ANÁLISE CURRICULAR DE CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL QUE POSSUEM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL E COM DESTAQUE NACIONAL

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1 ANÁLISE CURRICULAR DE CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL QUE POSSUEM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL E COM DESTAQUE NACIONAL Lucas Almeida Gil¹; Ana Luísa Zottis²; Júlia Guedes Borges²; Isadora Melo Fraga²; Leonardo Ribeiro Agustoni Feilke²; Théa Louise S. Pessoa ²; Vanessa F. Pasa Dutra³ ¹Estudante de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul(autor) ²Estudante de Engenharia Civil da UFRGS (co-autor) ³Professora Tutora Doutora do Departamento de Engenharia Civil da UFRGS do Autor: lucas.a.gil@hotmail.com PET Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS Palavras chave Currículo; engenharia civil; ensino; PET; ranking de cursos Introdução Precedido apenas pela Engenharia Militar, o curso de Engenharia Civil é um dos mais antigos do mundo, tendo a sua origem datada em meados do século XVIII, na Europa. No Brasil, entretanto, foi lecionado apenas na metade do século XIX, sob outro nome e com um conteúdo mais amplo do que o atribuído à carreira atualmente. Ainda assim, foi somente na primeira metade do século seguinte que ocorreu a consolidação e a especialização da carreira, simultâneas à sua difusão por todo território nacional, sofrendo adequações correspondentes às estruturas, interesses e necessidades locais. Diante das constantes mudanças sociais e econômicas que ocorrem em uma sociedade, faz-se necessário que a especialização da carreira de um engenheiro civil se ajuste continuamente. Dessa forma, a análise curricular de um curso de graduação torna-se de extrema importância, pois é capaz de avaliar aspectos a

2 serem futuramente modificados e reestruturados no plano pedagógico, tendo em vista as demandas sociais e avanços científicos e tecnológicos atualizados. Os aspectos avaliados nesta pesquisa foram escolhidos visando o desenvolvimento de um projeto interdisciplinar que busque a formação de um profissional moldado à realidade atual e que seja capaz de inserir-se num contexto de constantes mudanças intervindo como agente ativo nas mesmas. Objetivos Essa pesquisa visa fundamentar o início de uma base de dados que possa servir como fonte para futuras alterações curriculares na UFRGS e demais instituições de ensino superior, tendo como objetivo a busca por melhorias e inovações em seus respectivos cursos de Engenharia Civil. Analisando as principais semelhanças e diferenças em relação à estrutura e organização dos cursos, a pesquisa também tem o intuito de fazer comparações entre os currículos das universidades. Além disso, visa deixar como base um estudo prévio e embrionário para posterior avaliação da influência dos PETs nos currículos analisados. Metodologia Primeiramente, foram definidos os rankings a serem utilizados para a escolha das universidades com destaque a serem consideradas no presente estudo. Entre as classificadas, somente as que apresentaram as seguintes características foram selecionadas: dispor do grupo PET na graduação; aparição entre as quinze melhores posicionadas em duas ou mais dos rankings oficiais. Uma vez com os cursos selecionados, realizou-se um estudo aprofundado nos seus currículos, identificando: cargas horárias obrigatórias, optativas/eletivas, complementares/adicionais e dedicadas a estágio e Trabalho de Conclusão de Curso (TCC); quantidade de laboratórios; divisão das disciplinas obrigatórias e eletivas/optativas em áreas da engenharia; dentre outros. Através da organização, tabulação dos dados e sua análise foi, finalmente, possível a realização da comparação entre as grades curriculares, com o levantamento dos aspectos quantitativos e qualitativos que se mostraram relevantes.

3 Resultados e Discussão A seleção dos rankings nacionais e internacionais baseou-se no critério de atualidade e credibilidade. Dentre os dez sistemas de avaliação pesquisados, apenas seis deles foram selecionados para o presente estudo: dois levantamentos das melhores universidades do Brasil de 2014 do Ministério da Educação (um sob o Índice Geral de Cursos e o outro sob o Conceito Preliminar de Curso), escolhidos por serem oriundos do órgão governamental responsável pela manutenção das Instituições de Ensino Superior nacionais; o Ranking Universitário Folha de São Paulo (2015) e o levantamento do Guia do Estudante (2015) acerca dos melhores cursos de Engenharia Civil do Brasil, em que o primeiro se mostra uma conceituada fonte de comunicação nacional e o segundo uma importante fonte de informações para futuros alunos; e também dois ranqueamentos estrangeiros das melhores universidades brasileiras, com considerável relevância no cenário internacional, sendo eles o Times Higher Education e QS World University Rankings (2016/17). A partir da seleção dos rankings, as Universidades que foram escolhidas para a pesquisa, seguindo os critérios adotados e descritos na seção Metodologia, foram: Universidade Estadual Paulista (UNESP) Júlio de Mesquita Filho, Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). A UNESP e a UTFPR tiveram suas análises voltadas aos campi de Ilha Solteira e Campo Mourão, respectivamente, uma vez que os grupos PET Civil se localizam nesses locais. O início da análise focou na diferença da grade curricular obrigatória que cada universidade impõe aos seus estudantes, começando pelo ciclo básico que sofre uma variação de 30 a 50% de toda a carga horária obrigatória nessa etapa inicial do curso. Ademais, ao analisar as diferentes áreas de atuação (Gráfico 1), podemos identificar facilmente a existência de um maior enfoque em Construção Civil e Estruturas, ao contrário do que ocorre com Transportes, em que apenas a UFC superou os 20% da carga horária profissionalizante.

4 Gráfico 1. Cargas horárias obrigatórias por área de atuação UFRJ UFSC UFC UFPR UFSCAR EU UFSCAR SC UNESP UTFPR UFRGS TRANSPORTES GEOCIÊNCIAS ESTRUTURAL CONSTRUÇÃO CIVIL RECURSOS HÍDRICOS OUTRO 0% 20% 40% 60% 80% 100% Embora a carga horária de disciplinas obrigatórias tenha se mostrado razoavelmente constante, em torno de 4000 horas, a distribuição dos demais créditos necessários para a conclusão do curso se mostrou bastante desuniforme. Como pode ser visto no gráfico 2, a UFSC se destacou por ser a única universidade a determinar mais de 70% dos créditos restantes a atividades de estágio, evidenciando a valorização à prática na seu curso, disponibilizando, ainda, apenas 5% da carga horária para o Trabalho de Conclusão de Curso, enquanto a média dessa atividade nos demais cursos foi de aproximadamente 20%. A UFPR e a UFC, entretanto, ao serem as únicas instituições a apresentarem 50% ou mais dessa disponibilidade para as disciplinas eletivas/optativas, evidenciam uma dedicação teórica maior que as demais sobre o conteúdo específico disposto aos seus graduandos. Gráfico 2. Cargas horárias necessárias para a graduação desconsiderando as UFRJ UFSC UFC UFPR UFSCAR SC UFSCAR EU UNESP UTFPR UFRGS disciplinas obrigatórias referentes ao ciclo básico e profissionalizante 162 [VALOR] % 20% 40% 60% 80% 100% Disciplinas Eletivas/Optativas TCC/TGI Estágio Atividades Adicionais/Complementares Carga Horária Total SC: Sistemas Construtivos e EU: Engenharia Urbana.

5 Conclusão Conforme a análise dos dados coletados, observou-se uma grande desuniformidade da grade curricular entre as universidades avaliadas, principalmente relacionadas às cargas horárias e às grandes áreas de concentração da Engenharia Civil enfatizadas pelas instituições. Sendo assim, percebe-se a necessidade de ampliação da base de dados que fundamentem uma série de aspectos que possam ser futuramente incorporados na estruturação curricular de um curso de Engenharia Civil. Referências DECiv DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL UFSCAR. Disponível em: < Acesso em 3 de março de UFC UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - CURSO DE ENGENHARIA CIVIL. Disponível em: < Acesso em 3 de março de UFPR - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Disponível em: < Acesso em 3 de março de UFRGS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Disponível em: < Acesso em 3 de março de UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. Disponível em: < Acesso em 3 de março de UFSC - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL. Disponível em: < Acesso em 3 de março de UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA - FACULDADE DE ENGENHARIA. Disponível em: < Acesso em 3 de março de UTFPR - UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Disponível em: < Acesso em 3 de março de 2017.