ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores. SOUZA LOPES (Presidente), IRINEU FAVA E AFONSO BRÁZ. São Paulo, 16 de abril de 2018.

Transcrição

1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de São Paulo, em que são apelantes ELIANA PINTO RIBEIRO e GABRIELA JESSIE RIBEIRO BUCHAN, são apelados TAM LINHAS AÉREAS S/A e AIR CANADA. ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 35ª Câmara Extraordinária de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão:deram provimento em parte ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores. SOUZA LOPES (Presidente), IRINEU FAVA E AFONSO BRÁZ São Paulo, 16 de abril de Souza Lopes relator Assinatura Eletrônica

2 VOTO Nº: APEL.Nº: COMARCA: SÃO PAULO APTE. : ELIANA PINTO RIBEIRO E OUTRA APDO. : TAM LINHAS AÉREAS S/A e AIR CANADA *Indenização Dano moral Transporte aéreo internacional Overbooking Passageiras impedidas de embarcar em voo previamente contratado Remanejamento para voo no dia seguinte, que sofreu nova alteração para o próximo dia Pretensão de elevação do quantum indenizatório fixado em R$ 5.000,00 para cada autora Possibilidade, todavia não no montante pleiteado pelas recorrentes Recurso parcialmente provido, para fixar a indenização em R$ ,00 para cada apelante.* Cuida-se de apelação contra a r. sentença de fls. 206/215, que julgou procedente a ação de indenização por danos morais ajuizada por ELIANA PINTO RIBEIRO e a menor GABRIELA JESSIE RIBEIRO BUCHAN contra TAM LINHAS AÉREAS S/A e AIR CANADÁ. Insurgem-se as autoras contra o valor arbitrado a título de indenização, ou seja, R$ 5.000,00 para cada uma. Alegam que foram vítimas de overbooking quando se preparavam para retornar ao Brasil, após viagem para Toronto no Canadá, ocorrendo, ainda, atraso no voo remarcado, tendo ficado praticamente duas noites sem dormir, fato agravado pela pouca idade de Gabriela, à época com 12 anos, não receberam informações e assistência adequadas e atrasaram em mais de Apelação nº Voto nº Amanda/Fabiane 2

3 32 horas no total sua chegada ao Brasil. Afirmam que o valor fixado é irrisório e pretendem a elevação do quantum indenizatório para R$ ,00 para cada uma. subiram os autos. Contrariado o recurso apenas pela corré Air Canadá, Aberta vista ao Ministério Público, opinou a Douta Procuradoria pelo improvimento da apelação. É o relatório. Prospera, em parte, a irresignação recursal. De início, vale ressaltar que a r. sentença foi proferida na vigência do CPC/1973, logo, devem ser observadas suas disposições, em preservação dos atos processuais já praticados. Trata-se de ação de indenização por danos morais sofridos pelas autoras em razão de falha na prestação de serviço de transporte aéreo internacional. Os danos morais foram claramente demonstrados e, quanto ao tema, não houve interposição de qualquer recurso pelas rés, que se conformaram com a r. sentença. A questão aqui a ser discutida é o quantum Apelação nº Voto nº Amanda/Fabiane 3

4 indenizatório, fixado em R$ 5.000,00 para cada autora. Da análise dos autos, depreende-se que as autoras possuíam passagens para embarcar em voo programado para o dia 25/07/2012, às 23:35, de Toronto Canadá para São Paulo. Todavia, em razão da ocorrência de overbooking, foram recolocadas em outro voo, que sairia no dia seguinte, no mesmo horário. Após longa espera no aeroporto, no dia 26/07, foram surpreendidas com a notícia de que o voo só sairia no próximo dia (27/07), pela manhã. Assim, restou clara a angústia sofrida pelas autoras, pois tinham expectativa de que a viagem ocorreria na data e horário aprazados e se viram com total incerteza de quando chegariam ao Brasil. As autoras passaram duas noites não programadas no Canadá, chegando ao Brasil com mais de 32 horas de atraso. Não se podendo olvidar que a apelante Gabriela, à época, era menor com 12 anos de idade. Desta feita, em que pese o entendimento do digno Magistrado de piso, tenho que a fixação do valor da indenização em R$ 5.000,00 para cada autora não se mostra suficiente a reparar os danos sofridos. Por outro lado, não vinga a pretensão das apelantes para o arbitramento no valor de R$ ,00 para cada uma. Apelação nº Voto nº Amanda/Fabiane 4

5 Como é cediço, para a fixação do valor da indenização por danos morais é preciso levar em conta os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, de forma que o montante deve ter o poder de inibir a prática de novo ato lesivo, sem se constituir num prêmio ou mesmo numa fonte de riqueza para a vítima. Assim, observando-se as peculiaridades do caso, em especial a intensidade do dano e a condição social da vítima e ofensor, o valor da indenização deve ser fixado em R$ ,00 para cada autora. Pelo exposto, dá-se parcial provimento ao recurso para elevar o valor da indenização por dano moral para R$ ,00 para cada apelante, com atualização a partir da publicação deste Acórdão. SOUZA LOPES Relator Apelação nº Voto nº Amanda/Fabiane 5