuízo a outrem (neminem laedere), consequentemente a afirmação que impõe o dever de reparar aquele que der causa ao dano. Na sistemática do Código Civil de 2002 está previsto no artigo 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Partindo-se de uma análise mais acurada desse dispositivo, vislumbra-se a existência de alguns pressupostos essenciais na dinâmica da responsabilidade civil, quais sejam: 1- conduta humana; 2- relação de causalidade; 3- dano experimentado pela vitima. Considerando a imperiosa necessidade de se estabelecer os pressupostos ou elementos comuns a generalidade dos casos que abarcam a responsabilidade civil, a culpa, nesse diapasão, apesar de estar presente nesse dispositivo (negligência ou imprudência), não reputa-se como elemento indispensável à efetivação da indenização na dinâmica atual da responsabilidade civil. Sendo, portanto, elemento apenas no que tange a responsabilidade subjetiva, importando à infringência de uma norma legal, à violação de um dever de conduta, por dolo ou culpa, acarretando prejuízo a outrem. Antes de adentrarmos no primeiro elemento constitutivo da responsabilidade civil, relevante a ponderação do que seria o fato jurídico para melhor localização do que viria a ser a conduta humana dentro do ordenamento jurídico. Dessa forma, fatos jurídicos são acontecimentos que produzem efeitos jurídicos, porém nem todos os fatos são relevantes para o direito, não necessitando, consequentemente, de um juízo de valoração ou proteção jurídica. Para que seja considerado fato jurídico (mero evento ou conduta) basta a simples intervenção na vida humana, de modo a provocar efeitos relevantes digno de proteção do ordenamento jurídico. Os fatos jurídicos em sentido amplo podem ser classificados em: fatos naturais ou fatos stricto sensu e fatos humanos ou ato jurídicos lato sensu.

7 No primeiro caso são decorrentes da manifestação da natureza, enquanto os últimos decorrem da atividade humana. Os fatos naturais ou fatos stricto sensu comportam a seguinte classificação: ordinários são aqueles que acontecem rotineiramente, tendo, por exemplo, nascimento, morte e decurso de tempo; extraordinários são aqueles não rotineiros, não periódicos, em geral, são o caso fortuito e força maior, tendo, por exemplo, raio, enchente e terremoto. Em regra estes fatos não geram a obrigação de indenizar, porque independem da vontade humana, ressalvados os casos de responsabilidade objetiva. Os fatos humanos ou ato jurídico em sentido amplo são ações humanas que possibilitam a criação, modificação ou extinção de direitos, sendo divididos em: lícitos e ilícitos. Lícitos são atos humanos exercidos conforme o previsto no ordenamento jurídico, em via oposta os ilícitos são os exercidos em desconformidade com o previsto no direito, gerando efeitos que levam a reparação mediante indenização, assim sendo, são não jurídicos em sua gênese, mas em suas conseqüências ou efeitos. Por sua vez, os atos lícitos dividem-se em ato jurídico em sentido estrito ou meramente licito; negócio jurídico e ato-fato jurídico. No ato jurídico em sentido estrito ou meramente licito são aqueles preestabelecidos e autorizados pela lei, não havendo que se falar em vontade qualificada, mas apenas a mera intenção, como exemplos caracterizadores terão reconhecimento de filho, tradição, ocupação entre outros. Negócio jurídico é ação humana qualificada, no sentido de atingir um determinado fim autorizado pela lei. E o ato-fato jurídico é aquele em que começa meramente licito transformam-se em negócio jurídico, ou seja, o ato não é buscado pelo agente, mas ocasiona uma situação que se mostra de acordo com a lei, como por exemplo, uma pessoa que acha, eventualmente, um tesouro. Para facilitar o entendimento o ato jurídico é ato de vontade vinculado à ocorrência de efeitos de direito, enquanto o ato ilícito também é ato de vontade, mas a produção dos efeitos jurídicos prescinde da vontade do agente, consistindo na violação à lei. Destarte, do cometimento do ato ilícito, a priori, denota-se a responsabilidade do agente (civil ou penal), reconhecido como uma das fontes de obrigação, especificamente a de reparar o dano. E o ato ilícito pode decorrer tanto de uma relação contratual como de uma relação extracontratual. Diante dessas ponderações passa-se a analisar cada um dos pressupostos separadamente. Conduta humana O primeiro pressuposto é a conduta humana, ou seja, somente a pessoa física ou jurídica representada por seus membros é apta a responder por prejuízos ocorridos. Assim sendo, a conduta humana consiste na ação ou omissão voluntária, comportamento positivo ou negativo, licito ou ilícito, do agente ou terceiro, e ainda o fato de coisas ou semoventes que provoquem dano a outrem, surgindo a obrigação de reparar o prejuízo ocasionado. Trata-se de um fato gerador da responsabilidade, consistente na conduta daquele que viola dever contratual, legal ou social. Quando alguém comete um ato ilícito, a responsabilidade deve ser aferida com base na culpa, ao passo que, a conduta sem culpa recai no risco inerente.

8 A comissão é o comportamento positivo que não deveria ter acontecido e a omissão é o comportamento negativo em que o agente furta-se de realizar um ato ou o nãocumprimento de um dever de agir, decorrente da lei, de convenção ou da própria criação de uma situação de perigo. A conduta perpetrada pelo agente deve ser voluntária, derivado da vontade própria, e se a vontade constitui elemento da conduta é evidente que esta não ocorre quando o ato é involuntário. Assim sendo, o ato voluntário deve ser espontâneo, isto é, proceder de uma tendência própria. Portanto, vislumbra-se que a ausência da voluntariedade, impossibilita a ação humana, consequentemente a responsabilidade civil. Conforme preceitua Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Júnior: Em outras palavras, a voluntariedade, que é pedra de toque da noção da conduta humana ou ação voluntária, primeiro elemento da responsabilidade civil, não traduz necessariamente a intenção de causar dano, mas sim, e tão-somente, a consciência daquilo que está fazendo. E tal ocorre não apenas quando estamos diante de uma situação de responsabilidade subjetiva (calcada na noção de culpa), mas também de responsabilidade objetiva (calcada na idéia de risco), porque em ambas as hipóteses o agente causador do dano deve agir voluntariamente, ou seja, de acordo com a sua livre capacidade de autodeterminação. Nessa consciência, entenda-se o conhecimento dos atos materiais que se está praticando, não se exigindo, necessariamente, a consciência subjetiva da ilicitude do ato. (GAGLIANO, PAMPLONA, 2006, p. 28). Tratando desse primeiro pressuposto, contemplam-se três situações distintas: a) Responsabilidade civil do agente por ato próprio. Nesse caso evidenciase a obrigação de reparar o dano por aquele que praticou diretamente a conduta (comissiva ou omissiva) em desacordo com o ordenamento jurídico. Esta adotada como regra, deriva-se de qualquer comportamento positivo ou negativo que viole direito e cause prejuízo a alguém, acarretando para o seu autor o dever de compensar o prejuízo sofrido, através de seu patrimônio. b) Responsabilidade civil por fato de terceiro. Trata-se da possibilidade de se impor o dever de indenizar a pessoa diversa daquela que praticou a conduta ensejadora do dano. Havendo, nesse caso, uma sujeição direta entre aquele que responde pelo dano e o causador deste, decorrendo, a principio, do dever de vigiar e escolher, que não sendo respeitados, gera a culpa in vigilando e a culpa in eligendo. Porém, existirão casos em que, a responsabilidade se faz presente, independentemente de dolo ou culpa do responsável por ato de terceiro (artigo 933 do Código Civil). Essa responsabilidade fundamenta-se pela necessidade de se obter maior segurança e proteção a vitima do dano. c) Responsabilidade civil pela guarda da coisa ou do animal. Corresponde à responsabilidade daqueles que mantêm a guarda de coisas ou animais por prejuízos ocasionados a terceiros. Remetendo-se a denominada culpa in custodiando. Respondendo, dessa forma, pela violação do dever de guarda da coisa ou animal, o dono ou o possuidor por eventuais danos. Dano Não há responsabilidade sem prejuízo ou dano, imprescindível a sua ocorrência para a efetivação do dever de indenizar.

9 Dessa forma, constata-se que nem sempre a violação a uma norma enseja dano, não havendo que se falar em responsabilidade. O dano é um dos pressupostos da responsabilidade civil, seja ela contratual ou extracontratual, objetiva ou subjetiva. Conforme alude Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho: Nestes termos, poderíamos conceituar o dano ou prejuízo como sendo a lesão a um interesse jurídico tutelado patrimonial ou não- causado por ação ou omissão do sujeito infrator. (GAGLIANO, PAMPLONA, 2006, p.36). Acentuando nesse conceito, a imputação do dever de ressarcir a lesão de cunho patrimonial, bem como extrapatrimoniais ou personalíssimos. Dessa forma, o dano retrata o prejuízo decorrente de uma lesão a um direito, não somente à violação do patrimônio economicamente aferível, mas também à transgressão a direitos intrínsecos do homem, sem a imediata qualificação pecuniária, afetando tanto interesses individuais, como também à coletividade. A obrigação de indenizar ou ressarcir o prejuízo como resposta ao dano experimentado reflete a idéia que todos os danos devem ser compensáveis, a fim de que se restaure o status quo ante, retornando ao estado em que se apresentava antes da ocorrência do dano. Nesse diapasão, em virtude da impossibilidade em muitos casos de aferir tal circunstância, busca-se uma compensação sob a forma do pagamento pecuniário, ou seja, de uma indenização. Para tanto primordial a concomitância dos requisitos que conferem a condição de reparabilidade ao dano. Conforme preceitua Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho: Por isso, seguindo um critério cientifico mais rígido, preferimos elencar apenas esses três atributos inerentes ao dano reparável, que consideramos fundamentais para a sua caracterização. a) violação de um interesse jurídico patrimonial ou moral; b) efetividade ou certeza; c) subsistência. (GAGLIANO, PAMPLONA, 2006, p. 40). O primeiro requisito trata-se da transgressão a um bem jurídico protegido pelo direito, quer seja patrimonial ou moral. O segundo requisito avilta-se a idéia que não há indenização se o dano não for certo fundado sobre um fato exato, certo em sua existência e não sobre mera hipótese. Valendo ressaltar que, um dano futuro, em regra, não é indenizável, porém essa regra poderá ser mitigada, caso o futuro seja decorrente de dano presente e seja passível a aferição pelo judiciário acerca da repercussão danosa futura. Conforme alude Carlos Roberto Gonçalves: O requisito de certeza do dano afasta a possibilidade de reparação do dano meramente hipotético ou eventual, que poderá não se concretizar. Tanto é assim que na apuração dos lucros cessantes, não basta a simples possibilidade de realização do lucro, embora não seja indispensável a absoluta certeza de que este se teria verificado sem a interferência do evento danoso. O que deve existir é uma probabilidade objetiva que resulte do curso normal das coisas, como se infere do advérbio razoavelmente colocado no art. 402 do Código Civil ( o que razoavelmente deixou de lucrar ). Tal advérbio não significa que se pagará aquilo que for razoável (idéia quantitativa) e sim que se pagará se puder, razoavelmente, admitir que houve lucro cessante (idéia que se prende à existência mesma do prejuízo). (GONÇALVES, 2003, p ).

10 Há o entendimento unânime da doutrina e jurisprudência que será incabível à indenização de dano meramente eventual ou hipotético. E por fim, o ultimo requisito, trata-se da subsistência do dano, no sentido de que se o prejuízo já foi ressarcido espontaneamente, perde-se o objeto jurídico da responsabilidade civil. OBS: As referências feitas no corpo do texto estão vinculadas aos volumes das obras que tratam de Responsabilidade Civil.

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