COMO EXPORTAR PORTUGAL
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- Danilo Olivares da Conceição
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1 COMO EXPORTAR PORTUGAL MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES Departamento de Promoção Comercial Brasília,
2 Coleção: Estudos e Documentos de Comércio Exterior Série: Como Exportar CEX: Elaboração: Ministério das Relações Exteriores - MRE Departamento de Promoção Comercial - DPR Divisão de Informação Comercial - DIC Embaixada do Brasil em Lisboa Setor de Promoção Comercial - SECOM Coordenação: Divisão de Informação Comercial Distribuição: Divisão de Informação Comercial Os termos e apresentação de matérias contidas na presente publicação não traduzem expressão de opinião por parte do MRE sobre o status jurídico de quaisquer países, territórios, cidades ou áreas geográficas e de suas fronteiras ou limites. Os termos desenvolvidos e em desenvolvimento, empregados em relação a países ou áreas geográficas, não implicam tomada de posição oficial por parte do MRE. Direitos reservados. É permitida a transcrição parcial do presente estudo, desde que seja citada a fonte. 2
3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO MAPA DE PORTUGAL PORTUGAL: DADOS BÁSICOS I - ASPECTOS GERAIS 1. Geografia 2. População, centros urbanos e nível de vida 3. Transportes e comunicações 4. Organização política e administrativa 5. Organizações e acordos internacionais II ECONOMIA, MOEDA E FINANÇAS 1. Conjuntura econômica 2.Principais setores de atividade 3. Moeda e Finanças 4. Sistema Bancário III COMÉRCIO EXTERIOR 1. Evolução recente: considerações gerais 2. Direção do Comércio Exterior 3. Composição do Comércio Exterior 4. Participação brasileira nas importações IV RELAÇÕES ECONÔMICO-COMERCIAIS BRASIL-PORTUGAL 1. Intercâmbio comercial bilateral 2. Balanço de pagamentos bilateral 3. Investimentos portugueses no Brasil 4. Principais acordos econômicos com o Brasil V ACESSO AO MERCADO 1. Sistema tarifário da União Européia 2. Sistema Geral de Preferências da União Européia 3. Regulamentação de importação 4. Regulamentação específica de Portugal 5. Documentação e formalidades 6. Regimes especiais 3
4 VI ESTRUTURA DE COMERCIALIZAÇÃO 1. Canais de distribuição 2. Promoção de vendas 3. Práticas comerciais VII RECOMENDAÇÕES ÀS EMPRESAS BRASILEIRAS 1. Aproveitamento das facilidades decorrentes de regimes especiais 2. Informações atualizadas sobre tarifas e regulamentação de importação 3. Remessa de amostras e de material publicitário 4. Embarques, documentação e formalidades no Brasil 5. Canais de distribuição 6. Promoção de produtos 7. Utilização de serviços de empresas de consultoria de marketing 8. Práticas comerciais 9. Designação de agentes e instalação de escritórios locais de empresas brasileiras 10. Práticas usuais em relação a reclamações, litígios e arbitragem comercial 11. Viagens a negócios 12. Assistência profissional ANEXOS I Endereços 1. Órgãos oficiais 2. Empresas brasileiras 3. Câmaras de Comércio 4. Principais entidades de classe locais 5. Principais bancos 6. Principais feiras e exposições 7. Meios de comunicação 8. Consultoria de marketing 9. Aquisição de documentação 10. Companhias de transporte com o Brasil 11. Supervisão de embarques II - Fretes e comunicações com o Brasil 1. Informações sobre fretes 2. Comunicações: tarifas 4
5 III - Informações sobre Sistema Geral de Preferência (SGP) IV- Informações Práticas 1. Moeda 2. Pesos e medidas 3. Feriados 4. Fuso horário 5. Horário comercial 6. Corrente elétrica 7. Períodos recomendados para viagens 8. Visto de entrada 9. Vacinas 10. Câmbio 11. Hotéis BIBLIOGRAFIA 5
6 INTRODUÇÃO Portugal, localizado no oeste europeu e limitado, a oeste, pelo oceano Atlântico, a sul, pelo Golfo de Cádiz e, a norte e leste, pela Espanha, cobre uma área de km 2. Seu comprimento, de norte a sul, é de aproximadamente 576 km e sua extensão média é pouco menor de 160 km. Enquanto o norte é montanhoso, com clima marítimo (temperadofrio) e chuvoso, o sul é predominantemente plano, quente e seco. Portugal está dividido em 18 distritos, além das Ilhas de Açores e Madeira, as quais ocupam localizações estratégicas no Oceano Atlântico, próximas ao Estreito de Gibraltar. A população do país é estimada em cerca de 10 milhões de habitantes, composta por 98% de portugueses e os restantes 2% de estrangeiros, principalmente africanos. Lisboa é a capital portuguesa e a cidade mais populosa, com população estimada em 2 milhões de habitantes, ou seja, 20% do total do país. Desde sua integração à União Européia, em 1986, Portugal vem apresentando elevados níveis de crescimento econômico. De fato, o fluxo de investimentos estrangeiros para Portugal, os subsídios provenientes da Comunidade Econômica Européia e a crescente inserção de produtos portugueses em mercados externos contribuíram para que o país apresentasse, em 1996, taxa de crescimento real do PIB de 3,3%, superior à taxa de 0,7%, na Itália, e de 2,3%, no Reino Unido. Atualmente, Portugal abriga cerca de 2,7 % da população da União Européia, sendo seu PIB, em 1997, equivalente a 1,3% do PIB comunitário. Nos últimos 25 anos, Portugal vem aumentando a participação do setor de serviços, principalmente do turismo, em sua economia, em detrimento do setor agrícola, que, apesar da liderança na produção de cortiça, tem apresentado níveis de produtividade baixos em relação a seus vizinhos, Espanha e França. Quanto à indústria, a evolução verificada ao longo do último triênio tem sido proporcionada, principalmente, por constantes investimentos estrangeiros no país. A economia portuguesa encontra-se razoavelmente aberta, apresentando seu comércio exterior taxas crescentes de participação no PIB do país. Seu principal parceiro comercial tem sido, tradicionalmente, a União Européia, para onde, em 1996, se destinaram cerca de 82% das exportações de Portugal e de onde provieram, aproximadamente, 78% das compras portuguesas no exterior. No contexto mundial, Portugal encontra-se atrás da maioria dos países industrializados, em termos de participação nas transações comerciais globais. Em 1996, em relação às exportações, Portugal respondeu por 0,7% no total das vendas mundiais. Já pelo lado das importações, o país foi responsável por 0,4% do total importado mundialmente. No que se refere ao comércio bilateral, Portugal foi, em 1997, o vigésimo quarto principal destino das vendas de produtos brasileiros ao exterior, comprando 0,77% do total exportado pelo Brasil, e o quadragésimo principal fornecedor de bens e serviços ao Brasil, sendo responsável por 0,37% das importações totais brasileiras. No âmbito do comércio exterior português, em 1996, as exportações para o Brasil corresponderam a cerca de 0,01% e as importações se situaram ao redor de 0,014%. O Brasil é o décimo quarto país de destino das exportações portuguesas e o décimo segundo país de origem das importações de Portugal. Como perspectivas para os próximos anos, a economia lusitana, apesar da tendência deficitária de sua balança comercial, deve provar, como um todo, crescimento considerável, podendo chegar a registrar evolução de 4% a 4,5% no PIB. Esse crescimento econômico de Portugal é sustentado graças a elevados níveis de gastos do Governo com investimento, possibilitando, dessa maneira, expansão das exportações e gradual recuperação das despesas dos consumidores. A participação de Portugal na União Econômica e Monetária européia e o interesse desta em aproximar-se do bloco comercial latino-americano vão ao encontro dos esforços dos exportadores brasileiros no sentido de fomentar as exportações para aquele país e, consequentemente, para a União Européia. Outro aspecto importante com vistas à solidificação do comércio bilateral Brasil-Portugal é a utilização da língua comum, o português, que, certamente, facilita as transações realizadas entre ambos os países. 6
7 Portugal MAPA DE PORTUGAL Viana do Cabo Bragança Vila Real Porto Vila Nova de Gaia Coimbra Alcobaça Castelo Branco Batalha Tomar Portalegre ESPANHA Sintra OCEANO ATLÂNTICO Amadora LISBOA Setúbal Beja Évora Elreas PORTUGAL Escala Portimão Faro Golfo de Cádiz 0 77 km 7
8 PORTUGAL: DADOS BÁSICOS Superfície: km 2 População: 9,934 milhões de habitantes (1996) Densidade demográfica: 108 hab./km 2 (1996) População economicamente ativa: 4,45 milhões (1996) Principais cidades: Lisboa (capital), Porto, Braga, Coimbra, Setúbal, Guimarães, Aveiro e Faro. Moeda: Escudo (Esc.) Cotação: Esc. 183,00 = US$ 1,00 (28 de julho de 1998) PIB, a preços correntes: US$ 105,4 bilhões (1996) Origem do PIB ( em %) Agricultura, Silvicultura e Pesca 4,1 Indústria, Construção, Eletricidade, Água e Gás 33,6 Serviços 62,3 Crescimento real do PIB ,5% ,3% ,3% PIB per capita : US$ (1996) Comércio exterior (1996): Importações (cif) Exportações (fob) US$ 34,14 bilhões US$ 23,84 bilhões Intercâmbio comercial Brasil-Portugal (fob, em US$ milhôes, 1997) Exportações para Portugal 410,18 Importações de Portugal 223,97 Balança comercial bilateral 186,21 8
9 I - ASPECTOS GERAIS 1. Geografia Localização e superfície Portugal está localizado no oeste europeu, limitando-se a leste e ao norte com a Espanha, a oeste com o Oceano Atlântico e ao sul com o Golfo de Cádiz, no mar Mediterrâneo. Sua superfície total é de km 2. A capital portuguesa é Lisboa, onde se concentra cerca de ¼ da população total do país. Tabela 1: Distâncias a partir de Lisboa (em km) Regiões geográficas e clima A maior parte da superfície de Portugal compõe-se de terras baixas. O rio Tejo divide o país em três regiões bem definidas: o interior norte e centro, montanhoso; o litoral norte, mais plano; e o sul, composto de planícies e elevações suaves. Variações regionais e sazonais, dentro da faixa de temperatura, caracterizam o clima: no litoral norte, tipicamente oceânico, com verões amenos, invernos chuvosos; no interior norte e centro, verões quentes, invernos chuvosos e eventuais precipitações de neve; no sul, tradicionalmente seco, do tipo mediterrânico. 2. População, centros urbanos e nível de vida População Porto Leixões Coimbra Setúbal Sines Faro A população de Portugal foi estimada em 9,934 milhões de habitantes, em finais de 1996, sendo a população feminina 6 pontos percentuais maior do que a masculina (Tabela 2). A densidade demográfica, registrada nesse ano, foi de 108 hab/km 2. Estudos realizados em 1991 colocam Portugal como um dos países com a menor taxa de natalidade do mundo. Prevê-se que a população do país permanecerá praticamente estagnada ao longo do próximo século, crescendo muito pouco, somente devido ao pequeno aumento nas taxas de fertilidade, combinado com a maior expectativa de vida. Além disso, analisando a Tabela 4, nota-se que, no período , Portugal foi o país que apresentou a maior queda nas taxas de natalidade (31,2%) e de crescimento natural (83,3%) em comparação a outros países europeus, como Alemanha e Itália, cuja variação na taxa de natalidade, nesse mesmo período, foi de 18,2% para ambos os países. Tabela 2: Indicadores demográficos, 1996 (em milhões de habitantes) Número Part.% Homens 4,67 47,0 Mulheres 5,27 53,0 População até 14 anos 1,73 17,4 População acima de 65 anos 1,51 15,2 População ativa 4,79 48,5 Fonte: Instituto Nacional de Estatística - INE Tabela 3: População empregada por setores de atividade econômica Setores Agricultura, Silvicultura e Pesca (%) 11,8 11,5 12,3 Indústria, Construção Energia e Água (%) 32,6 32,1 31,2 Serviços (%) 55,6 56,4 56,5 População empregada total (milhões) 4,45 4,42 4,45 Fonte: Instituto Nacional de Estatística - INE 9
10 Tabela 4: Taxa de crescimento natural da população (em %) Países Taxa de natalidade Taxa de mortalidade Taxa de crescimento natural (1) Portugal 1,6 1,1 1,0 1,0 0,6 0,1 Holanda 1,3 1,2 0,8 0,9 0,5 0,3 Alemanha 1,1 0,9 1,2 1,1-0,1-0,2 Itália 1,1 0,9 1,0 1,0 0,1-0,1 Noruega 1,2 1,4 1,0 1,0 0,2 0,4 Suécia 1,2 1,3 1,1 1,0 0,1 0,3 Suíça 1,2 1,2 0,9 0,9 0,3 0,3 Fonte: World Development Indicators 1997 The World Bank (1) Taxa de crescimento natural = Taxa de natalidade Taxa de mortalidade Centros urbanos Tabela 5: População estimada por distrito, dezembro de em Lisboa Porto Braga 773 Setúbal 729 Aveiro 671 Santarém 440 Leiria 430 Coimbra 423 Viseu 399 Faro 345 Viana do Castelo 250 Vila Real 231 Castelo Branco 207 Guarda 182 Évora 170 Beja 161 Bragança 152 Portalegre 128 Arquipélagos Madeira 257 Açores 241 TOTAL Fonte: Embaixada do Brasil, em Lisboa. Grupos étnicos e religião A população é constituída basicamente pelo tipo mediterrâneo, tanto no continente quanto nos arquipélagos dos Açores e Madeira. Em 1996, havia (1,74% da população total) residentes estrangeiros legalizados em Portugal, sendo cerca de provenientes da África (a maioria de Cabo Verde); , da União Européia; , do Brasil; , do Reino Unido; e , da Espanha. Além desses, fontes internacionais estimam em mais de os africanos residentes de forma ilegal em Portugal, número, porém, que deve ter-se reduzido bastante nos últimos anos, em virtude do importante processo de legalização levado a cabo pelas autoridades portuguesas. A religião predominante é o cristianismo, que compreende 96% da população do país, sendo 94,5% católicos. O judaísmo e o islamismo englobam 0,1% da população, sendo que os 3,8% restantes não possuem identificação religiosa. Tabela 6: Principais indicadores sócio-econômicos PIB per capita em US$ correntes (1996) Salário Mínimo Nacional mensal em US$ correntes (1997) 323,4 Linhas telefônicas por 1000 hab. (1994) 347 Televisores por 1000 hab. (1995) 332 Médicos por 1000 hab. (1995) 2,96 Leitos de hospital por 1000 hab. (1995) 4,1 Taxa de mortalidade infantil por 1000 nasc. (1996) 6,9 Consumo doméstico de energia elétrica KW/hab. (1995) (1) 772,9 Fonte: Instituto Nacional de Estatística - INE (1) fornecimentos da EDP a Portugal Continental 10
11 Tabela 7: Distribuição Regional da Renda (em % sobre o total) Regiões (NUTS II) (1) Norte 31,1 31,4 Centro 14,2 14,5 Lisboa e Vale do Tejo 42,8 42,4 Alentejo 4,3 4,3 Algarve 3,8 3,5 Açores 1,8 1,7 Madeira 1,9 1,9 Fonte: Instituto Nacional de Estatística - INE (1) NUTS II - Nomenclatura das Unidades Estatísticas Territoriais da UE A análise da distribuição regional de renda, em 1996, permite evidenciar a importância relativa da região de Lisboa e Vale do Tejo, que contribuiu com 42,4% para a formação do produto nacional, assim como a fraca contribuição de Alentejo, Algarve, Açores e Madeira, que, em conjunto, foram responsáveis por somente 11,4% do produto nacional. (vide Tabela 7) Educação Embora permaneça atrás da maioria dos países europeus em termos de educação, possuindo elevada taxa de analfabetismo, Portugal vem-se esforçando a fim de promover seu sistema educacional. De fato, a despesa pública com educação, no período , cresceu de 4% para 5% do PIB. Tabela 8: População Estudantil, ano escolar 1994/95 (em milhares) Nível de Ensino Total Ensino Pré-Escolar 169 Ensino Básico º ciclo (até 4º ano) 518 2º ciclo (5º, 6º anos) 283 3º ciclo (7º a 9º anos) 425 Ensino Secundário 369 Ensino Superior 276 Total Fonte: Instituo Nacional de Estatística - INE 3. Transportes e comunicações Transportes Rede rodoviária A extensão total das rodovias na parte continental de Portugal totalizava km, em A melhoria da malha rodoviária constitui prioridade para o Governo português, que pretende investir, com a colaboração da União Européia, US$ 18 bilhões, nos anos de 1994 a Em finais de 1995, o parque automobilístico de Portugal era constituído por: Rede ferroviária automóveis leves e pesados tratores motociclos reboques e semi-reboques Fonte: Instituto Nacional de Estatística - INE Em 1995, Portugal contava com km de ferrovias. Nesse mesmo ano, foram transportadas, por ferrovia, 9,61 milhões de toneladas de mercadorias e 4,84 milhões de passageiros/km. 11
12 Transporte fluvial Os principais rios navegáveis de Portugal são: - o Tejo, com intenso transporte entre as duas margens, ligando Lisboa a Cacilhas, Barreiro, Trafaria, Seixal, Montijo e Porto Brandão; - o Douro, com ligação da cidade do Porto a Gaia; - o Sado, que liga Setúbal a Tróia (zona turística de grande destaque); - o Guadiana, que permite a ligação fluvial até a fronteira espanhola. Há 643 km de rios navegáveis no país. Transporte marítimo O movimento internacional de mercadorias é feito sobretudo por via marítima. O porto de Lisboa, o maior de Portugal, é de grande importância internacional devido à sua localização e ao comércio de reexportação. Outros portos importantes são o de Leixões, situado junto à cidade do Porto, e o de Sines. Em termos de movimento de mercadorias, o porto de Sines é o mais importante (para o que contribuíram, em grande medida, os produtos petrolíferos), com cerca de 22 milhões de toneladas (mercadorias carregadas e descarregadas), em Seguem-se-lhe os portos de Lisboa e de Leixões. Em 1995, a frota mercante de Portugal totalizava 357 embarcações, com capacidade de TPB (toneladas de porte bruto). Transportes aéreos A TAP Air Portugal e a VARIG fazem vôos diários e diretos com destino a Lisboa e ao Porto. A Transbrasil deverá realizar vôos diretos para Portugal a partir de julho de Comunicações A rede telefônica nacional e o sistema DDI abrangem todo o país e a Rede Digital com Integração de Serviços (RDIS) estende-se aos principais distritos portugueses. Em 1995, existiam cerca de 3,59 milhões de telefones e telex instalados em Portugal. Enquanto a utilização do telex vem diminuindo ao longo dos últimos anos, o tráfego telefônico da rede fixa registrou um aumento notável, com a utilização em massa do fax e o surgimento de numerosos serviços correlatos (Internet ou serviços de valor agregado, entre outros). Desde 1994, com a liberalização das telecomunicações, o número de usuários de telefonia celular tem crescido consideravelmente. 4. Organização política e administrativa Organização Política Oficialmente denominado República Portuguesa, o país constitui um Estado unitário, com forma de Governo parlamentarista, sendo que o Presidente possui algumas reservas de competência. O poder executivo é exercido pelo Presidente, eleito para um mandato de cinco anos. O Presidente tem prerrogativa para indicar o Primeiro-Ministro, cujo programa de Governo deve ser aprovado pela Assembléia da República. Os principais órgãos ministeriais em Portugal são: Ministério da Administração Interna; Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas; Ministério do Ambiente e Recursos Naturais; Ministério da Ciência e da Tecnologia; Ministério da Cultura; Ministério da Defesa Nacional; Ministério da Economia; Ministério da Educação; Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território; Ministério das Finanças; Ministério da Justiça; Ministério dos Negócios Estrangeiros; Ministério para a Qualificação e o Emprego; Ministério da Saúde; Ministério da Solidariedade e Segurança Social. 12
13 Organização Administrativa Portugal é uma República unitária, constituída por dezoito distritos e duas regiões autônomas. Os distritos do território continental são: Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Lisboa, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu. As regiões autônomas compreendem o Arquipélago de Açores e a Ilha da Madeira, que têm localização estratégica, perto do Estreito de Gibraltar. Cada uma dessas regiões é governada por um Presidente do Governo Regional, eleito pela população local. Cabe ressaltar que se encontra em discussão a reorganização administrativa do país, com a criação de um número reduzido de regiões, com poderes acrescidos em relação à atual divisão. 5. Organizações e acordos internacionais No plano político, Portugal integra as seguintes organizações internacionais: ONU - Organização das Nações Unidas; OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte; UEO - União da Europa Ocidental; OSCE - Organização para a Segurança e Cooperação na Europa; Conselho da Europa; OEA Organização dos Estados Americanos (estatuto de observador) É igualmente membro, entre outras, das seguintes organizações de caráter econômico-financeiro: UE - União Européia; OMC - Organização Mundial do Comércio; OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico; FMI - Fundo Monetário Internacional; FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e para a Agricultura; BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento; BID - Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (membro extraregional). 13
14 II - ECONOMIA, MOEDA E FINANÇAS 1. Conjuntura econômica A evolução da economia portuguesa tem sido determinada pela integração européia. O ingresso de Portugal na Comunidade Econômica Européia (CEE), em 1986, marcou o início de um ciclo de crescimento auto-sustentado, que se fez acompanhar de melhoria generalizada nos principais indicadores econômicos. Até o final da década, o país cresceu a uma taxa anual média de 4,8% - uma das mais altas entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE. Para tal, contribuíram o fluxo de capitais externos, sob a forma de investimentos estrangeiros e de subvenções da CEE, assim como o aumento das exportações, potenciado por um clima de estabilidade política. O ritmo de crescimento diminuiu em 1991 e 1992, tornando-se negativo em 1993, em decorrência da conjuntura recessiva por que a Europa (sua principal cliente) passou com o choque econômico da reunificação alemã. A retomada do crescimento iniciou-se, timidamente, em 1994, sendo confirmada, em 1997 (impulsionada pelo consumo das famílias e pelos investimentos em infra-estrutura, obras públicas e construção), quando alcançou o patamar dos 4%, esperandose que mantenha a trajetória ascendente até o final da década. O próximo desafio da economia portuguesa é, sem dúvida, manter as condições exigidas para sua integração à União Econômica e Monetária (UEM) européia, a partir de Essas condições se refletem no estabelecimento de metas de desempenho com relação aos seguintes indicadores: taxa de inflação anual (preços ao consumidor) de 2,6%; déficit público de 3% do PIB; dívida pública de 60% do PIB; e taxa de juros de 8,8% ao ano. Como se pode observar na Tabela 9, Portugal, a exemplo de outros países europeus, vem apresentando indicadores que permitem sua entrada na UEM, à exceção da dívida pública, responsável por 64,1% do PIB (4 pontos percentuais acima do mínimo exigido). Tabela 9: Limites de Desempenho para integração à UEM País Preços ao Consumidor Déficit Público Dívida Pública Taxa de Juros (% ao ano) (% do PIB) (% do PIB) (% ao ano) Condições de Maastrich 2,6 3,0 60,0 8,8 Bélgica 1,9 2,7 126,7 6,2 Dinamarca 2,8 0,3 67,2 6,8 Alemanha 1,9 3,0 61,8 5,8 Grécia 6,0 1,9 108,3 (...) Espanha 2,4 3,0 68,1 7,3 França 1,6 2,0 57,9 5,8 Irlanda 2,0 1,0 68,3 6,6 Itália 2,7 3,2 122,4 8,0 Luxemburgo 1,7 1,1 6,5 5,8 Holanda 2,4 2,3 76,2 5,7 Portugal 2,5 3,0 64,1 5,8 Reino Unido 2,3 2,9 54,7 6,0 Áustria 2,1 3,0 68,5 6,2 Finlândia 0,9 1,9 59,2 6,9 Suécia 1,5 2,6 78,5 7,6 Fonte: Conjuntura Econômica, Dez./97 (com base em dados da Comissão Européia) Essa mudança de cenário, sem precedentes no panorama econômico português, marcará certamente o início de novo ciclo, com reflexos consideráveis nas estruturas de funcionamento da economia. De fato, além dos potenciais efeitos do euro sobre o crescimento econômico, a principal alteração que certamente ocorrerá a partir de 1999 será a perda do controle das políticas monetária e cambial, cuja responsabilidade passará para o Banco Central europeu. Portanto, esgotadas as privatizações e a conseqüente redução do abatimento da dívida e de seus juros por essa via, atenção deverá ser dada ao controle de outras rubricas da despesa, com vistas a conter eventuais pressões inflacionárias da demanda interna. Tabela 10: Produto Interno Bruto, a preços correntes, (em US$ bilhões) PIB 96,53 85,58 88,17 104,58 107,91 Crescimento real (%) 1,7-1,2 0,5 2,3 3,3 Fonte: Banco de Portugal Após a crise que se abateu sobre a Europa no início dos anos 90, Portugal retomou seu crescimento, especialmente a partir de 1994 (Tabela 10). De acordo com as estimativas mais conservadoras da OCDE, essa trajetória deverá prosseguir pelo menos até 1998, podendo atingir crescimento de cerca de 3,4% em relação ao ano anterior. 14
15 A exemplo do que ocorreu com outros países integrantes da OCDE, o perfil da economia portuguesa transformouse ao longo dos últimos trinta anos. O boom industrial dos anos 60 fez-se acompanhar, progressivamente, de um aumento da participação dos serviços e de uma diminuição do peso da agricultura na economia. Em 1994, o setor de serviços contribuiu com 62,3% do PIB, o que equivale a um crescimento de 5,2% em relação a Já o setor agrícola diminuiu sua participação de 4,7%, em 1992, para 4,1%, em (Tabela 11) Em 1997, verificou-se a inversão da tendência anterior e em vigor nas economias desenvolvidas com relação à distribuição do emprego por ramos de atividade. De fato, o emprego, em Portugal, cresceu na agricultura e na construção e diminuiu na indústria e no comércio. O aumento de 13,2% registrado na construção civil pode ser explicado pela rápida expansão da infra-estrutura, intensa edificação de imóveis residenciais e atividades relacionadas à Exposição Universal (Expo 98). Tabela 11: Formação do PIB, por principais setores de atividade, 1994 Setores (em % sobre o total) Serviços 62,3 Energia, Indústria e Construção 33,6 Agricultura, silvicultura e pesca 4,1 Total 100,0 Fonte: Instituto Nacional de Estatística - INE Após ligeira melhoria no desemprego, em 1991 e 1992, a recessão econômica, provocada pelo choque da reunificação alemã, determinou evolução desfavorável até o início de 1997, principalmente 1993 e 1994, quando aquele indicador aumentou 37% e 21%, respectivamente (Tabela 12). Desde o final de 1996, tem-se assistido à inversão dessa tendência, com a criação de emprego, sobretudo no setor da construção. Em 1997, o mercado de trabalho acompanhou a evolução da economia portuguesa. De fato, a taxa de atividade subiu e, conseqüentemente, assistiu-se à queda da taxa de desemprego (atualmente em 6,7%). A população ativa empregada aumentou cerca de 2%, atingindo uma cifra de 49,5%. Esse crescimento do emprego foi verificado, principalmente, nos segmentos de trabalhadores com contratos não permanentes e autônomos. Inversamente, registrouse diminuição no número de trabalhadores com carteira assinada (contratos permanentes) e no ramo das pequenas empresas. Essa situação deverá manter-se, pelo menos, até A partir de então, a revisão do Quadro Comunitário de Apoio da União Européia poderá determinar a redução dos fundos atribuídos a Portugal. Além disso, os efeitos da Exposição Universal (Expo 98), no setor da construção, sobretudo em obras públicas, já terão sido absorvidos. Tabela 12: Taxa de desemprego, (em % da força de trabalho) (1) 4,1 5,6 6,8 7,2 7,3 6,5 Fonte: Banco de Portugal (1) quarto trimestre de 1997 Uma das caraterísticas mais importantes do ciclo de crescimento iniciado em 1986 tem sido a evolução favorável da inflação, a qual tem diminuído de forma progressiva e segura. Em 1992, o índice de preços ao consumidor passou a ter somente 1 dígito, reforçando a imagem externa do país e potencializando o seu bom desempenho econômico (Tabela 13). O ano de 1997 apresentou taxa de inflação, medida pelo índice de preços ao consumidor, de 2,3%, contra os 3,1% de O setor de alimentação e bebidas foi o principal responsável por esse decréscimo na taxa de inflação; enquanto saúde, educação e habitação, água, eletricidade e gás constituíram setores que registraram aumento. A confirmar a trajetória favorável desse indicador está o seu diferencial em relação à média da União Européia que, em agosto de 1997, se reduziu para 0,5% (quando os quinze registaram, em média, uma variação homóloga de 2,1%). Tabela 13: Variação anual do índice de preços no consumidor, (em %) ,5 6,8 5,4 4,2 3,1 2,3 Fonte: Banco de Portugal 2. Principais setores de atividade a) Agricultura, silvicultura e pesca O valor da produção final da agricultura portuguesa permaneceu praticamente estagnado ao longo da última década. A modernização do setor, em conformidade com a Política Agrícola Comum, permitiu o melhor dimensionamento das explorações agrícolas, cuja área média passou de 6,7 hectares para 8,7 hectares, entre 1989 e 1993, metade dos valores registrados na União Européia. Nesse setor, tradicionalmente o mais problemático da economia, a modernização registrada nos primeiros anos da integração européia não foi acompanhada do aumento nem da superfície agrícola utilizada, nem do rendimento 15
16 agrícola, o qual permanece baixo por várias razões, tais como: solos pobres; variações climáticas; reduzida dimensão das explorações; grande peso da agricultura familiar; e fraca organização de mercado. Tabela 14: Produção agrícola e rebanho: itens selecionados, Discriminação Tabaco (tons) Laranja (mil tons) Leite de vaca, fresco (mil litros) Cereais (mil tons) Vinho (mil hl) Batata (mil tons) Tomate (mil tons) Azeite de oliva (mil tons) Ovinos (mil cabeças) Suínos (mil cabeças) Bovinos (mil cabeças) Caprinos (mil cabeças) Aves (mil tons) Fonte: Instituto Nacional de Estatística - INE Quanto às regiões de maior concentração da produção, o tomate é cultivado na área de Lisboa e Vale do Tejo (nas campinas ribatejanas); a laranja, no Algarve; o azeite, em Trás-os Montes e no Alentejo, região tradicionalmente conhecida como o celeiro de Portugal, onde se cultivam, também, cereais. Devido à situação climática desfavorável, que contribuiu para a deterioração de 70% das searas alentajanas, o país viu-se obrigado a importar cereais, os quais, atualmente, lideram o ranking entre os produtos mais importados por Portugal. Porém, em áreas de produção especializada (produção de tomate industrializado, polpa de fruta e vinho), os resultados são melhores, sendo que esses produtos assumem um papel prioritário na pauta de exportações agrícolas portuguesas. Portugal é o líder mundial na produção de cortiça, graças ao aumento dos reflorestamentos. Do total da área florestal, em 1995, 34% era coberto por pinheiros, 22% por sobreiro-corticeiro e 21% por eucaliptos. Tabela 15: Pesca, anos selecionados (em toneladas) ,8 269,5 245,96 244,4 217,0 Fonte: Instituto Nacional de Estatística - INE O setor de pesca movimentou, em 1995, cerca de US$ 400 milhões. Os moluscos, a sardinha, o peixe espada e o atum foram os principais responsáveis pelo volume de negócios. Entre , a produção da frota pesqueira portuguesa caiu para cerca da metade. Uma das principais razões para essa queda foi a diminuição das cotas comunitárias, decisão tomada no seio da Comissão Européia, como forma de combater a sobrepesca, que vinha esgotando o recurso nas águas portuguesas. Quanto à situação dos estoques, se a sardinha é uma espécie que inspira preocupação (visto que representa cerca de 40% da carga dos pesqueiros), a pescada (merluza) figura como prioridade na recuperação de estoque. b) Indústria Nos anos 50, a maioria dos equipamentos e setores de processamento mais sofisticados não existia e a produção industrial era pequena. As principais indústrias eram as de metais de base, produtos químicos, bebidas, cortiça e produtos têxteis. A década de 60 representou o período da industrialização portuguesa em larga escala, principalmente a partir da entrada de Portugal na Associação Européia de Comércio Livre, da sua conseqüente abertura ao exterior e do crescimento rápido de sua demanda interna. Já em 1986, com a entrada de Portugal na Comunidade Econômica Européia, a rentabilidade da indústria melhorou substancialmente, tendência que seria interrompida pela crise recessiva que se abateu, na Europa, no início dos anos 90. Há duas principais razões para explicar essa evolução. Esse período coincidiu, em primeiro lugar, com a entrada maciça de investimentos estrangeiros (em particular, nos setores automotivo, elétrico e de celulose); e, em segundo lugar, com os influxos de fundos europeus de apoio a investimentos no referido setor (de que o PEDIP - Plano Específico de Desenvolvimento da Indústria Portuguesa é o melhor exemplo). Entre 1994 e 1996, a evolução da indústria portuguesa, tem sido marcada pela modernização resultante dos investimentos realizados na década precedente, bem como pelo fenômeno de integração econômica global. Assim, em média, assiste-se a uma diminuição da produção de setores tradicionais, como os têxteis, curtumes e vestuário, e de setores pesados, como a metalurgia de base. Em contrapartida, setores de maiores valor agregado e teor tecnológico, como o setor automotivo e de maquinaria, lideram a indústria portuguesa. (Tabela 16) 16
17 Tabela 16: Índices de produção industrial: taxa de variação média, (em %) Indústrias Transformadoras Alimentos, bebidas e tabaco -1,9 1,3 2,9 Têxteis e curtumes 4,4-0,6-6,8 Vestuário -11,3 8,9-2,2 Calçado 5,4-9,8 2,6 Madeira e cortiça -15,6 7,3 5,9 Papel 6,0 5,3-2,0 Químicas e conexas 4,6 1,6 2,5 Minerais não metálicos 0,8 3,3-0,1 Metalúrgicas de base 3,9 5,2-3,7 Produtos metálicos 7,2 1,4 12,6 Máquinas não elétricas -0,6 3,5 11,1 Máquinas e material elétrico 2,2 18,0 4,0 Material de transporte -9,5 6,3 16,8 Fonte: Banco de Portugal c) Energia A produção e consumo de energia em Portugal são baixos, se comparados com a média européia. A produção é reduzida e corresponde apenas a 15% da demanda, que aumentou mais de 50% nos últimos 20 anos. O país consome basicamente petróleo. Cerca de 70% do consumo final de energia provém do petróleo (Tabela 17). Essa dependência, no entanto, tenderá a diminuir nos próximos anos, com a construção do gasoduto que irá fornecer, a todo o país, gás natural liqüefeito, proveniente do Magrebe (África do Norte). d) Turismo O setor do turismo vem ganhando importância considerável na economia portuguesa. Em 1996, Portugal figurava entre os 16 principais destinos turísticos, sendo responsável por, aproximadamente, 1,7 % do turismo mundial. Conseqüentemente, nesse mesmo ano, as entradas totalizaram $ 4,3 bilhões, o que equivaleu a 4% do PIB. Em 1998, espera-se que a Exposição Mundial (Expo 98), em Lisboa, produza aumento no fluxo de turistas para Portugal (atualmente, 20 milhões de estrangeiros visitam o país a cada ano), de modo a garantir sua projeção internacional para o próximos anos. 3. Moeda e finanças Moeda Tabela 17: Balanço energético: consumo final, 1995 (milhares de toneladas equivalentes de petróleo) Carvão Petróleo Eletricidade Gás Outros Total Transportes ,3 28, ,3 Industrial 646, , ,2 1,5 524, ,9 Doméstico e Terciário , ,4 64,9 410, ,1 Outros fins ,3 38, ,2 Total 646, , ,5 66,4 934, ,5 Fonte: Instituto Nacional de Estatística - INE A moeda portuguesa é o Escudo (Esc.). As taxas médias Esc./US$ foram as seguintes no período : Esc. Por US$ 160,8 165,99 151,11 154,24 175,309 Fonte: FMI A redução verificada na taxa de inflação desde o início da década de 90 tem permitido a redução sustentada das taxas de juros. Em dezembro de 1997, as taxas de longo prazo (obrigações do tesouro, taxa fixa a dez anos) apresentavam valor de cerca 5,67% contra 5,2% de curto prazo (taxa Libor 3 meses). As taxas de maturidade mais longa diminuíram a ritmo notável, à medida que a probabilidade de Portugal integrar a UEM foi aumentando. Balanço de pagamentos, O saldo das contas externas portuguesas apresentou uma melhoria no triênio , após ter atingido um déficit máximo de US$ 2,9 bilhões em No ano seguinte, esse déficit caiu para US$ 1,4 bilhões e, em 1995, para US$ 299 milhões. Já em 1996, o balanço de pagamentos alcançou um pequeno superávit que rondou os US$ 445 milhões 17
18 (Tabela 18). Ao longo desses anos, a balança comercial foi-se deteriorando, apesar do peso do comércio exterior, na economia portuguesa, vir aumentando continuamente, em razão da elevada taxa de crescimento das importações. Cabe ressaltar a redução registrada nas transferências unilaterais no ano de 1996, bem como a continuada perda de importância do investimento direto estrangeiro no país, fatores que, outrora, costumavam justificar a evolução favorável do balanço de pagamentos português. Tabela 18: Balanço de pagamentos, (US$ milhões) Discriminação A. Balança comercial (fob) Exportações Importações B. Serviços (líquido) Receita Despesa C. Balança de Rendimentos (líquido) D. Transferência unilaterais (líquido) E. Transações correntes (A+B+C+D) F. Movimento de capitais (líquido) A longo prazo A curto prazo G. Erros e omissões H. Saldo (E+F+G) Fonte: FMI, International Financial Statistics, Outubro 1997 Reservas internacionais, Dezembro de 1996 Em dezembro de 1996, as reservas internacionais de Portugal totalizavam US$ 20,9 bilhões, dos quais 73,4% representavam divisas conversíveis. Tabela 19: Composição das Reservas Internacionais portuguesas Dez./1996 (US$ milhões) Discriminação 1996 % Divisas conversíveis ,4 Direitos especiais de saque (DES) 98 0,5 Posição das reservas no FMI 461 2,2 Ouro ,9 TOTAL ,0 Fonte: FMI Finanças públicas A redução das taxas de juros de longo prazo afetou diretamente os encargos da dívida pública. Na tentativa de alcançar o patamar estabelecido como critério para o déficit público (3,0% do PIB), no Tratado de Maastricht (1992), Portugal vem-se empenhando em sanear suas finanças públicas, de modo a permitir sua inserção definitiva na União Econômica e Monetária européia, a partir de De fato, com base nos dados da Tabela 20, observa-se que a porcentagem do saldo das contas do Governo em relação ao PIB apresenta tendência decrescente, passando de 5,4%, em 1994, para 2,5%, em Esse resultado foi possível graças à gestão orçamentária caracterizada pela moderação das despesas correntes, sem prejuízo das despesas de capital, e pela eficiência na cobrança de impostos, tendo suas receitas crescido 9,4% em termos nominais. Esse fato reflete a política governamental de contenção do déficit público, com vistas à inserção do país na UEM. Além disso, o ano de 1997 foi o segundo marcado por importantes privatizações, sendo que uma parcela de 76,9% das receitas arrecadadas com a venda de empresas públicas foi utilizada para amortizar empréstimos públicos. A taxa de crescimento das despesas correntes, em 1997 (4,4%), foi inferior à registrada no ano anterior (7,4%), em decorrência, por um lado, da moderação nos gastos de funcionamento do aparelho estatal e, por outro, da diminuição dos juros e outros encargos da dívida. 18
19 Tabela 20: Operações governamentais, (em US$ bilhões) (1) Discriminação Receitas 21,7 26,7 29,1 Impostos diretos 7,2 8,8 9,9 Impostos indiretos 11,9 13,7 13,9 Capital 1,1 1,8 2,9 Outras receitas 1,5 2,4 2,5 Despesas 26,5 31,7 33,4 Salários, bens e serviços 8,4 10,3 10,8 Subsídios às empresas 0,6 0,7 0,6 Juros da dívida pública 4,6 5,2 4,8 Transferências correntes 8,5 9,5 10,9 Capital 4,1 5,6 6,1 Outras despesas 0,3 0,4 0,2 Saldo -4,8-5,0-4,3 % do PIB 5,4 4,8 4,0 Fonte: Banco de Portugal (1) Dados originais em escudos, convertidos em dólares pelas taxas médias anuais do FMI. 4. Sistema bancário A entrada de Portugal na CEE, em 1986, coincidiu com o lançamento do programa Mercado Único, que pretendia eliminar todos os entraves à circulação de bens, serviços, pessoas e capitais. O setor financeiro português efetuou, ao longo dos últimos anos, a liberalização e adaptação ao mercado comunitário. A liberalização do setor financeiro e, em particular, do sistema bancário, permitiu não só a entrada de capitais e de formas de gestão privada em bancos, outrora sujeitos ao controle público, como também abriu o setor a agentes externos, facilitando as operações internacionais e aumentando a concorrência. Três tipos de organizações realizam as funções de concessão de crédito e demais atos atribuídos a instituições bancárias: 1) Banco de Portugal - desempenha o papel de banco central, sendo responsável pela manutenção da estabilidade dos preços, à luz da política econômica adotada pelo Governo. Nesse âmbito, é responsável pela execução das políticas monetária e cambial. Dentre suas funções, estão incluídas: a emissão de moeda; a supervisão das entidades financeiras e bancárias; a promoção do bom funcionamento dos sistemas de pagamentos; a intermediação em relações financeiras internacionais; e, também, a centralização e elaboração das estatísticas monetárias, financeiras, cambiais e da balança de pagamentos. Com o Decreto de Lei (DL) 337, de 1990 (alterado pelo DL 231/95), atribuiu-se maior autonomia ao Banco de Portugal, o qual, porém, ficou proibido de emprestar diretamente ao Governo, pondo fim à prática de cobrir o déficit orçamentário. A entrada do país na UEM dará ao Banco de Portugal um assento no Banco Central Europeu (BCE), determinando sua participação na formulação da política monetária e cambial européia. 2) Bancos comerciais - as principais atividades destas instituições consistem em garantir crédito, a médio e curto prazos, e atender às necessidades correntes dos negócios. Em dezembro de 1996, o número de instituições bancárias operando em Portugal situava-se em 51, sendo que cerca de 2/3 são instituições domésticas. Após uma primeira fase de abertura e de aumento da concorrência, entre 1986 e 1992, assistiu-se ao sobredimensionamento do setor bancário, quer em número de bancos, quer de agências. Nos anos que se seguiram, aconteceram, assim, várias aquisições no setor, o que conduziu, progressivamente, ao aumento da concentração da atividade bancária. Quando considerada a cota de mercado dos cinco maiores grupos nas variáveis mais relevantes do balanço (crédito a clientes, recursos captados, resultados líquidos), verifica-se que seu peso se situa entre 79,8% e 93,5%. Como resultado desse processo de concentração, a representatividade dos dez maiores bancos comerciais portugueses é mais visível através da decomposição dos grupos em que se integram: Grupo Caixa Geral de Depósitos (inclui o Banco Nacional Ultramarino); Grupo Banco Pinto & Sotto Mayor (inclui o Banco Totta & Açores e o Crédito Predial Português); Grupo Banco Comercial Português/Banco Português do Atlântico; Grupo Banco Português de Investimentos (inclui o Banco Fonsecas & Burnay e o Banco Fomento e Exterior); e Grupo Espírito Santo. Os maiores bancos comerciais estrangeiros operando em Portugal são: Crédit Lyonnais (França); Barclays Bank (Reino Unido); e Banco Bilbao Vizcaya (Espanha). O Banco do Brasil figura entre os catorze maiores, com ativo da ordem de US$ 125 milhões. 3) Estabelecimentos especiais de crédito - dividem-se, basicamente, em três grupos: bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento e bancos de poupança. Os bancos de investimentos concedem empréstimos a médio e longo prazos, atuando, também, no mercado de 19
20 ações. Os maiores bancos são: grupo Banco Português de Investimento (que inclui o Banco de Fomento e Exterior, privados nacionais); Deutsche Bank de Investimento (estrangeiro); Banco Chemical (privado nacional); Banco Mello Investimentos (privado nacional); Cisf - Banco de Investimento (privado nacional); Banco Essi (privado nacional); e Banco Santander Negócios (estrangeiro). Não existem, propriamente, bancos de desenvolvimento em Portugal. Empréstimos, a médio e longo prazos, para projetos de proteção ambiental, indústria e conservação de energia são fornecidos pelo Banco Europeu de Investimentos (BEI). Destaca-se, também, a existência de algumas sociedades de desenvolvimento regional, que concedem empréstimos visando à promoção do investimento produtivo nas áreas da respectiva região (como é o caso da SODERA - Sociedade de Desenvolvimento Regional do Alentejo S.A. - ou da SOSET - Sociedade de Desenvolvimento Regional da Península de Setúbal). Os maiores bancos de poupança são: Caixa Geral de Depósitos e Montepio Geral. O Banco Financial Português, em São Paulo, é o único banco comercial com filial no Brasil. Já os bancos brasileiros que possuem agências em Portugal são: Banco do Brasil S.A. e Banco Itaú S.A., ambos em Lisboa. 20
21 III - COMÉRCIO EXTERIOR 1. Evolução recente: considerações gerais O comércio exterior assume grande importância em Portugal, principalmente no que se refere a seu papel como motor do crescimento econômico. De fato, o peso do comércio exterior no PIB do país vem aumentando e passou de 51,2%, em 1994, para 55,4%, em A balança comercial portuguesa tem sido deficitária nos últimos anos (Tabela 21). Tal tendência tem-se acentuado, uma vez que, apesar da taxa de crescimento anual das exportações ter sido superior à das importações, no período , as importações continuaram a crescer a partir de uma base absoluta bastante elevada. Por esse motivo, embora as exportações, em 1997, tenham apresentado variação positiva de 65,6% em relação a 1993, enquanto esse percentual para as importações foi de 43,6%, o saldo da balança comercial continuou negativo. Tabela 21: Comércio exterior total, (em US$ bilhões) Ano Exportações (fob) Importações (cif) Saldo da Balança Comercial Valor Var. % Valor Var. % Valor , , , , ,9 11-9, , ,3 20-9, ,8 5 33,9 5-10, (1) 25,5 7 34,9 3-9,4 Fonte: Direction of Trade Statistics (DOTS) FMI 1997 (1) estimativa 2. Direção do Comércio Exterior O comércio exterior de Portugal está direcionado, essencialmente, para a União Européia, responsável por grande parte da entrada e saída de bens e serviços do país. O fluxo total de comércio (exportação fob + importação cif), em Portugal, tem crescido consideravelmente nos últimos 5 anos. Do total de US$ 39,7 bilhões comercializados em 1993, Portugal passou a transacionar bens e serviços no valor de US$ 60,4 bilhões, o que representou crescimento de 52,1%. Em 1996, a Espanha foi o principal parceiro comercial de Portugal (19% do comércio exterior total), seguida pela Alemanha (17%) e França (12%). a) Exportações Não obstante os saldos deficitários verificados na balança comercial, as exportações portuguesas apresentaram crescimento no quinquênio (Tabela 21). A União Européia, principal parceira comercial de Portugal (dos dez clientes mais importantes, oito fazem parte desse bloco econômico), foi responsável por 80% das vendas portuguesas ao exterior em 1996, seguida pelos continentes americano (6,7%) e asiático (3,2%). (vide Tabela 22) Na análise por países, tem-se a Alemanha como o principal destino das exportações portuguesas (21,2%), em Espanha e França também ocupam posição de destaque no contexto das vendas externas portuguesas, representando, respectivamente, 14,2% e 14,1% do total exportado. Fora da União Européia, os Estados Unidos (4,6%), a Suiça e a Angola (ambas com 1,7%) são os principais mercados de destino para produtos portugueses. 21
22 b) Importações Tabela 22: Exportações por principais áreas e países, (em US$ milhões - fob) Áreas/Países Valor Part. Valor Part. Valor Part. TOTAL ,0% ,0% ,0% União Européia ,5% ,6% ,0% Alemanha ,9% ,5% ,2% Espanha ,5% ,0% ,2% França ,7% ,7% ,1% Reino Unido ,6% ,1% ,8% Países Baixos 964 5,4% ,3% ,9% AELC(1) ,5% 689 3,0% 646 2,7% Suíça 333 1,9% 449 1,9% 402 1,7% Noruega 179 1,0% 229 1,0% 234 1,0% OPEP(2) 150 0,8% 151 0,7% 149 0,6% Arábia Saudita 41 0,2% 38 0,2% 45 0,2% Argélia 47 0,3% 32 0,1% 23 0,1% PALOPS(3) 463 2,6% 559 2,4% 618 2,6% Angola 293 1,6% 344 1,5% 397 1,7% Cabo Verde 84 0,5% 119 0,5% 125 0,5% ÁFRICA 291 1,6% 332 1,4% 395 1,7% Marrocos 70 0,4% 79 0,3% 96 0,4% África do Sul 46 0,3% 60 0,3% 77 0,3% AMÉRICA ,2% ,7% ,7% EUA 926 5,2% ,5% ,6% Brasil 88 0,5% 190 0,8% 249 1,0% Canadá 122 0,7% 126 0,5% 115 0,5% ÁSIA 501 2,8% 727 3,1% 755 3,2% Japão 136 0,8% 176 0,8% 179 0,8% Israel 85 0,5% 114 0,5% 112 0,5% Cingapura 27 0,1% 82 0,4% 125 0,5% Fonte: Instituto Nacional de Estatística - INE (1) AELC - Associação Européia de Livre Comércio (2) OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo (3) PALOPS Países de Língua e Origem Portuguesas Relativamente às importações, a União Européia permanece em primeiro plano, como fornecedora de produtos ao mercado português, responsável por 75,6%. Em 1996, as importações originárias desse bloco econômico cresceram 4% ¾ ao contrário de outros blocos, tais como a Associação Econômica de Livre Comércio (AELC) e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que apresentaram reduções de 15% e 9%, respectivamente. Isoladamente, em 1996, a Espanha foi o principal fornecedor de Portugal (22,4% do total importado), seguida pela Alemanha (15,5%) e França (11,1%). (vide Tabela 23) 22
23 3. Composição do Comércio Exterior Em termos de composição do comércio exterior, Portugal comercializa, principalmente, maquinaria, equipamentos de transporte, têxteis, vestuários e calçados. a) Exportações Tabela 23: Importações por principais áreas e países, (em US$ milhões cif) Áreas/Países Valor Part. Valor Part. Valor Part. TOTAL ,0% ,0% ,0% UE ,1% ,5% ,6% Espanha ,9% ,2% ,4% Alemanha ,9% ,8% ,5% França ,8% ,8% ,1% Itália ,6% ,4% ,3% Reino Unido ,6% ,6% ,7% AELC(1) ,7% 945 2,8% 811 2,4% Suíça 447 1,7% 502 1,5% 480 1,4% Noruega 429 1,6% 406 1,2% 276 0,8% OPEP(2) ,7% ,1% ,6% Nigéria 383 1,4% 460 1,4% 584 1,7% Arábia Saudita 303 1,1% 354 1,1% 356 1,0% PALOPS(3) 39 0,1% 57 0,2% 59 0,2% Moçambique 25 0,1% 30 0,1% 31 0,1% Angola 6 0,0% 13 0,0% 13 0,0% ÁFRICA 682 2,5% 809 2,4% 944 2,8% África do Sul 114 0,4% 129 0,4% 117 0,3% Egito 150 0,6% 115 0,3% 195 0,6% Marrocos 48 0,2% 62 0,2% 64 0,2% AMÉRICA ,8% ,6% ,2% EUA 976 3,6% ,3% ,2% Brasil 411 1,5% 510 1,5% 472 1,4% Argentina 74 0,3% 109 0,3% 91 0,3% ÁSIA ,2% ,3% ,2% Japão 768 2,8% 736 2,2% 760 2,2% Coréia do Sul 174 0,6% 443 1,3% 328 1,0% China 171 0,6% 197 0,6% 232 0,7% Fonte: Instituto Nacional de Estatística INE (1) AELC - Associação Européia de Livre Comércio (2) OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo (3) PALOPS Países de Língua e Origem Portuguesas No que diz respeito à estrutura da pauta de exportações, o grupo têxteis, vestuário e calçados apresentou, ao longo do quinquênio , participação significativa no total exportado por Portugal. De fato, não obstante tenha apresentado queda nos anos de 1995 e 1996, esse grupo de produtos contribuiu, em 1996, com 30% das exportações portuguesas. Já o grupo equipamentos de transporte apresentou, no período , crescimento contínuo, passando sua participação de 7,7%, em 1992, para 16,2%, em 1996.(Tabela 24). 23
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