Suplementação de amilase e fitase em dietas a base de milho e farelo de soja e seus efeitos sobre o desempenho de poedeiras leves.
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- Patrícia Aldeia Caldeira
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1 Suplementação de amilase e fitase em dietas a base de milho e farelo de soja e seus efeitos sobre o desempenho de poedeiras leves. Tiago Antônio dos SANTOS 1 ; Adriano GERALDO 2 ; Luiz Carlos MACHADO 3 ; Mariana Leonarda de OLIVEIRA 4, Mariele Cristina TELES 4 ; Davi Moreira PINTO 4 ; Jerônimo Ávito Gonçalves de BRITO 5 ; Antônio Gilberto BERTECHINI 6. 1 Aluno do curso superior de Zootecnia e bolsista PIBIC pela FAPEMIG no IFMG- Campus Bambuí 2 Professor orientador do IFMG- Campus Bambuí 3 Professor co-autor do IFMG- Campus Bambuí 4 Alunos do curso superior de Zootecnia do IFMG- Campus Bambuí; 5 Pesquisador do Comércio e Indústria Uniquímica Ltda. 6 Professor Titular do Departamento de Zootecnia UFLA Bambuí MG Brasil RESUMO A suplementação de enzimas exógenas na ração é uma forma de proporcionar uma maior disponibilidade de energia e nutrientes dos ingredientes de origem vegetal presentes na dieta. Objetivou-se com a pesquisa, verificar os efeitos da adição das e fitase, em rações de poedeiras leves, avaliando seu desempenho. Foram utilizadas 400 poedeiras Bovans White, no período de 36 a 51 semanas de idade, mantidas em gaiolas de postura com 2 aves cada, sob regime de luz de 16 horas/dia. Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x2 (dois níveis de energia e 2780 Kcal/kg EM, com ou sem suplementação de 250 g/ton mais 1 (tratamento controle, sem adição de enzimas), totalizando 5 tratamentos e 8 repetições com 10 aves por parcela. Todas as dietas, com exceção do tratamento controle foram suplementadas com 30g/ton. de fitase. Foram avaliados 5 ciclos de produção, com 21 dias cada, totalizando 105 dias experimentais. As variáveis de desempenho analisadas foram: consumo médio de ração, conversão alimentar, peso médio, produção e perda de ovos. As médias foram submetidas à análise estatística, utilizando o programa SISVAR através do teste Scheffé, para contrastes entre os tratamentos e análise de regressão para períodos. Houve interação entre os períodos experimentais e tratamentos para as variáveis consumo de ração e peso médio dos ovos. Para as variáveis produção de ovos e conversão alimentar não foi observado efeito significativo dos tratamentos (P>0,05), ocorrendo efeito somente dos períodos experimentais (P<0,05). A suplementação e fitase nas dietas não foi suficiente para proporcionar melhores resultados de desempenho das aves em comparação a aves recebendo dietas com baixa energia e sem suplementação enzimática, necessitando de novos estudos com níveis mais baixos de energia. Palavras-chave: Bovans White, enzimas, energia metabolizável. tiagoafatia@gmail.com
2 INTRODUÇÃO Grandes avanços têm ocorrido na nutrição avícola nas últimas décadas, gerando a motivação de pesquisadores na busca de alternativas que tornem possível a formulação de rações mais eficientes e econômicas, uma vez que a alimentação de poedeiras representa o item de maior custo na produção de ovos. Essa redução nos custos de produção, principalmente no que diz respeito à alimentação, tem sido motivo de diversas pesquisas desenvolvidas por empresas e pesquisadores. Estes lançam mão da substituição total ou parcial de insumos ou inclusão de substâncias como as enzimas que favorecem a utilização dos nutrientes da ração, a fim de alcançar tal objetivo (Lima et al., 2007). O uso de aditivos enzimáticos não possui função nutricional direta, mas auxiliam no processo digestivo, melhorando a digestibilidade dos alimentos e reduzindo o poder poluente das excretas (Campestrine et al., 2005). A cada dia o interesse pela utilização de enzimas na alimentação animal vem crescendo. A tem sido usada na alimentação de monogástricos melhorando a disponibilidade de energia dos alimentos. Já a fitase, utilizada em rações de aves e suínos, disponibiliza o fósforo e cálcio ligados na molécula de fitato presentes nos alimentos de origem vegetal, atuando também na digestibilidade de proteína e disponibilidade energética dos alimentos. O principal objetivo da utilização dessas enzimas em dietas à base de milho e farelo de soja é aproveitar ao máximo os nutrientes presentes nos alimentos de origem vegetal e melhorar os resultados produtivos das aves. A presente pesquisa objetivou avaliar as respostas da linhagem Bovans White, quando submetidas a dietas com diferentes níveis energéticos (2680 e 2780 Kcal/kg de energia metabolizável aparente - EMA), com e sem suplementação e fitase. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG - Campus Bambuí) no período de maio a agosto de 2010, em 105 dias experimentais, dividido em 5 períodos de 21 dias cada. Foram utilizadas 400 aves da linhagem comercial Bovans White no período de 36 a 51 semanas de idade distribuídas em 40 parcelas, sendo cada parcela constituída por 5 gaiolas de postura medindo 25 x 45 x 35 cm cada e capacidade para 2 aves, perfazendo um total de 10 aves por unidade experimental. Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x2 (dois níveis de energia e 2780 Kcal/kg EMA com ou sem suplementação de 250 g/ton mais 1 (tratamento controle, sem adição de enzimas), totalizando 5 tratamentos e 8 repetições. Todas as dietas, com exceção do tratamento controle foram suplementadas com 30g/ton de fitase. Os tratamentos foram: 1- Testemunha, 2780 Kcal/kg EMA sem adição de enzimas; Kcal/kg EMA, e 30g/ton de fitase; Kcal/kg EMA, e 30g/ton de fitase Kcal Kcal/kg EMA, 250g/ton e 30g/ton de fitase; Kcal/kg EMA, 250g/ton e 30g/ton de fitase.
3 A alimentação das aves foi fornecida ad libitum, a ração servida em comedouros tipo calha, sendo o arraçoamento realizado duas vezes ao dia. A dieta foi à base de milho e farelo de soja utilizando como principal fonte de fósforo a farinha de carne e ossos. A água foi fornecida em bebedouros tipo nipple. As variáveis de desempenho avaliadas foram: produção (ovos/ave/dia), consumo de ração (g/ave/dia), conversão alimentar (g de ração/g de ovos), peso médio dos ovos (g) e porcentagem de perdas. Os dados foram submetidos à análise estatística utilizando o programa estatístico SISVAR, com teste Scheffé para contrastes entre tratamentos e regressão para períodos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve interação significativa (P<0,05) para as variáveis, consumo de ração (g) e peso médio dos ovos (g). Os resultados são apresentados na tabela 1. Tabela 1. Médias desdobradas em tratamento dentro de período para variáveis: consumo de ração (g) e peso médio dos ovos (g), de poedeiras leves que receberam dietas experimentais no período de 36 a 51 semanas de idade. Tratamentos Consumo de Ração (g) Períodos experimentais em dias Peso médio dos ovos (g) ,71 117,96 117,74 4* 115,65 4* 112,77 2* 60,49 61,52 60,88 2,4* 61,25 60,63 4* 2 111,09 7* 116,58 117,75 112,99 7*/8,10** 109,96 7,8,10** 60,47 61,46 60,79 8*/10* 60,81 8,10* 60,61 10* 3 115,03 6* 117,38 121,48 118,53 116,12 61,03 6* 61,94 62,24 61,98 61, ,59 119,61 119,35 117,51 115,54 60,23 61,24 61,35 61,38 61, ,09 118,3 118,76 118,76 117,24 59,80 61,26 62,15 62,05 61,53 CV1= 4,78 CV2= 2,26 CV1= 3,23 CV2= 1,07 DMS= 4,242 1, 5,365 2,3,4,5,6,7,8,9, 3, DMS= 1,326 1 e 1,677 2,3,4,5,6,7,8,9, 3, , 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 Médias seguidas por números na coluna são diferentes estatisticamente pelo teste Scheffé (** P<0,01, *P<0,05), de acordo com os contrastes propostos: 1 y = 4m 1 -m 2 -m 3 -m 4 -m 5, 2 y = m 1 -m 5, 3 y = m 1 -m 4, 4 y = m 1 -m 3, 5 y = m 1 -m 2, 6 y = m 3 -m 5, 7 y = m 2 -m 4, 8 y = m 2 -m 5, 9 y = m 3 -m 4, 10 y = m 2 +m 4 -m 3 -m 5. Analisando os contrastes realizados para a variável consumo de ração, observa-se eficácia na suplementação enzimática, somente no período de 21 dias entre o tratamento 3 (2680 kcal/kg EMA e tratamento 5 (2680 kcal/kg EMA amilase), onde o maior consumo de ração foi observado no tratamento 3. Este resultado demonstra que o baixo nível energético com a suplementação proporcionou menor consumo dos nutrientes, em conseqüência aumentaram o consumo da dieta sem suplementação enzimática para suprir suas necessidades. Nos demais contrastes não foram observados efeitos positivos da suplementação enzimática dos tratamentos devido o maior consumo de ração observado em aves que receberam estes. Para peso médio dos ovos, observa-se efeito significativo (P<0,05) do contraste entre o tratamento 3 (2680 kcal/kg EMA e tratamento 5 (2680 kcal/kg EMA onde o tratamento 5 obteve menor peso do ovo somente no período de 21 dias. Justifica-se este resultado devido o menor consumo de ração observado no período de 21 dias no mesmo contraste. Para o contraste entre os tratamentos 2 e 5 (nível de energia de 2680 kcal/kg EMA sem e com suplementação observa-se efeito significativo nos períodos de 84 e 105 dias (P<0,05)
4 onde o maior peso dos ovos foi observado no tratamento 5, este efeito se justifica devido o maior consumo de ração em aves que receberam este tratamento, observado neste mesmo contraste. Para o contraste entre os tratamentos 2 e 4 (2780 kcal/kg EMA com e sem suplementação contra 3 e 5 (2680 kcal/kg EMA com e sem observou-se efeito significativo (P<0,05) nos períodos de 63, 84 e 105 dias, onde os tratamentos 3 e 5 apresentaram maior peso dos ovos, devido o maior consumo de ração. Este maior consumo implica em maior consumo/ave/dia nos níveis de Met + Cys que confere um maior peso aos ovos. Freitas et al. (2000), estudando a resposta de poedeiras alimentadas com rações a base de milho e farelo de soja, com níveis energéticos de 2850 e 2750 kcal Em/kg, com e sem adição de um complexo enzimático (@-amilase, xilanase e protease), não verificaram efeito da suplementação da ração com enzimas, sobre o desempenho das aves. Os dados de produção de ovos (ovos/ave/dia) e conversão alimentar (g ração/g de ovos) em cada tratamento são descritos na tabela 2. Tabela 2. Produção de ovos (%/ave/dia) e conversão alimentar (g ração/g ovo) de poedeiras leves que receberam dietas experimentais no período de 36 a 51 semanas de idade. Tratamentos Variáveis CV1 ( %) CV2 (%) Produção de ovos (%) 96,11 95,64 95,99 96,43 95,97 3,12 2,11 Conversão alimentar (g/g) 1,9747 1,9556 1,9861 1,9984 1,9984 4,38 2,28 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 Médias seguidas por números na coluna são diferentes estatisticamente pelo teste 1 2 Scheffé (** P<0,01, *P<0,05), de acordo com os contrastes propostos: y = 4m 1 -m 2 -m 3 -m 4, y = m 1 -m 5, y = m 1 -m 4, y = m 1 -m 3, y = m 1 -m 2, y = m 3 -m 5, y = m 2 -m 4, y = m 2 -m 5, y = m 3 -m 4, y = m 2 +m 4 -m 3 -m 5. Não houve efeito significativo (P>0,05) para as variáveis produção de ovos e conversão alimentar dos contrastes descritos na tabela 4, estando os resultados de acordo com Freitas et al. (2000), que também não verificaram efeito da suplementação de enzimas da ração sobre o desempenho das aves. Também Nunes et al. (2007) avaliando o desempenho produtivo de poedeiras alimentadas com dietas valorizadas para energia e a base de ingredientes de origem vegetal suplementadas com complexo enzimático não verificaram efeito significativo sobre o desempenho das poedeiras. As variáveis conversão alimentar (g ração/g de ovos) e perdas (%/ave/dia) nos períodos experimentais são descritos nos gráficos 1 e 2. Gráfico 1: Conversão alimentar (g ração/g de ovos) Gráfico 2: porcentagem de perdas de ovos
5 Houve efeito quadrático (P<0,01) para a variável conversão alimentar, gráfico 1, as aves apresentaram pior conversão aos 64 dias experimentais, ou seja consumiram mais ração para produção de ovos, quando comparado aos demais períodos. Observa-se também um efeito linear crescente (P<0,01) dos períodos sobre as perdas diárias de ovos com o avançar da idade das aves. Resultado esperado devido à correlação negativa da qualidade dos ovos, principalmente no que diz respeito porcentagem de casca menor em relação à idade das aves. Analisando o efeito de períodos sobre a porcentagem de produção de ovos observa-se uma tendência na queda da produção de ovos (P<0,01, y= -0, , e R 2 = 05602) com o avançar dos períodos, onde ocorreu um decréscimo na produção em função do avançar dos períodos experimentais. Este resultado é esperado visto que as poedeiras apresentam uma redução na produção com o avançar da idade. CONCLUSÕES A suplementação ou não em dietas juntamente com a fitase, considerando os níveis de energia baixa e normal, não foi suficiente para proporcionar melhores resultados no desempenho das aves e aproveitamento dos nutrientes, considerando todos os períodos avaliados. Mais estudos são necessários para comprovar os efeitos desta enzima em rações com níveis de energia diferentes dos utilizados neste estudo. AGRADECIMENTOS A FAPEMIG pela concessão de bolsa, e UNIQUÍMICA pela doação das enzimas para a execução do projeto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERTECHINI, A.G., Nutrição de monogástricos, Lavras, MG: ed. UFLA, p. CAMPESTRINI, E.; SILVA, V.T.M.; APPELT, M.D. UTILIZAÇÃO DE ENZIMAS NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL. Revista Eletrônica Nutritime, v.2, n 6, p , novembro/dezembro FREITAS, E. R.; FUENTES, M.F.F.; ESPÍNDOLA, G.B. Efeito da suplementação enzimática em rações à base de milho/farelo de soja sobre o desempenho de poedeiras comerciais. Rev. bras. zootec., v.29, n.4, p , LIMA, M.R.; SILVA, J.H.V.; ARAUJO, J.A.; BATISTA. C. Enzimas exógenas na alimentação de aves. Acta Veterinaria Brasilica, v.1, n.4, p , NUNES, J. K.; et al. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 16, 2007, Pelotas. Anais... Avaliação do desempenho produtivo de poedeiras alimentadas com dietas vegetarianas reformuladas e suplementada com complexo enzimático. Pelotas/RS: Universidade Federal de Pelotas, 2007.
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