PROPOSTA METODOLÓGICA PARA A REABILITAÇÃO DO NÚCLEO HISTÓRICO DE CABEÇO DE VIDE

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "PROPOSTA METODOLÓGICA PARA A REABILITAÇÃO DO NÚCLEO HISTÓRICO DE CABEÇO DE VIDE"

Transcrição

1 DAVID MANUEL AMEIXA FERREIRA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA A REABILITAÇÃO DO NÚCLEO HISTÓRICO DE CABEÇO DE VIDE Dissertação apresentada para a obtenção do grau de Mestre em Urbanismo no Curso de Mestrado em Urbanismo, conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Orientador: Professor Ph.D. Arq. Fausto António de Almeida Cruz Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Arquitectura, Urbanismo e Artes Lisboa 2008

2 Agradecimentos Muitos foram aqueles que directa ou indirectamente contribuíram para a realização deste trabalho, sem a sua ajuda a minha missão teria sido bem mais difícil. A todos dirijo o meu mais sincero agradecimento. No entanto, gostaria de destacar algumas pessoas pelo enorme apoio que concederam, às quais endereço um agradecimento especial: - Ao Professor Doutor Arq. Fausto Cruz, orientador desta dissertação, pelo seu grande altruísmo, disponibilidade e sábio conselho; - Ao Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Cabeço de Vide, Manuel Rodrigues Fontaínhas, pela generosidade que demonstrou em facultar todos os dados referentes à Vila; - À Câmara Municipal de Fronteira, na pessoa do Sr. Eng. Rui Ferreira, por facultar a base topográfica digitalizada, necessária para os diversos estudos elaborados; - Ao Sr. Arq. João Calvino, profundo conhecedor do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide, com quem tive o prazer de conversar e aprender. Pelos livros que generosamente me ofereceu; - À minha mãe que sempre demonstrou o seu orgulho em todos os seus filhos. Também eu me orgulho muito dela; - À minha esposa Sandra, mulher preciosa, sempre paciente e longânima para comigo, em especial nos inúmeros e intermináveis serões em que ficou privada da minha companhia. Com grande amor lhe agradeço; - Aos meus irmãos, Filipe, João e André, pelo apoio e motivação; 2

3 - À minha avó, uma mulher pequena em estatura mas grande em coragem, que necessitou de emigrar de Cabeço de Vide em busca de um futuro melhor. Este trabalho é fruto do percurso que ela iniciou há muitos anos atrás; - Por último, mas de modo algum menos importante, agradeço a Deus, que tem sido ao longo de toda a minha vida o grande conselheiro, refúgio nos momentos difíceis e dador de todas as bênçãos. Ele me alegra e me dá forças a cada novo dia. Dedico ainda esta dissertação à memória do meu pai, que infelizmente não pode juntar-se a nós e regozijar-se na conclusão de mais uma etapa. 3

4 Resumo A problemática da reabilitação do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide, a sua dinâmica histórica, no âmbito de uma estratégia compatibilizando património, actividade termal e instrumentos urbanísticos, são o objecto de estudo desta tese, consubstanciado numa proposta de intervenção. Assim esta tese, através da proposta metodológica para a reabilitação do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide, define um conjunto de princípios gerais de intervenção, correspondendo a objectivos gerais que devem ser respeitados, formando os fundamentos teórico-conceptuais de intervenção, os quais, levando em linha de conta a especificidade do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide, se concretizam em princípios de intervenção específicos, com objectivos específicos e orientações para o desenho urbano. Palavras-chave: património, reabilitação, Cabeço de Vide, actividade termal. 4

5 Abstract The issue of the rehabilitation of Cabeço de Vide Historical Centre, the historical dynamic, as part of a strategy involving heritage, thermal activity and urbanistic instruments, are this thesis subject of study, leading to an intervention proposal. This thesis, through the methodological proposal for the rehabilitation of Cabeço de Vide Historical Centre, defines a set of general principles of intervention, corresponding to general objectives that must be respected, forming the intervention theoretical-conceptual basis, which, taking into consideration the specificity of Cabeço de Vide Historical Centre, lead to specific intervention principles, with specific objectives and design guidelines. Key words: heritage, rehabilitation, Cabeço de Vide, thermal activity. 5

6 Lista de Siglas CIAM - Congresso Internacional de Arquitectura Moderna DGEMN - Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais Urbano DGOTDU - Direcção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Cultural Property ICCROM - International Centre for the Study of the Preservation and Restoration of ICOMOS - International Council on Monuments and Sites INE Instituto Nacional de Estatística ITIC Instituto Técnico para a Indústria da Construção NUTS Nomenclaturas de Unidades Territoriais para fins estatísticos PIB Produto Interno Bruto TIC Tecnologias de Informação e Comunicação UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 6

7 Índice Introdução Fundamentos teórico-conceptuais Memória Conceito de Património Património Cultural Património Arquitectónico Breve histórica da teoria da conservação e do restauro O século das luzes Do século XIX ao século XX Século XX Bases normativas internacionais sobre património Conservação e Restauro Textos Europeus sobre o Património Arquitectónico Europeu Sítios Históricos e Património Vernacular Carta de Cracóvia (2000) Turismo Cultural Modelos de Intervenção Urbana Reabilitação Urbana Caracterização prospectiva da procura em Portugal Síntese Conclusiva Caracterização do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide Concelho de Fronteira, um breve apontamento Freguesia de Cabeço de Vide A Origem e a História Situação Geográfica Topografia Análise demográfica e sócio-económica O turismo termal

8 Monumentos classificados e edifícios de Reconhecido valor Principais sítios e ruas Quadro Sinóptico Núcleo Histórico de Cabeço de Vide O urbanismo medieval Caracterização Física do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide Análise demográfica e socio-económica Caracterização do Parque Habitacional Opinião dos Inquiridos Face ao Núcleo Histórico Caracterização de Serviços, Comércio e Indústria Síntese Conclusiva Proposta Metodológica Princípios de intervenção para o Núcleo Histórico de Cabeço de Vide Descrição da proposta Valorizar a identidade específica de ruas, lugares e edifícios Promoção e interligação entre ambiente natural e construído Manter e valorizar a função de habitação Melhoria das acessibilidades e reformulação da rede viária Aplicação das novas tecnologias de informação e comunicação Aspectos gerais Utilização da água Utilização da vegetação

9 3.4. Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e Domótica Breve apontamento TIC Domótica Conclusão Bibliografia Apêndice (Peças Desenhadas) I Planta de Localização Delimitação da área de estudo Evolução da malha urbana Monumentos classificados e edifícios de reconhecido valor... 4 Sítios e ruas de maior relevância Equipamentos, serviços e comércio Plano geral Planta síntese

10 Índice de Tabelas Tabela 1 Evolução da População Residente a Nível Regional. 71 Tabela 2 Faixa Etária da População do Concelho de Fronteira e da Freguesia de Cabeço de Vide Tabela 3 Distribuição dos Aquistas por Sexos Tabela 4 Idade dos Aquistas. 82 Tabela 5 Distribuição dos Aquistas por Distritos. 83 Tabela 6 Distribuição Mensal das Inscrições...84 Tabela 7 Actividade Profissional dos Aquistas...85 Tabela 8 Fidelidade dos Utentes..85 Tabela 9 Grupos de Patologias 86 Tabela 10 Divisão da População do Núcleo Histórico por Sexos Tabela 11 Dimensão da Família Tabela 12 Estado Civil Tabela 13 Habilitações Literárias Tabela 14 Meio de Transporte que Possui Tabela 15 Tempo de Permanência no Local Tabela 16 Divisão da População por Sectores de Actividade Tabela 17 Divisão da População Inactiva Tabela 18 Grau de Ocupação da Habitação Tabela 19 Regime de Propriedade Tabela 20 Número de Divisões do Fogo Tabela 21 Equipamentos Domésticos Tabela 22 Habitações com Garagem Tabela 23 Habitações com Logradouro Tabela 24 Utilização do Logradouro Tabela 25 Principais Carências do Fogo Tabela 26 Expectativas Face ao Fogo Tabela 27 Principais Problemas Infraestruturais Tabela 28 Principais Problemas Sociais Tabela 29 Principais Carências do Núcleo Histórico Tabela 30 Finalidade da Instalação Tabela 31 Finalidade da Instalação Tabela 32 Finalidade da Instalação Tabela 33 Regime de Propriedade das Instalações Tabela 34 Tempo de Utilização Tabela 35 Número de Compartimentos Tabela 36 Número de Empregados

11 Índice de Gráficos Gráfico 1 Pirâmide Etária do Concelho de Fronteira Gráfico 2 Faixa Etária da População do Concelho de Fronteira Gráfico 3 Faixa Etária da População do Concelho de Fronteira Gráfico 4 Faixa Etária da População da Freguesia de Cabeço de Vide Gráfico 5 Faixa Etária da População da Freguesia de Cabeço de Vide Gráfico 6 Distribuição dos Aquistas por Sexos Gráfico 7 Idade dos Aquistas Gráfico 8 Distribuição dos Aquistas por Distritos Gráfico 9 Distribuição Mensal das Inscrições...84 Gráfico 10 Fidelidade dos Utentes Gráfico 11 Grupos de Patologias...86 Gráfico 12 Divisão da População do Núcleo Histórico por Sexos Gráfico 13 Divisão da População do Núcleo Histórico por Sexos Gráfico 14 Pirâmide Etária do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide Gráfico 15 Dimensão da Família Gráfico 16 Estado Civil Gráfico 17 Habilitações Literárias Gráfico 18 Meio de Transporte que Possui Gráfico 19 Tempo de Permanência no Local Gráfico 20 Divisão da População por Sectores de Actividade Gráfico 21 Divisão da População Inactiva Gráfico 22 Grau de Ocupação da Habitação Gráfico 23 Regime de Propriedade Gráfico 24 Regime de Propriedade Gráfico 25 Número de Divisões do Fogo Gráfico 26 Número de Divisões do Fogo Gráfico 27 Equipamentos Domésticos Gráfico 28 Habitações com Garagem Gráfico 29 Habitações com Logradouro Gráfico 30 Utilização do Logradouro Gráfico 31 Principais Carências do Fogo Gráfico 32 Expectativas Face ao Fogo Gráfico 33 Principais Problemas Infraestruturais Gráfico 34 Principais Problemas Sociais Gráfico 35 Principais Carências do Núcleo Histórico Gráfico 36 Finalidade da Instalação

12 Gráfico 37 Finalidade da Instalação Gráfico 38 Finalidade da Instalação Gráfico 39 Regime de Propriedade das Instalações Gráfico 40 Tempo de Utilização Gráfico 41 Número de Compartimentos Gráfico 42 Número de Empregados

13 Índice de Quadros Quadro 1 - Princípios de intervenção Património Quadro 2 - Princípios de intervenção - Actividade Termal Quadro 3 - Quadro síntese da caracterização do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide Quadro 4 Análise SWOT do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide Quadro 5 - Princípios de intervenção Núcleo Histórico de Cabeço de Vide Quadro 6 - Núcleo Histórico de Cabeço de Vide Design Guidelines

14 INTRODUÇÃO 14

15 Constata-se um pouco por todo o país e em particular nas zonas do interior, a existência de pequenos aglomerados urbanos que sofrem e lutam contra as pressões do despovoamento e envelhecimento populacional, o esquecimento e a pobreza. Muitos destes núcleos urbanos encerram dentro de si um valioso património cultural que se vai deteriorando ano após ano, em conjunto com a sua população e qualidade de vida oferecida. O Núcleo Histórico de Cabeço de Vide representa um caso paradigmático desta realidade. Sabemos que muito da nossa sobrevivência como comunidade depende da capacidade que temos de actualizar e adaptar os nossos modos e estilos de vida (educação, trabalho, lazer, etc.), a história prossegue mostrando-nos essa realidade. Por conseguinte, os novos paradigmas e tendências são, e devem ser, encarados como uma porta aberta de grandes oportunidades para melhorar e evoluir. Por outro lado, a sociedade dos nossos dias move-se alimentada por vários paradoxos, um dos quais diz respeito à ridicularização, ou no melhor dos casos, banalização do que é velho ou antigo ao mesmo tempo que é elevado e glorificado o novo e moderno. A necessidade de conservação e preservação dos nossos aglomerados históricos assume desde algum tempo, felizmente, por acção de uma mudança generalizada da consciência colectiva, um novo protagonismo. A importância de salvaguardar estes espaços prende-se umbilicalmente à necessidade de combater os malefícios de uma sociedade que, em constante mutação, cada vez mais acelerada, nos conduz a novos paradigmas, que não nos permitem recordar mais os antigos, forçando a que se perca a identidade singular em favor da identidade colectiva, das massas, do democraticamente igual. A sobrevivência dos conjuntos históricos reveste-se pois de uma importância capital para cada povo que pretenda conservar a sua verdadeira dimensão cultural e a sua individualidade. (Bouchenaki, 2001) Estes lugares são símbolos construídos da nossa herança cultural, económica, política e social, são o que de mais autêntico podemos mostrar, o que nos diferencia dos outros. É deste ponto de vista que se deve equacionar qualquer intervenção, privilegiando um recurso estratégico, encarando-o e integrando-o no modelo de desenvolvimento de cada comunidade. É precisamente no centro deste paradigma que se pretende situar esta tese, não como um projecto de reabilitação do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide (com toda a pertinência, mérito e valor inerente que se lhe poderia reconhecer), antes, como uma proposta metodológica que procura encontrar os princípios de intervenção mais adequados ao objecto de estudo, capazes de orientar um futuro projecto de reabilitação para esse tecido urbano 15

16 decadente, procurando corresponder a novas exigências, a novas necessidades, presentes e futuras, na forma de habitar e viver o espaço, no âmbito de uma estratégia coerente e integrada. Sabendo-se da forte actividade termal desenvolvida na freguesia, tornou-se evidente que seria necessário integrá-la na nossa proposta metodológica, encarando-a como factor distintivo e estratégico. Propôs-se então como pergunta de partida a seguinte questão: como poderá ser equacionada a reabilitação do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide, aproveitando da melhor forma as suas características endógenas? A metodologia adoptada neste estudo passou pela consulta bibliográfica sobre os diversos temas abordados, pela observação directa, conversas com a população residente e pela análise dos diversos dados recolhidos, em particular o inquérito realizado no âmbito do estudo elaborado para a execução do Plano de Pormenor do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide. A dissertação encontra-se estruturada num único volume. O estudo dos conceitos teóricos que fundamentam a forma de equacionar esta problemática foi desenvolvido no primeiro capítulo, que em conjunto com a caracterização do objecto de estudo realizada no segundo capítulo permitiram avançar para a proposta metodológica expressa no terceiro capítulo. Assim, no primeiro capítulo é realizado um enquadramento teórico sobre património, a evolução que o conceito sofreu ao longo dos tempos e são identificadas as linhas orientadoras de intervenção que foram sendo elaboradas, em particular nas bases normativas internacionais mais recentes, dando especial atenção ao património vernacular. É abordado, embora sucintamente, o conceito de turismo cultural e a sua relação com o património. No mesmo capítulo são ainda identificados os principais modelos de intervenção urbana, em especial o que se refere à reabilitação de núcleos históricos. O capítulo termina com a identificação de um conjunto de princípios de intervenção relativos ao património, que procuram integrar as diversas orientações contidas nas bases normativas internacionais examinadas. A opção encontrada permitiu, do nosso ponto de vista, sintetizar e operacionalizar as múltiplas orientações em princípios objectivos, de fácil compreensão e implementação. 16

17 O segundo capítulo é preenchido com a caracterização histórica, geográfica e socioeconómica do caso de estudo. É também abordada a problemática do turismo termal, principal motor económico da freguesia. Sobre o tema, procedeu-se à análise da actividade das Termas da Sulfúrea e com base nos dados recolhidos do relatório de actividade termal foi possível apresentar um resumo dos principais aspectos, que do nosso ponto de vista, devem ser considerados na proposta metodológica. É ainda apresentada a caracterização física do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide. O capítulo termina com um quadro síntese da caracterização do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide e com a análise SWOT do aglomerado, estabelecendo a base necessária para a elaboração da proposta metodológica. No terceiro capítulo apresentamos a proposta metodológica para a reabilitação do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide. A proposta anunciada é uma abordagem que compatibiliza o património e a actividade termal, introduz a especificidade do processo histórico do Núcleo Histórico de Cabeço de Vide, propondo princípios de intervenção específicos com linhas orientadoras de desenho urbano. A proposta considera que só uma abordagem integrada poderá assegurar o desenvolvimento do aglomerado. Como princípios fundamentais da gestão deste processo surgem a garantia da justiça social e o envolvimento e apoio da comunidade para assegurar o sucesso das medidas adoptadas e da conservação do património. Na conclusão são apresentadas as considerações finais decorrentes da pesquisa realizada, relevando os seus aspectos mais importantes e são identificadas novas pistas de investigação. 17

18 1. FUNDAMENTOS TEÓRICO-CONCEPTUAIS 18

19 Neste capítulo são abordados os principais conceitos que directamente se relacionam com este estudo, com o objectivo de identificar os princípios que deverão orientar a proposta metodológica que se pretende desenvolver. É feito um enquadramento teórico sobre o conceito de património e a evolução que sofreu ao longo dos tempos, identificando as várias metodologias de intervenção que foram sendo aplicadas. Procede-se ainda à identificação dos principais modelos de intervenção urbana, atribuindo especial atenção à reabilitação de núcleos históricos Memória A memória de um povo constitui uma parte essencial da sua identidade e a sua preservação deve ser encarada como factor estratégico de desenvolvimento, compreendendo e respeitando a sua autenticidade face a um mundo cada vez mais globalizado. Indivíduos e sociedades não podem preservar e desenvolver a sua identidade senão na duração e através da memória. (Choay, 2000, p.95) seguinte: O sociólogo de origem austríaca Michael Pollak, a respeito da memória, diz o Em sua análise da memória colectiva, Maurice Halbawachs enfatiza a força dos diferentes pontos de referência que estruturam nossa memória e que a inserem na memória da colectividade a que pertencemos. Entre eles incluem-se evidentemente os monumentos, esses lugares da memória analisados por Pierre Nora, o património arquitectónico e seu estilo, que nos acompanham por toda a nossa vida, as paisagens, ( ) as tradições e costumes, certas regras de interacção, o folclore e a música, e, por que não, as tradições culinárias. (Pollak, 1989, p.3) Pollak afirma também que esses pontos de referência são frequentemente interiorizados fortalecendo os sentimentos de origem e filiação, consolidando uma base cultural comum. Desse modo certos elementos são progressivamente integrados num fundo cultural comum a toda a humanidade. 1 1 Pollak, M. (1989). Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos. (Vol. 2, n. 3, p. 3-15). Acedido em 2 de Setembro de 2006 em 19

20 Memória é também entendida como o processo de aprender, armazenar e recordar informação. Não representa um registo de tudo o que nos aconteceu, pois ela é, por excelência, selectiva, apenas guardamos aquilo que, por um motivo ou por outro, tem ou teve, algum significado especial. Neste sentido, em relação à memória que se procura preservar através do património, não devem ser tomadas decisões com base em fundamentalismos, minando qualquer tentativa de intervenção. É importante permitir a mudança e promover o desenvolvimento, preservando ao mesmo tempo, de forma intransigente, todos os elementos de especial significado necessários à preservação da identidade colectiva. As memórias dos grupos referenciam-se, também, nos espaços em que habitam e nas relações que constroem com estes espaços, por esse motivo é importante que a relação entre memória e lugar seja protegida. A memória como elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto individual como colectiva, assume-se como um factor extremamente importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo na sua reconstrução de si Conceito de Património Num sentido amplo o património é o conjunto das obras produzidas pelo homem, nas quais uma comunidade pode reconhecer os seus valores específicos e particulares e com os quais se identifica. 3 Este conjunto herdado do passado é um bem insofismável, prova da riqueza e diversidade produzida pela humanidade. A variedade de culturas e patrimónios no mundo é uma fonte insubstituível de informações a respeito da riqueza espiritual e intelectual da humanidade. Deve ser activamente promovida a valorização e protecção da diversidade cultural e patrimonial da humanidade como um aspecto essencial do desenvolvimento humano. 4 2 Pollak, M. (1992). Memória e Identidade Social. Estudos Históricos. (Vol. 5, n. 10, p ). Acedido em 3 de Setembro de 2006 em 3 Carta de Cracóvia 2000 Princípios para a conservação e restauro do património construído. Lisboa: Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). 4 UNESCO, ICCROM e ICOMOS (1994). Conferência de Nara - Conferência sobre autenticidade em relação à conservação do Património Mundial. Acedido em 3 de Setembro de 2006 em 20

21 O património é, por um lado, um veículo de integração social, como legado do passado no qual uma comunidade se reconhece e com o qual se identifica, e por outro o património é também um capital com o qual uma comunidade deve contar para promover o seu desenvolvimento sustentável. É símbolo de promoção da sua própria imagem. 5 Uma vez que os valores culturais são por natureza dinâmicos, a definição de património é também por inerência dinâmica, o que significa que o conceito está em constante transformação e os objectos que o integram formam um conjunto aberto, com tendência para a sua ampliação. O conceito recente de património, amplo, flexível e dialéctico está ainda em construção. As alterações ao conceito de património, feitas ao longo dos anos, permitiram que este passasse a incluir as paisagens naturais com intervenção humana ou não, centros históricos, bairros típicos, bairros sociais de propostas inovadoras e outros. A constatação da sua importância e a necessidade da sua conservação e preservação, em contextos distintos e confrontando-se com diferentes problemas, originou a criação de diversos documentos contendo normas e directrizes para a orientação da intervenção sobre o património. A intervenção de qualquer ordem sobre o património deve portanto seguir as mais recentes orientações e os critérios proclamados internacionalmente Património Cultural Como referimos, o conceito de património foi sofrendo alterações ao longo dos tempos. A antiga noção de património histórico, com uma visão mais limitada, reduzida por uma historiografia oficial que convertia em património apenas os bens de origem aristocrática, religiosa, bélica ou estatal, deu lugar ao conceito actual, mais abrangente, de património cultural. Segundo a UNESCO (1972) o património cultural é o conjunto de bens móveis e imóveis, materiais e imateriais, propriedade de particulares, de instituições, de organismos 5 Na base do trabalho de Lévi-Strauss acha-se a suposição de que cada ser humano está completamente envolvido num contexto cultural e conceptual. Desse modo, ele argumenta que, para descobrirmos o que é verdadeiramente importante sobre os seres humanos, temos de explorar não a consciência humana como tal, e sim as expressões culturais do ser humano. Grenz, Stanley J. (1997). PÓS-MODERNISMO, Um guia para entender a filosofia do nosso tempo. São Paulo. Vida Nova. p

22 públicos ou semipúblicos que tenham valor excepcional desde o ponto de vista da história, da arte, da ciência e da cultura e portanto sejam dignos de ser conservados. Deste modo, o património cultural de um povo integra as obras dos seus artistas, arquitectos, músicos, escritores e sábios, assim como as criações anónimas emergidas da alma popular e o conjunto de valores que o identificam (as suas crenças, artesanato, gastrónoma, etc.) 6. A legislação portuguesa integra este principio ao definir o património cultural como o conjunto de todos os bens portadores de interesse cultural relevante e que, sendo testemunhos importantes de civilização ou de cultura, merecem especial valorização e protecção. Considera como bens culturais os bens móveis e imóveis, definindo três categorias para estes últimos, nos termos em que tais categorias se encontram definidas no direito internacional, ou seja, monumento, conjunto e sítio Património Arquitectónico O património arquitectónico, como elemento do património cultural, faz parte da paisagem cultural 8 produzida pela acção conjunta do ser humano e da natureza, condicionada pela morfologia do território e pela capacidade adaptativa do próprio ser humano. Neste sentido, a paisagem criada reflecte o processo histórico das acções evolutivas de cada cultura e testemunha os diversos fenómenos culturais ocorridos, ao mesmo tempo que vai sendo moldada. A forma urbana é portanto o resultado histórico das diferentes etapas de estruturação do espaço, com toda a diversidade e complexidade de valores e significados que lhe são próprios. Este processo dialéctico continua a verificar-se no presente, do mesmo modo que no passado. O património arquitectónico põe em evidência a existência de uma identidade cultural tangível no meio ambiente que nos rodeia. 6 ICOMOS (1982). Declaração do México Conferência Mundial sobre as Políticas Culturais. Acedido em 3 de Setembro de 2006 em 7 Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro Estabelece a as bases da política e do regime de protecção e valorização do património cultural. 8 Para uma análise mais detalhada sobre paisagem cultural consultar Recomendação n.º R (95) 9. Sobre a conservação integrada das áreas de paisagens culturais como integrantes das políticas paisagísticas. Adoptada pelo Comité de Ministros em 11 de Setembro de Conselho da Europa. 22

23 Partindo inicialmente de uma noção limitada aos monumentos isolados de valor excepcional, os primeiros documentos internacionais também não mencionavam o património arquitectónico como tal. A Carta de Atenas (1931) referia-se aos monumentos históricos, num contexto mais geral de património artístico e arqueológico, a Carta de Veneza (1964) referia-se a monumentos e conjuntos histórico-artísticos, contudo, a Carta Europeia do Património Arquitectónico (1975) incorporou já uma linguagem mais próxima daquela que utilizamos hoje. Convenção para a Salvaguarda do Património Arquitectónico da Europa (1985) Definiu que o conceito de património arquitectónico passaria a abranger: 9 - Monumentos e a sua envolvente: todas as construções que pelo seu interesse histórico, arqueológico, artístico, científico, social ou técnico são particularmente notáveis, incluindo as instalações ou os elementos decorativos que fazem parte integrante de tais construções; - Conjuntos arquitectónicos: agrupamentos homogéneos de construções urbanas ou rurais, suficientemente coerentes para serem objecto de uma delimitação topográfica, notáveis pelo seu interesse histórico, arqueológico, artístico, científico, social ou técnico; - Sítios: obras combinadas do homem e da natureza, parcialmente construídas e constituindo espaços suficientemente característicos e homogéneos para serem objecto de uma delimitação topográfica, notáveis pelo seu interesse histórico, arqueológico, artístico, científico, social ou técnico. Um bom exemplo da alteração de paradigma é a forma como hoje se considera (fruto de um consenso global que se foi formalizando ao longo das últimas décadas) as cidades/centros históricos, constituídos não apenas pela sua herança física e material (edifícios, ruas, praças, fontes, etc.) mas incluindo também a sua paisagem natural, e acima de tudo, os seus habitantes, seus costumes, seus ofícios, as suas relações socioeconómicas, as suas crenças, etc. Por esse motivo a intervenção sobre o património assume quase sempre uma 9 Resolução da Assembleia da República n.º5/91. Convenção para a Salvaguarda do Património Arquitectónico da Europa. Este documento ratifica a convenção com o mesmo nome assinada em Granada a 3 de Outubro de

24 enorme complexidade só possível de lidar com equipas multidisciplinares trabalhando em interdisciplinaridade e transdisciplinaridade (integração e somatório dos saberes). 10 O património arquitectónico é um bem que pertence a todos, contudo, cada uma das suas partes está à mercê de cada um. Cada geração, aliás, só dispõe do património a título passageiro, cabe-lhe a responsabilidade de o transmitir às gerações futuras Breve histórica da teoria da conservação e do restauro A preocupação com os monumentos históricos e o interesse pela sua conservação é desde há muito uma inquietação das civilizações. Como referimos anteriormente, o conceito de património foi sendo alterado ao longo do tempo e os desafios a ele ligados percepcionados segundo diferentes perspectivas. Pretende-se neste ponto fazer uma breve revisão dos principais conceitos e princípios aplicados ao património, desde o século XVIII até aos nossos dias O século das luzes O legado deixado de gerações anteriores despertou desde sempre interesse ao longo da história do velho continente, ora pela natureza sagrada dos lugares, pelas tecnologias construtivas ou pelas qualidades artísticas dos objectos ou lugares. Foi no entanto no século XVIII que surgiram as primeiras formulações explícitas sobre o valor documental e histórico da arquitectura e a necessidade da sua conservação e transmissão às futuras gerações, surgiam assim os primeiros inventários e catálogos e de seguida as primeiras teorias sobre restauro. 10 O princípio de interdisciplinaridade é geral a todas as ciências. Foi Jacques Boudeville quem escreveu que toda a ciência se desenvolve nas fronteiras de outras disciplinas e com elas se integra em uma filosofia. ( ) Quando se fala em multidisciplinaridade se está dizendo que o estudo de um fenómeno supõe uma colaboração multilateral de diversas disciplinas, mas isso não é por si mesmo uma garantia de integração entre elas, o que somente seria atingível através da interdisciplinaridade, isto é, por meio de uma imbricação entre disciplinas diversas ao redor de um mesmo objectivo de estudo. Henriques, José M. (1990). Municípios e Desenvolvimento, Caminhos possíveis. Lisboa. Escher. p Concelho da Europa (1975). Declaração de Amesterdão - Carta Europeia do Património Arquitectónico. Acedido em 3 de Setembro de 2006 em 24

25 Do século XIX ao século XX O conceito de monumento arquitectónico praticamente se manteve inalterado até às primeiras décadas do século XX, ou seja, manteve-se circunscrito aqueles exemplares de valor histórico, estético ou simbólico relevante. As teorias de Ruskin ou de Viollet-le-Duc, propagandeadas durante o século XIX, o discurso de Camillo Boito durante o III congresso de Engenheiros e Arquitectos Italianos realizado em Roma no ano de 1883, apontado por muitos teóricos como um acontecimento de enorme importância para a definição e sistematização da teoria de restauro e conservação, todos estes textos reuniram os princípios com os quais se desenvolveria a actividade de restauro do século XIX. Contudo, as diversas teorias de restauro desse século levaram sempre em consideração os edifícios ou monumentos como objectos isolados. Entre as mais importantes correntes teóricas da linha historicista 12 do século XIX, evidenciamos: a) O restauro estilístico do Francês Viollet-le-Duc ( ); Eugéne Emmanuel Viollet-le-Duc, defendia o restauro dos monumentos segundo o seu estilo característico, defendia ainda a destruição de todos os acrescentos de outras épocas de modo a conduzir o monumento ao seu estado mais puro. Viollet afirmou um dia que o arquitecto deve proceder como o cirurgião hábil e experimentado que não toca um órgão sem ter tomado consciência da função e sem ter previsto as consequências imediatas e futuras da operação. Antes que ter azar é melhor não fazer nada. Melhor deixar morrer que matá-lo. (cit. in Luso, Lourenço & Almeida, 2004, p. 35) Na sua obra Dicionário da Arquitectura Francesa (1871) escreveu: restaurar um edifício não é conservá-lo, repará-lo ou refazê-lo, é restabelecê-lo num estado de plenitude que não poderá ter existido em nenhum momento. (cit. in Luso et. al., 2004, p. 35) Um exemplo da sua obra é o restauro do Castelo de Pierrefonds, situado em Compiegne, França. 12 O historicismo desenvolvido no séc. XIX, representava a tendência generalizada de recuperar as características da arquitectura do passado, elegidas como padrões universais de beleza e qualidade. Nesse sentido eram imitados os estilos arquitectónicos de épocas passadas, incorporando algumas características culturais, evoluindo para o ecletismo. 25

26 b) O restauro arqueológico praticado por Raffaele Stern ( ); Segundo Stern, no trabalho feito sobre ruínas com vista à sua consolidação, a recomposição deveria ser feita recorrendo a formas simplificadas e com materiais diferentes dos originais, permitindo que a intervenção fosse distinguível do original. Um exemplo é o restauro do arco de Tito em Roma, executado entre 1817 e c) As reflexões anti-restauro do Inglês J. Ruskin ( ); Quase em simultâneo a Viollet, e em oposição a este, surgiram em Inglaterra as teorias de John Ruskin. Este crítico de arte, sociólogo e escritor, defendia o trabalho dos construtores e artífices, aos acrescentos feitos sobre os originais chamava de mentiras arquitectónicas, principalmente se não fossem manufacturadas. Para ele a produção industrial era uma falsificação. Segundo Ruskin os monumentos deviam ser alvo de constante manutenção para evitar futuros restauros. As intervenções feitas na Europa em alguns monumentos foram duramente criticadas por Ruskin e seus seguidores (entre eles, William Morris era o mais importante), gerando-se, na Inglaterra, o movimento que viria a ser conhecido por Anti- Restauro. d) O restauro moderno de Camillo Boito ( ); Este arquitecto italiano defendia que o principal valor dos monumentos é o seu valor histórico, devendo ser o aspecto primordial a preservar. Boito defendia, à semelhança de Ruskin, a manutenção do edifício ao longo do tempo para evitar-se o restauro com acrescentos e renovações, para ele, as intervenções de restauro só deviam ser executadas quando necessário. Considerava contudo, que sempre que existisse uma real necessidade de intervir, a obra moderna deveria ficar bem diferenciada da antiga, seguindo o princípio que os acrescentos de épocas posteriores também testemunham a história do monumento. Deste modo, Boito afirmava-se claramente contra os restauros estilísticos que falsificavam os monumentos. A lei Italiana para a conservação dos monumentos e dos objectos de antiguidade e arte 13, sem dúvida a mais completa à época e que serviu de exemplo para muitos outros estados europeus, seguiu as normas e os conselhos estabelecidos por Boito. 13 Por ocasião do III Congresso de Arquitectos e Engenheiros Civis realizado em Roma, no ano de 1883, Boito resume a sua teoria em vários princípios de actuação para a conservação dos monumentos históricos. Estes princípios são adoptados pelo Ministério da Instrução Pública de Itália e incorporados na legislação italiana em 1909 através da lei para a conservação dos monumentos e dos objectos de antiguidade e arte. 26

27 Os aspectos principais da lei determinavam a obrigatoriedade de: - limitar as intervenções ao mínimo possível; - distinguir de forma bem visível as partes novas das antigas; - marcar claramente a diferença entre os materiais originais e os modernos; - expor as partes eliminadas num lugar próximo do monumento restaurado; - manter um registo da intervenção, acompanhado de fotografias das diversas fases dos trabalhos, colocando-as no próprio monumento ou num lugar público próximo; - assinalar ou gravar a data de execução das intervenções no edifício numa epígrafe descritiva da actuação. e) O restauro histórico de Luca Beltrami ( ); Segundo Beltrami a reconstrução dos monumentos deveria ser fundamentada em critérios rigorosos e irrefutáveis, ou seja, documentos historiográficos, incluindo textos literários e representações gráficas, de forma a executar o restauro o mais verdadeiro possível. A maior dificuldade que a aplicação deste método apresentava era a incapacidade muitas vezes encontrada de interpretação dos dados históricos, umas vezes por falta de experiência, outras por insuficiência desses mesmos dados Século XX Os acontecimentos da primeira metade do século XX, com a grande destruição provocada por duas guerras mundiais e a posterior empresa de restauro de uma grande quantidade do património europeu, implicaram a necessidade de redigir um conjunto de documentos 14, a nível internacional, com a finalidade de normalizar a actividade de restauro e conservação do património histórico, as mudanças de conceitos e suas definições. Foi, portanto, já no decorrer do século XX, com as referidas alterações conceptuais, que se passou a valorizar o monumento arquitectónico no seu contexto envolvente. a) O restauro científico ou filológico de Gustavo Giovannoni ( ); Surgiu então uma nova corrente teórica, denominada de restauro científico ou filológico, que considerava o restauro como um acto científico e defendia a necessidade de utilizar métodos científicos bem definidos. O seu principal protagonista foi o Italiano Gustavo Giovannoni, tendo sido este o primeiro a alertar para os problemas da defesa dos centros 14 Cartas, normas, resoluções, declarações, recomendações, etc. 27

28 históricos. Arquitecto, engenheiro civil, historiador, urbanista e crítico de arquitectura, Giovannoni foi considerado um dos principais intervenientes na conferência de Atenas de 1931, da qual surgiu o primeiro documento internacional, publicado no sentido de tornar universais certas regras de protecção e salvaguarda de monumentos, falamos da Carta de Atenas do Restauro. Giovannoni colocava como questão central as relações entre conservação e modernização das cidades históricas reconhecendo que estas, para além do seu valor cultural, constituíam tecidos vivos. Defendia intervenções pontuais na cidade antiga (inserção do novo no antigo, seguindo a sua máxima, conservação e modernização), de forma cuidadosa e mantendo a configuração geral, de modo a manter as suas características ambientais. Gustavo Giovannoni 15 tornou-se um anti-modernista, crítico dos princípios defendidos pelo movimento modernista. Assim como Boito, Giovannoni manifestava-se contra os acrescentos, prática que denominava de restauro de inovação. Caso estes fossem absolutamente necessários deveriam ser correctamente identificados e datados, utilizando novos materiais que se adaptassem harmoniosamente aos originais. b) O restauro crítico de Cesare Brandi ( ); A outra corrente teórica de maior relevo neste século foi o restauro crítico de Cesare Brandi. Brandi, entendia que o restauro era um acto crítico-cultural, condicionado pelos valores do presente que, segundo ele, deviam ser considerados. Enfatizava a importância histórica e estética da obra e entendia que o autor do restauro devia olhá-la com uma sensibilidade crítica (juízo crítico de valor) 16, indo além da mera competência técnica e científica. A intervenção deveria ser multidisciplinar seguindo princípios gerais (descartando fórmulas e regras rígidas) ligados à crítica de arte, à estética, história e filosofia. O restauro deveria restabelecer a unidade potencial da obra de arte, sempre que isso fosse possível, sem cometer qualquer falsificação artística ou histórica, e sem apagar as marcas do percurso da obra de arte através do tempo 17. Para Brandi, o acto de restauro fazia parte da própria obra, configurando o momento em que esta era analisada na sua forma 15 No seu livro Vecchie città ed edilizia nuova (1931), Giovannoni critica a forma como estava a ser equacionada a questão da expansão urbana. 16 Cesare Brandi defendia que este juízo crítico de valor, que devia guiar a intervenção, jamais se poderia basear no gosto arbitrário de alguém, ao contrário deveria alicerçar-se em conhecimentos concretos e profundos, resultantes de estudos multidisciplinares. 17 Brandi, C. (1992). Teoría de la Restauración. Madrid: Alianza Editorial 28

29 material e na sua dupla dimensão estética e histórica, permitindo a sua transmissão às gerações futuras, imputando ao acto de restauro uma grande responsabilidade, para a geração presente e para as seguintes. Cesare Brandi, sustentava, à semelhança de Boito e Giovannoni, que qualquer intervenção deveria ser facilmente perceptível (princípio de distinguibilidade), sem com isso adulterar a própria unidade do objecto, para ele, o restauro deveria facilitar eventuais intervenções futuras, garantindo ao mesmo tempo o princípio da reversibilidade Bases normativas internacionais sobre património De entre os diversos documentos normativos gerados sobre o património e adoptados internacionalmente, fazemos menção aos que nos parecem mais importantes: Conservação e Restauro - Carta de Atenas do Restauro, 1931 (I Congresso Internacional de Arquitectos e Técnicos de Monumentos Históricos); - Carta de Veneza, 1964 (Carta Internacional sobre a Conservação e Restauro dos Monumentos e dos Sítios - ICOMOS); - Carta de Cracóvia, 2000 (Conservação e Restauro do Património Construído). Textos Europeus sobre o Património Arquitectónico Europeu - Declaração de Amesterdão, 1975 (Congresso sobre o Património Arquitectónico Europeu Concelho da Europa); - Acordo de Granada, 1985 (Convenção para a Salvaguarda do Património Arquitectónico da Europa Concelho da Europa); Sítios Históricos e Património Vernacular - Recomendação de Nairobi, 1976 (Relativo à Salvaguarda e Papel Contemporâneo das Áreas Históricas UNESCO); 18 Idem 29

30 - Carta de Toledo, 1987 (Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas ICOMOS); - Carta do Património Vernacular Construído, 2000 (Charter on the Built Vernacular Heritage - ICOMOS); Conservação e Restauro Carta de Atenas do Restauro (1931): 19 A Carta de Atenas de 1931 (Carta para o Restauro de Monumentos Históricos, adoptada pelo Primeiro Congresso Internacional de Arquitectos e Técnicos de Monumentos Históricos) foi redigida decorrido pouco mais de uma década do fim da Primeira Guerra Mundial (1919), num contexto de profundo debate entre os vários especialistas e pretendia unificar e universalizar os critérios de intervenção sobre o património arquitectónico. Tendo como herança o restauro científico proposto por G. Giovannoni, recomendava o respeito pelo carácter e fisionomia da cidade, particularmente no contexto envolvente dos monumentos antigos onde o ambiente devia ser objecto de um cuidado especial. A Carta de Atenas defendia que a manutenção dos monumentos deveria ser feita regularmente, para que estes pudessem ter uma utilização efectiva, condenava as reconstruções integrais bem como a aplicação irresponsável de materiais modernos, assim como a utilização de publicidade, postes e fios de electricidade na envolvente do monumento. As construções a erigir nesse espaço deveriam ser cuidadosamente equacionadas. Esta carta reforçou a importância da conservação, da educação e propôs vias de colaboração internacional. A carta de Atenas serviu ainda de base para a legislação patrimonial de vários países e para a elaboração de outros documentos internacionais, em especial a Carta de Veneza e a Carta de Cracóvia, granjeando uma grande influência em países como a Itália (nas Cartas de Restauro Italianas de 1932 e 1972), e Espanha. 19 I Congresso Internacional de Arquitectos e Técnicos de Monumentos Históricos (1931). Carta de Atenas Para o Restauro de Monumentos Históricos. Acedido em 3 de Setembro de 2006 em 30

31 Ideias fundamentais expostas na Carta de Atenas de 1931: - assegurar a durabilidade das obras de arte e dos monumentos através de uma manutenção regular e permanente, evitando restituições integrais; - respeito por todas as obras históricas e artísticas do passado sem excluir estilos de qualquer época; - reutilização do edifício, mantendo o seu uso original ou atribuindo-lhe o uso funcionalmente mais adequado, garantido a sua continuidade futura; - o recurso às técnicas modernas seria aceitável desde que de forma dissimulada, para que a sua aplicação não alterasse a imagem e o carácter do monumento; - antes de qualquer intervenção, o monumento devia ser alvo de estudo e análise por parte de uma equipa multidisciplinar, de modo a realizar um diagnóstico correcto e definir os trabalhos adequados de restauro. Carta de Veneza (1964): 20 Redigida em 1964, durante o II Congresso Internacional de Arquitectos e Técnicos de Monumentos Históricos e adoptada pela ICOMOS, a Carta Internacional sobre Conservação e Restauro dos Monumentos e Sítios Histórico-Artísticos 21 revela a influência das actividades de restauro levadas a cabo depois da Segunda Guerra Mundial ( ). Inspirada nos pressupostos teóricos do restauro crítico de Cesare Brandi atribui uma maior importância a motivos espirituais e culturais, ao contrário da Carta de Atenas que defendia critérios mais científicos e documentais. 22 A definição de monumento histórico sofre na Carta de Veneza uma alteração, passando a abranger para além da obra arquitectónica isolada e o espaço envolvente onde se encontra implantada, o sítio rural e urbano que testemunhe uma civilização particular, uma evolução significativa ou um determinado acontecimento histórico. Passa também a englobar, para além das obras excepcionais, as criações mais modestas com valor cultural. 20 ICOMOS (1964). Carta de Veneza - Carta Internacional sobre a Conservação e Restauro dos Monumentos e dos Sítios. Acedido em 3 de Setembro de 2006 em 21 Modelo de Preservação Histórica e do Conservacionismo 22 Azkarate, A., de Ael, M. J. Ruiz & Santana, A. (2003). El Património Arquitectónico. Acedido em 5 de Setembro de 2006 em 31

32 Outros pontos importantes deste documento: - necessidade de salvaguardar a obra de arte ao mesmo tempo que o testemunho histórico; - o restauro devia respeitar os materiais utilizados e todas as partes das diferentes épocas, sem adulterar ou destruir; - os estudos deviam ser acompanhados de investigação das várias especialidades, utilizando meios interdisciplinares avançados; - as intervenções de restauro deviam permitir que os trabalhos realizados sobre o objecto pudessem em qualquer altura ser retirados, regressando ao seu estado inicial, prevendo a reversibilidade nas intervenções estruturais e construtivas; - necessidade de uma manutenção periódica dos edifícios e uma atribuição funcional socialmente útil; - importância de salvaguardar a integridade dos sítios monumentais e assegurar o seu saneamento, manutenção e valorização. Carta de Cracóvia (2000): 23 Surge como uma actualização das duas cartas anteriormente referidas, dentro de um contexto de unificação Europeia, com a pretensão de responder aos novos paradigmas culturais. São levantadas questões como a multidisciplinaridade na conservação e restauro e a necessidade de incluir novas tecnologias. Adquire uma importância singular uma vez que é o mais recente documento internacional produzido sobre o Património Arquitectónico. Valoriza em seus princípios, de forma conjunta, o património arquitectónico, urbano e paisagístico, reivindica a recuperação da memória histórica contida no património edificado (resgatando o valor dos elementos documentais) e defende os valores distintos acumulados ao longo dos séculos opondo-se portanto à recuperação selectiva de supostos estados originais. Correndo o risco de nos repetirmos, por ser este o documento mais recente consideramo-lo de maior importância e por isso mesmo, dele falaremos mais detalhadamente posteriormente. 23 Carta de Cracóvia 2000 Princípios para a conservação e restauro do património construído. Lisboa: DGEMN. 32

Centro Histórico de Santarém: Como integrar a herança cultural nos desafios do futuro?

Centro Histórico de Santarém: Como integrar a herança cultural nos desafios do futuro? Centro Histórico de Santarém: Como integrar a herança cultural nos desafios do futuro? Vive-se um tempo de descrédito, generalizado, relativamente às soluções urbanísticas encontradas para o crescimento

Leia mais

SEMINÁRIO A EMERGÊNCIA O PAPEL DA PREVENÇÃO

SEMINÁRIO A EMERGÊNCIA O PAPEL DA PREVENÇÃO SEMINÁRIO A EMERGÊNCIA O PAPEL DA PREVENÇÃO As coisas importantes nunca devem ficar à mercê das coisas menos importantes Goethe Breve Evolução Histórica e Legislativa da Segurança e Saúde no Trabalho No

Leia mais

FUNDAÇÃO MINERVA CULTURA ENSINO E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA NOTA EXPLICATIVA

FUNDAÇÃO MINERVA CULTURA ENSINO E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA NOTA EXPLICATIVA NOTA EXPLICATIVA DA AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS NO ÂMBITO DO 1º CICLO DE ESTUDOS DO CURSO DE LICENCIATURA/MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITECTURA, CONDUCENTE AO GRAU DE LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA ARQUITECTURA.

Leia mais

CARTA INTERNACIONAL DO TURISMO CULTURAL

CARTA INTERNACIONAL DO TURISMO CULTURAL Pág. 1 de9 CARTA INTERNACIONAL DO TURISMO CULTURAL Gestão do Turismo nos Sítios com Significado Patrimonial 1999 Adoptada pelo ICOMOS na 12.ª Assembleia Geral no México, em Outubro de 1999 Tradução por

Leia mais

VOLUNTARIADO E CIDADANIA

VOLUNTARIADO E CIDADANIA VOLUNTARIADO E CIDADANIA Voluntariado e cidadania Por Maria José Ritta Presidente da Comissão Nacional do Ano Internacional do Voluntário (2001) Existe em Portugal um número crescente de mulheres e de

Leia mais

Marketing Turístico e Hoteleiro

Marketing Turístico e Hoteleiro 1 CAPÍTULO I Introdução ao Marketing Introdução ao Estudo do Marketing Capítulo I 1) INTRODUÇÃO AO MARKETING Sumário Conceito e Importância do marketing A evolução do conceito de marketing Ética e Responsabilidade

Leia mais

Proposta de Alteração da Lei de Bases do Sistema Educativo

Proposta de Alteração da Lei de Bases do Sistema Educativo Proposta de Alteração da Lei de Bases do Sistema Educativo Parecer da Federação Académica do Porto A participação de Portugal na subscrição da Declaração de Bolonha em Junho de 1999 gerou para o Estado

Leia mais

EUROPA, UM PATRIMÓNIO COMUM. Título: Solares de Portugal na Europa das Tradições

EUROPA, UM PATRIMÓNIO COMUM. Título: Solares de Portugal na Europa das Tradições EUROPA, UM PATRIMÓNIO COMUM Título: Solares de Portugal na Europa das Tradições Ponte de Lima, Janeiro de 2000 EUROPA, UM PATRIMÓNIO COMUM 1 - TÍTULO: Solares de Portugal na Europa das Tradições 2 AUTOR:

Leia mais

GRANDES OPÇÕES DO PLANO 2008 PRINCIPAIS ASPECTOS

GRANDES OPÇÕES DO PLANO 2008 PRINCIPAIS ASPECTOS GRANDES OPÇÕES DO PLANO 2008 PRINCIPAIS ASPECTOS I. INTRODUÇÃO O Governo apresentou ao Conselho Económico e Social o Projecto de Grandes Opções do Plano 2008 (GOP 2008) para que este Órgão, de acordo com

Leia mais

A Conferência ouviu a exposição dos principios gerais e doutrinas relativas à protecção de monumentos.

A Conferência ouviu a exposição dos principios gerais e doutrinas relativas à protecção de monumentos. Carta de Atenas (1931) Conclusões da Conferência Internacional de Atenas sobre o Restauro dos Monumentos Serviço Internacional de Museus, Atenas, 21 a 30 de Outubro de 1931. I - Doutrinas. Princípios Gerais

Leia mais

A CIDADELA DE CASCAIS: O MONUMENTO, A ENVOLVENTE URBANA E O VALOR SOCIAL

A CIDADELA DE CASCAIS: O MONUMENTO, A ENVOLVENTE URBANA E O VALOR SOCIAL 349 A CIDADELA DE CASCAIS: O MONUMENTO, A ENVOLVENTE URBANA E O VALOR SOCIAL Jacinta Bugalhão O conjunto monumental militar designado globalmente como Cidadela de Cascais (e que engloba, nesta acepção,

Leia mais

ARTIGO TÉCNICO. Os objectivos do Projecto passam por:

ARTIGO TÉCNICO. Os objectivos do Projecto passam por: A metodologia do Projecto SMART MED PARKS ARTIGO TÉCNICO O Projecto SMART MED PARKS teve o seu início em Fevereiro de 2013, com o objetivo de facultar uma ferramenta analítica de confiança para apoiar

Leia mais

LÍDER: compromisso em comunicar, anunciar e fazer o bem.

LÍDER: compromisso em comunicar, anunciar e fazer o bem. ESCOLA VICENTINA SÃO VICENTE DE PAULO Disciplina: Ensino Religioso Professor(a): Rosemary de Souza Gelati Paranavaí / / "Quanto mais Deus lhe dá, mais responsável ele espera que seja." (Rick Warren) LÍDER:

Leia mais

ISO 14000. Estrutura da norma ISO 14001

ISO 14000. Estrutura da norma ISO 14001 ISO 14000 ISO 14000 é uma serie de normas desenvolvidas pela International Organization for Standardization (ISO) e que estabelecem directrizes sobre a área de gestão ambiental dentro de empresas. Histórico

Leia mais

Como elaborar um Plano de Negócios de Sucesso

Como elaborar um Plano de Negócios de Sucesso Como elaborar um Plano de Negócios de Sucesso Pedro João 28 de Abril 2011 Fundação António Cupertino de Miranda Introdução ao Plano de Negócios Modelo de Negócio Análise Financeira Estrutura do Plano de

Leia mais

A Gestão, os Sistemas de Informação e a Informação nas Organizações

A Gestão, os Sistemas de Informação e a Informação nas Organizações Introdução: Os Sistemas de Informação (SI) enquanto assunto de gestão têm cerca de 30 anos de idade e a sua evolução ao longo destes últimos anos tem sido tão dramática como irregular. A importância dos

Leia mais

PROGRAMA DO INTERNATO MÉDICO DE SAÚDE PÚBLICA

PROGRAMA DO INTERNATO MÉDICO DE SAÚDE PÚBLICA Coordenação do Internato Médico de Saúde Pública PROGRAMA DO INTERNATO MÉDICO DE SAÚDE PÚBLICA (Aprovado pela Portaria 47/2011, de 26 de Janeiro) Internato 2012/2016 ÍNDICE GERAL INTRODUÇÃO 1 1. DURAÇÃO

Leia mais

Concurso Fotográfico Património e Paisagem Urbana do Concelho

Concurso Fotográfico Património e Paisagem Urbana do Concelho JORNADAS EUROPEIAS DO PATRIMÓNIO 2011 PATRIMONIO E PAISAGEM URBANA As Jornadas Europeias do Património, promovidas em Portugal pelo IGESPAR a 23/24/25 de Setembro, são uma iniciativa anual do Conselho

Leia mais

PLANO DE PORMENOR DO DALLAS FUNDAMENTAÇÃO DA DELIBERAÇÃO DE DISPENSA DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL

PLANO DE PORMENOR DO DALLAS FUNDAMENTAÇÃO DA DELIBERAÇÃO DE DISPENSA DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL FUNDAMENTAÇÃO DA DELIBERAÇÃO DE DISPENSA DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL Deliberação da Reunião Câmara Municipal de 29/11/2011 DIRECÇÃO MUNICIPAL DE URBANISMO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE PLANEAMENTO URBANO DIVISÃO

Leia mais

INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO A partir de meados do século xx a actividade de planeamento passou a estar intimamente relacionada com o modelo racional. Uma das propostas que distinguia este do anterior paradigma era a integração

Leia mais

Senhor Ministro da Defesa Nacional, Professor Azeredo Lopes, Senhora Vice-Presidente da Assembleia da República, Dra.

Senhor Ministro da Defesa Nacional, Professor Azeredo Lopes, Senhora Vice-Presidente da Assembleia da República, Dra. Senhor Representante de Sua Excelência o Presidente da República, General Rocha Viera, Senhor Ministro da Defesa Nacional, Professor Azeredo Lopes, Senhora Vice-Presidente da Assembleia da República, Dra.

Leia mais

Projecto REDE CICLÁVEL DO BARREIRO Síntese Descritiva

Projecto REDE CICLÁVEL DO BARREIRO Síntese Descritiva 1. INTRODUÇÃO Pretende-se com o presente trabalho, desenvolver uma rede de percursos cicláveis para todo o território do Município do Barreiro, de modo a promover a integração da bicicleta no sistema de

Leia mais

Área de Intervenção IV: Qualidade de vida do idoso

Área de Intervenção IV: Qualidade de vida do idoso Área de Intervenção IV: Qualidade de vida do idoso 64 ÁREA DE INTERVENÇÃO IV: QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO 1 Síntese do Problemas Prioritários Antes de serem apresentadas as estratégias e objectivos para

Leia mais

JUSTIFICAÇÃO PARA A NÃO SUJEIÇÃO DO PLANO DE PORMENOR DE REABILITAÇÃO URBANA DE SANTA CATARINA A AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA

JUSTIFICAÇÃO PARA A NÃO SUJEIÇÃO DO PLANO DE PORMENOR DE REABILITAÇÃO URBANA DE SANTA CATARINA A AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA JUSTIFICAÇÃO PARA A NÃO SUJEIÇÃO DO PLANO DE PORMENOR DE REABILITAÇÃO URBANA DE SANTA CATARINA A AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA CÂMARA MUNICIPAL DE SINES DEPARTAMENTO DE GESTÃO TERRITORIAL DIVISÃO DE

Leia mais

Lei n.º 133/99 de 28 de Agosto

Lei n.º 133/99 de 28 de Agosto Mediação Familiar Lei n.º 133/99 de 28 de Agosto Altera a Organização Tutelar de Menores, nomeadamente através da introdução de novos artigos de que destacamos aquele que se refere à mediação Artigo 147.º

Leia mais

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS APRESENTAÇÃO ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS Breve histórico da instituição seguido de diagnóstico e indicadores sobre a temática abrangida pelo projeto, especialmente dados que permitam análise da

Leia mais

REDE SOCIAL DIAGNÓSTICO SOCIAL

REDE SOCIAL DIAGNÓSTICO SOCIAL REDE SOCIAL INQUÉRITOS POR QUESTIONÁRIO ASSOCIAÇÕES INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO ÁS ASSOCIAÇÕES DO CONCELHO DE A pobreza e a exclusão social embora não sendo fenómenos recentes, têm vindo a surgir nas nossas

Leia mais

CADERNOS DE SOCIOMUSEOLOGIA Nº 15-1999 5

CADERNOS DE SOCIOMUSEOLOGIA Nº 15-1999 5 CADERNOS DE SOCIOMUSEOLOGIA Nº 15-1999 5 APRESENTAÇÃO. O presente número dos Cadernos de Sociomuseologia, reúne um conjunto de documentos sobre museologia e património que se encontram dispersos e muitas

Leia mais

Educação para a Cidadania linhas orientadoras

Educação para a Cidadania linhas orientadoras Educação para a Cidadania linhas orientadoras A prática da cidadania constitui um processo participado, individual e coletivo, que apela à reflexão e à ação sobre os problemas sentidos por cada um e pela

Leia mais

IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA PROTECÇÃO DOS PRODUTOS TRADICIONAIS PORTUGUESES

IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA PROTECÇÃO DOS PRODUTOS TRADICIONAIS PORTUGUESES IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA PROTECÇÃO DOS PRODUTOS TRADICIONAIS PORTUGUESES A valorização comercial dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios que, ou pela sua origem ou pelos seus modos particulares

Leia mais

Uma globalização consciente

Uma globalização consciente Uma globalização consciente O apelo a uma globalização mais ética tornou se uma necessidade. Actores da globalização como as escolas, devem inspirar por estes valores às responsabilidades que lhes são

Leia mais

V Seminário de Metodologia de Ensino de Educação Física da FEUSP- 2014. Relato de Experiência INSERINDO A EDUCAÇÃO INFANTIL NO CONTEXTO COPA DO MUNDO.

V Seminário de Metodologia de Ensino de Educação Física da FEUSP- 2014. Relato de Experiência INSERINDO A EDUCAÇÃO INFANTIL NO CONTEXTO COPA DO MUNDO. V Seminário de Metodologia de Ensino de Educação Física da FEUSP- 2014 Relato de Experiência INSERINDO A EDUCAÇÃO INFANTIL NO CONTEXTO COPA DO MUNDO. RESUMO Adriana Vieira de Lima Colégio Marista Arquidiocesano

Leia mais

memmolde Norte: uma contribuição para a salvaguarda da memória colectiva da indústria de moldes do Norte de Portugal

memmolde Norte: uma contribuição para a salvaguarda da memória colectiva da indústria de moldes do Norte de Portugal memmolde Norte: uma contribuição para a salvaguarda da memória colectiva da indústria de moldes do Norte de Portugal Nuno Gomes Cefamol Associação Nacional da Indústria de Moldes MEMMOLDE NORTE As rápidas

Leia mais

Arquitecturas de Software Licenciatura em Engenharia Informática e de Computadores

Arquitecturas de Software Licenciatura em Engenharia Informática e de Computadores UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Arquitecturas de Software Licenciatura em Engenharia Informática e de Computadores Primeiro Teste 21 de Outubro de 2006, 9:00H 10:30H Nome: Número:

Leia mais

Reabilitação do Edifício da Casa da Cultura

Reabilitação do Edifício da Casa da Cultura Reabilitação do Edifício da Casa da Cultura ANEXO III PROGRAMA PRELIMINAR Programa_Preliminar_JC_DOM 1 Reabilitação do Edifício da Casa da Cultura PROGRAMA PRELIMINAR Índice! " #! $ % &' ( Programa_Preliminar_JC_DOM

Leia mais

CARTA PARA A CONSERVAÇÃO DOS SÍTIOS COM VALOR PATRIMONIAL CULTURAL

CARTA PARA A CONSERVAÇÃO DOS SÍTIOS COM VALOR PATRIMONIAL CULTURAL Pág. 1 de 7 ICOMOS NEW ZEALAND CARTA PARA A CONSERVAÇÃO DOS SÍTIOS COM VALOR PATRIMONIAL CULTURAL Tradução por António de Borja Araújo, Engenheiro Civil IST Março de 2007 Pág. 2 de 7 Preâmbulo A Nova Zelândia

Leia mais

INTERVENÇÃO DO SENHOR SECRETÁRIO DE ESTADO DO TURISMO NO SEMINÁRIO DA APAVT: QUAL O VALOR DA SUA AGÊNCIA DE VIAGENS?

INTERVENÇÃO DO SENHOR SECRETÁRIO DE ESTADO DO TURISMO NO SEMINÁRIO DA APAVT: QUAL O VALOR DA SUA AGÊNCIA DE VIAGENS? INTERVENÇÃO DO SENHOR SECRETÁRIO DE ESTADO DO TURISMO NO SEMINÁRIO DA APAVT: QUAL O VALOR DA SUA AGÊNCIA DE VIAGENS? HOTEL TIVOLI LISBOA, 18 de Maio de 2005 1 Exmos Senhores ( ) Antes de mais nada gostaria

Leia mais

REU IÃO I FORMAL DOS CHEFES DE ESTADO E DE GOVER O DE 7 DE OVEMBRO VERSÃO APROVADA

REU IÃO I FORMAL DOS CHEFES DE ESTADO E DE GOVER O DE 7 DE OVEMBRO VERSÃO APROVADA Bruxelas, 7 de ovembro de 2008 REU IÃO I FORMAL DOS CHEFES DE ESTADO E DE GOVER O DE 7 DE OVEMBRO VERSÃO APROVADA 1. A unidade dos Chefes de Estado e de Governo da União Europeia para coordenar as respostas

Leia mais

O ENOTURISMO. Conceito:

O ENOTURISMO. Conceito: Conceito: O conceito de enoturismo ainda está em formação e, a todo o momento, vão surgindo novos contributos; Tradicionalmente, o enoturismo consiste na visita a vinhas, estabelecimentos vinícolas, festivais

Leia mais

DECLARAÇÃO UNIVERSAL SOBRE A DIVERSIDADE CULTURAL

DECLARAÇÃO UNIVERSAL SOBRE A DIVERSIDADE CULTURAL DECLARAÇÃO UNIVERSAL SOBRE A DIVERSIDADE CULTURAL A Conferência Geral, Reafirmando o seu compromisso com a plena realização dos direitos humanos e das liberdades fundamentais proclamadas na Declaração

Leia mais

O Ecomuseu Municipal do Seixal como sistema de recursos patrimoniais e museais descentralizados no território

O Ecomuseu Municipal do Seixal como sistema de recursos patrimoniais e museais descentralizados no território O Ecomuseu Municipal do Seixal como sistema de recursos patrimoniais e museais descentralizados no território Graça Filipe Modelos de redes de museus I Encontro de Museus do Douro Vila Real 24 Setembro

Leia mais

CONSTITUIÇÃO PORTUGUESA ACERCA DO PATRIMÓNIO CULTURAL.

CONSTITUIÇÃO PORTUGUESA ACERCA DO PATRIMÓNIO CULTURAL. CADERNOS DE SOCIOMUSEOLOGIA Nº 15-1999 309 CONSTITUIÇÃO PORTUGUESA ACERCA DO PATRIMÓNIO CULTURAL. Artigo 9.º (Tarefas fundamentais do Estado) São tarefas fundamentais do Estado:. a) Garantir a independência

Leia mais

Avanços na transparência

Avanços na transparência Avanços na transparência A Capes está avançando não apenas na questão dos indicadores, como vimos nas semanas anteriores, mas também na transparência do sistema. Este assunto será explicado aqui, com ênfase

Leia mais

1. Objectivos do Observatório da Inclusão Financeira

1. Objectivos do Observatório da Inclusão Financeira Inclusão Financeira Inclusão Financeira Ao longo da última década, Angola tem dado importantes passos na construção dos pilares que hoje sustentam o caminho do desenvolvimento económico, melhoria das

Leia mais

Classes sociais. Ainda são importantes no comportamento do consumidor? Joana Miguel Ferreira Ramos dos Reis; nº 209479 17-10-2010

Classes sociais. Ainda são importantes no comportamento do consumidor? Joana Miguel Ferreira Ramos dos Reis; nº 209479 17-10-2010 Universidade Técnica de Lisboa - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas Ciências da Comunicação Pesquisa de Marketing Docente Raquel Ribeiro Classes sociais Ainda são importantes no comportamento

Leia mais

Convenção 187 Convenção sobre o Quadro Promocional para a Segurança e Saúde no Trabalho. A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho,

Convenção 187 Convenção sobre o Quadro Promocional para a Segurança e Saúde no Trabalho. A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, Convenção 187 Convenção sobre o Quadro Promocional para a Segurança e Saúde no Trabalho A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração

Leia mais

Unidade II FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL. Prof. José Junior

Unidade II FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL. Prof. José Junior Unidade II FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL Prof. José Junior O surgimento do Serviço Social O serviço social surgiu da divisão social e técnica do trabalho, afirmando-se

Leia mais

A responsabilidade social da EDP face aos campos electromagnéticos

A responsabilidade social da EDP face aos campos electromagnéticos A responsabilidade social da EDP face aos campos electromagnéticos Contextualização de risco Toda a actividade desenvolvida na sociedade tem um risco associado É possível diminuir riscos evitando actividades

Leia mais

Projecto para a Auto-suficiência e Desenvolvimento Sustentáveis do Município de Almeida

Projecto para a Auto-suficiência e Desenvolvimento Sustentáveis do Município de Almeida Projecto para a Auto-suficiência e Desenvolvimento Sustentáveis do Município de Almeida Ideias e soluções para um novo paradigma por Filipe Vilhena de Carvalho Causas para a falência do actual sistema:

Leia mais

Importância da normalização para as Micro e Pequenas Empresas 1. Normas só são importantes para as grandes empresas...

Importância da normalização para as Micro e Pequenas Empresas 1. Normas só são importantes para as grandes empresas... APRESENTAÇÃO O incremento da competitividade é um fator decisivo para a maior inserção das Micro e Pequenas Empresas (MPE), em mercados externos cada vez mais globalizados. Internamente, as MPE estão inseridas

Leia mais

yuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxcvbnm qwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxc

yuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxcvbnm qwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxc qwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwe rtyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyui opasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopas

Leia mais

PRESSUPOSTOS BASE PARA UMA ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO NO ALENTEJO

PRESSUPOSTOS BASE PARA UMA ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO NO ALENTEJO PRESSUPOSTOS BASE PARA UMA ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO NO ALENTEJO ÍNDICE 11. PRESSUPOSTO BASE PARA UMA ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO 25 NO ALENTEJO pág. 11.1. Um sistema regional de inovação orientado para a competitividade

Leia mais

Mestrado em Sistemas Integrados de Gestão (Qualidade, Ambiente e Segurança)

Mestrado em Sistemas Integrados de Gestão (Qualidade, Ambiente e Segurança) Mestrado em Sistemas Integrados de Gestão (Qualidade, Ambiente e Segurança) 1 - Apresentação Grau Académico: Mestre Duração do curso: : 2 anos lectivos/ 4 semestres Número de créditos, segundo o Sistema

Leia mais

LIDERANÇA, ÉTICA, RESPEITO, CONFIANÇA

LIDERANÇA, ÉTICA, RESPEITO, CONFIANÇA Dado nos últimos tempos ter constatado que determinado sector da Comunidade Surda vem falando muito DE LIDERANÇA, DE ÉTICA, DE RESPEITO E DE CONFIANÇA, deixo aqui uma opinião pessoal sobre o que são estes

Leia mais

Ensaio sobre o Conceito de Paisagem

Ensaio sobre o Conceito de Paisagem Ensaio sobre o Conceito de Paisagem Raphael Oliveira Site: http://oliraf.wordpress.com/ Venho, por este meio, deixar-vos um pequeno artigo sobre o conceito de Paisagem. Como sabem, a Paisagem é uma das

Leia mais

Em 1951 foi fixada a respectiva ZEP, publicada no Diário do Governo (II Série) n.º 189 de 16/08/1951, que inclui uma zona non aedificandi.

Em 1951 foi fixada a respectiva ZEP, publicada no Diário do Governo (II Série) n.º 189 de 16/08/1951, que inclui uma zona non aedificandi. INFORMAÇÃO DSBC/DRCN/09 data: 14.01.2009 cs: 597682 Processo nº: DRP/CLS - 2398 Assunto: Revisão da Zona Especial de Protecção do Santuário de Panóias, freguesia de Panóias, concelho e distrito de Vila

Leia mais

QUALIDADE E INOVAÇÃO. Docente: Dr. José Carlos Marques

QUALIDADE E INOVAÇÃO. Docente: Dr. José Carlos Marques QUALIDADE E INOVAÇÃO Docente: Dr. José Carlos Marques Discentes: Estêvão Lino Andrade N.º 2089206 Maria da Luz Abreu N.º 2405797 Teodoto Silva N.º 2094306 Vitalina Cunha N.º 2010607 Funchal, 28 de Março

Leia mais

NCE/10/00116 Relatório final da CAE - Novo ciclo de estudos

NCE/10/00116 Relatório final da CAE - Novo ciclo de estudos NCE/10/00116 Relatório final da CAE - Novo ciclo de estudos Caracterização do pedido Perguntas A.1 a A.10 A.1. Instituição de ensino superior / Entidade instituidora: Universidade Do Minho A.1.a. Descrição

Leia mais

COMISSÃO EXECUTIVA DA ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃO PROCEDIMENTOS PARA ATRIBUIÇÃO DO TÍTULO DE ENGENHEIRO ESPECIALISTA EM

COMISSÃO EXECUTIVA DA ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃO PROCEDIMENTOS PARA ATRIBUIÇÃO DO TÍTULO DE ENGENHEIRO ESPECIALISTA EM PROCEDIMENTOS PARA ATRIBUIÇÃO DO TÍTULO DE ENGENHEIRO ESPECIALISTA EM Procedimentos para a atribuição do título de Engenheiro Especialista em Segurança no Trabalho da Construção 1 Introdução...2 2 Definições...4

Leia mais

CURSOS PRECISAM PREPARAR PARA A DOCÊNCIA

CURSOS PRECISAM PREPARAR PARA A DOCÊNCIA Fundação Carlos Chagas Difusão de Idéias novembro/2011 página 1 CURSOS PRECISAM PREPARAR PARA A DOCÊNCIA Elba Siqueira de Sá Barretto: Os cursos de Pedagogia costumam ser muito genéricos e falta-lhes um

Leia mais

introdução Trecho final da Carta da Terra 1. O projeto contou com a colaboração da Rede Nossa São Paulo e Instituto de Fomento à Tecnologia do

introdução Trecho final da Carta da Terra 1. O projeto contou com a colaboração da Rede Nossa São Paulo e Instituto de Fomento à Tecnologia do sumário Introdução 9 Educação e sustentabilidade 12 Afinal, o que é sustentabilidade? 13 Práticas educativas 28 Conexões culturais e saberes populares 36 Almanaque 39 Diálogos com o território 42 Conhecimentos

Leia mais

O Que São os Serviços de Psicologia e Orientação (SPO)?

O Que São os Serviços de Psicologia e Orientação (SPO)? O Que São os Serviços de Psicologia e Orientação (SPO)? São unidades especializadas de apoio educativo multidisciplinares que asseguram o acompanhamento do aluno, individualmente ou em grupo, ao longo

Leia mais

SEMANA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL REGENERAÇÃO URBANA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA INTERNACIONALIZAÇÃO

SEMANA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL REGENERAÇÃO URBANA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA INTERNACIONALIZAÇÃO SEMANA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL REGENERAÇÃO URBANA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA INTERNACIONALIZAÇÃO Começo por saudar os presentes e agradecer a disponibilidade demonstrada pelos distintos oradores que

Leia mais

DOCUMENTO DE TRABALHO

DOCUMENTO DE TRABALHO DOCUMENTO DE TRABALHO Grupo de trabalho 1 ÁREAS PROTEGIDAS ADERENTES À CARTA EUROPEIA DE TURISMO SUSTENTÁVEL PROGRAMA: Quinta 23 de Novembro: 10:00-13:00 h Comunicação e divulgação da CETS na Europa, Espanha

Leia mais

Agrupamento Vertical de Escolas de Salir Biblioteca Escolar 2008/2009. Como fazer um trabalho

Agrupamento Vertical de Escolas de Salir Biblioteca Escolar 2008/2009. Como fazer um trabalho Agrupamento Vertical de Escolas de Salir Biblioteca Escolar 2008/2009 Como fazer um trabalho Etapas na elaboração de um trabalho 1ª Etapa Penso sobre o tema 2ª Etapa Onde vou encontrar a informação? 3ª

Leia mais

24 O uso dos manuais de Matemática pelos alunos de 9.º ano

24 O uso dos manuais de Matemática pelos alunos de 9.º ano 24 O uso dos manuais de Matemática pelos alunos de 9.º ano Mariana Tavares Colégio Camões, Rio Tinto João Pedro da Ponte Departamento de Educação e Centro de Investigação em Educação Faculdade de Ciências

Leia mais

::ENQUADRAMENTO ::ENQUADRAMENTO::

::ENQUADRAMENTO ::ENQUADRAMENTO:: ::ENQUADRAMENTO:: :: ENQUADRAMENTO :: O actual ambiente de negócios caracteriza-se por rápidas mudanças que envolvem a esfera politica, económica, social e cultural das sociedades. A capacidade de se adaptar

Leia mais

DESENVOLVER E GERIR COMPETÊNCIAS EM CONTEXTO DE MUDANÇA (Publicado na Revista Hotéis de Portugal Julho/Agosto 2004)

DESENVOLVER E GERIR COMPETÊNCIAS EM CONTEXTO DE MUDANÇA (Publicado na Revista Hotéis de Portugal Julho/Agosto 2004) DESENVOLVER E GERIR COMPETÊNCIAS EM CONTEXTO DE MUDANÇA (Publicado na Revista Hotéis de Portugal Julho/Agosto 2004) por Mónica Montenegro, Coordenadora da área de Recursos Humanos do MBA em Hotelaria e

Leia mais

Instalações Eléctricas de Serviço Particular

Instalações Eléctricas de Serviço Particular Colégio de Engenharia Electrotécnica Instalações Eléctricas de Serviço Particular A problemática do enquadramento legal das Instalações Eléctricas de Serviço Particular tem sido objecto, ao longo do tempo,

Leia mais

MINISTÉRIO DO AMBIENTE

MINISTÉRIO DO AMBIENTE REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DO AMBIENTE O Ministério do Ambiente tem o prazer de convidar V. Exa. para o Seminário sobre Novos Hábitos Sustentáveis, inserido na Semana Nacional do Ambiente que terá

Leia mais

Capítulo III Aspectos metodológicos da investigação

Capítulo III Aspectos metodológicos da investigação Capítulo III Aspectos metodológicos da investigação 3.1) Definição do problema Tendo como ponto de partida os considerandos enumerados na Introdução, concretamente: Os motivos de ordem pessoal: Experiência

Leia mais

Projeto Pedagógico Institucional PPI FESPSP FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL PPI

Projeto Pedagógico Institucional PPI FESPSP FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL PPI FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL PPI Grupo Acadêmico Pedagógico - Agosto 2010 O Projeto Pedagógico Institucional (PPI) expressa os fundamentos filosóficos,

Leia mais

2010/2011 Plano Anual de Actividades

2010/2011 Plano Anual de Actividades 2010/2011 Plano Anual de Actividades Cristiana Fonseca Departamento de Educação para a Saúde 01-07-2010 2 Plano Anual de Actividades Introdução Quando em 1948 a Organização Mundial de Saúde definiu a saúde

Leia mais

FrontWave Engenharia e Consultadoria, S.A.

FrontWave Engenharia e Consultadoria, S.A. 01. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA 2 01. Apresentação da empresa é uma empresa criada em 2001 como spin-off do Instituto Superior Técnico (IST). Desenvolve tecnologias e metodologias de inovação para rentabilizar

Leia mais

1) Breve apresentação do AEV 2011

1) Breve apresentação do AEV 2011 1) Breve apresentação do AEV 2011 O Ano Europeu do Voluntariado 2011 constitui, ao mesmo tempo, uma celebração e um desafio: É uma celebração do compromisso de 94 milhões de voluntários europeus que, nos

Leia mais

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr. A Chave para o Sucesso Empresarial José Renato Sátiro Santiago Jr. Capítulo 1 O Novo Cenário Corporativo O cenário organizacional, sem dúvida alguma, sofreu muitas alterações nos últimos anos. Estas mudanças

Leia mais

RESOLUÇÃO. Artigo 3º - O Plano de Implantação, Conteúdo Programático e demais características do referido Curso constam do respectivo Processo.

RESOLUÇÃO. Artigo 3º - O Plano de Implantação, Conteúdo Programático e demais características do referido Curso constam do respectivo Processo. RESOLUÇÃO CONSEPE 59/2001 ALTERA O CURRÍCULO DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO, DO CÂMPUS DE ITATIBA, DA UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO. O Presidente do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONSEPE,

Leia mais

Descrição de Tarefas para a Posição de Director de Programas, Políticas e Comunicação da AAMOZ

Descrição de Tarefas para a Posição de Director de Programas, Políticas e Comunicação da AAMOZ Descrição de Tarefas para a Posição de Director de Programas, Políticas e Comunicação da AAMOZ ActionAid é uma federação internacional trabalhando para erradicar a pobreza e a injustiça. A ActionAid foi

Leia mais

P.42 Programa de Educação Ambiental - PEA Capacitação professores Maio 2013 Módulo SUSTENTABILIDADE

P.42 Programa de Educação Ambiental - PEA Capacitação professores Maio 2013 Módulo SUSTENTABILIDADE P.42 Programa de Educação Ambiental - PEA Capacitação professores Maio 2013 Módulo SUSTENTABILIDADE Definições de sustentabilidade sustentar - suster 1. Impedir que caia; suportar; apoiar; resistir a;

Leia mais

Polis Litoral Operações Integradas de Requalificação e Valorização da Orla Costeira

Polis Litoral Operações Integradas de Requalificação e Valorização da Orla Costeira Polis Litoral Operações Integradas de Requalificação e Valorização da Orla Costeira OBJECTIVOS DO POLIS LITORAL: (RCM n.º 90/2008, de 3 de Junho) a) Proteger e requalificar a zona costeira, tendo em vista

Leia mais

a) Caracterização do Externato e meio envolvente; b) Concepção de educação e valores a defender;

a) Caracterização do Externato e meio envolvente; b) Concepção de educação e valores a defender; Projecto Educativo - Projecto síntese de actividades/concepções e linha orientadora da acção educativa nas suas vertentes didáctico/pedagógica, ética e cultural documento destinado a assegurar a coerência

Leia mais

INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA

INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA FACTORES CRÍTICOS DE SUCESSO DE UMA POLÍTICA DE INTENSIFICAÇÃO DO PROCESSO DE INOVAÇÃO EMPRESARIAL EM PORTUGAL E POTENCIAÇÃO DOS SEUS RESULTADOS 0. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

Leia mais

A Ponte entre a Escola e a Ciência Azul

A Ponte entre a Escola e a Ciência Azul Projeto educativo A Ponte entre a Escola e a Ciência Azul A Ponte Entre a Escola e a Ciência Azul é um projeto educativo cujo principal objetivo é a integração ativa de estudantes do ensino secundário

Leia mais

Procedimento de Gestão PG 02 Controlo de Documentos e Registos

Procedimento de Gestão PG 02 Controlo de Documentos e Registos Índice 1.0. Objectivo. 2 2.0. Campo de aplicação 2 3.0. Referências e definições....... 2 4.0. Responsabilidades... 3 5.0. Procedimento... 3 5.1. Generalidades 3 5.2. Controlo de documentos... 4 5.3. Procedimentos

Leia mais

em nada nem constitui um aviso de qualquer posição da Comissão sobre as questões em causa.

em nada nem constitui um aviso de qualquer posição da Comissão sobre as questões em causa. DOCUMENTO DE CONSULTA: COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO EUROPEIA SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA (2011-2014) 1 Direitos da Criança Em conformidade com o artigo 3.º do Tratado da União Europeia, a União promoverá os

Leia mais

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NA FORMAÇÃO DE Universidade Estadual De Maringá gasparin01@brturbo.com.br INTRODUÇÃO Ao pensarmos em nosso trabalho profissional, muitas vezes,

Leia mais

ARQUIVO DIGITAL e Gestão de Documentos

ARQUIVO DIGITAL e Gestão de Documentos ARQUIVO DIGITAL e Gestão de Documentos TECNOLOGIA INOVAÇÃO SOFTWARE SERVIÇOS A MISTER DOC foi constituída com o objectivo de se tornar uma referência no mercado de fornecimento de soluções de gestão de

Leia mais

Programa de Apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social

Programa de Apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social Programa de Apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social Enquadramento Com base numa visão estratégica de desenvolvimento social que valorize a rentabilização dos recursos técnicos e financeiros

Leia mais

MINISTÉRIO DA HOTELARIA E TURISMO

MINISTÉRIO DA HOTELARIA E TURISMO República de Angola MINISTÉRIO DA HOTELARIA E TURISMO DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA, DR. PAULINO BAPTISTA, SECRETÁRIO DE ESTADO PARA A HOTELARIA DA REPÚBLICA DE ANGOLA, DURANTE A VIII REUNIÃO DE MINISTROS

Leia mais

1. Motivação para o sucesso (Ânsia de trabalhar bem ou de se avaliar por uma norma de excelência)

1. Motivação para o sucesso (Ânsia de trabalhar bem ou de se avaliar por uma norma de excelência) SEREI UM EMPREENDEDOR? Este questionário pretende estimular a sua reflexão sobre a sua chama empreendedora. A seguir encontrará algumas questões que poderão servir de parâmetro para a sua auto avaliação

Leia mais

A Carta da Qualidade da Habitação Cooperativa (Carta) é um

A Carta da Qualidade da Habitação Cooperativa (Carta) é um CARTA DA QUALIDADE DA HABITAÇÃO COOPERATIVA Carta da Qualidade da Habitação Cooperativa A Carta da Qualidade da Habitação Cooperativa (Carta) é um instrumento de promoção, afirmação e divulgação, junto

Leia mais

Projecto. Normas de Participação

Projecto. Normas de Participação Projecto Normas de Participação PREÂMBULO Num momento em que o mundo global está cada vez mais presente na vida das crianças e jovens, consideraram os Municípios da Comunidade Intermunicipal da Lezíria

Leia mais

O Processo Básico de Reorganização da Economia

O Processo Básico de Reorganização da Economia O Processo Básico de Reorganização da Economia É útil, sempre, mas particularmente no tempo que vivemos, mantermos clara a compreensão do processo de reorganização da economia dos agentes intervenientes

Leia mais