Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO Gabinete do Desembargador Federal Geraldo Apoliano RELATÓRIO

Transcrição

1 RELATÓRIO O DESEMBARGADOR FEDERAL GERALDO APOLIANO (RELATOR): Agravo de Instrumento manejado em face da decisão que recebeu a inicial da Ação Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa, apenas no tocante à pretensão de reparação ao Erário, reputando prescritas as demais pretensões. O Agravante alega que responde como agente público aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades beneficiadas, de forma que ao Agravado, na condição de gesto e Diretor-Presidente da ONG Grupo Os Defensores, firmando contrato de financiamento de atividades com o Ministério da Saúde, no âmbito do Programa Nacional de DST e AIDS do MS, e recebendo recursos para a realização do projeto Amor a Vida e Ações Preventivas, deve ser aplicada a Lei de Improbidade Administrativa. Sustenta que deveria ser aplicada a contagem do prazo prescricional a partir do desligamento do Agravado do cargo de direção da organização não governamental, o que não ocorreu, desatendendo-se, com isso, o estabelecido no art. 23, I, da LIA. Aduz que a decisão também merece reforma no que tange a não aplicação da contagem do prazo prescricional erigida no art. 23, II, da LIA. Indeferido o pedido de atribuição de efeito suspensivo ao Agravo à fl Sentença às fls. 988/992. Parecer ministerial às fls. 993/996. Sem contraminuta. É o relatório. 1

2 VOTO O DESEMBARGADOR FEDERAL GERALDO APOLIANO (RELATOR): Compulsando os autos, verifica-se que o Juiz prolatou sentença, julgando parcialmente procedente o pedido, para condenar o réu (ora Agravado), como incurso no art. 11, VI, c/c art. 12, III, da Lei nº 8.429/92 e determinar a reparação do dano, nos valores encontrados na tomada de contas. A superveniente prolação de sentença, antes do julgamento do Agravo de Instrumento, redunda na perda da utilidade do recurso, esvaziando-se o seu objeto, uma vez que o seu julgamento não mais produzirá repercussão no processo originário. Dessa forma, penso que a prolação da decisão de mérito na ação originária enseja a perda do interesse no julgamento do Agravo de Instrumento. Isso porque a sentença de mérito prolatada pelo julgador monocrático é proferida com base em cognição exauriente, sobrevém à regular instauração do contraditório e possibilidade de ampla defesa, além de contar com o suporte probatório que se houver produzido no curso do processo. Corroborando com este entendimento, colaciono alguns julgados: Processual civil e administrativo. Agravo de instrumento movimentado contra decisão que recebeu a inicial de Ação de Improbidade Administrativa proposta pelo Ministério Público Federal em face da agravante. Conforme ofício OJS /2013, encaminhado pela juíza federal da 10ª Vara Federal do Rio Grande do Norte, onde tramita a ação originária, já foi prolatada sentença de mérito, julgando improcedente o pedido contido na inicial, extinguindo o processo, nos termos do art. 269, I, do CPC. A existência de sentença no processo originário, que, in casu, nega o pedido dirigido contra a agravante, esvazia a discussão encampada no presente agravo de instrumento, acarretando-lhe a perda de objeto. Agravo de instrumento prejudicado. 2

3 (PROCESSO: , AG130755/RN, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL ANDRÉ DIAS FERNANDES (CONVOCADO), Segunda Turma, JULGAMENTO: 04/02/2014, PUBLICAÇÃO: DJE 07/02/ Página 69) PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUPERVENIÊNCIA DA SENTENÇA NA AÇÃO ORIGINÁRIA. PERDA DE OBJETO. EXTINÇÃO. 1. Em razão do julgamento da ação principal, não resta objeto de discussão acerca da decisão interlocutória, considerando-se, portanto, prejudicado o presente recurso face à superveniente perda de interesse recursal das partes. 2. Embargos de declaração providos. Agravo de Instrumento extinto por perda de objeto. (PROCESSO: , EDAG129330/01/PE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA (CONVOCADO), Terceira Turma, JULGAMENTO: 23/01/2014, PUBLICAÇÃO: DJE 05/02/ Página 116) como voto. Com essas razões, julgo prejudicado o Agravo de Instrumento. É 3

4 AGRTE AGRDO RELATOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL : JOÃO ALESSANDRO DO MONTE : DESEMBARGADOR FEDERAL GERALDO APOLIANO EMENTA PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. RECEBIMENTO DA INICIAL. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA. PERDA DE OBJETO. RECURSO PREJUDICADO. 1. Agravo de Instrumento manejado em face da decisão que recebeu a inicial da Ação Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa, apenas no tocante à pretensão de reparação ao Erário, reputando prescritas as demais pretensões. 2. Compulsando os autos, verifica-se que o Juiz prolatou sentença, julgando parcialmente procedente o pedido, para condenar o réu, ora Agravado, como incurso no art. 11, VI, c/c art. 12, III, da Lei nº 8.429/92 e determinar a reparação do dano, nos valores encontrados na tomada de contas. 3. A superveniente prolação de sentença, antes do julgamento do Agravo de Instrumento, redunda na perda da utilidade do recurso, esvaziando-se o seu objeto, uma vez que o seu julgamento não mais produzirá repercussão no processo originário. Agravo de Instrumento Prejudicado. 4

5 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, em que são partes as acima identificadas. Decide a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, julgar prejudicado o Agravo de Instrumento, nos termos do relatório, voto do Desembargador Relator e notas taquigráficas constantes nos autos, que passam a integrar o presente julgado. Recife (PE), 03 de junho de Desembargador Federal Geraldo Apoliano Relator 5