EXCELENTÍSSIMA SENHORA DESEMBARGADORA PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
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- Maria de Lourdes de Andrade Lameira
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1 EXCELENTÍSSIMA SENHORA DESEMBARGADORA PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE O SINDICATO DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE - SISJERN, entidade sindical de primeiro grau, com base territorial no Estado do Rio Grande do Norte, inscrito no CNPJ: , com sede à Radialista Monteiro Neto, Lagoa Nova Natal/RN - CEP: , por seu Diretor Coordenador, que ao final assina, vem à presença de Vossa Excelência, informar e, ao final, requerer: Em sessão do Tribunal Pleno do dia 13 de janeiro de 2010, foi tomada decisão que resultou no convênio com o Banco do Brasil S/A, estabelecendo-se exclusividade desta instituição financeira nas consignações em folha de pagamento, no âmbito do Poder Judiciário Estadual. A referida decisão foi consubstanciada na Resolução nº 001/2010-TJ, que acrescentou ao artigo 4º da Resolução nº 018, de 09 de agosto de 2006 o parágrafo único, com a seguinte redação: Parágrafo único As consignações previstas nos incisos V e VI são privativas às instituições financeiras oficiais que detenham a centralização e processamento da folha de pagamento gerada pelo Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Norte. As duas modalidades de consignações referidas pelo dispositivo citado estão entre as consignações facultativas, assim considerados os descontos incidentes sobre a remuneração mediante autorização prévia e formal do servidor. As consignações facultativas estão elencadas nos incisos I a VIII do art. 4º da Resolução 018/2006-TJ, sendo que a do inciso V trata de prestação referente a imóvel adquirido de entidade financiadora de imóvel residencial e a do inciso VI diz respeito a
2 amortização de empréstimos ou financiamento concedido por entidade fechada ou aberta de previdência privada, que opere com plano de empréstimo ou por instituição bancária ou de crédito, oficial ou privada. Percebe-se que são consignações das mais importantes para o servidor, pois se relacionam com decisões de grande repercussão em sua vida, já que tratam da tomada de crédito, prática muito comum nos dias atuais, dada a necessidade recorrente que tem a classe trabalhadora de financiamento e crédito para adquirir algum patrimônio, sobretudo no que tange ao financiamento para aquisição de imóvel residencial, meta de dez entre dez brasileiros. Atualmente a instituição que detém a centralização e processamento da folha de pagamento do Tribunal de Justiça é o Banco do Brasil S/A. Dessa forma, as consignações mencionadas somente são averbadas se o consignatário for tal instituição, dado seu direito de exclusividade. Ocorre, Excelência, que há inúmeros servidores que não conseguem obter crédito ou financiamento junto a esta instituição, a partir de seus critérios e suas normas internas. Alguns, por estarem em cadastro de inadimplentes mantido pela própria instituição, mesmo que não estejam em cadastros restritivos de consulta pública, como SPC e Serasa, pelo decurso do prazo legal (art. 43, parágrafo 1º, CDC e art. 206, parágrafo 5º, CC), outros, somente por já terem ingressado com ações judiciais contra a entidade. Óbvio que os critérios de concessão de crédito são estabelecidos por cada ente que opere no sistema financeiro, no entanto, é possível que a rigidez de seus critérios não tenha sido adequadamente explicitado pelo Banco do Brasil quando da celebração do convênio. Os servidores que não entram em seu perfil estão sendo penalizados, já que a exclusividade não lhes permite tomar crédito na modalidade consignação em folha em outro banco, o que facilmente conseguiriam se o Tribunal averbasse as consignações em favor de outra entidade bancária. Registre-se, por oportuno, que os financiamentos com descontos em folha são os que têm as menores taxas de juros do mercado de capitais, dado seu risco ser praticamente nulo. O servidor rejeitado pelo Banco do Brasil, se vê obrigado a tomar crédito com altas taxas de juros remuneratórios, como CDC (crédito direto ao consumidor), cartões de crédito e crédito rotativo de conta-corrente ( cheque especial ).
3 O Sisjern, embora compreenda a boa vontade da Administração ao celebrar convênios dessa natureza, acredita que é mais benéfico para o servidor que lhe seja dada plena liberdade para escolher em qual instituição financeira pretende obter crédito. As instituições do sistema financeiro se digladiam a todo tempo em busca de clientes, competindo pela concessão de crédito. Nesse cenário, o trabalhador pode se beneficiar, pesquisando dentre todos os bancos o que oferta as menores taxas de juros, melhores condições, menos encargos etc. No entanto, toda essa lógica, que é a própria lógica do mercado e da livre iniciativa se perde se o servidor não tiver opção. A instituição, noutra ponta, poderia vir a praticar juros abusivos ou estabelecer critérios demasiado rígidos, por exemplo, pois sabe que o cliente não terá outra opção: diante da necessidade de um empréstimo ou financiamento terá que fazê-lo com aquele banco. Nesta esteira, o Banco Central do Brasil editou a Circular n , que veda às instituições financeiras a possibilidade de criação de "convênios, contratos ou acordos que impeçam ou restrinjam o acesso de clientes a operações de crédito ofertadas por outras instituições". A medida vale, inclusive, para as operações com desconto em folha de pagamento - ou seja, o crédito consignado. Segue transcrição da norma referida: CIRCULAR Veda às instituições financeiras a celebração de convênios, contratos ou acordos que impeçam o acesso de clientes a operações de crédito ofertadas por outras instituições. A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil, em sessão realizada em 12 de janeiro de 2011, com base nos arts. 10, inciso VI,e 18, 2º, da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, D E C I D I U : Art. 1º Fica vedada às instituições financeiras, na prestação de serviços e na contratação de operações, a celebração de convênios, contratos ou acordos que impeçam ou restrinjam o acesso de clientes a operações de crédito ofertadas por outras instituições,inclusive aquelas com consignação em folha de pagamento. Art. 2º Esta circular entra em vigor na data
4 de sua publicação. Brasília, 14 de janeiro de Luiz Awazu Pereira da Silva. Diretor. O próprio pleno desta Corte tem adotado postura que se coaduna com a regulamentação do Banco Central, no sentido de se posicionar contra a exclusividade de apenas um banco na realização de empréstimos com desconto em folha. Em sessão do dia 02 de fevereiro do corrente foi julgado procedente o Mandado de Segurança nº , impetrado pela Associação Brasileira de Bancos (ABBC) que solicitava a suspensão da exclusividade do Banco do Brasil para realizar esse tipo de operação relativamente aos servidores do Poder Executivo do Rio Grande do Norte. Em seu voto, a Juíza convocada, Dra. Francimar Dias, relatora do mandamus, com bastante propriedade assim se pronunciou na análise do mérito da questão: No âmbito estadual, o empréstimo consignado em folha de pagamento possui previsão expressa no artigo 49 da Lei Complementar Estadual nº 122/94, o chamado Regime Jurídico Único dos Servidores do Estado e das Autarquias e Fundações Públicas Estaduais, nos termos adiante transcritos: "Art. 49. Salvo por imposição legal, ou mandato judicial, nenhum desconto incide sobre a remuneração. Parágrafo único. Mediante autorização do servidor, é admissível consignação em folha de pagamento a favor de terceiros, a critério da administração e com ressarcimento de custos, na forma estabelecida em regulamento" (grifei). Ora, se a lei fala em terceiros, no plural, autoriza que a consignação seja realizada por mais de uma instituição financeira, cabendo à Administração pública tão somente fixar critérios para regulamentar o procedimento a ser seguido, mas essa regulamentação deve se dar em consonância com os Princípios da Administração Pública e a Constituição Federal. (grifos presentes no original).
5 Em outro trecho do seu voto, assevera a Douta Magistrada: Cumpre destacar que o empréstimo consignado em folha concede enorme vantagem ao banco que o detém, pois a própria folha de pagamento garante o empréstimo tomado, o que reduz consideravelmente a inadimplência, e a diminuição desta inadimplência, por sua vez, finda por minorar os juros cobrados pelas instituições financeiras, beneficiando, desta forma, tanto o banco quanto o servidor público. Com base nas alegações e documentação acostada aos autos, constata-se claramente que, caso mantida a exclusividade expressa no artigo 15, inciso I do Decreto nº , com redação dada pelo Decreto nº /09, vários artigos da Carta Magna seriam violados; dentre os quais destaco os que consagram os Princípios da Isonomia e o da Livre Concorrência, vez que apenas uma instituição financeira fora beneficiada com o privilégio de poder realizar empréstimos consignados em folha de pagamento, em detrimento das demais, sem que existisse um motivo plausível para justificar tal ato. (grifos ausentes no original) A Circular nº 3.522, do Banco Central do Brasil, regulamentando a matéria, à qual já nos referimos acima, também foi sopesada no voto da Relatora: Tão relevante a matéria, que o Banco Central do Brasil, por intermédio da Circular nº 3.522, de 14 de janeiro de 2011, decidiu vedar "às instituições financeiras, na prestação de serviços e na contratação de operações, a celebração de convênios, contratos ou acordos que impeçam ou restrinjam o
6 acesso de clientes a operações de crédito ofertadas por outras instituições, inclusive aquelas com consignação em folha de pagamento" 1 Por meio da referida norma, a Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil identificou a patente violação aos princípios constitucionais acima apontados, na linha dos argumentos anteriormente apresentados. O Pleno, no mérito, por maioria de votos, declarou incidentalmente a inconstitucionalidade da parte final do artigo 15, inciso I, do Decreto nº /08, com redação dada pelo Decreto nº /09 e, em consequência, concedeu a segurança pretendida, afastando a aplicabilidade da cláusula de exclusividade da consignação em folha de pagamento em favor do Banco do Brasil, nos termos do voto da Relatora, que, diga-se de passagem, seguiu a mesma linha de pensamento esposada pelo Sisjern. Sabe-se que os atos administrativos podem ser revistos a qualquer tempo pela Administração Pública, de modo que a exclusividade do Banco do Brasil para operações de crédito consignados no âmbito deste Tribunal somente persistirá enquanto for de interesse da Administração, sendo seus interesses definidos por si mesma, dentro de sua discricionariedade. Assim, só depende desta Corte a decisão de prestigiar seus servidores com a liberalidade de poder contratar com a instituição financeira de sua preferência, ao invés de ficarem reféns dos manuais e normas impessoais de um banco. Por todo o exposto, requer-se de Vossa Excelência, que se digne rever o convênio firmado entre este Tribunal e o Banco do Brasil S/A, no qual foi dado a esta instituição a prerrogativa de exclusividade nas operações de concessão de crédito e/ou financiamento com desconto em folha, no âmbito do Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Norte, para então, revogar a Resolução nº 001/2010-TJ, que acrescentou o parágrafo único ao artigo 4º da Resolução nº 018/2006-TJ. Natal, RN, 14 de março de Artigo 1º da Circular n , de 12 de janeiro de 2011, do Banco Central do Brasil
7 Cordialmente, Bernardino de Sena Fonseca Diretor Coordenador do Sisjern
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