Tribunal de Contas da União

Transcrição

1 Tribunal de Contas da União Dados Materiais: Decisão 141/95 - Primeira Câmara - Ata 20/95 Processo nº TC /93-7. Responsável: Ricardo Freua Bufaiçal. Entidade: Universidade Federal de Goiás. Vinculação: Ministério da Educação e do Desporto. Relator: Ministro Olavo Drummond. Representante do Ministério Público: Não atuou. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo em Goiás -SECEX/GO.v Especificação do quorum: Ministros presentes: Homero dos Santos (Presidente), Carlos Átila Álvares da Silva, Olavo Drummond (Relator) e o Ministro-Substituto Bento José Bugarin. Assunto: Relatório de Auditoria Operacional Ementa: Auditoria Operacional. UFGO. Pessoal. Contratação indireta de pessoal à título de prestação de serviços. Mantença de vínculo empregatício de servidor com a UFG e FUNAPE. Veículo. Ausência de identificação. Aquisição pela UFGO com registros em nome da FUNAPE. Transferência de recursos pela universidade registrada como receita da FUNAPE. Concessão de empréstimo entre Unidades à título de adiantamento. Uso de Instalações da UFGO pela FUNAPE sem pagamento de aluguel. Almoxarifado. Ausência de reavaliação e reintegração de material devolvido. Existência de material obsoleto. Licitação. Morosidade ao procedimento de compra direta. Determinação. Data DOU: 26/06/1995 Página DOU: 9371 Data da Sessão: 13/06/1995

2 Relatório do Ministro Relator: Grupo I - CLASSE III - 1ª Câmara TC /93-7 Natureza: Relatório de Auditoria Operacional TC / Apenso Entidade: Universidade Federal de Goiás - UFG Responsável: Ricardo Freua Bufaiçal, Reitor Ementa: - Relatório de Auditoria Operacional. Determinações. Juntada às contas da entidade. Em exame, Relatório de Auditoria Operacional realizada na Universidade Federal de Goiás no período de a Em Sessão de 08/06/1994, o Egrégio Plenário, acolhendo VOTO deste Relator, DECIDIU determinar a audiência prévia do responsável, Sr. Ricardo Freua Bufaiçal, acerca das diversas falhas e/ou irregularidades detectadas. Retornam os autos com as argumentações apresentadas pela UFG que, ao serem analisadas pelo órgão técnico, mereceram as seguintes considerações: "a) Contratação indireta de pessoal-serviços de terceiros; As justificativas apresentadas, avalanche de aposentadorias, obstáculos interpostos pelo Governo Federal e expansão da UFG, não respaldam o ato administrativo em foco, reconhecido como inadequado pela própria unidade. Ademais, a afirmação de que a duração dos contratos não ultrapassa a três meses, carece de fundamento, haja vista os exemplos do operador de caldeira do Hospital das Clínicas, Rubens de Almeida Ferreira, contratado em com prorrogação até (cinco meses), do médico João Nicolau G. de Siqueira, que prestou serviços ininterruptos no HC, de a (cinco meses) e de João Batista da Silva que prestou serviços por oito meses ao Departamento de Material e Patrimônio/UFG, em dois contratos de quatro meses. Além disso, registram-se vários casos em que a Unidade recontrata o trabalhador após encerrado seu período contratual. Exemplos: Eliane Porto Morais (DMP), João Batista da Silva (DMP), José Eustáquio da Silva (DMP) e Rosângela Gonçalves de Melo (DT). b) Registro de veículos em nome da FUNAPE; As considerações oferecidas divergem do Relatório apenas quanto à procedência dos recursos utilizados na aquisição do saveiro

3 placa MD Quanto aos outros dois veículos, Parati e Camionete Cabine Dupla não há discordância. A Unidade confirma que os mesmos estão registrados em nome da Funape e que os recursos usados na sua compra são oriundos dos convênios firmados por esta Fundação, respectivamente com o Centro Editorial e Gráfico da UFG (CEG) e a Comissão Especial do Concurso Vestibular da UFG (CECV). Ora, é preciso considerar que convênio não é pessoa jurídica e sim apenas um instrumento de transferência de recursos. Na linha dessa assertiva, cuida-se que a propriedade dos dois veículos deve ser, obrigatoriamente, de uma das duas, únicas, pessoas jurídicas envolvidas no processo: UFG e Funape. Dos recursos próprios produzidos pelas duas Unidades, CEG e CECV, e transferência à Funape, esta detém 5% (único caso neste valor) e 10%, respectivamente, restando àquelas 95% e 90% dos recursos transferidos, os quais foram empregados nas duas aquisições. Desta forma, o numerário utilizado nas aquisições inegavelmente não pertencem à Funape. Claro está, então, que são propriedade da UFG. Apenas não recebem o necessário registro contábil (o que caracteriza outra irregularidade). Resta insofismável, portanto, que a UFG adquiriu veículos com recursos próprios e os registrou em nome da Funape. Além disso, tais veículos são `cedidos' a própria UFG, em regime de comodato. c) Sobre a falta de registro dos animais, os esclarecimentos submetidos são satisfatórios; d) Com relação ao empréstimo à taxa de 30% a.m., de recursos administrados pela Funape, ao Departamento de Zootécnica da Escola de Veterinária, as argumentações apresentadas não fazem eco; Falar-se em `baixa arrecadação da Zootecnia, em função de sua própria produção' soa como um despropósito quando se atenta para os objetivos primordiais da Universidade, esculpidos (sic) em seu Estatuto, Ensino e Pesquisa. Os argumentos de que era uma `taxa de apenas 30% ao mês' e que a mesma `era bastante inferior aos juros e correção monetária cobrados pelos estabelecimentos bancários', destoam fortemente dos objetivos Estatutários supracitados. e) Neste ponto, ausência de contabilização dos recursos próprios, temos que as considerações trazidas não se fazem suficientes para elidirem as distorções detectadas. Se os recursos

4 em discussão não são da Funape, não podem ser registrados como sua receita como soe acontecer. No máximo seriam seu passivo; f) No que tange à cessão de funcionária, o pronunciamento faz-se eficaz; g) No relatório à aquisição de material permanente sem a devida licitação, as justificativas referentes a este item, revelam-se totalmente aceitáveis; h) No tocante à funcionária com vínculo empregatício simultâneo com a UFG e Funape, apesar da alegação de compatibilidade de horário, observamos que a situação recebe óbices segundo as legislações específicas em cada regime de trabalho. Na UFG a servidora cumpre 6 horas de trabalho, o que, apesar da questão encontrar-se sub-judice, confronta as determinações do RJU, Lei 8112/90. Segundo o regime CLT, existente na Funape, nenhuma pessoa pode ser submetida a uma jornada de trabalho superior a 8 horas diárias, com 2 horas de intervalo para alimentação. No caso em apreço, a servidora cumpriria 12 horas diárias de trabalho no Hospital das Clínicas da UFG, sendo, segundo as documentações analisadas, ininterruptas, isto é, das 7 às l3 e das 13 às 19 hs. Isto, de segunda a sábado! Por último, devemos lembrar que a própria UFG baixou Portaria dispondo sobre a vedação desta situação (Port. nº 0024 de do Diretor Geral do HC/UFG); e i) Quanto à ocupação pela Funape de instalação da UFG, observamos, dos documentos carreados aos autos complementarmente, que essa Unidade, logo após o término dos nossos trabalhos de auditoria, 1º de novembro de 1993, iniciou o recebimento de um aluguel das salas cedidas àquela Fundação". Ante todo o exposto, a zelosa SECEX/GO, em conclusão, propôs: 1) Seja determinado à Universidade Federal de Goiás, a regularização das seguintes impropriedades: a) contratação indireta de pessoal - serviços de terceiros - pessoa física, para desempenhar funções inerentes ao seu Quadro de Pessoal; b) registro de veículos em nome da Funape, adquiridos com recursos gerados por unidade da UFG, embora não registrados na sua contabilidade; c) `empréstimo' interno, entre Unidades, principalmente quando sujeitos a taxa de juros e correção monetária; d) contabilização dos recursos provindos de receitas próprias

5 da Universidade, como receita da Fundação; e) utilização de servidora com vínculo empregatício simultâneo com UFG e Funape (servidora do HC, Bernadete de Fátima Brito); f) uso das dependências da UFG pela Funape, sem taxa de ocupação, no período que antecede a 1º de novembro de 1993, data do contrato que estabeleceu a obrigatoriedade do aluguel; g) material devolvido ao almoxarifado central do DMP, sem a devida reavaliação e reintegração ao estoque; h) presença de material obsoleto no almoxarifado central do DMP; i) relativa morosidade nos processos de compra direta e de licitação; j) falta de identificação com logotipo oficial, dos veículos em comodato; 2. Seja dado conhecimento deste Relatório ao Exmo. Sr. Ministro de Estado da Educação e Desporto, para as providências que entenda cabíveis no exercício da Supervisão Ministerial. 3. Juntada deste processo às contas da Universidade Federal de Goiás, para exame conjunto e em confronto". É o Relatório. Voto do Ministro Relator: A área de atuação da auditagem foi a de geração de recursos próprios da Universidade Federal de Goiás e Fundação de Apoio à Pesquisa - FUNAPE. As observações feitas pela equipe de auditoria foram levadas ao conhecimento do Reitor, que ofereceu as justificativas de fls. 40/66, minuciosamente examinadas pelo órgão instrutivo. Cabe ressaltar que em 21/12/1994, foi editada a Lei nº 8.958, que dispõe sobre as relações entre as instituições federais de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica e as fundações de apoio, sendo de bom alvitre recomendar a estrita observância deste diploma legal. A proposta alvitrada pela zelosa SECEX/GO, com vistas ao saneamento das irregularidades detectadas, ante o que foi apurado pela Equipe de Auditoria, é bastante oportuna e adequada, razão pela qual as acolho e VOTO por que o Tribunal adote a Decisão que ora submeto a esta Egrégia Primeira Câmara. Decisão:

6 A Primeira Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 1 determinar à Universidade Federal de Goiás a adoção de providências com vistas ao saneamento da seguintes falhas/irregularidades: 1.1 contratação indireta de pessoal, a título de serviços de terceiros, pessoa física, para desempenhar funções inerentes ao seu quadro de pessoal por contrariar o disposto no art. 37, inciso II, da Constituição Federal; 1.2 registro em nome da Fundação de Apoio à Pesquisa - FUNAPE, de veículos adquiridos com recursos da Universidade; 1.3 empréstimo, a título de adiantamento, entre Unidades, a juros de 30% ao mês, contrariando o art. 2º do Estatuto da Entidade; 1.4 registro contábil dos recursos transferidos pela Universidade como receita da FUNAPE; 1.5 vínculo empregatício de funcionária com a UFG e a FUNAPE, contrariando a Portaria nº 0024 de 23/03/92 do Diretor Geral do HC/UFG e a Lei nº 8.112/90; 1.6 ocupação pela FUNAPE de instalações da Universidade, sem pagamento de aluguel, no período que antecede a 1º de novembro de 1993; 1.7 material devolvido ao Almoxarifado Central do DMP, sem a devida reavaliação e reintegração ao estoque, podendo ocasionar prejuízo e descontrole material; 1.8 presença de material obsoleto no Almoxarifado Central do DMP; 1.9 morosidade nos processo de compra direta e licitação, possibilitando um superfaturamento de preços; 1.10 falta de identificação com logotipo oficial, dos veículos em comodato, possibilitando o atendimento a objetivos não oficiais; 2 determinar, ainda, ao Reitor da Universidade Federal de Goiás que, no seu relacionamento com a FUNAPE, observe, rigorosamente, as disposições da Lei nº 8.958, de 21/12/1994; 3 determinar a juntada do presente Relatório de Auditoria Operacional às contas da Universidade Federal de Goiás, relativas ao exercício de 1993, para exame em conjunto e em confronto; 4 encaminhar cópia do Relatório de Auditoria Operacional, do VOTO e desta DECISÃO ao Exmo. Sr. Ministro de Estado da Educação e do Desporto para adoção das providências cabíveis.

7 Indexação: Auditoria Operacional; Bens Imóveis; Pessoal; Prestação de Serviços; Serviços de Terceiros; Fundação; Empréstimo; Veículo Oficial; Pagamento Antecipado; Aluguel; UFG; Transferência de Recursos; Bens Inservíveis; Contratação irregular de pessoal;