CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPUTADA FEDERAL ALICE PORTUGAL - PCdoB/BA
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- Laura Fidalgo Cipriano
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1 Pronunciamento da deputada Alice Portugal (PcdoB/BA) na sessão da Câmara dos Deputados do dia 14 de dezembro de 2005, em protesto contra a transferência da Superintendência Regional do INSS/Nordeste de Salvador para Recife e em defesa da criação da Auditoria Regional do INSS de Salvador. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados. O Ministério da Previdência Social acaba de tomar uma decisão que está provocando uma verdadeira revolta na Bahia tamanhas são suas consequências para os segurados. Trata-se da extinção da Superintendência Regional do INSS da Bahia e a transferência de suas atribuições para a Gerência Regional Nordeste do INSS do Recife, justificada como uma mudança meramente administrativa. A extinção da superintendência executiva do INSS na Bahia foi decretada sem obedecer critérios técnicos e sem levar em conta a demanda do mais populoso estado do Nordeste, que abriga sete das vinte unidades do INSS do Nordeste, sem considerar que no Nordeste é a Bahia que concentra o maior número de servidores do INSS. Com a mudança imposta pelo decreto presidencial 5.513, a Bahia passará a se reportar à recém-criada gerência regional do órgão em Recife em questões que não possam mais ser resolvidas na gerência executiva da capital, como, por exemplo, compra de materiais. Além da superintendência
2 baiana, foram extintas as outras oito no país e criadas cinco gerências regionais. Embora o INSS assegure que a mudança não influencia diretamente no atendimento e que os objetivos da reestruturação são otimizar o funcionamento, a logística de administração e economizar com compra de material, a prática está demonstrando que a alteração é danosa para os segurados, uma vez que a gerência executiva de Salvador passa a coordenar as demandas administrativas das outras seis gerências executivas do Estado. A Bahia ocupa o primeiro lugar no pagamento de benefícios do INSS na Região Nordeste e somente a capital baiana concentra 23,9% dos benefícios pagos na Bahia, sendo a maior gerência executiva do Nordeste. Não há, portanto, qualquer justificativa lógica para a extinção da superintendência executiva do INSS na Bahia, muito menos para a transferência de suas atribuições para o Recife. O INSS argumenta que o principal critério adotado é o geográfico e que o Pernambuco, por ser o estado mais central do Nordeste, tornou-se a opção mais viável. Porém, a perda da superintendência executiva para o estado de Pernambuco significa ainda perda política de capacidade decisória para a Bahia, o que fere o pacto federativo. Como justificar que um estado que concentra o maior número de segurados do Nordeste e que abriga sete gerências executivas da instituição tenha que se reportar a uma gerência regional sediada em outro estado onde o número de segurados é menor, onde a quantidade de servidores é inferior? Como pode gerar economia ou agilidade de atendimento uma mudança que fará com que o
3 INSS da Bahia tenha que recorrer à Gerência Regional do Recife para decidir questões mínimas a um custo altíssimo? Como justificar esse engessamento geral, os altos custos do transporte de malotes entre a Bahia e a Gerência Regional do Recife, os riscos de extravio, entre outras dificuldades criadas? As mudanças foram feitas pelo INSS à revelia dos servidores da instituição e dos representantes da sociedade. Os trabalhadores da previdência, organizados no Sindicato dos Trabalhadores da Previdência (Sindprev) e na Federação Nacional dos Trabalhadores da Previdência (Fenasp) não foram consultados e os Conselhos da Previdência, que são formados por representantes do governo e da sociedade civil, sequer discutiram a reestruturação. Outra mudança imposta pelo Decreto foi a redução do número de Auditorias Regionais de 06 (seis) para 05 (cinco), extinguindo a Auditoria Regional Salvador e vinculando a Bahia e Sergipe à Auditoria Regional Recife, o que aumenta ainda mais a carga de serviços dos dirigentes daquela Regional. Ainda pelo citado Decreto, os Estados de Maranhão e Piauí foram retirados da jurisdição da Auditoria Regional Recife e vinculados à Auditoria Regional Brasília, então já responsável por numerosa quantidade de Estados (Acre, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins). Ressalte-se que a Auditoria do INSS é um órgão seccional, que tem por área de atuação todas as unidades e atividades da Autarquia, visando subsidiar o processo decisório dos Gestores
4 Antes do Decreto 5.513/2005, a Auditoria Regional Salvador jurisdicionava os Estados da Bahia, Minas Gerais e Sergipe e a equipe de auditores da Regional Salvador sempre se destacou na implantação do modelo de auditoria pró-ativa e de apoio à gestão proposta pela Auditoria Geral, estabelecendo estreito vínculo com os Gerentes-Executivos em sua área de atuação e propondo medidas de melhoria da gestão, bem como de redução dos riscos. Sua extinção não se justifica sob nenhum aspecto e certamente vai dificultar o trabalho dos auditores, além trazer prejuízos para o INSS. Por considerar injustificadas as mudanças e inaceitável a perda do poder decisório imposta ao INSS da Bahia, apelo ao Ministério da Previdência Social para que crie a AUDITORIA REGIONAL DE SALVADOR, permitindo assim o atendimento das necessidades de cumprimento do Plano Anual de Atividades da Auditoria, a realização das ações de risco local e um eficiente combate às fraudes contra a Previdência Pública. A Bahia é um Estado populoso (cerca de 14 milhões de habitantes, 7,5% da população brasileira), de significativa extensão territorial e de grande expressividade econômica e política. É responsável pela manutenção de 7,3% dos benefícios da Previdência e abriga 8,0% das dependências do INSS. Juntamente com as Unidades Federativas propostas para a formação da Auditoria Regional Salvador (Sergipe, Alagoas, Piauí e Maranhão) é responsável pela manutenção de 14% dos benefícios da Previdência e por 15% das dependências do INSS. Por outro lado, a Equipe de Auditoria da Bahia conta, em Salvador, com uma representação composta de 39 servidores, instalados satisfatoriamente em prédio do INSS,
5 contando com recursos logísticos e tecnológicos adequados. Os servidores localizados em Salvador possuem ampla experiência em Auditoria Interna, tendo a sua maioria sido aprovada em processo seletivo interno e submetida recentemente a curso de Fundamentos de Auditoria. A extinção da Auditoria Regional de Salvador cria dificuldades para a realização da necessária supervisão in loco dos trabalhos de auditoria realizados na Bahia e Sergipe, em função de grande extensão territorial, o que exigire dos Chefes de Divisão e do Auditor Regional localizados em Recife importante esforço e deslocamentos aéreos. Da mesma forma, os trabalhos de auditoria realizados no Piauí e Maranhão enfrentarão dificuldades e aumento de custos ao serem transferidos para a regional de Brasília. Leve-se em conta que os deslocamentos, além de não possibilitarem a agilidade desejável para as situações emergenciais - que são comuns principalmente no processo de combate à fraude - requerem dispêndios com passagens aéreas e diárias dos dirigentes quando supervisionam as ações na Bahia e demais Estados citados. Do ponto de vista administrativo, em função do volume e da complexidade das demandas e ações de auditagem na Bahia, a ausência de dirigentes permanentes frente às equipes de auditoria lotadas naquela região não contribui para a alocação ótima dos recursos, para o crescimento profissional dos servidores e para a evolução da representatividade/relacionamento/parceria da Auditoria com os auditados. Entre os anos de 2000 e 2002, o INSS contratou consultoria da KPMG, através do BIRD, que em sua primeira
6 fase custou dólares. O objetivo foi propor ao INSS um modelo de Auditoria adequado às melhores práticas de mercado. O relatório final indica a necessidade de existência de uma Auditoria Regional na Bahia, baseada no critério de representatividade do Estado. Citada consultoria, utilizando como critério de distribuição das Regionais o volume ponderado de arrecadação de contribuições, o pagamento de benefícios por estado e considerando também as Regionais já instituídas e as proximidades dos estados, propôs rever a distribuição das Auditorias Regionais, recomendando a existência de 07 (sete) Regionais, que deveriam ser sediadas nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Recife, Brasília e Rio Grande do Sul. Não se justifica que o INSS, depois de contratar empresa especializada para realizar um estudo sobre sua modernização administrativa, ignore os resultados de tal estudo e imponha mudanças em sua estrutura que se chocam com o recomendado pela auditoria que contratou. Ante o exposto, manifesto meu protesto contra a extinção da Superintendência Regional do INSS da Bahia e da Auditoria Regional de Salvador e apelo ao Ministério da Previdência Social para que reveja esta inexplicável mudança. Manifesto ainda meu apoio à criação da Auditoria Regional Salvador do INSS e peço ao Ministro da Previdência Social que leve em conta os resultados dos estudos contratados pelo próprio INSS para melhor organizar sua administração.
7 Alice Portugal Deputada Federal
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