Núcleo de Pesquisa. Federação do Comércio do Estado de Santa Catarina

Transcrição

1 Federação do Comércio do Estado de Santa Catarina Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores de março de 2014

2 Endividamento das famílias catarinenses sobe em março. Síntese dos resultados Meses Situação da família Fev/14 Mar/14 Total de endividadas 51,1% 52,5% Dívidas ou contas em atraso 13,2% 13,0% Não terão condições de pagar 5,6% 5,6% Análise do endividamento O endividamento dos consumidores catarinenses subiu 1,4 pontos percentuais na comparação com o mês de fevereiro. O percentual de famílias endividadas, que era de 51,1%, subiu para 52,5%. Tendo como ponto de vista o endividamento por faixa de renda, é possível perceber que as famílias com renda superior a 10 salários mínimos estão mais endividadas (55%), em comparação com as famílias de renda inferior a 10 salários mínimos (51,8%). O nível de endividamento das famílias, por sua vez, caiu 0,8 p. p. na comparação mensal, em relação aos muito endividados, passando de 8,3% em fevereiro para 7,5% em março. Na faixa dos mais ou menos endividados houve alta de 19,2% para 20,1%. Quanto aos pouco endividados, passou de 22,9% para 24,9%. Por fim, aqueles que responderam não ter dívidas desse tipo somam 47%, um aumento em comparação ao mês anterior, como pode ser visto na tabela abaixo. Nível de endividamento Categoria Fevereiro/14 Março/14 Muito endividado 8,3% 7,5% Mais ou menos endividado 19,2% 20,1% Pouco endividado 22,9% 24,9% Não tem dívidas desse tipo 47,9% 47,0% Não sabe 0,3% 0,3% Não respondeu 0,7% 0,1% Já em relação aos tipos de dívida dos catarinenses, o cartão de crédito continua sendo o principal agente do endividamento. Ele é responsável pela expressiva maioria das dívidas familiares dos catarinenses (55,4%). Em segundo, terceiro e quarto lugar aparecem, respectivamente, os financiamentos de carro (28%), os financiamentos de casa (13,1%) e os

3 carnês (8,9%). Um perfil diferente do mês de fevereiro, época em que o crédito pessoal ocupava a quarta posição. Tipos de dívida Fevereiro Março cartão de crédito cheque especial cheque prédatado crédito consignado crédito pessoal carnês financiamento de carro financiamento de casa outras dívidas não sabe Não respondeu 5,3% 3,6% 1,4% 1,6% 5,7% 4,2% 10,6% 8,6% 7,8% 8,9% 13,0% 13,1% 1,7% 1,7% 0,1% 0,0% 0,1% 0,0% 28,7% 28,0% 52,4% 55,4% A maioria dos catarinenses endividados tem dívidas por mais de um ano (46,8%). Aqueles que têm dívidas até 3 meses representam 25,4%. Entre 3 e 6 meses, são 9,6%. E por fim, entre 6 meses e um ano são 15,2%. O tempo médio de comprometimento com dívidas, portanto, ficou em 8 meses, menor do que o valor verificado no mês anterior (8,2 meses). A parcela da renda das famílias comprometida com dívidas apresentou uma pequena queda, passando de 28,3% em fevereiro para 27,7% em março, ou seja, ainda em níveis que geram certa preocupação. Completando o quadro, o percentual de famílias com menos de 10% da renda comprometida foi de 25,1%, com renda entre 11% e 50% foi de 51,5% e com mais de 50% de comprometimento, 16,1%.

4 Parcela da renda comprometida com dívida menos de 10% de 11% a 50% superior a 50% Não sabe/não respondeu 16,1% 7,2% 25,1% 51,5% Análise das contas em atraso A quantidade de famílias com contas em atraso apresentou leve alta na comparação entre fevereiro e março. De 24,4% de famílias com contas em atraso em fevereiro, temos, em março, 24,5%. A maior parte das famílias avaliadas - 75,5% -, não tem contas em atraso. No total geral das famílias pesquisadas, a porcentagem com contas em atraso ficou em 13%, praticamente estável, se comparado aos 13,2% de fevereiro. Dentre as famílias com contas em atraso, 39,7% afirmaram que não terão condições de pagar totalmente suas dívidas, contra 45,3% registrados no mês anterior. As que, em parte, terão condições de quitar seus débitos representam 21,7% em março, em contrapartida aos 18,7% de fevereiro. Por fim, aquelas que terão condições de pagar totalmente suas dívidas dentre o total de famílias representam 5,6%, percentual igual ao do mês anterior. O tempo com contas em atraso se concentra acima dos 90 dias, representando 65%. O período entre 30 e 90 dias é de 12,8%. E, até 30 dias, apresenta 21,8%. Em geral, a média de tempo em dias para quitação das dívidas em atraso ficou em 69,7 dias, dado melhor que o apurado no mês anterior (77 dias). Conclusão A pesquisa de endividamento e inadimplência dos consumidores catarinenses de fevereiro de 2014 apresentou uma leve deterioração no endividamento das famílias e nas condições de pagamento, com o aumento da inadimplência entre os endividados.

5 Desse modo, o varejo vem sentindo o impacto do endividamento no volume de vendas reduzido, porém não existe risco de um aumento descontrolado da inadimplência. Assim, o que fica prejudicada é a capacidade das famílias de efetivarem novas compras com o recurso do crédito, o que aprofunda o quadro de desaceleração do crescimento da economia brasileira como um todo e traz um cenário preocupante para as vendas neste ano. Metodologia Foram entrevistados consumidores em potencial, residentes nos municípios de Blumenau, Chapecó, Florianópolis, Itajaí e Joinville com idade superior a 18 anos. Para compor o dado agregado de Santa Catarina os resultados obtidos em cada munícipio foram ponderados de acordo com sua população e dessazonalizados. Para fixar a precisão do tamanho da amostra, admitiu-se que 95% das estimativas poderiam diferir do valor populacional desconhecido p por no máximo 3,5%, isto é, o valor absoluto d (erro amostral) assumiria no máximo valor igual a 0,035 sob o nível de confiança de 95%, para uma população constituída de consumidores em potencial. Preferiu-se adotar o valor antecipado para p igual a 0,50 com o objetivo de maximizar a variância populacional, obtendo-se maior aproximação para o valor da característica na população. Em outras palavras, fixou-se um maior tamanho da amostra para a precisão fixada. Assim, o número mínimo de consumidores a serem entrevistados foi de 500, ou seja, com uma amostra de no mínimo 500 consumidores, esperou-se que 95% dos intervalos de confiança estimados, com semiamplitude máxima igual a 0,035, contivessem as verdadeiras frequências.