2.2 - Três óticas de cálculo
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- Eric Alencar Valente
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1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Ciências Econômicas Departamento de Ciências Econômicas ECO Contabilidade Social O Produto da economia e suas óticas de cálculo As três óticas de cálculo do Produto Prof. Carlos Henrique Horn Introdução Os aspectos relevantes da atividade econômica, objeto de acompanhamento pela contabilidade nacional, são as transações monetárias que decorrem do processo de. (Feijó e Ramos, 2008, p. ) Admitamos, então, que a preocupação inicial da investigação macroeconômica seja a estimativa do resultado da atividade social de. (Figueiredo, 1999, p. 25) 2 Problema da agregação A estimativa do resultado da social enfrenta uma primeira dificuldade: as quantidades físicas (volumes) dos bens e serviços são expressas em diferentes unidades de medida. Portanto, não há como somá-las ou agregá-las diretamente: automóveis + 2 sessões de cinema + 4 quilos de açúcar + 6 horas de prestação de serviços do comércio +... =? É necessário um denominador comum que expresse, em uma única unidade de medida, os volumes de bens e serviços produzidos. O que é comum ao resultado da econômica? É fruto do trabalho. Medir em horas de trabalho? É útil. Medir em unidades de utilidade? Problema da agregação: solução na CS Em economias mercantis monetárias, os bens e serviços são normalmente trocados por uma certa quantidade de dinheiro. O dinheiro cumpre três funções essenciais: É meio de troca. É unidade de conta. É reserva de valor. Em economias mercantis monetárias, portanto, os bens e serviços são mercadorias e, nessa condição, algo comum a eles é que expressam seu valor relativo através da quantidade de dinheiro por que são trocados nos mercados. 4 Denomina-se (VP) à avaliação monetária de um certo volume de de um bem ou de um serviço. A unidade de medida do VP é, portanto, a moeda doméstica escolhida para avaliar a. Como o preço de uma mercadoria representa a quantidade de dinheiro que se troca por uma unidade física dessa mercadoria, escrevemos: VP = p. q Onde: p = preço e q = quantidade física ou volume 5 Procedimentos de valoração de q num período de referência t: Se q é vendido ao preço p: VP = p.q Se q não é vendido em t, mas há preço de mercado para o mesmo : VP = p.q Se q não é vendido em t (por exemplo, q é para autoconsumo), mas há preço de similar: VP = p.q Se q é do Governo que não é destinada a venda em mercados ou que é vendida a preços que não são economicamente significativos: VP = custo de 6 Carlos Henrique Horn 1
2 Podemos, agora, utilizar o exemplo de Figueiredo (1999, p. 26) e falar em setorial: Produção em Cr$ milhões agropecuário industrial serviços Já a soma dos VP setoriais resulta no VP de toda a economia ou seu Valor Bruto da Produção (VBP): VBP = Cr$ milhões O conceito de VBP é o mais geral dentre todas as grandezas macroeconômicas. Cabe perguntar, no entanto, se é a categoria mais indicada para uma avaliação do processo evolutivo de um país. (Figueiredo, 1999, p. 27) 7 A medida do Produto da economia Como calcular o sem duplicações? Três óticas de cálculo: 8 Iniciamos pela ótica do e com base em um exemplo numérico apresentado em Paulani e Braga (2006, p. 9): Economia H (dimensão espacial). Fechada e sem governo. Quatro setores de. Uma empresa em cada setor. Ano X (dimensão temporal, fluxo). 9 Dados da economia H no ano X (situação 1, em $) Valor da (VP) Destino da Vendas a: 1 Sementes Trigo Pães Famílias 10 Cálculo do VBP da economia H no ano X (situação 1, dados em $) VP 1 Sementes Trigo Pães VBP = Qual o Produto da economia H no ano X? O VBP implica múltipla contagem dos valores produzidos em diferentes unidades de uma cadeia de. Para calcular o Produto da economia, devemos computar apenas os valores adicionados, no processo de de cada unidade, ao processo global de. 12 Carlos Henrique Horn 2
3 Qual o Produto da economia H no ano X? O Valor Adicionado (ou Valor Agregado) em uma unidade de obtém-se ao descontar, do seu VP, a parte correspondente aos insumos de bens e serviços adquiridos de outras unidades e utilizados e transformados inteiramente no processo de. Matematicamente: VA = VP CI Onde: VA = Valor Adicionado (ou Agregado), VP = e CI = Consumo Intermediário. O Consumo Intermediário de uma unidade de equivale ao VP dos bens e serviços adquiridos de outras unidades para serem nela utilizados como insumos a serem inteiramente transformados no processo de. 1 Qual o Produto da economia H no ano X (situação 1, dados em $)? VP CI VA 1 Sementes Trigo Pães Valor Adicionado Bruto (VAB) = O Produto em valor de uma economia é igual à soma dos Valores Adicionados em cada unidade de ou Valor Adicionado Bruto: Produto = Σ VAi = VAB Onde: VAi = Valor Adicionado (ou Agregado) na i-ésima unidade de ; VAB = Valor Adicionado Bruto. Estimativa do VAB no exemplo de Figueiredo (1999, p. 29) Agropecuária Indústria Serviços VBP CI agrícolas industriais de serviços VA VAB No cálculo do Produto pela ótica do, desde que se descontou, nos três setores em que foi dividido o sistema econômico, o valor das matérias-primas e demais bens e serviços utilizados intermediariamente (insumidos), o valor restante deve medir o montante da que se encaminha para utilização final. (Figueiredo, 1999, p. 1). Portanto, segundo o destino da, temos: Bens e Serviços Uso intermediário Uso final Se computarmos o valor das vendas (receitas) ou o valor das compras (gastos) com os bens e serviços de uso final, encontraremos uma medida do Produto segundo a ótica do dispêndio. Segundo a ótica do dispêndio, o Produto em valor da economia iguala o Dispêndio Final (DF) da economia, ou seja, equivale à soma dos Valores da Produção dos bens e serviços finais: DF = Σ VPbsf Produto Dispêndio Final Onde: VPbsf = do i-ésimo bem ou serviço final Carlos Henrique Horn
4 Qual o DF da economia H no ano X (situação 1)? Na situação 1 da economia H, o VP e o destino dos bens é o seguinte: Sementes = $ 500. Vendidas ao setor 2 Trigo = $ Vendido ao setor = $ Vendida ao setor 4 Pães = $ Vendidos às famílias De acordo com o destino da, as sementes, o e a farinha de são bens de uso intermediário (bens de consumo intermediário). Já os pães são bens de uso final (bens de consumo final). Logo: DF = VPpães = $ DF VAB $ Estimativa do DF no exemplo de Figueiredo (1999, p. 29) Agropecuária Indústria Serviços VBP intermediário à agricultura à indústria a serviços final DF Óticas do e do dispêndio Resultados do exemplo de Figueiredo (1999, p. ) es de Valor adicionado final I. Agropecuária 5 05 II. Indústria Alterando os dados da economia H no ano X (situação 2, dados em $) VP 1 Sementes Trigo Destino da setor 2 setor : Estoque: 500 III. Serviços Total VAB = DF = Pães setor 4 Venda a famílias Qual o Produto da economia H no ano X (situação 2, dados em $)? VP CI VA 1 Sementes Trigo Pães VAB = Qual o DF da economia H no ano X (situação 2)? Se equipararmos bens e serviços finais a bens e serviços de consumo final, teremos apenas os pães. Logo: DF = $ e DF VAB!? Atenção: em CS, na mensuração do Produto pela ótica do dispêndio, o termo bens e serviços finais não equivale a bens e serviços de consumo final. Bens e serviços finais referem-se à parte da que, tendo sido obtida em determinado período de referência (por ex., ano X), não foi novamente transformada na (insumida) nesse mesmo ano. Na economia H (situação 2), isto inclui os pães e a parte da farinha de retida como estoque do r. Logo: DF = = $ DF = VAB = $ Carlos Henrique Horn 4
5 Óticas do e do dispêndio Segundo a ótica do, o Produto da economia é igual à soma dos Valores Adicionados à em cada unidade ra singular. Essa soma é chamada de Valor Adicionado Bruto. Segundo a ótica do dispêndio, o Produto da economia é igual à soma dos Valores da Produção dos bens e serviços finais. Essa soma é chamada de Dispêndio Final da economia. VAB DF Produto Dispêndio A requer, além dos insumos de bens e serviços que são transformados para a obtenção de novos bens e serviços, o uso de Fatores de Produção. Em contrapartida, os Fatores de Produção são remunerados monetariamente. Ao conjunto de remunerações feitas a fatores de, pela sua contribuição ao processo produtivo em determinado período, denomina-se Renda gerada neste mesmo período. (Figueiredo, 1999, p. 4) O cálculo da Renda da economia exige, portanto, que se classifiquem os Fatores de Produção em seus diferentes tipos. No exemplo de Paulani e Braga, a economia H funciona com o concurso de dois Fatores de Produção: Trabalho capacidade humana de transformar os RN e as matérias-primas com o intuito de obter bens e serviços. Capital todo o conjunto de elementos que conformam as condições objetivas sem as quais o processo de não pode acontecer... Por exemplo, a padaria, o imóvel do moinho, os celeiros em que se estoca o. (Paulani e Braga, 2006, p. 15). 27 O Produto gerado na economia é apropriado pelos (distribuído aos) Fatores de Produção por meio de uma remuneração monetária ou Renda dos Fatores. Na economia H, temos: Trabalho remunerado por Salários. Capital remunerado por Lucros. Os conceitos de Produto e de Renda... se igualam numericamente ao nível de cada unidade ra, de cada setor de atividade ou do sistema econômico em seu conjunto. A equivalência decorre das definições. (Figueiredo, 1999, p. 4). Produto Renda 28 Qual a Renda da economia H no ano X (situação 1, dados em $)? Salários Lucros Renda dos setores Renda dos Fatores Óticas do, do dispêndio e da renda Segundo a ótica do, o Produto da economia é igual à soma dos Valores Adicionados à em cada unidade produtriz singular. Essa soma é chamada de Valor Adicionado Bruto. Segundo a ótica do dispêndio, o Produto da economia é igual à soma dos Valores da Produção dos bens e serviços finais. Essa soma é chamada de Dispêndio Final da economia. Segundo a ótica da renda, o Produto da economia é igual à soma das remunerações devidas aos Fatores de Produção em face de sua contribuição ao processo produtivo. Essa soma é chamada de Renda dos Fatores. VAB DF Renda dos Fatores Produto Dispêndio Renda 0 Carlos Henrique Horn 5
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