Elisabete Jesus Eliseu Alves
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- Agustina Barros Cabral
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1 A minha História dos Descobrimentos Elisabete Jesus Eliseu Alves Oo
2 índice Os Descobrimentos em preparação... 6 D. João I e um novo projeto para Portugal... 8 A conquista de Ceuta D. Henrique, o Infante navegador Conhecer ao pormenor O mundo (des)conhecido Os Portugueses apoderam-se dos Açores e da Madeira Descobrir o arquipélago da Madeira Povoar o arquipélago da Madeira Explorar o arquipélago da Madeira Descobir o arquipélago dos Açores Povoar o arquipélago dos Açores Explorar o arquipélago dos Açores Os Portugueses exploram a costa de África A disputa das Canárias com Castela Enfrentar o Mar Tenebroso Para além do Bojador A exploração do Golfo da Guiné D. Afonso V prefere o Norte de África A passagem do equador D. João II rumo ao Atlântico Sul Das Tormentas à Boa Esperança Conhecer ao pormenor As embarcações dos Descobrimentos A disputa das Antilhas com Castela Os Portugueses chegam ao Oriente por mar O caminho marítimo para a Índia Os portugueses na Índia Conhecer ao pormenor A vida a bordo de uma nau da Carreira das Índias Os vice-reis da Índia O Império Português do Oriente Goa, capital do Império Português do Oriente Os Portugueses no Japão... 66
3 Os Portugueses acham e exploram o Brasil A viagem de Cabral Os índios e o pau-brasil A colonização do Brasil Açúcar, ouro e diamantes Conhecer ao pormenor A produção de açúcar A sociedade colonial Conhecer ao pormenor A escravatura O ouro no império O Império Português ao longo dos séculos O Império Português no século XVII O Império Português no século XVIII O Império Português no século XIX O Império Português no século XX Os Descobrimentos, ontem e hoje O espaço, o tempo e o número Mudanças na sociedade Os Descobrimentos inspiram a arte Os Descobrimentos na literatura Trocas culturais no Império Português Conhecer ao pormenor A lusofonia Monumentos portugueses no mundo A visitar para saber mais Cronologia Geral dos Descobrimentos Glossário Bibliografia
4 46 Das Tormentas à Boa Esperança Descobrir uma ligação entre o Atlântico e o Índico era o grande objetivo de D. João II. No mesmo ano em que Afonso de Paiva e Pero da Covilhã partiram em busca do reino do Preste João, o rei mandou Bartolomeu Dias, ao comando de uma armada de duas caravelas, dobrar o Cabo das Tormentas! Partidos dali, houveram vista daquele grande e notável cabo, ao qual por causa dos perigos e tormentas em o dobrar lhe puseram o nome de Tormentoso, mas el-rei D. João II lhe chamou Cabo da Boa Esperança, por aquilo que prometia para o descobrimento da Índia tão desejada. João de Barros (cronista), Décadas da Ásia, 1552 Personalidade Bartolomeu Dias Este navegador português ficou célebre por ter sido o primeiro europeu a navegar para lá do extremo sul do continente africano. Vindo do Atlântico navegou, nas águas do oceano Índico. Ironicamente, em 1500, Bartolomeu Dias morreu, quando a sua embarcação naufragou junto ao Cabo da Boa Esperança. Cabo da Boa Esperança, África do Sul Cabo das Tormentas ou Cabo da Boa Esperança? Abrindo o caminho marítimo para a Índia, o sonho de dominar as rotas comerciais com o Oriente e obter o monopólio do comércio das especiarias, que era controlado pelos mercadores muçulmanos, estava mais próximo. No entanto, esta etapa só se concretizaria no reinado de D. Manuel I!
5 47 O Gigante Adamastor O Adamastor é uma figura da mitologia grega que o poeta Luís de Camões recriou n Os Lusíadas. Simboliza as forças da Natureza adversas, como as tempestades e o nevoeiro. Simboliza também o medo do desconhecido, dos perigos reais e imaginários que os marinheiros portugueses sentiam relativamente à passagem deste cabo, a que chamavam das Tormentas. Escritores e poetas, como Luís de Camões e Fernando Pessoa, imortalizaram esta personagem nas suas obras. O mostrengo que es tá no fim do mar Na noite de breu er gueu-se a voar; À roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a ch iar, E disse, Quem é qu e ousou entrar Nas minhas cavern as que não desvendo, Meus tetos negros do fim do mundo? E o homem do leme disse, tremendo, El-Rei D. João Se gundo! Fernando Pessoa, Mensagem, 1934 O Gigante Adamastor Afinal, África tinha fim! A dobragem do Cabo das Tormentas teve uma grande importância! D. João II via assim ser possível chegar à Índia por mar, contornando África. Por outro lado, descobria-se que o continente africano tinha fim e não estava ligado à Antártida. Grandes avanços no conhecimento foram alcançados! Curioso! Bartolomeu Dias só avistou o Cabo da Boa Esperança na viagem de regresso. Por causa dos ventos de sueste, navegou para sul sem ver terra e depois para leste. Não encontrando a costa, navegou para norte até avistar terra. Aí verificou que o Sol se encontrava do outro lado, concluindo que navegava no oceano Índico!
6 82 Conhecer ao pormenor A escravatura A escravatura não foi um fenómeno criado no século XV com os Descobrimentos e a Expansão marítima. Outros povos de tempos bem anteriores, como por exemplo os Romanos, praticavam a escravatura. Mesmo assim, Portugueses e também Espanhóis, Ingleses e Franceses permitiram e até incentivaram o comércio de escravos nas suas colónias do Atlântico. Este tráfico negreiro era essencial para se conseguir mão de obra gratuita para trabalhar! A riqueza de uns foi a desgraça de outros! Reconstituição do transporte de escravos desde o interior de África, onde eram capturadas, até ao litoral. Tornar-se escravo No século XV, nos vários reinos do interior do continente africano praticava-se a escravatura. Os derrotados nas guerras ou aqueles que não conseguiam pagar as suas dívidas tornavam-se escravos. A chegada dos Europeus às costas de África fez aumentar a procura de escravos, pelo que os chefes africanos, movidos pela ganância de riqueza, organizavam ataques e emboscadas às aldeias do interior. Os escravos eram depois acorrentados e trazidos até aos locais de venda no litoral. Os tumbeiros Separado da família, o escravo, fosse homem, mulher ou criança, embarcava no navio negreiro em direção ao Brasil. No século XIX, os navios que transportavam os escravos negros ganharam o nome de tumbeiros, em alusão a tumbas ou túmulos. Esta designação reflete bem as condições desumanas em que os escravos faziam a viagem. A viagem podia durar entre 35 e 60 dias, e os escravos, acorrentados, eram amontoados no porão. Muitos asfixiavam ou morriam de infeções graves. Maquete do interior de um navio negreiro, Museu Nacional da História da América, EUA
7 83 Compra e venda No mercado de escravos, o escravo era exposto e comprado como qualquer mercadoria. Os senhores tentavam comprar escravos oriundos de diferentes locais de África para impedir a formação de grupos de revolta. Os preços variavam de acordo com o género, a idade e as condições físicas. Os homens jovens eram os mais caros pois também eram os mais fortes. Depois de comprar os escravos, os seus donos tinham obrigação de os vestir e alimentar, mas gozavam também do direito de os punir. Os escravos recebiam roupas de algodão grosseiro uma vez por ano e os alimentos a que tinham direito eram escassos. Já no que diz respeito às punições, não havia limites! A senzala Construída em barro e coberta com sapé, a senzala era uma espécie de armazém onde os escravos passavam a noite. Neste espaço, quase sempre sobrelotado e insalubre, os escravos, ainda assim, procuraram preservar as suas tradições, com músicas, danças e cantares africanos! Mercado de escravos Os trabalhos Os escravos eram usados nos mais variados trabalhos: nos canaviais, nos engenhos de açúcar, nas minas, nas lides domésticas. Trabalhavam do nascer ao pôr do Sol, sob vigilância do feitor. As chicotadas eram um dos castigos mais frequentes infligidos aos escravos. Assim se puniam os desobedientes e os fujões! Os escravos fujões Quilombo Alguns escravos conseguiam fugir. Escondiam-se em florestas e montanhas, onde formavam quilombos locais de refúgio que podiam acolher escravos foragidos e alforriados, índios e mendigos. A fuga apresentava-se, muitas vezes, como uma solução para escapar a uma vida de trabalho forçado e de castigos físicos. Não era fácil fugir, pois os escravos eram continuamente vigiados. E mesmo quando o conseguiam fazer, eram, na maioria dos casos, capturados por capitães do mato e devolvidos aos seus donos, que os puniam severamente.
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