IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS ORNAMENTAIS NATIVAS NO ASSENTAMENTO RURAL ZUMBI DOS PALMARES EM UBERLÂNDIA-MG
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- Isabella Freire Mirandela
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1 CONVÊNIOS CNPq/UFU & FAPEMIG/UFU Universidade Federal de Uberlândia Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação DIRETORIA DE PESQUISA COMISSÃO INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 2008 UFU 30 anos IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS ORNAMENTAIS NATIVAS NO ASSENTAMENTO RURAL ZUMBI DOS PALMARES EM UBERLÂNDIA-MG Thiago da Rocha Cortes 1 thiagoagroufu@yahoo.com.br Maria Alice Vieira 2 alicevi@umuarama.ufu.br Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia Ainda que pouco utilizada em trabalhos de paisagismo, a procura por mudas de plantas nativas tem aumentado. Com o objetivo de apoiar o processo de transformação social dos assentados, neste projeto realizou-se um trabalho de incentivo à identificação de plantas com potencial ornamental presentes no Projeto de Assentamento Rural Zumbi dos Palmares, situado na região de Uberlândia em MG. Este trabalho foi realizado no período de maio a outubro do ano de 2007, como parte do Programa de Extensão Integração UFU/ Comunidade - PEIC / UFU, da Pró- Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis Diretoria de Extensão - Universidade Federal de Uberlândia. O projeto foi desenvolvido junto à uma família previamente selecionada, sendo realizado um levantamento da vegetação - ornamental e com perspectiva de uso em paisagismo - presente no local, com perspectiva de instalação uma unidade de produção de mudas destas plantas no lote desta família. As plantas identificadas por meio do levantamento estão catalogadas, destacando-se se suas características ornamentais. Palavras chave: vegetação nativa, cerrado, reforma agrária, paisagismo. 1. INTRODUÇÃO Nas áreas verdes urbanas da região de Uberlândia e do país, de um modo geral, espécies da flora regional são pouco freqüentes, tanto na arborização de vias públicas e praças, quanto em jardins residenciais. A ocorrência de plantas exóticas na paisagem construída é nitidamente superior à de vegetação nativa. Além disto, a alta freqüência de vegetais da mesma espécie no tecido urbano acaba por transformar as áreas verdes das cidades em verdadeiras monoculturas urbanas. Até mesmo em áreas rurais é comum a descaracterização do ecossistema natural pela introdução de numerosas espécies exóticas nos jardins domésticos, em detrimento do uso de vegetação autóctone. Com a expansão da fronteira agrícola na segunda metade do século passado dentro dos padrões da Revolução Verde grande parte do bioma cerrado, predominante na região, foi devastada, restando hoje poucas áreas de vegetação nativa. Esta, no entanto, apresenta ainda remanescentes de uma rica flora, com usos potenciais diversos, inclusive, para fins ornamentais e de paisagismo. 1 Estagiário do PEIC, Engenheiro Agrônomo, aluno do Curso de Agronomia da Universidade Federal de Uberlândia, no período de execução do trabalho. 2 Professora do Curso de Agronomia da Universidade Federal de Uberlândia, coordenadora do projeto.
2 Atualmente, com avanço da lavoura canavieira na região para produção de agrocomcombustível a diversidade do bioma regional tende a se restringir ainda mais e até mesmo desaparecer. Por outro lado, a experiência do PACTo - Programa de Apoio Científico e Tecnológico aos Assentamentos Rurais das Regiões de Uberlândia e Araguari-MG (2006) mostrou que nas comunidades contempladas pelo programa concentra-se uma inestimável fonte de conhecimentos endógenos sobre a biodiversidade local, o qual deve ser resgatado, valorizado, legitimado junto ao corpus teórico da academia e, principalmente, aplicado para a promoção de melhor qualidade de vida para as famílias assentadas pelos programas de Reforma Agrária do país. Com o objetivo de apoiar o processo de transformação social dos assentados, neste projeto propôs-se desenvolver um trabalho de incentivo à identificação e produção de plantas ornamentais nativas no Projeto de Assentamento Rural (PA) Zumbi dos Palmares, em lote de uma família previamente selecionada 2. Metodologia O projeto se desenvolveu no período de maio a outubro do ano de 2007, no PA Zumbi dos Palmares, em Uberlândia, distante 100km da cidade. Para a realização deste trabalho foi selecionado o lote nº. 03, do casal Sr. João e D. Fátima, considerando-se aspectos discutidos por Vieira (2006) e apontados em trabalhos de Vieira et al. (2006), quais sejam: vocação e interesse do casal na atividade produção de espécies ornamentais; conhecimentos de jardinagem do proprietário, Sr. João, que, anteriormente, inclusive, já trabalhou nesta atividade; dedicação e participação da família, já comprovada durante a execução de um projeto de horticultura orgânica, anteriormente desenvolvido pela equipe de produção do PACTo; existência de uma estufa para produção de mudas de hortaliças - obtida por meio do PACTo, a qual poderá ser aproveitada para propagação de espécies ornamentais e família numerosa, quatro adultos e sete crianças, o que favorece a realização do trabalho de um trabalho de eco alfabetização, por meio da valorização da flora nativa no local. O método de trabalho consistiu de visitas ao local, com excursões no campo para observação identificação das potencialidades das espécies vegetais presentes para uso em paisagismo, realização de fotos das mesmas e coleta de material para identificação e classificação botânica. Para realizar esta classificação foi fundamental a colaboração do Dr. Glein Monteiro Araújo professor do Instituto de ciências Biologicas da UFU. Sob o aspecto ornamental foram observados o porte das plantas, o hábito de crescimento, o tamanho, a forma, a cor e a textura da folhagem, das flores e dos frutos. Outras características também foram consideradas, como a presença de perfumes ou de outros odores. 3. Resultados e discussão As plantas identificadas neste levantamento foram catalogadas, por meio de fotos, acompanhadas do nome científico e popular, família e data em que foi realizada a foto, considerando-se características ornamentais e potencial de uso paisagístico. Foram classificadas treze plantas em nível de gênero e espécie (quadro 1), duas apenas em família e oito que não foram classificadas botanicamente. É importante salientar que como estas plantas não são utilizadas para fins agrícolas é provável que entre se encontrem espécies que ainda não foram classificadas. Daí a importância de se dar continuidade ao trabalho, por meio de outros projetos de pesquisa, que, juntamente com profissionais especialistas na área de botânica possa se realizar o trabalho de classificação das espécies potencialmente ornamentais identificadas neste levantamento. Cabe destacar também que em todas as visitas o casal proprietário do lote participou ativamente das excursões pelo campo, demonstrando um grande entusiasmo e capacidade de percepção dos aspectos ornamentais das plantas. Foram encontradas muitas plantas em uma pequena reserva de mata ciliar, sendo a maioria delas de hábito trepador (cipós). No entanto, posteriormente tem se observado que algumas destas plantas quando ocorrem em ambiente a céu aberto apresentam-se como pequenos arbustos e com inflorescências mais abundantes, o que indica a necessidade de se realizar pesquisas sobre o comportamento destas plantas quando cultivadas em diferentes ambientes. 3
3 Quadro 1. Plantas com potencial de uso em paisagismo e respectivas classificação botânica e observações quanto à principal característica ornamental. Nome comum Nome científico Família Bambu Olyra sp Poaceae Cássia Cassia sp Fabaceae Cipó de agulha Daisphylum sp Asteraceae Orelha-de-onça Cissampelos ovalifolia Menispermaceae Papo de Peru Aristolochia clematitis Aristolochiaceae Ruelia Ruellia sp Acanthaceae Sucupira- branca Pterodon pubescens Fabaceae Trombeteira Memora campicola Bignoniaceae Tupixaba Eupatorium sp Asteraceae Unha de cabrito Bauhinia rufa Fabaceae Vassourão Vernonia sp Asteraceae Viuvinha Petrea volubilis Verbenaceae - Paullinia rhomboidea Sapindaceae - - Malpighiaceae - - Fabaceae Nas figuras de 1 a 15 podem se observar o potencial ornamental de algumas das plantas identificadas no trabalho. 4
4 Figura 1: Ramo de Olyra sp Figura 2: Vagens e folhagem de Cássia sp Figura 3: Flor do cipó Daisphylum sp 5
5 Figura 4: Ramo de Cissampelos ovalifolia. Figura 5: Inflorescência Aristolochia clematitis Figura 6: Flores de Ruellia sp 6
6 Figura 7: Pterodon pubescens (Sucupira-branca) Figura 8: Inflorescência de Memora campicola Figura 9: Detalhe do ramos de Eupatorium sp 7
7 Figura 10: Inflorescência de Bauhinia rufa Figura 11: Detalhe da inflorescência de espécie da Família Malpighiaceae Figura 12: Não identificada 8
8 Figura 13: Não identificada Figura 14: Não identificada Figura 15: Não identificada 9
9 4. Considerações finais As características das espécies observadas neste trabalho mostram que são muitas as possibilidades de se aplicar plantas que ocorrem na região em trabalhos de paisagismo, porém faz-se necessário pesquisar as formas e condições de propagação destas plantas, bem como seu comportamento em diferentes ambientes. 5. Literatura consultada RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE APOIO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (PACTo). Pro reitoria de Pesquisa e Pós graduação da Universidade Federal de Uberlândia. UFU- Uberlândia-MG.2006 VIEIRA, M. A. Assentamentos Rurais Breve reflexão sobre os programas da reforma agrária e o Pacto frente ao paradigma holístico. In: Simpósio Nacional de Reforma Agrária. Resumo. Uberlândia VIEIRA, M. A.; Namura, M.; Engel, D. Horticultura Orgânica nos assentamentos rurais das regiões de Uberlândia e Araguari. In: Simpósio Nacional de Reforma Agrária. Uberlândia p. disponível no site 10
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