A EUTANÁSIA À LUZ DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DO DIREITO À VIDA
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1 A EUTANÁSIA À LUZ DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DO DIREITO À VIDA Equipe: Juliana Maria Araújo de Sales Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Luana Elaine da Silva - Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Milena Barbosa de Melo (orientadora) Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) juliana12ma@gmail.com RESUMO O presente trabalho tem como finalidade a análise da tutela do direito à vida pela Constituição Federal do Brasil, quanto ao contexto referente à Eutanásia e sua posição do ordenamento jurídico. De modo geral, apresenta algumas divergências frente ao direito à vida e o confronto com a dignidade da pessoa humana, nas quais procuraremos entendê-las com base na doutrina e nos princípios gerais do direito. Em suma, com embasamento na tutela constitucional este artigo se mostra com enorme valia, e apresenta a importância do contínuo estudo do tema para o aprimoramento do direito. Palavras Chave: Eutanásia; Direito à vida; Dignidade. RESUMO ESPANDIDO Introdução - O tema apresentado possui relevância no nosso ordenamento jurídico, e torna imprescindível uma discussão acerca do problema que analisa se a eutanásia viola o direito fundamental à vida, visto que se trata de um assunto atual, que levanta problemas éticos, e pode afetar as relações na sociedade. Assim, esse estudo busca
2 elucidar as opiniões acerca da Eutanásia e sua relação com a Constituição Federal, no que se refere ao respeito aos direitos e garantias fundamentais, em especial o direito à vida. Objetivos - Objetivo Geral: Analisar se a prática da Eutanásia viola o direito fundamental à vida. Objetivos Específicos: Discutir a importância dos direitos fundamentais; enquadrar o direito à vida como direito fundamental; e caracterizar a prática da Eutanásia como violação ao excelso direito à vida. Metodologia - O presente trabalho se classifica como uma pesquisa qualitativa, com embasamento em teorias, que serão confrontadas a fim de se produzir um juízo subjetivista. A natureza da pesquisa é de cunho teórico, visto que tem por finalidade aprofundar conhecimentos e discussões. O procedimento técnico utilizado refere-se à pesquisa bibliográfica. Fundamentação Teórica - Num breve histórico foi observado que a eutanásia não é um fenômeno recente, ela vem acompanhando a humanidade ao longo de sua existência, sendo encontrada no começo da civilização, entre os gregos, na qual possuía finalidade eugênica. Assim, em Atenas, 400 anos a.c. Platão pregava o sacrifício de velhos, fracos e inválidos, sob o argumento de interesse do fortalecimento do bem-estar e da economia coletiva. Durante a Idade Média, em razão das inúmeras epidemias e pestes, era comum a prática da eutanásia, uma vez que as doenças alastravam-se com facilidade, devido ao estado de miséria em que se encontrava a população. Diversos povos, como os celtas, por exemplo, tinham por hábito a imposição de uma obrigação sagrada ao filho de administrar a morte branca ao pai velho e doente. O Brasil também conheceu essa prática entre os silvícolas. Conceitualmente, a eutanásia costuma ser definida, com base na origem etimológica (eu = boa; thánatos = morte), como boa morte. Podemos conceituá-la, hoje, como sendo a prática, pela qual se busca abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente reconhecidamente incurável. Assim, eutanásia envolve o direito mais sublime do ser humano, que é o direito à vida, consagrado constitucionalmente. Em contraposto à vida existe a morte, e essa de acordo com o nosso ordenamento jurídico não poderá ser antecipada, configurando-se como um ato ilícito e inconstitucional. Vale salientar que o atual Código Penal estar para ser reformado, e em sua redação essa inviolabilidade está sendo ameaçada, uma vez que prevê a exclusão de ilicitude para o
3 indivíduo que praticar a eutanásia, que atualmente, é enquadrada como homicídio privilegiado, aplicando-se o disposto no art. 121, do Código Penal. Porém, é sabido que a Constituição Federal de 1988 consagrou no título "Dos Direitos e Garantias Fundamentais", o direito à vida como sendo o mais fundamental dos direitos, que deve ser resguardado de todas as formas de ameaça ou lesão, de forma irrenunciável. Dentre os direitos fundamentais assegurados na nossa Carta Maior, está o direito à vida. Este que se encontra consagrado no caput do artigo 5º, da Constituição Federal aduz: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida (...). Com embasamento na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que em seu artigo 3 diz: todo homem tem direito à vida (...). Concomitante é a defesa da realização do direito à vida em todas as suas potencialidades. Ele não pode ser passível de restrição, e por ser essencial ao ser humano, condiciona os demais direitos da personalidade. É regido pelos princípios constitucionais da inalienabilidade, que significa que não pode ser transferido; irrenunciabilidade; inviolabilidade, que é a impossibilidade de se desrespeitar os mesmos; e efetividade, na qual o poder Público tem o dever de garantir a efetivação. Assim, o direito à vida, não pode ser desrespeitado, sob pena de responsabilização criminal, nem tampouco pode o indivíduo renunciar esse direito e almejar sua morte. Os direitos fundamentais são reconhecidamente direitos de extrema importância, pois se configuram como direitos do homem positivados na ordem jurídica de determinado Estado. E cabe ao Estado assegurar o direito à vida, visto que a própria Constituição Federal garante ao homem o direito de preservar sua vida com dignidade, este direito sendo considerado um princípio fundamental para a vida em sociedade. O direito à vida se constitui como requisito à existência e exercício de todos os demais direitos, visto que é o direito máximo do ordenamento jurídico brasileiro. É próprio do ser humano, e através dele nascem todos os demais direitos. Assim, a dignidade da pessoa humana deriva do direito à vida. Respeitar a dignidade do indivíduo implica abster-se de qualquer ato que objetiva o seu fim. A vida humana deve ser protegida, pois é objeto de direito da personalidade, elencado pelo Direito Civil. O respeito a ela
4 decorre de um dever absoluto erga ommes, por sua própria natureza ao qual a ninguém é lícito desobedecer. O direito à vida é o mais precioso bem que o indivíduo detém, por ser pressuposto para o exercício de outros direitos não se pode questionar sua precedência sobre os demais. A asseguração à vida não é obrigação, é direito. Os fundamentos erigidos pela Constituição da República norteiam a garantia constitucional da liberdade de consciência, da autonomia jurídica, da inviolabilidade da vida privada e da dignidade da pessoa humana. Resultados - A prática da eutanásia se trata de uma ofensa à dignidade da pessoa humana, de um crime contra a vida e de um atentado contra a humanidade. Visto que a eutanásia apresenta-se inapropriada e distante da realidade cultural pátria, visto isso não há como se estabelecer fundamento de qualquer natureza que legitime e autorize a terminação voluntária e dolosa da vida de alguém, praticada por outrem, sem esbarrar na regra constitucional. Conclusão - Nessa perspectiva concluímos em nosso artigo, que a prática da eutanásia é notadamente uma violação ao excelso direito à vida. Não passa de um artifício homicida, um expediente desprovido de razões lógicas e violador da Constituição Federal. Assim a vida tem prioridade sobre todas as coisas, e o direito a ela prevalecerá sobre qualquer outro. Dessarte, havendo conflito entre dois direitos, incidirá o princípio do primado mais relevante, no caso o direito à vida. Tutelar a vida é zelar por todas as relações humanas e evitar o caos social. Referências BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Comentado. 5º ed. São Paulo: Saraiva, BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 27º ed. São Paulo: Malheiros, CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Eutanásia e Ortotanásia - Comentários sobre a Resolução 1805/ Aspectos Éticos e Jurídicos. Curitiba: Juruá, CASABONA, Carlos María Romeo. El Derecho y la Bioética ante los Límites de la Vida Humana. Madrid: Centro de Estudios Ramón Areces, DINIZ, Maria Helena. Manual de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 2011.
5 FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal. 9º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Atualizadores: Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho. 26º ed. atual. Rio de Janeiro: Forense, SILVA, José Afonso Da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 35ª ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
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