INSTITUTO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO DO BRASIL PROJETO AMAPÁ SUSTENTÁVEL. Programa de Formação de Lideranças do Amapá FormAção.
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- Júlia Canário Carrilho
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1 INSTITUTO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO DO BRASIL PROJETO AMAPÁ SUSTENTÁVEL Programa de Formação de Lideranças do Amapá FormAção Edital de Seleção Março de 2015 Realização Apoio
2 2...esgotada a palavra de sua dimensão de ação...se transforma em palavreria, verbalismo, blábláblá. Por tudo isso alienada e alienante. É uma palavra oca, da qual não se pode esperar a denúncia do mundo, pois que não há denúncia verdadeira sem compromisso de transformação, nem este sem ação Paulo Freire 1. APRESENTAÇÃO O Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), criado em 1998, tem sua origem marcada pela atuação em processos de capacitação e disseminação de conhecimentos na área socioambiental. Na atualidade, o Instituto formula suas premissas de atuação, baseado no entendimento de que o modelo de desenvolvimento imposto à Região Amazônica, seu território de intervenção, é orientado para a extração de recursos naturais em larga escala, com uma lógica produtiva que não aponta para a sustentabilidade, ao contrário, gera impactos socioambientais gravíssimos para a região, seus povos e comunidades tradicionais. Frente a este contexto, o IEB tem atuado para fortalecer os atores sociais e o seu protagonismo na construção de uma sociedade justa e sustentável, para tanto investe em ações de formação/capacitação; de fortalecimento institucional e organizacional de povos e comunidades amazônicas e suas organizações; numa atuação simultânea nas escalas local, estadual e federal; na promoção da articulação dos atores sociais em espaços públicos (fóruns, conselhos, comitês, redes); na produção e disseminação de conhecimentos e na construção de alianças e parcerias estratégias visando o alcance dos objetivos institucionais. Com base nestas premissas, o IEB desenvolve no estado do Amapá o Projeto de Fortalecimento Institucional das Organizações da Sociedade Civil - Amapá Sustentável, com apoio do Fundo Vale. O referido projeto, tem por objetivo qualificar processos locais de articulação e desenvolvimento institucional visando à constituição e implementação de uma agenda socioambiental no estado, num contexto em que a biodiversidade do Estado é ameaçada com a expansão de atividades de elevado potencial de degradação seja a exploração ilegal de madeira, implantação de monocultivos (principalmente plantios de soja), pecuária extensiva e atividades de mineração (IEB, 2014) e por consequência implicando na eclosão de conflitos catalisados por esta expansão. Para tanto, o projeto se propõe a (i) fortalecer as capacidades de lideranças, gestores e assessores na incidência em políticas públicas voltadas à sustentabilidade; (ii) fortalecer a modalidade de educação do campo visando a constituição do debate acerca da transição agroecológica; (iii) promover o fortalecimento e a participação de organizações da sociedade civil na agenda socioambiental por meio da articulação interinstitucional e (iv) sistematizar e disseminar as lições aprendidas da constituição e
3 3 implementação da agenda socioambiental com intuito de influenciar positivamente processos semelhantes em outros territórios. Para atender aos objetivos (i) e (iii) do projeto, o IEB estruturou o Programa de Formação de Lideranças do Amapá, doravante denominado Programa FormAção, como uma ação estratégica para o alcance de dois resultados em particular: Resultado 1: Lideranças, assessores e gestores atuando de forma mais qualificada em políticas públicas no estado, a partir da implementação de um programa de capacitação; Resultado 3: Organizações da sociedade civil articuladas e influenciando na implementação de políticas públicas. Dito de outra forma, para o IEB o desafio de construção de uma agenda socioambiental passa, necessariamente, pela capacitação e articulação. A articulação entendida como meio e não fim torna-se um caminho necessário para catalisar e potencializar a ação coletiva, entende-se que o diálogo e os esforços de convergência para uma agenda mínima são condições para que as organizações sociais possam ter força no debate público. Igualmente, a capacitação é concebida como um instrumento para a luta política, deve contribuir para favorecer o debate público qualificado, e uma incidência das populações rurais na articulação e implementação de políticas públicas. A aproximação com a realidade do Amapá, principalmente via o contato com lideranças da sociedade civil, membros de organizações cuja base são agricultores familiares e agroextrativistas, com atuação nos assentamentos da reforma agrária, nos conselhos das unidades de conservação e nas Escolas Família, nos permite afirmar que a atuação das organizações se dá num contexto marcado por grandes desafios para as populações do campo. O Estado do Amapá tem a maior taxa de conservação florestal do país, o que de um lado não deixa de ser um bom indicador, mas de outro se coloca como um elemento de risco, pois se converte na principal fronteira para a expansão de dinâmicas de desenvolvimento que já causaram degradação em outras regiões, como o exemplo emblemático do Pará. Esta riqueza sofre pressões de vários vetores, principalmente pelo desmatamento que se projeta através de monocultivos já instalados e em amplo crescimento, como é o caso da soja, através da extração ilegal de madeira nas unidades de conservação e assentamentos ou mesmo com a mineração oficializada e o garimpo ilegal. Portanto, há necessidade de uma atuação urgente na defesa de direitos das populações agroextrativistas, principais impactadas com a redução da floresta e o desmatamento. Uma defesa que passa dentre outros aspectos na formulação de alternativas de desenvolvimento econômico sustentáveis, fundadas na convergência entre crescimento econômico com sustentabilidade e garantia de direitos das populações tradicionais.
4 4 Urge portanto, a necessidade de processos s que resgatem estas dimensões e colaborem para problematizar aspectos desta realidade: o papel dos sujeitos políticos locais, a importância da luta coletiva e da reflexão crítica sobre as modalidades de desenvolvimento, traduzida na formatação de uma agenda socioambiental baseada na sustentabilidade e pertinente a realidade do Estado do Amapá, são os desafios que este programa de formação se coloca. 2. OBJETIVO DO PROCESSO FORMATIVO Empoderar sujeitos locais - lideranças da sociedade civil, membros de organizações cuja base são agricultores familiares e agroextrativistas, com atuação nos assentamentos da reforma agrária, nos conselhos das unidades de conservação e nas Escolas Família - via ações de capacitação, articulação e formulação, contribuindo para torná-los protagonistas de mudanças no que se refere a realidade socioambiental do Estado do Amapá. 3. PÚBLICO O público do Programa serão os agricultores, agricultoras, extrativistas com atuação pública, atuando a partir de organizações sociais rurais, com prioridade para aqueles que estão iniciando sua atuação em mandatos associativos. Será considerado o recorte etário e de gênero - lideranças cuja atuação se dá nos espaços coletivos das unidades de conservação, assentamentos e Escolas família. Serão selecionadas 25 lideranças, que tenham sido inscritas até a data limite estabelecida neste Edital. 3.1 Critérios de Seleção A formação da turma se dará por meio de convites dirigidos a lideranças que atendam aos critérios estabelecidos neste Edital. As lideranças passarão por um processo de seleção, que será feita por um Comitê coordenado pelo IEB e composto por representantes de organizações da sociedade civil com reconhecida atuação no Amapá. Serão considerados os seguintes critérios de seleção: 1) Sejam membros atuantes de organizações de base da agricultura familiar, do agroextrativismo e das associações das escolas família do estado do Amapá, residentes em assentamentos de reforma agrária e unidades de conservação; 2) Residam e atuem nas localidades foco do Programa, no estado do Amapá, municípios de abrangência dos 5 territórios do Estado a saber: Ribeirinho, Sul, Extremo Norte, Dos Lagos e Centro Oeste; 3) Tenham disposição e disponibilidade para realizar a multiplicação das atividades desenvolvidas no Programa e a articulação junto à base social das regiões onde atuam, numa perspectiva multiescalar (desde o local até a escala estadual e/ou federal);
5 5 4) Participem ativamente de processos coletivos na defesa dos direitos de suas comunidades e organizações; 5) Tenham interesse e disponibilidade de tempo para participar do Programa, cumprir toda a carga horária do mesmo e realizar as atividades propostas no tempo comunidade. 3.2 Documentos necessários para inscrição Ficha de Inscrição: Preencher formulário do Anexo 01. Não esquecer de colocar telefones de contato e , pois todas as informações serão repassadas utilizando esse recurso; Termo de Compromisso: Preencher formulário do Anexo 01; Carta de Apoio da organização ou comunidade local: em papel timbrado da organização que representa, assinada pelo representante legal da entidade ou por, pelo menos três membros reconhecidos da comunidade representada. 3.3 Inscrições A ficha de inscrição deve ser enviada, devidamente preenchida, junto com a Carta de Apoio da Organização ou da comunidade representada, até o dia 20 de março de 2015, pelos seguintes meios: Via para franciara@iieb.org.br e ruth@iieb.org.br; Por fax para o IEB Escritório Belém (91) , aos cuidados de Franciara Silva; Em mãos, por meio da entrega a um membro da equipe do IEB, mediante recibo de entrega da ficha de inscrição e dos documentos necessários para a inscrição. 4. PERCURSO FORMATIVO DO CURSO O Programa FormAção será executado com base na Alternância Pedagógica, onde os tempos e espaços de formação serão alternados, visando uma problematização da vida cotidiana, sendo a realidade vivida pelos educandos (as) que fornece os conteúdos do processo, numa busca permanente pela reflexão crítica sobre esta realidade com vistas a atuar sobre ela e modifica-la. Assim como num permanente esforço de ação-reflexão-ação, onde se parte dos conhecimentos aportados pelos educandos (as), mediados com os conhecimentos do educador (a) com vistas a uma incidência sobre a realidade, num círculo ininterrupto.
6 6 O percurso terá duração total de 09 meses, com carga horária de 300 horas, distribuídos entre atividades no tempo escola e no tempo comunidade 1. a) O tempo escola será realizado em 5 encontros s com duração de 5 dias cada, numa carga horária de 200 horas; b) O tempo comunidade ocorrerá entre os encontros s e terá carga horária de 100 horas. A proposta é que as lideranças e grupos de lideranças desenvolvam ações em suas comunidades, organizadas em planos de trabalho, num esforço articulado de reflexão-ação, com vistas a articular duas dimensões para uma atuação política frente aos desafios impostos à coletividade: (i) O processo de articulação para a conformação de um coletivo para diálogos interlocais, territoriais e estadual; (ii) A formulação/conformação de uma agenda/plataforma socioambiental no Estado. Com uma carga horária mínima de 100 horas, num arranjo expresso na figura abaixo: c) As 25 lideranças receberão auxílio financeiro para garantir a realização das ações previstas no plano de trabalho do tempo comunidade. 4.1 Etapas do processo Abaixo apresentamos o esquema com cada etapa do percurso definido no Programa. 1º encontro (tempo escola) Maio 2015 tempo comunidade 2º encontro (tempo escola) Julho 2015 Tempo comunidade 3º encontro (tempo escola) Setembro º encontro Tempo comunidade (tempo escola) Novembro º encontro Tempo comunidade Abril 2015 Junho 2015 Agosto Outubro 2015 Dezembro O Tempo-Escola é o período de realização das atividades presenciais do Curso e o Tempo-Comunidade é o período de realização das atividades à distância, de exercício da prática pedagógica, por meio de um plano de trabalho do (a) educando (a).
7 7 4.2 Conteúdos da Formação O foco do processo é a incidência junto às políticas públicas, na perspectiva de defesa dos interesses de uma coletividade, embasados numa reflexão crítico propositiva sobre o modelo de desenvolvimento e as alternativas de sustentabilidade. Nesse sentido tem-se a seguinte matriz programática: INTENCIONALIDADES DO PROGRAMA DE FORMAÇÃO Fortalecer sujeitos políticos locais para incidência sobre as dinâmicas relacionadas ao debate socioambiental RECORTES PROGRAMÁTICOS Conhecimento sobre sua condição de homem/mulher do campo, de ser humano, o desafio da convivência e da ação coletiva; Conhecimento crítico sobre a realidade: sociedade, Estado, mercado, as dinâmicas econômicas, sociais e ambientais que interferem em sua realidade; Conhecimentos e habilidades que fortaleçam seu papel político e de suas organizações: como gerir de forma eficiente e eficaz a organização que atuam? Como gerir e administrar os processos financeiros e administrativos provenientes das interações com outros (órgãos públicos, empresas, organizações de apoio, instituições de ensino e pesquisa, entre outros); a comunicação como instrumento que fortalece a luta, provoca sinergias e ajuda na articulação entre os sujeitos; CONTEÚDOS 1. Identidade e Ação coletiva: Como se constrói nossa identidade; que fatores interferem; quais são as aprendizagens básicas do ser humano para conviver em grupo; trabalho social, como inerente da ação individual e coletiva a partir da visão de mundo, da concepção de homem e de sociedade que se tem e que se quer construir e/ou transformar. 2. Sociedade, Estado e Mercado: Noções básicas sobre estado, sociedade e mercado; Projetos de desenvolvimento (desenvolvimentismo/grandes projetos): a especificidade da Amazônia; Sustentabilidade e sua interface com a realidade local; o local e o global: exercitando a visão interescalar; 3. Estado, Governo e políticas públicas (PP) para populações extrativistas e agroextrativistas: diferença entre Estado e governo, noções básicas sobre PP, o ciclo das PP, estado da arte (gargalos e potencialidades) das PP no Estado; 4. Democracia, Controle social e participação: Movimentos sociais e seu papel no avanço da democracia: história dos movimentos sociais na Amazônia e no Amapá (Identificar lutas, conquistas e personagens); Diversidade da luta social e a especificidade do campo hoje e os desafios para a atuação coletiva: movimentos de mulheres, economia solidária, negros, indígenas, juventude; atualidade dos movimentos: alternativas sustentáveis em curso. 5. Organizações sociais e o desafio do DIDO: democracia interna, governança, participação local, mobilização social, captação de recursos, prestação de contas, elaboração de projetos e comunicação como uma estratégia que favorece a disseminação do processo;
8 8 5. AVALIAÇÃO E CERTIFICAÇÃO Avaliação O processo de avaliação será permanente, dialógica, processual e buscará refletir sobre o conjunto das atividades desenvolvidas durante o Programa. Os (as) educandos (as) deverão obter frequência mínima de 75% nas atividades do Programa para serem certificados. Certificação Os certificados serão emitidos pelo Instituto de Educação do Brasil IEB.
9 9 1. Identificação: ANEXO 01 - FICHA DE INSCRIÇÃO E TERMO DE COMPROMISSO Ficha de Inscrição para o Programa FormAção Nome Completo: Data de nascimento: RG: CPF: Tel de contato: Endereço: Organização que faz parte: Cargo que ocupa na organização: 2. Possui formação escolar? ( ) Não ( ) Sim / Qual? 3. Descreva brevemente seu histórico de atuação em organizações sociais. 4. Descreva quais os maiores desafios para sua atuação como liderança. 5. Descreva brevemente como o Programa FormAção pode ajudar na sua atuação como liderança. DECLARAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE TEMPO PARA PARTICIPAR DO PROCESSO FORMATIVO Comprometo-me a cumprir as normas do Programa FormAção, bem como participar de todas as etapas (tempo escola e tempo comunidade) para a realização do mesmo. Local e data: Assinatura do (a) Candidato (a)
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